28 outubro 2020

005-O Dia da Purificação - Levítico Lição 05[Pr Afonso Chaves]27out2020

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LIÇÃO 5 

O DIA DA EXPIAÇÃO 

TEXTO ÁUREO: “Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor” (Lv 16.30). 

LEITURA BÍBLICA: LEVÍTICO 16.11-19 

INTRODUÇÃO Na lição de hoje, estudaremos o significado do Dia da Expiação. Mais do que uma das várias solenidades comemoradas por Israel, este dia condensa uma mensagem presente em todo o rito levítico, pois nele se proclamava todos os anos, de modo solene e extraordinário, que Israel havia pecado e que Deus havia provido uma expiação pelo pecado. Sendo desnecessário nos demorar nos detalhes do ritual, procuraremos apontar o significado e as implicações da instituição terrena para o antigo Israel e como o propósito de Deus, velado nesta instituição, se cumpre hoje sob o evangelho da graça. 

I – O RITUAL E A INSTITUIÇÃO DO DIA DA EXPIAÇÃO (LV 16) Os capítulos 11 a 15 parecem constituir um parêntese entre o trágico evento relatado no capítulo 10, envolvendo os dois filhos de Arão, e a passagem que agora se nos apresenta. A fim de evitar que a temeridade de Nadabe e Abiú se repetisse, o Senhor já havia ordenado a Arão e seus filhos que não ingerissem vinho nem bebida forte antes de entrarem no santuário – certamente para que pudessem exercer suas funções sacerdotais com toda a sobriedade e cuidado devidos à santidade das coisas de Deus. Mas agora estamos diante de uma orientação sobre quando e como poderia Arão – e somente ele, na condição de sumo sacerdote, entrar no santuário, ou seja, “para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca” (v. 2). Como Nadabe e Abiú haviam trazido fogo estranho “perante a face do Senhor”, isto poderia sugerir uma gravidade ainda maior na transgressão que haviam cometido; mas, seja como for, a imposição de uma limitação ao sacerdócio araônico no seu acesso à presença de Deus dificultaria a ocorrência de uma profanação ainda mais grave, assim como também testemunharia a ineficácia e limitações desse ministério, prenunciando a vinda de um maior e mais perfeito sacerdócio. Pela ordem do texto, primeiro o Senhor prescreve o ritual a ser seguido por Arão quando entrasse no santo dos santos, e depois define uma data anual para esse evento, como um “estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês” (v. 29). Assim, juntamente com a Páscoa, os Asmos, o Sábado e outras festas solenes que ainda seriam instituídas, o Dia da Expiação tornou-se uma das solenidades do Senhor, cujo aspecto “comemorativo”, com a participação de todo o povo, deixaremos para uma análise posterior (no estudo do capítulo 23). Mas, voltando-nos para o rito sacerdotal, a primeira coisa a se observar é que nesse dia, como nos demais, também eram oferecidos sacrifícios de expiação pelo pecado e de holocausto, tanto por Arão, o sacerdote, como pelo povo. Outro aspecto importante é que tanto o sangue da expiação pelos pecados do sacerdote como o da expiação pelos do povo devia ser trazido ao santíssimo (vv. 11-14, 15-16) – o que nos permite afirmar que o sacerdote entrava ali duas vezes, sem contradição com o entendimento de que isto ocorria em uma única ocasião ou evento (cf. Hb 9.6-8). Notemos ainda que, cumprido o rito envolvendo a expiação dos pecados no recinto mais sagrado do Tabernáculo, o sacerdote podia oferecer os sacrifícios de holocausto, tanto por si mesmo como pelo povo, seguindo o rito já instituído para as ofertas ao Senhor (vv. 23-25). 

II – A IMPORTÂNCIA DO SANGUE NA EXPIAÇÃO (LV 17) Em conexão com a instituição de um dia solene para expiação dos pecados, o Senhor estabelece ordenanças gerais quanto à realização de sacrifícios de qualquer natureza e quanto ao uso do sangue pelos filhos de Israel. Naquela dispensação, o tabernáculo representava o local exclusivo onde Jeová vinha se encontrar com Israel para receber adoração e dispensar as bênçãos da comunhão divina. Qualquer israelita que apresentasse sua oferta em outro lugar que não “à porta da tenda da congregação, diante do tabernáculo do Senhor”, estaria incorrendo em apostasia, desviando-se literalmente da presença do Senhor e voltando-se para outros deuses – de fato, demônios – como o faziam os demais povos que sacrificavam aos seus ídolos (v. 7; cf. 1 Co 10.19-20). E notemos que, mesmo quando Israel se dispersou por toda a extensão da terra de Canaã, afastando-se do local do tabernáculo, aqueles que temiam ao Senhor envidaram esforços para cumprir esta lei, ao passo que os ímpios procuraram, conforme suas conveniências, “relaxar” essa lei, mas para sua própria reprovação (cf. 1 Sm 1.3; 2 Cr 11.13-17). Nesta passagem também encontramos pela primeira vez expressa a importância do sangue para a expiação dos pecados – embora essa sua utilidade já estivesse implícita nos sacrifícios oferecidos e aceitos por Deus desde o princípio, conforme já ressaltado em lições anteriores. “Porque a alma da carne está no sangue, pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma” (v. 11) é uma palavra que expressa a alma do sistema levítico, que em todos os seus rituais buscava agradar, propiciar ao Deus Todo-poderoso; e apresentava, como reparação à ofensa e como purificação da contaminação causadas pelo pecado, o sangue da vítima inocente, misericordiosamente aceito em lugar da vida do próprio ofensor. Ao mesmo tempo, proibindo o uso do sangue como alimento, essa ordenança reflete o caráter sagrado da vida, que pertence a Deus e sobre a qual somente Ele tem direito de dispor como quiser – esse direito sendo simbolicamente reconhecido no derramar do sangue e cobrindo-o com o pó da terra. 

