29 agosto 2018

009-O culto a Deus e sua ordem - Coríntios Lição 09 [Pr Afonso Chaves]28ago2018


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LIÇÃO 9: 
O CULTO A DEUS E SUA ORDEM

TEXTO ÁUREO
“Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus” (1 Co 11.16).

LEITURA BÍBLICA: 1 CORÍNTIOS 11. 2-16

INTRODUÇÃO
A partir do capítulo que ora estudamos, o apóstolo Paulo trata de alguns problemas que estavam ocorrendo entre os coríntios relacionados com o culto a Deus. Como parte indispensável da vida cristã em comunidade, a adoração pública segue princípios que, se desprezados, acaba se degenerando em desordem e indecência, e assim atraindo o juízo de Deus sobre os contenciosos e profanadores.

I – DECÊNCIA E SUBMISSÃO NA IGREJA (VV. 2-16)
No primeiro verso deste capítulo, o apóstolo recomenda aos coríntios o seu próprio exemplo, em conclusão ao assunto tratado anteriormente, sobre o uso da liberdade cristã. Mas, no assunto que se segue, ao seu próprio exemplo ele acrescenta o peso daquilo que já estava estabelecido entre as igrejas de Deus (cf. v. 16), e que ele simplesmente havia transmitido aos coríntios tal como havia recebido, como uma boa tradição. 
Durante as reuniões da igreja, era correto que os homens estejam de cabeças descobertas e as mulheres, diferentemente, de cabeças cobertas, e esta atitude envolvia muito mais do que simplesmente um aspecto exterior de menor importância, ou uma inovação no vestuário.
Condenando categoricamente como indecente para o homem participar do culto com a cabeça coberta, ele acrescenta que é igualmente indecente a mulher participar da assembleia solene da igreja sem véu. O seu argumento se baseia em uma hierarquia: “Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo” (v. 3), onde um deve receber honra e submissão do outro – Deus, de Cristo; Cristo, do homem; e o homem, da mulher. Cada um, a seu modo, de acordo com as suas atribuições. Aqui ele não está tratando do relacionamento espiritual que tanto o homem como a mulher têm com Deus em Cristo Jesus, onde todos são iguais (Gl 3.26-28). Ele fala de uma ordem estabelecida na criação e que diz respeito a esta vida, como prova a seguir: “Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem” (vv. 8-9).
O véu entra aqui como um sinal de submissão da mulher à autoridade do marido, e por isso não convinha que fosse abandonado – como também qualquer outro uso que contribua para a decência, o
pudor, a modéstia e a manutenção da hierarquia natural deve ser louvado e incentivado. Eis a razão de
outro conselho do apóstolo: “Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos” (1 Tm 2.9).
Particularmente em Corinto, onde os bons costumes sofriam com a degeneração moral do povo e, como o apóstolo já havia ensinado, a igreja devia se portar com correção e submissão e não ser contenciosa.

II – DESORDEM E ESCÂNDALO NA CEIA (VV. 17-22)
A próxima consideração do apóstolo é sobre os abusos que estavam acontecendo durante a celebração da ceia do Senhor – que, naquele tempo, era propriamente uma refeição, um banquete onde os cristãos expressavam sua comunhão uns com os outros e com o próprio Senhor. 
Porém, entre os coríntios essa ocasião estava servindo apenas para divisões e contendas: “Porque antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões; e em parte o creio” (v. 18). 
Ele já havia tratado das dissensões que havia em razão do espírito faccioso e de vanglória dos coríntios. Mas agora trata de um tipo de divisão que envolvia uma perversão daquela ocasião que devia servir à expressão máxima da comunhão e união dos cristãos.
Quando se reuniam para cear, esses irmãos eram induzidos pelos mesmos sentimentos que dominavam os gentios em seus banquetes e, sem nenhuma consideração pelo próximo, entregavam-se à glutonaria e embriaguez, como se estivessem em uma festa qualquer ou comum: “e assim um tem fome, e outro embriaga-se” (v. 21). 
Tal atitude era tão contrária e indigna ao propósito da ceia, que o apóstolo diz: “quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor” (v. 20). E ele ainda os acusa de desprezarem a igreja de Deus e envergonhar os irmãos mais pobres (v. 22). Em outras palavras, a ceia do Senhor era profanada por um comportamento tão mesquinho e carnal.

