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LIÇÃO 14
DEFENDENDO A FÉ NOS TEMPOS MODERNOS
TEXTO ÁUREO: “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pedro 3.15)
LEITURA BÍBLICA: ATOS 17.22-32
INTRODUÇÃO Estamos encerrando mais um trimestre de estudos bíblicos, onde procuramos aprofundar nosso conhecimento da sã doutrina a partir da exposição e refutação às heresias, e assim esperamos estar mais prontos e aptos para apontar essas e outras distorções e falsificações do evangelho. Mas queremos, nesta última lição, tratar de outro aspecto do nosso dever de combater pela fé, que é o de argumentar e demonstrar a veracidade do evangelho frente a um mundo que se opõe a Deus e a Cristo, e que, quando não ignora completamente, ridiculariza e rejeita a mensagem cristã sob a acusação de ser “irracional”, “inconsistente” e “obsoleta”. Veremos que o evangelho é a única mensagem racional, evidente e atual para o homem, e que, fora da fé cristã, só resta a ignorância, a credulidade e o retrocesso.
I – A RACIONALIDADE DA FÉ CRISTÃ Quando dizemos que a fé cristã é racional, significa que ela é tão coerente e conseqüente quanto uma fórmula matemática (1+1=2), e que nada nela implica em contradição, seja na relação de suas afirmações doutrinárias umas com as outras, seja em relação ao que chamaríamos de “razão natural” – isto é, a inclinação do ser humano, mesmo sem uma revelação divina especial ou particular, por ser coerente e conseqüente em seus pensamentos e ações. Ao apresentar o evangelho aos seus conterrâneos judeus, os primeiros cristãos não apenas demonstravam que a sua mensagem era coerente e conseqüente a tudo o que a lei e os profetas ensinavam; mas até disputavam que as Escrituras não poderiam ter se cumprido de nenhuma outra forma, senão na pessoa e na obra “do Jesus que eles anunciavam”; de modo que aqueles que resistiam, não podendo contradizer seus argumentos, revelavam sua irracionalidade, lançando mão de falsas acusações e distorcendo a mensagem dos apóstolos (At 6.8-11; 17.2-5). Por sua vez, quando se achava entre os gentios, Paulo tinha na razão natural o ponto de partida para anunciar a Cristo, apelando para os argumentos de que Deus não pode ser como os homens, porque Ele criou todas as coisas, e todos dependem d’Ele; e que Ele se interessa pelo seu bem, provendo não apenas seu sustento, mas também sua salvação (At 14.15-17; 17.24-31; Rm 1.19-20). Apesar de se jactar de ser o único animal racional, o homem não pode explicar por que ele usa a razão e os outros animais não, à parte do fato de que foi criado por Deus assim, e que a razão é um elemento distintivo da sua natureza porque o torna mais semelhante ao seu Criador. Em outras palavras, a racionalidade é um atributo divino, e quanto mais se aproxima e conhece a Deus, mais racional o homem deve ser em seus pensamentos e ações; ao passo que, quanto mais se afasta do Criador, mais irracional e semelhante aos animais ele se torna, agindo de acordo com os seus instintos naturais (Sl 49.20; 2 Pe 2.12). Isto explica porque o mundo moderno, quanto mais rejeita preconceituosamente a fé cristã, mais perde o senso de coerência e conseqüência entre as idéias e a realidade, tendendo ao relativismo, não apenas moral, mas também intelectual – nenhuma idéia ou conceito podendo mais ser tomado como expressão de uma verdade absoluta, mas tudo podendo ser ressignificado, inclusive as palavras, de acordo com a conveniência e os interesses do momento (Sl 14.1; Rm 1.21-22, 28-32). Ao contrário de ser como um “salto no escuro”, ou um ato de ingênua credulidade naquilo de que não temos certeza, nossa fé se baseia na palavra de um Deus que é perfeitamente racional, pois Ele não se contradiz, não mente nem se arrepende. Há uma equivalência, coerência e conseqüência tal entre a palavra de Deus e a Sua ação, que ela é personificada nas Escrituras – de fato, ela é finalmente revelada, no evangelho, como uma pessoa divina que cumpre toda a vontade de Deus (Nm 23.19; Is 55.11; Jo 1.1-3; cf. Jó 42.2). Deste modo, o fato de esperarmos algo que ainda não se vê em nada contradiz a razão, mas, pelo contrário, é coerente com a razão crer na promessa de um Deus que não pode deixar de cumprir a Sua palavra, sempre tendo cumprido o que prometeu (Tt 1.2; Hb 1.1-3).