III – A EXPIAÇÃO DOS NOSSOS PECADOS PELO SANGUE DE CRISTO JESUS Não é necessário muito esforço para vislumbrar no Dia da Expiação uma maravilhosa mensagem acerca da redenção dos nossos pecados no sacrifício de Cristo Jesus. E esse dia não devia ser menos maravilhoso para o israelita daqueles tempos: se a Páscoa apontava para a salvação passada – isto é, o livramento da destruição e do cativeiro – provida pelo sangue de um cordeiro inocente; o Dia da Expiação apontava para a salvação presente e futura, lembrando ao povo que o pecado continuava sendo uma realidade, e apontando anualmente as riquezas da misericórdia e graça de Deus em suportar as iniquidades de Israel e finalmente perdoá-las graças à expiação pelo sangue oferecida nesse dia. Por outro lado, assim como os demais ritos da ordem levítica, o verdadeiro propósito do Dia da Expiação está mais nas verdades espirituais que insinuava, prefigurava e incutia no coração dos fiéis do que por uma real eficácia espiritual. E uma dessas lições é que o acesso a Deus, sob aquele concerto, devia ser restrito e breve – somente o sacerdote, uma vez por ano, como que “levava” o povo até a presença de Deus para serem aceitos, mas logo devia trazê-los de volta para fora, não podendo ali permanecer. Outra lição é que o sangue de animais é ineficaz para expiar os pecados de seres mais valiosos para Deus, a saber, vidas humanas – daí sua repetição diária e em grande número, servindo mais como uma expressão da consciência de pecado por parte do ofertante e um apelo a Deus para que o perdoasse. Tudo isto prenunciava, portanto, a ordem inaugurada por Cristo Jesus que, designado por Deus como nosso sumo sacerdote e nosso sacrifício, cumpriu o rito da expiação, não segundo a ordem levítica, mas segundo a verdade, a realidade das coisas de Deus. Tendo oferecido uma vez, a seu tempo, o Seu próprio sangue na cruz do Calvário, pela ressurreição subiu aos céus e entrou no verdadeiro santuário, e nós com Ele, de tal modo que o véu foi retirado e nós, pela fé, podemos ter entrada e permanência eterna na presença do Pai (cf. Hb 9.6-15, 10.1-14, 19-23). 

CONCLUSÃO Hoje o acesso a Deus está livre e aberto para nós; confiemos na graça e intercessão eficaz de Cristo em nosso favor e, com humildade e ao mesmo tempo ousadia, aproximemo-nos de nosso Pai, que está pronto para nos receber, nos ouvir e nos manter junto de Si sempre.

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21 outubro 2020

004-As Leis de Purificação - Levítico Lição 04[Pr Afonso Chaves]20out2020

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 LIÇÃO 4 

AS LEIS DE PURIFICAÇÃO 

TEXTO ÁUREO: “E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós; e não fez difrença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé” (At 15.8-9). 

LEITURA BÍBLICA: LEVÍTICO 11.1-8 

INTRODUÇÃO Avançando no estudo das ordenanças levíticas, na presente lição procuraremos esclarecer o sentido geral das leis de purificação apresentadas nos capítulos 11 a 15. Como temos feito nas lições anteriores, não nos deteremos nos detalhes das proibições e dos ritos, pois o nosso propósito é compreender a mensagem espiritual das formas exteriores – mensagem essa que faz destes capítulos uma porção da Escritura realmente edificante para a igreja atual assim como o foi para o antigo Israel. 