III – A GRAVIDADE DO PECADO DE PROFANAÇÃO (VV. 23-34)
Para corrigir o erro grosseiro dos coríntios, o apóstolo os lembra da ocasião em que a ceia foi instituída e em que foi definido o seu propósito. A partir do que o próprio Senhor Jesus havia feito naquela noite em que foi traído, e a partir das Suas próprias palavras, Paulo assinala o propósito dessa
simples, mas santa refeição: 
“Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha” (v. 26). A ceia é, antes de tudo, um memorial da morte de Cristo pelos nossos pecados. Quando participamos da ceia, estamos lembrando do que o Senhor fez para nos salvar do pecado e nos dar a vida eterna – em outras palavras, confessamos que foi por nós que Ele morreu. 
E tal confissão deve ser feita com a maior gravidade, humildade e gratidão a Deus.Mas, por outro lado, o comportamento dos coríntios era indigno da ceia do Senhor – comiam indignamente porque não tinham plena consciência das implicações em comer do pão e beber do cálice, do que significava todo esse ato, e assim não discerniam o corpo do Senhor (v. 29). 
Qualquer atitude incompatível com uma consciência cristã quebrantada, arrependida dos seus pecados e profundamente grata ao Senhor pela sua salvação pode ser caracterizada como uma participação indigna na ceia do Senhor. Por isso o apóstolo orienta cada um a examinar-se a si mesmo (v. 28), ou seja, a fazer o exame de consciência, para que possa comer e beber sabendo o que está fazendo e disposto a assumir todas as consequências de confessar que Cristo por ele morreu.
Por sua vez, tratar as coisas de Deus de forma indigna, profanamente, com indiferença ou desprezo, também tem as suas consequências. 
Paulo não poderia ser mais grave: “o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação” (v. 29; cf. Hb 10.29). E, no caso dos coríntios, havia enfraquecimento, dormência espiritual e enfermidades, como forma de punição pelos seus pecados na mesa do Senhor: “há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem” (v. 30). 
Sobre isto já fizemos uma breve consideração no estudo do capítulo 5. Contudo, Paulo explica que isto ainda era uma forma misericordiosa de o Senhor tratar o Seu povo, para que, por meio da repreensão, eles considerassem os seus pecados, se arrependessem, e se salvassem: “Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (v. 32). 
E assim ele encerra exortando-os a adotarem a atitude digna e decorosa que convém à ceia do Senhor (vv. 33-34).

CONCLUSÃO
O culto a Deus é um grandioso momento de expressão da comunhão entre o crente e o seu Criador. Deus deve ser engrandecido em cada ato, em cada palavra, e isto só pode acontecer quando tudo é feito com reverência, santidade e temor, em conformidade com a vontade e o propósito daqu’Ele que deve ser cultuado. 
Não desprezemos as coisas de Deus, nem adotemos nenhum padrão ou conduta humana que possa de algum modo diminuir a solenidade e decência que convêm à adoração pública.

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25 agosto 2018

008-O perigo da idolatria - Coríntios Lição 08 [Pr Afonso Chaves]21ago2018


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LIÇÃO 8: 
O PERIGO DA IDOLATRIA 


TEXTO ÁUREO
“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus” (1 Co 10.32). 


LEITURA BÍBLICA: 1 CORÍNTIOS 10.1-14 


INTRODUÇÃO 
O apóstolo prossegue sua orientação a respeito das coisas sacrificadas aos ídolos. Depois de censurar a falta de amor dos coríntios e de propor-se a si mesmo como exemplo de renúncia de privilégios por amor aos mais fracos, ele agora faz um grave alerta contra a idolatria. E, trazendo à memória o exemplo de Israel, adverte a igreja para que não se envolva em nada que possa aborrecer ao Senhor e atrair a Sua ira, ou escandalizar a consciência de qualquer pessoa, seja crente ou incrédulo. 


