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LIÇÃO 1
UMA VISÃO GERAL DOS SALMOS
TEXTO ÁUREO: “Assim cantarei salmos ao teu nome perpetuamente, para pagar os meus votos de dia em dia.” (Salmo 95.2)
LEITURA BÍBLICA: SALMO 61.1-8
INTRODUÇÃO O livro dos Salmos é apreciado pelo povo de Deus principalmente pelo seu valor devocional, pois nele encontramos inspiração para as orações, súplicas, louvores e ações de graças que rendemos a Deus. Nesta obra de maravilhosa beleza poética e profunda expressão sentimental são manifestos os anseios, as esperanças e as realizações espirituais da alma. Mas, ainda mais do que uma fonte de inspiração devocional, os salmos também consignam importantes ensinamentos sobre a natureza e as obras de Deus, bem como testificam de diversas maneiras acerca de Cristo Jesus.
I – CARACTERÍSTICAS GERAIS DO LIVRO A palavra “salmo” é usada em referência a cada um dos 150 poemas que compõem o livro, em conexão com o número que indica a posição do salmo na coleção (cf. At 13.33). Ao contrário, porém, do que ocorre com os “capítulos” em que se divide o texto das outras Escrituras, cada salmo é uma composição independente. “Salmo” é uma palavra de origem grega e está relacionada com “saltério”, um instrumento de cordas que era tocado como acompanhamento à recitação, ou cântico, dos salmos (cf. Sl 33.2; 108.2). De fato, o salmo é um tipo de expressão devocional cantada, com a qual o povo de Deus é exortado a louvar ao Senhor (cf. Sl 61.8; Cl 3.16). Os salmos foram escritos durante um período tão extenso quanto o da composição de todo o Antigo Testamento – isto é, aproximadamente 1.000 anos. Entre os seus autores, são citados por nome Moisés (Sl 90), Davi (73 salmos), Asafe (Sl 50, 73-83), os filhos de Coré (Sl 42-49, 84-85, 87-88), Hemã (Sl 88), Etã (Sl 89) e Salomão (Sl 72, 127). Entre os de autoria anônima, um deles é da geração do cativeiro babilônico (Sl 137) e outro, da geração pós-cativeiro (Sl 126). Mas, sem dúvida, é o nome do rei Davi que mais se destaca em conexão com este livro. O fato de ser um homem segundo o coração de Deus (1 Sm 13.14), conforme o testemunho das suas profundas experiências e sensibilidade espiritual, aliado ao seu talento musical (cf. 1 Sm 16.18, 23) e senso poético (cf. 2 Sm 1.17-19), fizeram de Davi o “suave em salmos de Israel” (2 Sm 23.1-2). Ademais, foi este rei quem deu aos salmos um lugar de destaque no culto divino, ao incumbir os levitas de servirem como cantores e músicos na casa de Deus, confiando-lhes os seus salmos para serem cantados continuamente perante o Senhor (cf. 1 Cr 16.4-7, 37; 25.1-2). Na ordem em que se apresentam, os salmos são tradicionalmente agrupados em 5 livros, cada qual se encerrando com uma doxologia (um louvor a Deus), a saber: Livro I (Sl 1-41), Livro II (Sl 42-72), Livro III (Sl 73-89), Livro IV (Sl 90-106), Livro V (Sl 107-150) – sendo que o salmo 150 é considerado a doxologia que encerra este último livro. Não se sabe com certeza o motivo desta divisão, podendo refletir as diferentes etapas em que um determinado número de salmos ia sendo agregado ao cânon sagrado, mas disto não resulta nenhuma conseqüência para a apreciação dos salmos em si.
