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LIÇÃO 10
O VALOR DA PACIÊNCIA NA AFLIÇÃO
TEXTO ÁUREO: “Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso” (Tg 5.11).
LEITURA BÍBLICA: TIAGO 5.1-12
INTRODUÇÃO Estamos nos aproximando do final desta breve, mas preciosa porção das Escrituras Sagradas. Muitas já foram as orientações para o aprimoramento da nossa piedade cristã. Mas o escritor não se desatenta por um momento da oportunidade que tem em mãos de exortar, através do seu escrito, um imenso número de fiéis. E assim veremos, neste capítulo, que ele quer encerrar o seu discurso tratando do cuidado com aspectos igualmente preciosos da vida cristã, dos quais um deles é a paciência.
I – A PROSPERIDADE DO ÍMPIO É PASSAGEIRA (V. 1-6) No começo deste capítulo, o apóstolo repreende e ameaça os ricos com o iminente e justo castigo de Deus pela sua confiança nas riquezas e pela forma injusta como a acumularam. Trata-se, portanto, não apenas de pessoas ricas, mas de pessoas ricas e ímpias e o propósito destas palavras bem pode ser o de confortar e animar os fiéis a serem pacientes e suportarem a presente aflição infligida por esses injustos, e não propriamente uma palavra de aviso e repreensão dirigida a pessoas que sequer frequentavam as reuniões da igreja e jamais teriam ouvido estas palavras do apóstolo. O salmista já havia registrado sua própria experiência como um testemunho de que a prosperidade dos ímpios, inclusive às custas da paz e felicidade dos justos, representa uma forte tentação e prova da fé (cf. Sl 73.1- 12). Não há nenhum pecado no dinheiro ou nas transações que envolvem qualquer quantidade de dinheiro, além da corrupção que afeta toda a ordem da criação material e com a qual é impossível de não nos envolvermos em certa medida (cf. Lc 16.9; 1 Co 7.29-31); mas o desejo de acumular riquezas é extremamente perigoso para aquele que almeja o céu, pois é um propósito que, pela própria natureza da coisa desejada, nunca se dará por realizado, induzindo o indivíduo à ansiedade e a empreendimentos cada vez mais ousados, comprometedores da sua mente, tempo e forças, e predispondo-o a violar princípios que possam representar barreiras para a sua busca – enfim, como disse o Senhor Jesus, é fazer das riquezas o seu novo deus (cf. 1 Tm 6.6-10; Mt 6.19-24). Mas alerta Tiago que, embora os injustos possam parecer “livres” para empreender sua busca por riquezas, esquecendo-se de Deus ou mesmo em rebelião contra Ele, perante a eternidade, tudo o que forem capazes de acumular e desfrutar na sua breve existência não significará nada, ou antes será a causa da sua eterna miséria e ruína, pois foram cumuladas com injustiça; e os fiéis deveriam atentar para o fim inevitável e desastroso que aguarda os ímpios tanto como um alerta para não se enganarem e deixarem enveredar pelo mesmo caminho, como um consolo de que a justiça de Deus prevalecerá (cf. Sl 73.16-20, 27-28; Lc 6.24; 16.14-31).