I – O EXEMPLO DE ISRAEL: UM ALERTA (VV. 1-14) 
Com o propósito de despertar nos coríntios outra reflexão sobre o erro da sua prática em comer dos sacrifícios da idolatria indiscriminadamente, como se fosse algo indiferente, Paulo convida-os a considerar o exemplo de Israel. Em primeiro lugar, ele traça uma comparação entre o povo de Deus no passado e no presente, mostrando que, assim como nós, eles também foram altamente agraciados por Deus, e receberam grandes privilégios espirituais (vv. 1-4). Mas, mesmo assim, de nada lhes serviram todas essas bênçãos e favores divinos, pois “Deus não se agradou da maior parte deles” (v. 5). Ou seja, foram condenados a perambularem pelo deserto, e não puderam entrar na Terra Prometida. Mas, não sem razão: apesar de serem povo de Deus, haviam pecado gravemente contra o Senhor. Então, assim como fez em relação aos seus privilégios, o apóstolo enumera também os seus pecados, pelos quais foram castigados e reprovados por Deus, e em cada caso considera a possibilidade de nós incorrermos no mesmo erro: “Não vos façais, pois, idólatras”, “não nos prostituamos”, “não tentemos a Cristo”, “não murmureis”. Pois o propósito aqui é mostrar que o caso de Israel foi registrado na Escritura justamente para servir de instrução à igreja de Cristo, pois, assim como eles, também podemos ser tentados a cobiçar “as coisas más, como eles cobiçaram” (v. 6). De fato, as Escrituras Sagradas, na plenitude dos seus exemplos instrutivos e orientações infalíveis, representam um privilégio peculiar que Deus, na Sua infinita misericórdia, providenciou para nós, “para quem já são chegados os fins dos séculos” (v. 11) e nos encontramos no limiar da história da salvação. O que se conclui a partir desses fatos é que não podemos presumir nossa salvação simplesmente porque nos consideramos cristãos, ou porque fomos agraciados com favores, bênçãos ou dons. Por mais reconhecidos e gratos que todas estas coisas devam nos tornar para com Deus, precisamos ter cuidado com uma falsa segurança que nos leve a pensar que nenhum dos nossos atos ou pensamentos possa desagradá-lO. O que está de pé, ou assim se considera, precisa manter essa posição com muito cuidado e esforço, pois não só é possível, mas nossa condição humana tende a fazê-la perder (v. 12; cf. Mt 26.41). Ao mesmo tempo, o apóstolo nos lembra que nossas tentações não são diferentes das que o povo sofreu no deserto, portanto, podem ser superadas com o socorro de Deus (v. 13). Mas não sem uma atitude radical contra o pecado: “Fugi da idolatria” (v. 14; cf. 1 Jo 5.21). 

II – A GRAVIDADE DO PECADO DA IDOLATRIA (10.15-22) 
Retomando a questão no caso particular dos sacrifícios aos ídolos, Paulo apela para a pretensa sabedoria dos coríntios, os quais poderiam chegar facilmente ao entendimento do assunto. Bastava considerar que a ceia do Senhor, que era uma refeição da qual participavam todos os crentes, significava a comunhão deles tanto com o próprio Deus, como também uns com os outros, porque, participando do pão e do cálice, eles proclamavam ser participantes de um só e o do mesmo Cristo que morreu por todos. E isto não era estranho ao próprio Israel que, no passado, oferecia sacrifícios, no tabernáculo ou no templo, e celebrava sua comunhão com o Senhor comendo desses sacrifícios na Sua presença (v. 18). Esse princípio é válido também no que diz respeito aos sacrifícios oferecidos aos ídolos. Não porque o ídolo seja alguma coisa, ou que o sacrificado ao ídolo se torne algo diferente do que era quando comum (v. 19), pois isto eles sabiam perfeitamente bem – e o apóstolo não os contraria neste conhecimento – que o ídolo nada é (8.4). Mas aqui ele revela uma realidade que os coríntios não haviam percebido: que os sacrifícios que os gentios oferecem aos seus deuses são sacrifícios feitos a demônios, que são os verdadeiros responsáveis por manter os homens nas trevas da idolatria (12.2; cf. At 26.18; Dt 32.17). Os deuses assim chamados pelos homens nada são, mas Satanás e seus anjos são uma realidade que nenhum conhecedor das Escrituras pode negar. Portanto, assim como comer da mesa do Senhor é ter comunhão com o Senhor, comer da mesa dos ídolos – que na verdade é a mesa dos demônios – é ter comunhão com os demônios, o que representa um terrível ato de apostasia por parte de um cristão. E ninguém desejaria correr o risco de se envolver em uma prática que certamente despertaria a ira do Senhor (v. 22). 


III – O CUIDADO COM A CONSCIÊNCIA ALHEIA (10.23-33) 
Nesta última seção, o apóstolo conclui o assunto, orientando os coríntios como deviam proceder em relação às carnes oriundas dos templos dos ídolos. Não deviam come-las, isto já estava bem esclarecido. Mas, e se fossem convidados para comer em casa de amigos ou familiares incrédulos, onde tais carnes eram frequentes à mesa? Ou se fossem ao açougue, onde as carnes à venda provinham tanto dos templos como dos matadouros? A orientação do apóstolo é não perguntar nada (v. 25), ou seja, não indagar sobre a procedência do alimento, mas comer tudo o que for oferecido, descansando sobre a verdade de que “a terra é do Senhor, e toda a sua plenitude” (v. 26) e em tudo dando graças (v. 30). Por outro lado, se fossem informados de que o alimento procedia do templo dos ídolos, deviam agir de outro modo. Comer das coisas sabidamente dos sacrifícios idolátricos, mesmo não sendo no templo dos ídolos, escandaliza a consciência alheia. O irmão mais fraco pode ser levado a comer também e a contaminar-se (8.10-11); enquanto o incrédulo pode ver tal atitude como um ato de reverência do cristão pelo ídolo, negando sua confissão de que o ídolo nada é e de que somente o Senhor é Deus. Seria um desserviço, por parte desse crente, à causa do reino dos céus, um mau testemunho e uma profanação do santo chamado do evangelho. Tudo o que o cristão faz deve visar à glória de Deus (v. 31) e evitar escândalos, não apenas perante outros cristãos, mas perante toda a sociedade (v. 32). E isto requer, de nossa parte, a renúncia de certas liberdades que a outros podem servir de tropeço, levando-os a pecar contra Deus e excluindoos do reino de Deus. E, assim como Paulo, devemos envidar todos os esforços no sincero desejo de que muitos possam se salvar (v. 33). 