II – CARACTERÍSTICAS PARTICULARES E CARÁTER POÉTICO DOS SALMOS Além do título geral do livro, a maioria dos salmos apresenta uma inscrição, ou cabeçalho, que não entra na distribuição do texto em versículos, mas que também não pode ser confundida com as epígrafes, inseridas nas bíblias em tempo relativamente recente pelas editoras. Estas podem variar de uma versão ou tradução para outra; já os títulos dos salmos são de origem muito mais remota e, embora muitas palavras aí sejam de significado incerto (algumas sendo apenas transliteradas em nossas traduções), sem dúvida esses títulos foram introduzidos visando a mais de um propósito. Alguns designam a autoria, como vemos com freqüência: salmo de Davi; outros indicam o propósito: salmo de louvor (Sl 100), para lembrança (Sl 38), maskil (para meditação ou instrução, Sl 32), mictão (lamentação?, Sl 56-60); há aqueles que citam a ocasião em que o autor foi inspirado a compor o salmo (Sl 18, 34, 51); e outros onde as palavras fazem clara referência à liturgia envolvida na recitação dos salmos: para o cantor-mor em neginote (instrumento de cordas? Cf. Sl 55) sobre seminite (oitava? Cf. Sl 12) – e aqui lembramos também os freqüentes termos: selá e higaiom, que aparecem no corpo dos salmos, talvez assinalando a mudança na entonação da voz ou uma pausa (Sl 9.16). O livro dos Salmos é classificado como poesia, juntamente com Jó, Provérbios, Eclesiastes, Cantares e Lamentações. Contudo, a poesia hebraica, especialmente aquela representada nos Salmos, não possui rima nem métrica, mas antes se caracteriza por um ritmo sonoro harmonioso (cuja beleza em grande parte se perdeu nas traduções) e pelo paralelismo, isto é, a correspondência de pensamento de uma linha do verso com a anterior. Reconhecer estas características e identificá-las na prática é essencial para entendermos o que o escritor inspirado realmente está querendo dizer. Existem vários tipos de paralelismo, dos quais citamos: paralelismo sinônimo – quando o pensamento de uma linha é repetido na linha seguinte, mas com palavras diferentes (Sl 114.1); paralelismo antitético – quando o pensamento de uma linha é confirmado pela afirmação do seu oposto na linha seguinte (Sl 1.6; 30.5; 37.21); paralelismo sintético – quando o pensamento de uma linha serve de base ou causa para o que é expresso na linha seguinte (Sl 19.7-10; 22.4; 119.121); paralelismo ascendente – quando o pensamento de uma linha é completado pela linha seguinte (Sl 121.1-4; 22.4, 5).
III – PROPÓSITO E CLASSIFICAÇÃO DOS SALMOS Há muitas formas de se classificar os salmos, mas, considerando que, na sua origem e essência, todo salmo se constitui em uma expressão devocional, seja do indivíduo ou da congregação, poderíamos classificá-los de acordo com as mais diversas circunstâncias que motivam essa expressão: salmos de oração, onde se faz súplica pelo favor ou proteção divina (Sl 86, 102); salmos de louvor ou ação de graças, por livramentos e bênçãos recebidas ou pela grandeza das obras de Deus (Sl 47, 104); salmos penitenciais, onde os pecados são confessados e o perdão, buscado (Sl 32, 38, 51); salmos imprecatórios, que invocam o juízo de Deus contra os Seus inimigos (Sl 35, 137); salmos sapienciais, que exaltam a sabedoria de Deus revelada na Lei (Sl 1, 34, 119), ou instruem o povo de Deus no caminho em que devem andar (Sl 37, 122, 105-107); salmos de confiança, onde é expressa a fé e certeza na providência e bondade de Deus (Sl 11, 16, 23). A esses poderíamos acrescentar, à luz da revelação evangélica, os salmos messiânicos, onde Cristo é profeticamente anunciado ou prefigurado em eventos na vida dos reis Davi e Salomão (Sl 2.6- 7; 16.9-10; 22.17-18; 72; 102; 110.1, 4). Devemos, contudo, esperar encontrar neste livro preciosas lições não apenas para nossa prática devocional ou litúrgica, mas para nosso andar diário com Deus, pois aqui veremos como não apenas as intenções, mas as obras dos ímpios são descortinadas e expostas à reprovação, ao mesmo tempo em que o caminho do justo é louvado, e um viver de confiança e obediência a Deus são incutidos em repreensões e alertas despertados pelo Espírito na alma do escritor inspirado, e aos quais ele dá expressão através do salmo.
CONCLUSÃO O livro dos Salmos é uma fonte de inspiração para nosso devocional com Deus, orientando-nos sobre o sentido e propósito da verdadeira adoração e do verdadeiro louvor; bem como um guia sobre como agradar a Deus tanto com nossas orações e louvores, como com nossas obras e atitudes.
PARA USO DO PROFESSOR