II – A BEM-AVENTURANÇA DA PACIÊNCIA (VV. 7-11) Embora não seja o escopo da nossa lição tratar do assunto em detalhes, gostaríamos de chamar a atenção para o fato de que grande parte das aflições que acometem os fiéis neste mundo se devem à opressão dos ímpios, daqueles que não têm outro propósito senão o de acumular riquezas e poder sobre outros e às custas da felicidade de outros. Os justos, por sua vez, seguindo o exemplo do próprio Senhor, limitam-se na maioria das vezes a sofrer injustiças que afetam milhões de pessoas, mal sabendo de onde realmente se originam, quem são os verdadeiros responsáveis – mas também pouco se importando em buscar culpados para o seu sofrimento, antes confiando na justiça divina da qual ninguém escapará impune, e vislumbrando nesses males um elemento necessário do seu chamado a serem semelhantes a Cristo Jesus (cf. 1 Pe 2.18-24; Rm 12.19). “Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor” define toda a “advertência aos ricos” nos versos anteriores como um fundamento para a exortação à paciência que se segue. O juízo de Deus sobre os que confiam nas riquezas é algo certo, e se dará na vinda do Senhor, que está próxima (v. 8); logo, a paciência não é um exercício vão, mas a seu tempo os que são pacientes serão recompensados, como na comparação do lavrador cuja paciência pelo tempo apropriado da colheita é recompensada. Fortalecer o coração significa que é necessário ser paciente e não desfalecer mesmo quando as aflições se agravarem e tudo se mostrar ainda mais contrário à esperança do que antes. A repetição aqui do cuidado com a murmuração, ainda que num sentido diferente àquele estudado na lição anterior, é oportuna pois geralmente quando estamos debaixo de aflição, somos tentados a considerar a situação do nosso próximo e, seja por inveja ou incredulidade, julgá-lo indigno de qualquer felicidade ou tranquilidade de que esteja desfrutando. Conforme já estudamos, isso é pecado, pois assumimos o lugar de Deus, que, como Juiz de toda a terra, é o único que pode avaliar o mérito de cada um e dar a cada um o que é devido, naquele dia. A fim de reforçar a exortação e ilustrar o cuidado do Espírito de Deus em inculcar no Seu povo o valor da paciência, Tiago recorre aos testemunhos do passado, citando de forma geral os profetas e, de forma particular, o caso de Jó. Se hoje a ordem de Deus é esperar e ser paciente em relação a um tempo futuro onde todas as injustiças serão reparadas e os justos receberão o seu galardão, consideremos os exemplos passados para termos um vislumbre de que a paciência é recompensada pelo Senhor, e que aqueles que suportaram a aflição na esperança da justiça divina foram bem-aventurados, porque sua paciência não foi em vão, e futuramente também se mostrará ainda mais preciosa (cf. Jó 42.12-17; Hb 6.15; 11.13-16, 39-40). Enfim, a paciência é um fruto do Espírito e seu exercício é fundamental para o amadurecimento e aperfeiçoamento da vida cristã (cf. Rm 5.4; 2 Pe 1.6; Lc 21.19).
III – REPREENSÃO AOS JURAMENTOS TEMERÁRIOS (VV. 12) O assunto considerado neste verso pode parecer avulso, mas ainda é possível ver certa relação com o tema geral da presente lição. A obra da paciência não é completa havendo murmurações ou juízos contra o próximo, assim como juramentos temerários em nada contribuem ou asseguram a constância e fidelidade daquele que faz uso deles para enfatizar a gravidade de suas palavras. O juramento é uma forma solene de declaração que as Escrituras recomendam sob determinadas circunstâncias; mas usá-lo de forma temerária, ou seja, para corroborar ou dar certeza à conversação ordinária é pecaminoso, pois denuncia o caráter falso e dissimulado daquele que não é capaz de sustentar suas próprias palavras com segurança; e invoca as coisas divinas, quando não o próprio Deus, como fiador da veracidade daquilo que o próprio indivíduo não é capaz de certificar por suas próprias palavras – e o Senhor não tolerará tal profanação (cf. Ex 20.7; Mt 5.34-37).
CONCLUSÃO A paciência é uma virtude subestimada e facilmente abandonada, especialmente quando as situações adversas se prolongam ou se agravam. Muitos perdem a esperança de uma mudança, porque olham para as circunstâncias e possibilidades limitadas desta existência e se deixam iludir pela injustiça que aparentemente prevalece sempre. Mas para o cristão a paciência é o fundamento da sua felicidade presente, pois somente no exercício dela somos capazes de enxergar além das adversidades desta vida e esperar com certeza e confiança a verdadeira e eterna felicidade reservada aos fiéis, que compensará todas as injustiças sofridas neste mundo, por mais graves e prolongadas que tenham sido.
PARA USO DO PROFESSOR
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