CONCLUSÃO 
Lembremos do que ocorreu a Israel por causa da sua presunção e, com temor e tremor, vigiemos para que permaneçamos de pé na presença do Senhor. Tenhamos cuidado com nossas práticas, para que não provoquemos a ira de Deus por um mau uso da nossa liberdade, e para que não escandalizemos os incrédulos, nem nossos irmãos, ferindo suas consciências e bloqueando o seu caminho para o reino dos céus.

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15 agosto 2018

007-A liberdade cristã e o amor ao próximo [Pr Afonso Chaves]14ago2018


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LIÇÃO 7: 
A LIBERDADE CRISTÃ E O AMOR AO PRÓXIMO 

TEXTO ÁUREO
“Por isso, se o manjar escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize” (1 Co 8.13). 

LEITURA BÍBLICA: 1 CORÍNTIOS 8.1-13 

INTRODUÇÃO 
Neste e nos próximos capítulos, o apóstolo Paulo orienta os coríntios sobre o uso que podiam ou não fazer de alimentos oferecidos aos ídolos. Na lição de hoje veremos, nos capítulos 8 e 9, como ele estabelece o amor ao próximo como o limite da nossa liberdade, e em si mesmo oferece o exemplo de resignação dos seus próprios direitos, por amor às almas daqueles a quem devia pregar o evangelho, para que nada servisse de embaraço ou escândalo no seu ministério. 

I – QUANDO AO CONHECIMENTO FALTA O AMOR (8. 1-6) 
Respondendo ainda a questões propostas pelos irmãos de Corinto, Paulo lida com a questão das “coisas sacrificadas aos ídolos”. Os gentios geralmente sacrificavam animais em honra aos seus falsos deuses, e era muito comum participar de banquetes onde as carnes desses animais eram servidas, seja nos próprios templos, seja comprando-a em açougues e servindo-as em casa (cf. 10.25, 27). 
À ideia de se alimentar desses sacrifícios estava associada a crença de que os participantes naquele momento desfrutavam de comunhão e da benção da “divindade”. Mas os crentes coríntios, que sabiam estas coisas, também sabiam, graças à revelação do evangelho, que “o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só” (v. 4). 
Assim que, para eles, todo o significado religioso atribuído aos alimentos oferecidos aos ídolos não passava de uma superstição, uma crença inútil, e o alimento em si era tão comum como qualquer outro. 
Comiam, então, com a consciência tranquila. Paulo confirma a verdade de que “há um só Deus, o Pai” e “um só Senhor, Jesus Cristo” (v. 6), mas o seu tom é de repreensão sobre a maneira como aplicavam esse conhecimento à sua prática. 
Primeiro, porque os coríntios não estavam agindo sob a regra do amor; segundo, porque o conhecimento em que baseavam sua atitude não era completo, mas contemplava apenas parte do problema. O apóstolo explica que o conhecimento sem o amor é mais prejudicial do que benéfico, porque, sozinha, “a ciência incha” (v. 1), ao passo que “o amor edifica”, mesmo quando o conhecimento é pequeno. 
Ou seja, além do conhecimento divino revelado no evangelho, é necessário recebermos o amor de Deus para praticarmos esse conhecimento no seu verdadeiro espírito. Por isso, “se alguém ama a Deus”, andando de acordo com a medida de conhecimento que recebeu, “esse é conhecido dele” (v. 3). 
Mas, além disso, os coríntios ignoravam outros aspectos importantes da questão, e por isso “ainda não sabiam como convém saber” (v. 2). Será o apóstolo quem apresentará os elementos que lhes faltavam para a compreensão adequada de todo o assunto. 

