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LIÇÃO 4
A HUMANIDADE DE CRISTO
TEXTO ÁUREO: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós”. (João 1.14)
LEITURA BÍBLICA: HEBREUS 2.1-18
INTRODUÇÃO Enquanto na lição anterior aprendemos que a divindade de Cristo é um elemento fundamental da doutrina evangélica, desta vez entenderemos como a sua humanidade é igualmente importante, ambas estas verdades sendo ensinadas pelas Escrituras Sagradas para que tenhamos uma correta compreensão acerca da pessoa e obra de nosso Senhor e Salvador Jesus. Tão certo como é o Filho de Deus, Cristo também é o Filho do homem, pois, sendo igual a Deus, humilhou-se e se fez semelhante a nós, a fim de nos resgatar e nos levar de volta à divindade.
I – A NECESSIDADE DA HUMANIDADE DE CRISTO Uma das características do Messias mais presentes nas profecias a Seu respeito é a sua humanidade. Nunca afirmada com o objetivo de limitar ou excluir Sua divindade, a linhagem (isto é, a ancestralidade ou origem) humana do Salvador faz parte da primeira promessa deixada ao homem após a Queda; e a esta primeira indicação se seguiriam outras, ao longo dos tempos, de que este descendente da mulher seria mais precisamente descendente de Abraão, e depois de Judá, e depois ainda de Davi. E, embora a divindade do Salvador fosse motivo de controvérsia e escândalo para muitos judeus, nenhum deles duvidava de que somente um homem cuja genealogia pudesse ser reconstituída através de Davi, Judá, Abraão e Adão, é que poderia ser verdadeiramente o Messias esperado. Eis por que Mateus e Lucas apresentam a genealogia de Jesus como prova de que Ele é o Cristo; e por que muitos judeus dos tempos de Jesus, incapazes de determinar Sua procedência devido a pormenores da profecia que ignoravam, duvidavam de que Ele fosse o Cristo (cf. Mt 1.1-17; Lc 1.26-27; 3.23-38; cf. Mt 2.4-6; Jo 7.41-42). A humanidade do Salvador não se deve a nenhum “capricho” da divindade; Deus poderia, de fato, ter enviado Cristo a este mundo como enviou diversas vezes os anjos para ministrarem em favor dos escolhidos. Mas não o fez, e isto por um propósito que, tendo se mantido oculto em mistério no passado, agora foi revelado pelo Espírito aos apóstolos e profetas da nova aliança: assim como todas as coisas saíram de Deus por intermédio de Cristo, e por Ele são sustentadas, mas pelo pecado ficaram sujeitas à morte e corrupção; do mesmo modo todas as coisas devem voltar novamente para Deus por intermédio de Cristo, para que Deus seja tudo em todos. No texto da leitura bíblica, o escritor inspirado explica isto à luz do salmo: embora feito um pouco menor do que os anjos, o homem está destinado a uma glória que ainda não se realizou. Cristo, contudo, já está coroado de glória, e isto depois de ter sido feito também menor do que os anjos – o que significa que esta profecia se cumpriu primeiramente n’Ele para depois se cumprir em nós. Aqui vemos a verdade já ressaltada em lições anteriores – de que Cristo deveria se fazer homem por nossa causa, para tornar-se a cabeça de um corpo formado por aqueles que n’Ele creem, para reconduzi-los de volta para Deus (Cl 1.18-20; Ef 1.22-23; 4.4-6; 1 Co 15.24-28). Notemos ainda que, embora Deus tenha se revelado aos homens desde o princípio, mesmo aqueles que eram agraciados com uma comunhão tal que podiam ser chamados amigos de Deus estavam cientes de que a divindade permanecia envolta em um mistério que nem mesmo eles podiam sondar, porquanto nenhuma carne poderia ver Deus face a face e sobreviver. Somente Cristo Jesus removeria este véu, pois, sendo Ele a expressa imagem de Deus, ao se fazer carne tornou-se a habitação corpórea da divindade, revelando-a de um modo tal que muitos não apenas viram com seus próprios olhos, mas também ouviram com os seus próprios ouvidos, e tocaram com suas próprias mãos na vida, graça, verdade e outras excelências de Deus que poucos no passado tiveram o privilégio de contemplar de longe (Nm 12.6-8; Ex 33.18-23; 34.5-7; Jo 1.1, 14, 18; Cl 2.9).