II – AS EVIDÊNCIAS DA FÉ CRISTÃ Considerando a coerência e perfeita harmonia da obra de Deus com os Seus desígnios, nenhum homem, no uso normal da sua razão, poderia negar as evidências divinas presentes na criação, as quais testificam da eternidade, poder, sabedoria e bondade de Deus (Sl 8.3-8); assim como do senso de fragilidade e limitação diante do mundo, que impede o homem de desfrutar e conhecer tudo o que há, e que tanto o instiga a buscar explicação para sua existência além dessa realidade material, como a temer esse além (Ec 3.11; 12.1-7). Embora possam ser sufocadas pela força do pecado, levando o homem a abandonar a própria razão para justificar suas paixões carnais; o evangelho reafirma a suficiência dessas evidências para condenar, tornar indesculpáveis, aqueles que as rejeitam (Rm 1.18; 2.14-16). Mas, quando falamos em evidências da fé cristã, queremos tratar de forma mais específica daquelas que demonstram a veracidade das Escrituras Sagradas, dos acontecimentos nelas narrados, e especialmente dos que dizem respeito ao evangelho. Primeiramente, consideremos como o povo de Israel foi eleito para ser justamente testemunha dos feitos e palavras de Deus até que viesse o próprio Cristo – e, apesar de muitos dos judeus terem sido desobedientes e servido de escândalo para os gentios, a permanência deste povo é uma prova viva da veracidade das Escrituras e da fidelidade de Deus à Sua palavra (Rm 3.1-4; 9.1-5; cf. Is 43.10). Considerando então a vida e o ministério de Jesus, é aí que vamos encontrar a mais abundante evidência, nos inúmeros sinais operados, de que Ele não poderia ser outro, senão o Filho de Deus (Jo 20.30-31); como também no fato de que Seus milagres, Seus discursos e, finalmente, a Sua própria ressurreição, foram vistos e ouvidos não por alguns, mas por centenas e até milhares de pessoas. E destes muito foram nomeados pelo próprio Jesus Suas testemunhas, e este foi o requisito principal para a designação daqueles que, no começo da pregação, ministravam à frente das igrejas (Lc 1.1-4; At 1.1-8, 21-22; cf. 1 Co 15.1-8).
III – A ATUALIDADE DA FÉ CRISTÃ Visto que a fé cristã é perfeitamente compreensível em termos racionais, ou antes a própria racionalidade é definida à luz do evangelho; e visto que esta fé se apóia em sólida e incontestável evidência de que é a solução e a resposta para os problemas e dilemas humanos; rejeitar o evangelho significa abrir mão tanto da razão como da possibilidade de se obter qualquer conhecimento verdadeiro, com conseqüências catastróficas para o indivíduo e a sociedade. A fé cristã, portanto, deve ser apresentada pela igreja como a única mensagem atual e pertinente – todas as ideologias, filosofias e religiões modernas nada mais sendo que os mesmos velhos discursos que só afastam o homem das questões importantes da vida, e o mantêm sob o julgo de uma falsa ciência (1 Tm 6.20; Cl 2.20-23). É verdade que há muita discussão e debates envolvendo a fé cristã e sua relação com temas atuais, mas devemos estar cientes de que, se procurando apresentar a razão da nossa fé com mansidão e temor, o mundo ainda rejeita a nossa mensagem, não é porque nossa argumentação é fraca, e sim devido à operação do erro, que limita o entendimento dos incrédulos e os impede de raciocinar e considerar a evidência da glória de Deus no evangelho, e que, em última análise, brilhará apenas para aqueles que crerem (1 Co 1.18-24; 2 Co 4.3-4).
CONCLUSÃO Não precisamos saber apresentar uma argumentação filosófica formal para defender o evangelho, mas se percebemos o quão racional e verdadeiro é para nós a nossa fé, devemos ser capazes de demonstrar essa fé com a mesma clareza ao incrédulo.
PARA USO DO PROFESSOR