II – A CONSCIÊNCIA DO MAIS FRACO (8.7-13) 
A questão das coisas sacrificadas aos ídolos, ao contrário do que os coríntios pensavam, não podia ser resolvida apenas pela consciência particular de cada um. Não bastava saber que o ídolo nada é. O problema estava na consciência alheia – por isso sem o amor seria impossível ter uma visão apropriada de toda a questão. 
“Nem em todos há conhecimento” (v. 7), ou seja, havia cristãos novos ou ainda fracos na fé, cuja consciência precisava se fortalecer melhor em graça. Estes não podiam seguir o exemplo dos mais “fortes”, comendo carnes de sacrifícios, sem se sentirem culpados de honrar os ídolos, ficando com “a consciência contaminada” e “perecerá o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu” (v. 11). 
Como disse o apóstolo em outro lugar, num contexto muito semelhante, “aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado” (Rm 14.23). Por outro lado, 
Paulo está repreendendo aqui não os fracos, que não se sentiam seguros para comer qualquer coisa sem culpa, mas os que, considerando-se mais fortes, comiam à mesa dos ídolos indiferentes ao escândalo que estavam provocando nas consciências alheias, induzindo-os a pecar: “pecando assim contra os irmãos, e ferindo a sua fraca consciência, pecais contra Cristo” (v. 12). 
E, como disse o Senhor Jesus: “Qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar” (Mt 18.6). 
A solução proposta por Paulo parece radical, mas é a única em que a verdade, ou a fé, “opera pelo amor” (Gl 5.6): “se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize” (v. 13). 
Em outras palavras, ainda que eu tenha plena consciência da minha liberdade em Cristo, essa liberdade está condicionada à consciência que o próximo tem da minha liberdade – a minha liberdade vai até onde vai a liberdade do meu irmão e do mais fraco. 
Se usufruir de coisas que nada acrescentam nem diminuem do meu relacionamento com Deus escandaliza a outros, levando-os a fazer as mesmas coisas, mas com culpa na consciência – mesmo que tais coisas não sejam pecado – é melhor abrir mão do meu direito. 
Se isto nos parece duro demais, na sequência veremos como o apóstolo nos incentiva oferecendo-se a si mesmo como um contundente exemplo de resignação. 

III – A RESIGNAÇÃO DE PAULO (9.1-27) 
O propósito das considerações que o apóstolo faz neste capítulo tanto é de exortar os coríntios à vivência do que acabara de ensinar, como também pontuar as características exclusivas do seu ministério, que deveriam calar quaisquer insinuações em contrário que porventura alguém levantasse contra a sua integridade e dedicação. 
Para isto, ele menciona os privilégios que havia recebido pela graça de Deus, inclusive o ter visto ao Senhor Jesus; a confirmação divina do seu ministério, visível nos próprios coríntios, salvos em Cristo (vv. 1-3). 
E, apesar de tudo isso, ele abrira mão de direitos que outros apóstolos usufruíam sem recriminações, como casar-se (v. 5) e deixar o trabalho secular para dedicar-se inteiramente ao ministério da palavra (v. 6). 
Para sublinhar sua abnegação, apresenta o testemunho da Escritura em favor dos seus direitos como ministro do evangelho, que resume na expressão do próprio Senhor: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (v. 14). 
Para entendermos por quê, então, o apóstolo abriu mão dos seus direitos mais inquestionáveis, precisamos considerar que, no caso particular de Paulo, qualquer coisa poderia ser usada pelos seus opositores para difamar e caluniar seu ministério, embaraçando o caminho daqueles aos quais ele pregava. 
Chamado para anunciar o evangelho tanto a judeus como gentios, ele se propôs fazer de tudo para “por todos os meios, chegar a salvar alguns” (v. 22), sabendo que, abrindo mão de seus privilégios, ele poderia “ganhar ainda mais” (v. 19). 
Além disso, ele vislumbrava o ministério como o supremo propósito de Deus para a sua vida, para o qual todo o esforço, todo o empenho, toda a renúncia, valeria a pena, pois isto seria glória para ele, no presente, e, no porvir, recompensa e coroa de vitória (vv. 24-25). 

CONCLUSÃO 
Que o segundo maior mandamento é amar ao próximo como a si mesmo, todos sabemos. Mas, quando somos chamados a renunciar aquilo que temos por direito nosso, em benefício do outro, aí podemos provar se realmente o amamos e saber se estamos mais próximos do exemplo não só de Paulo, mas do próprio Senhor Jesus, que abriu mão de tudo por amor de nós. 

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08 agosto 2018

006-Orientações sobre a vida conjugal - Coríntios Lição 06[Pb Denilson Lemes] 07ago2018


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LIÇÃO 6: 
ORIENTAÇÕES SOBRE A VIDA CONJUGAL 

TEXTO ÁUREO
“Irmãos, cada um fique diante de Deus no estado em que foi chamado” (1 Co 6.24). 

LEITURA BÍBLICA: 1 CORÍNTIOS 7.24-33 

INTRODUÇÃO 
Após repreender os coríntios pelo seu desregramento moral, e por sua indiferença em relação ao pecado da fornicação, o apóstolo passa a apresentar o conselho de Deus para uma vida conjugal santificada, de acordo com a Sua vontade. Por vida conjugal, nos referimos tanto à relação entre marido e mulher, como também ao modo de viver que convém aos não casados, quer solteiros ou viúvos. 