II – A REALIDADE DA HUMANIDADE DE CRISTO Ao afirmar a humanidade de Cristo, a Escritura quer dizer basicamente duas coisas: que o Verbo verdadeiramente se fez carne, e não apenas assumiu uma aparência de humanidade; e que essa carne não era um aspecto temporário, passageiro da divindade, mas o homem Jesus é inseparável de Cristo. Negar ambas estas verdades é o mesmo que negar o Filho e, portanto, o próprio Pai; é obra do anticristo (cf. 1 Jo 2.22-23; 4.2-3). Basta uma leitura franca e sem preconceitos do relato evangélico para perceber que todos os passos da vida terrena de Cristo – seja Sua concepção e nascimento, Sua infância, Seu contato com as multidões, Suas idas e vindas pela Judeia, Samaria e Galiléia, Suas emoções e sensações, Sua prisão e sofrimentos, Sua morte e sepultamento, Sua ressurreição e ascensão – todos são eventos cuja importância está na sua materialidade, ou seja, no fato de que realmente aconteceram e foram testemunhados por muitos; e não em uma aparência ou visão simbólica que somente uns poucos discerniram (Jo 19.34-35; Lc 24.36-43, 48). Somente quando admitimos que Cristo verdadeiramente se fez homem é que podemos entender a Sua humilhação. Primeiro, porque para o Filho de Deus adotar a natureza humana significou despojar-se de Si mesmo – isto é, das prerrogativas da Sua divindade. Ele não deixou de ser Filho de Deus ao vir ao mundo como homem; mas fora privado de receber do mundo, que havia criado, a honra devida ao Filho. E, mesmo se fazendo homem, não foi para sequer ser honrado como homem, mas para se fazer servo de todos, e ser humilhado pelos homens, até a morte (Fp 2.5-8; cf. Is 53.1-3; Jo 1.9-11; Hb 5.8).
III – A HUMANIDADE DE CRISTO E SUAS IMPLICAÇÕES Não é necessário nos embrenharmos nas muitas discussões que ao longo dos séculos foram suscitadas pela Cristandade a respeito das naturezas, das vontades e aspectos ainda mais sutis da relação entre o humano e o divino na pessoa bendita do Salvador. Mas, nesse sentido, podemos deduzir algumas verdades a partir das Escrituras. A humanidade de Cristo não significa que Ele só passou a existir, ou mesmo a se distinguir do Pai, como Filho, a partir da encarnação. Ele já existia como Deus, que é Espírito; então se fez carne, assumindo forma corpórea para assim entrar neste mundo do mesmo modo que todos os homens (Gl 4.4; cf. Hb 10.5). O fato de Cristo ter sido concebido no ventre da virgem corrobora a realidade da Sua humanidade, que precisou ser gerada ou concebida, não por vontade ou concorrência humana, mas por obra do Espírito Santo. Assim, Ele era tanto o Filho de Deus como também Filho do homem, ou a semente da mulher (Mt 1.18-20; Lc 1.34-35). A concepção virginal de Cristo nos leva a refletir sobre outra característica singular da Sua humanidade: não tendo sido concebido por concorrência humana, Jesus Cristo não herdou a corrupção moral, ou a natureza pecaminosa, que passou naturalmente a todos os filhos de Adão. Isto significa que Jesus foi tentado não porque pudesse ser atraído e enganado por uma concupiscência (ou desejo pelo mal) que jamais habitou em Seu coração puro; mas porque a isto se submeteu, sem cometer pecado, a fim de participar de nossas dores – das quais a maior seria a morte – e assim nos salvar de todas elas (Hb 2.18; 4.15-16; 1 Pe 2.22; cf. Tg 1.13-15).
CONCLUSÃO Se, por um lado, a divindade de Cristo nos faz lembrar da incomparável e excelente grandeza daqu’Ele que esteve entre nós; por outro lado, Sua humanidade nos lembra que Ele quis nos dar as glórias e riquezas dessa grandeza, para que ficássemos participantes da Sua divindade.
PARA USO DO PROFESSOR