I – ORIENTAÇÕES GERAIS (VV. 1-9) 
No assunto que apresenta neste capítulo, o apóstolo afirma estar respondendo a questões que os próprios coríntios haviam lhe proposto. Parece que tinham dúvidas sobre qual seria o melhor estado para o homem servir a Deus, ou se havia alguma orientação do Senhor sobre se deveriam se casar ou permanecer solteiros. 
À luz da própria circunstância caótica da depravação moral do seu tempo (que não era muito diferente dos nossos dias), Paulo propõe o casamento como o remédio para a fornicação, a incontinência ou o “abrasar-se” (vv. 2, 9). 
Contudo, mesmo os irmãos coríntios, para os quais o casamento era a saída inevitável para se livrarem dos muitos problemas que tinham com a imoralidade, deviam saber que não eram obrigados a se casar. 
Esta não era uma condição indispensável para servir ao Senhor, mas antes uma permissão (v. 6). É perfeitamente possível agradar a Deus estando sozinho, e o apóstolo diz que é bom estar assim, até mesmo recomendando aos solteiros e viúvos que permaneçam assim (vv. 1, 7, 8). 
Mas aqui ele também pondera o fato de que o ser solteiro, ou casado, é um dom de Deus, e cada um o recebe de uma maneira. Sobre isto ele ainda tratará mais adiante. 
Uma vez que a solução para a imoralidade é o casamento, Paulo chama a atenção, tanto do marido como da mulher, para os princípios a serem observados no seu relacionamento conjugal, a fim de que esse remédio divino seja eficaz para promover a santificação de ambos. 
Um deve prestar ao outro a devida “benevolência” do relacionamento íntimo, uma vez que, pelo casamento, ambos formaram um só corpo, de modo a pertencer um ao outro (v. 4). E privar-se do relacionamento conjugal seria expor-se às tentações do diabo (v. 5). 

II – ORIENTAÇÕES PARTICULARES AOS CASADOS (VV. 10-24) 
Em contraste com a permissão e recomendação apostólica dos versos anteriores, Paulo apresenta agora aquilo que o próprio Senhor havia determinado quanto ao casamento: “que a mulher não se aparte do marido” (v. 10). 
À luz do que encontramos em outras passagens das Escrituras (cf. Ml 2.16; Mt 19.4- 6), o divórcio é um ato inadmissível por parte do crente, a menos que o cônjuge, incrédulo ou infiel à vontade do Senhor, se aparte. 
Neste caso, o fiel não está livre para se casar novamente, mas deve ou buscar a reconciliação, ou permanecer só (v. 11). 
Paulo, contudo, recomenda aos irmãos considerem que, quando o cônjuge incrédulo permanece, o fiel beneficia o infiel pela santificação de seu relacionamento, e mesmo os filhos são alcançados pela influência da graça de Deus na vida do cristão (v. 14). 
Mas, considerando também que haverá casos em que o incrédulo não desejará permanecer unido ao crente, o apóstolo recomenda ao fiel que se resigne à vontade divina, pois a salvação pertence à eleição e soberania de Deus (v. 16). 
Por outro lado, isto também manifesta o chamado de Deus para o estado em que o crente deve andar: se deve permanecer só, que considere isto um chamado para a paz (v. 15). 
Aproveitando o caso daqueles que são abandonados por seus cônjuges, Paulo introduz a questão do chamado de Deus de uma forma mais ampla e geral. Ninguém é obrigado a deixar sua condição ou estado em que está quando é alcançado pelo evangelho, podendo permanecer solteiro, servo, incircunciso, e servir perfeitamente ao Senhor assim. 
Se é possível ao servo se ver livre da sua servidão, que aproveite a ocasião (v. 21). Mas o importante é não se colocar sob um jugo para o qual Deus não o chamou (v. 23). 

III – ORIENTAÇÕES PARTICULARES AOS SOLTEIROS E VIÚVOS (VV. 25-40) 
Paulo passa a orientar aqueles que, como ele, viviam sozinhos e, à luz do seu próprio exemplo, e na condição de um apóstolo de Cristo, sábio e cheio do Espírito Santo (vv. 25, 40), apresenta alguns conselhos. 
Por “virgens”, ele se refere tanto a mulheres como homens solteiros que mantêm a pureza de uma vida casta, e que vencem a incontinência, o “abrasar-se” e, naturalmente, a fornicação. Quanto aos que não podiam vencer a imoralidade, ele já havia recomendado que se casassem. 
Àqueles, porém, o apóstolo recomenda que permaneçam no seu chamado, ficando solteiros (cf. Mt 19.12). Caso insistissem em se casar, não pecariam, mas, uma vez que não sofriam com as tentações da incontinência, ele considera que estes não tinham necessidade de se casar. 
O casamento apenas traria tribulações na carne (v. 28). O que o apóstolo tem em vista ao fazer estas recomendações é a circunstância do tempo em que nos encontramos. O tempo se abrevia (v. 29), e convém que nos apliquemos em servir ao Senhor sem impedimentos, embaraços ou coisas que desviem nossa atenção do reino de Deus (v. 35). 
Tanto o solteiro como o casado podem e devem servir a Deus de tal forma, mas o solteiro, naturalmente, por não estar comprometido a mulher e filhos pelos laços do matrimônio, tem melhores condições de aplicar-se sem reservas ao Senhor (vv. 32-34). 
Finalizando suas orientações neste assunto, Paulo alivia as consciências daqueles que, de alguma forma, ou por algum motivo, considerassem necessário casar-se (v. 36), e louvando a atitude do que, tendo domínio sobre sua vontade, e não havendo qualquer necessidade de casar-se, resolveu permanecer sozinho (v. 37). Não se esquecendo das viúvas, ele aplica os mesmos princípios, lembrando, em primeiro lugar, que a lei do casamento mantém os cônjuges unidos até a morte (v. 39); e depois, que a condição da viúva é como da virgem, ficando livre para se casar, “contanto que seja no Senhor”. 

CONCLUSÃO 
Ser solteiro ou casado não faz o cristão melhor para Deus. Tanto de um como de outro o Senhor requer a santificação em todos os seus relacionamentos, na condição em que foi chamado. 
Se é absolutamente necessário casar, que o crente considere isto como um meio de glorificar a Deus. Se não é necessário casar, que o solteiro aproveite o seu chamado para glorificar ainda mais a Deus, servindo-O sem impedimentos.

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01 agosto 2018

005-Injustiça e abuso da liberdade cristã - Corintio Lição 06 [Pr Afonso Chaves]31jul2018


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LIÇÃO 5: 
INJUSTIÇA E ABUSO DA LIBERDADE CRISTà

TEXTO ÁUREO: “Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus?” (1 Co 6.9). 

LEITURA BÍBLICA: 1 CORÍNTIOS 6.9-12 

INTRODUÇÃO 
Na sequência da repreensão à falta dos coríntios em admitir na comunhão da igreja uma pessoa de conduta moral reprovável, o apóstolo Paulo passa à consideração de outros erros graves que se cometiam naquele meio. Em um senso de justiça egoísta e em nome de uma liberdade que nada mais era que servidão às paixões carnais, esses irmãos pecavam contra a verdadeira justiça e liberdade cristã. 

I – A INJUSTIÇA DE IRMÃOS CONTRA IRMÃOS (VV. 1-8) 
A questão de que Paulo agora trata em sua epístola é oportuno. No caso do incestuoso que precisava ser excluído da comunhão, ele havia apelado à autoridade que o Senhor havia conferido à igreja para julgar as causas que surgissem no meio dela: “Não julgais vós os que estão dentro?” (5.12). E aqui esta autoridade é ampliada, nos termos de que os santos “hão de julgar o mundo” (v. 2) e até “os anjos” (v. 3). À luz do que já temos estudado, podemos dizer que a igreja do Senhor Jesus está em uma posição muito elevada em relação a toda a criação (3.22-23), e que a sabedoria e justiça manifestada nos fiéis servirão de critério para, naquele dia, condenar todos quantos não se conformarem ao mesmo padrão (cf. Hb 11.7). Contudo, os coríntios se esqueciam de que, sendo incumbidos por Deus com tão grande autoridade para julgar as coisas espirituais, poderiam muito bem julgar entre si mesmos “as coisas mínimas”, “as coisas pertencentes a esta vida”. A princípio, o problema não era um cristão apelar para os magistrados seculares porque sua disputa era com um incrédulo que não aceitaria o juízo da igreja. Mas, apelar para os tribunais seculares para resolver uma disputa com outro cristão representava um duplo problema: “o irmão vai a juízo com o irmão, e isto perante infiéis” (v. 6). Primeiro, porque o juízo nesses tribunais era estabelecido por magistrados incrédulos, cujos critérios para tomar suas decisões se baseavam numa percepção natural da moral e justiça. E qualquer relacionamento entre cristãos, mesmo os mais mundanos e naturais, deve se pautar sobre a ética e sabedoria divinas. Mas já era um problema o simples fato de haver entre os irmãos disputas que exigissem a intervenção de um juiz, mesmo que de dentro da própria igreja: “Na verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros” (v. 7). O egoísmo e a ambição natural do ser humano, que já se mostravam nas disputas e vanglórias dos coríntios, afloravam quando a questão envolvia aquilo que cada um considerava seu e de seu direito. E o que levava um crente ao erro de buscar a justiça secular era o erro de outro crente praticar a injustiça, o dano, contra o seu próprio irmão. Paulo repreende o comportamento carnal de ambos sobre o argumento da mais clara e básica regra cristã da humildade e sujeição de uns aos outros: “Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano?”, conforme ensinado e exemplificado pelo próprio Senhor Jesus (cf. Mt 5.38-42; Fp 2.3-4). 

II – REPREENSÃO A TODA FORMA DE INJUSTIÇA (VV. 9-11) 
A propósito da injustiça que vinha sendo cometida entre os coríntios, de irmão contra irmão, o apóstolo alerta sobre a gravidade do seu pecado, a partir do fato de que a sua chamada em Cristo, pelo evangelho, representava exatamente uma conversão da injustiça para a justiça e santificação. Qualquer forma de injustiça é incompatível com o reino de Deus, do qual eles haviam sido feitos herdeiros. “Não erreis” (v. 10) é uma forma de Paulo chamar a atenção deles para a sua conduta atual, que não condizia com o seu chamado, mas com as injustiças que cometiam antes de conhecerem a Cristo Jesus. De fato, alguns deles haviam sido devassos, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados e maldizentes – típicos cidadãos de Corinto. Contudo, pela graça de Deus, pela lavagem, justificação e santificação que há na cruz de Cristo, aplicada na vida do homem pelo poder do Espírito de Deus, todas essas injustiças haviam sido devida e eficazmente removidas da conta dos coríntios perante Deus, e eles haviam sido habilitados a se conduzir de um modo digno do evangelho. 


III – O ABUSO DA LIBERDADE CRISTÃ (VV. 12-20) 
Embora pareça tratar de um novo assunto, Paulo prossegue descrevendo e aplicando a devida correção às injustiças que se cometiam entre os coríntios. Agora, ele se volta para a imoralidade ou impureza sexual, tratando-se de forma mais ampla e abrangente do que fez com o caso isolado no capítulo anterior. Primeiro, corrige a máxima: “Todas as coisas me são lícitas” (v. 12), possivelmente usada entre os coríntios para justificar a distorção da liberdade cristã. É verdade que, em relação às velhas superstições deste mundo e as sombras e figuras da antiga dispensação, nos alimentos, dias e coisas que não podiam ser manuseadas, estamos livres e não somos mais constrangidos e guarda-las. Mas ainda há coisas que “não convém”, ou que podem dominar e escravizar aqueles que fazem mal-uso delas. Podemos notar como era baixo o nível moral dos tempos de Paulo pela maneira incisiva como os apóstolos precisaram tratar a questão no primeiro concílio da igreja, em Jerusalém (At 15), onde foi expressamente proibida a “fornicação”, por ser prática indiferente para os gentios. Em Corinto, Paulo tem de lidar com o abuso da liberdade cristã, como se a fornicação fosse algo tão natural ao corpo como os alimentos ao estômago (v. 13). Por isso, em segundo lugar, o apóstolo considera a importância do nosso corpo, e do destino glorioso que Deus lhe reservou. O corpo é necessário em santificação agora, para a expressão da nossa comunhão e vida com Deus – nosso corpo é o “templo do Espírito Santo” (v. 19). O pecado da fornicação torna-se particularmente grave, pois é um atentado direto contra o corpo, que já não é mais nosso, mas de Cristo: “Tomarei, pois, os membros de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? Não, por certo” (v. 15). Embora todo pecado seja cometido através do corpo, e muitos sejam prejudiciais para a própria integridade física (como a glutonaria, a embriaguez), a fornicação é um pecado no qual o corpo é entregue a outro, que não o Senhor: “Porque serão, disse, dois numa só carne” (v. 16). E isto é uma afronta à comunhão e unidade que há entre o cristão, em seu espírito, e o Senhor. É tirar de Deus o que Lhe pertence, e pelo que Ele pagou “bom preço” (v. 20), e entregar a outro. Para reforçar a gravidade desse pecado, ele usa a comparação já empregada anteriormente, agora dizendo que não apenas a igreja, de um modo geral, mas cada um de nós, em nosso corpo, somos templo do Espírito Santo. 

CONCLUSÃO 
Deus nos chamou para a justiça e santificação. Pela graça de nosso Senhor Jesus, fomos purificados de todas as injustiças e impurezas que cometemos no passado para vivermos agora uma vida digna do Evangelho. Como alertou o apóstolo, não erremos, confundindo a liberdade que há em Cristo com a libertinagem em que muitos crentes têm incorrido. Quaisquer que sejam as desculpas e justificativas apresentadas para esses abusos, a lei evangélica permanece, de que os injustos não herdarão o reino de Deus. 


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