I – A LEI DOS ANIMAIS PUROS E IMPUROS (LV 11) Recordando um conceito já explicado em lições anteriores, através das ordenanças levíticas, o Senhor visava não apenas proclamar a Sua inefável santidade, mas também tornar o povo participante dessa virtude divina. A presente seção do livro de Levítico, em particular, pode ser considerada um verdadeiro compêndio de instrução prática para o povo, pois aqui o Senhor os ensina a diferenciarem o santo do comum e profano através de circunstâncias exteriores que, em si mesmas, são indiferentes, como a alimentação, a concepção, as doenças e até situações consideradas tabus pelos povos antigos; mas, a partir de uma atitude diferenciada em relação a esses hábitos, os israelitas demonstrariam sua separação dentre todos os povos – o que, por sua vez, exaltaria a santidade do Deus de Israel (Lv 11.44-47; Dt 4.8). Começamos então com os critérios definidos pelo Senhor para distinção dos animais puros – aqueles que podiam servir de alimento – e impuros. Essa distinção existia muito tempo antes da lei, e se aplicava principalmente para fins dos sacrifícios e holocaustos oferecidos a Deus (Gn 7.1-2; 8.20; 9.1-4). Muitos questionam se os cristãos deveriam aderir a essa restrição alimentar, como o fazem ainda hoje os judeus – mesmo que apenas para fins de evitar a ingestão de carnes que poderiam trazer mais malefícios do que benefícios para a saúde. Quando a fé em Cristo Jesus começou a crescer entre os gentios – que não seguiam nenhuma restrição alimentar – os crentes de origem judaica se preocuparam com a questão, que foi tratada pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém (At 15.28-29). Ali tão somente se recomendou que os gentios se abstivessem de comer sangue, carnes de animais sufocados e alimentos oferecidos aos ídolos. Uma das razões que poderíamos citar é porque, sob a revelação do evangelho, sabemos que tudo o que Deus criou é bom, nada havendo intrinsecamente mau, e que tanto a pureza como a impureza procedem na verdade do coração, de uma consciência purificada pela fé ou contaminada pelo pecado, respectivamente (cf. Rm 14.1-3, 14 e 20; Tt 1.15; Mt 15.17-20). Outro aspecto a considerar é que a distinção de alimentos sob a ordem levítica era transitória e prefigurava uma realidade espiritual que, juntamente com outras ordenanças rituais, se cumpriria na igreja (Cl 2.16-17). Essa realidade foi revelada a Pedro quando Deus lhe mostrou, no simbolismo dos animais impuros contidos num vaso como um lençol limpo descido do céu, que os gentios, até então estranhos e considerados indignos pelos israelitas de participarem da comunhão divina, haviam sido purificados – ou seja, chamados por Deus ao arrependimento e à vida eterna (At 11.5-10). 

II – A LEI DA MULHER APÓS O PARTO (LV 12) Chegamos ao capítulo mais breve desta seção, mas não menos intrigante. Diferente da lei dos alimentos puros e impuros, onde o israelita era ordenado a seguir a pureza e proibido de se contaminar, aqui temos o primeiro caso em que a fraqueza humana ficaria demonstrada por circunstâncias em que seria impossível ao homem (ou melhor, neste caso, a mulher) não se contaminar. A mulher teria filhos e, visando instruir o Seu povo, o Senhor faz da concepção e da perda de sangue a ela associada um memorial da fraqueza humana, cuja descendência vem ao mundo sob uma condição pecaminosa, ou seja, de impureza (Rm 5.12; Sl 51.5). Em outras palavras, a concepção perpetua a descendência caída e impura dos filhos de Adão. A mulher seria lembrada disto toda vez que concebesse e deveria então oferecer sacrifício pela expiação do pecado em memória da sua impureza ritual, e não porque a concepção fosse intrinsecamente pecaminosa (cf. 1 Tm 2.14-15). Notemos também que esta lição devia ficar profundamente gravada no coração da mãe, ao considerar o confinamento e isolamento do santuário imposto até que ela se purificasse. 

III – A LEI DA LEPRA E DAQUELE QUE TEM FLUXO (LV 13-15) Os capítulos 13 e 14 apresentam uma extensa e detalhada prescrição de como um indivíduo deveria ser examinado e acompanhado na piora ou recuperação da enfermidade visível na carne, chamada na Escritura de lepra. Tratava-se de uma enfermidade bastante agressiva, a ponto de poder contaminar vestes (Lv 13.47) e casas (Lv 14.34-35). Contudo, os critérios definidos por Deus não dispensavam o exame feito pelo sacerdote, ao qual era dada autoridade exclusiva para declarar alguém enfermo ou são; e notemos que o próprio Jesus, tendo curado um leproso, orientou-o a se apresentar ao sacerdote, a fim de obter o testemunho da lei em favor da cura (Mt 8.1-4). Essa enfermidade tornava o seu portador impuro, necessitando este de expiação pelo pecado – se ou quando, porventura, fosse curado – porque demonstravam a tendência persistente do pecado no homem, seu poder de se propagar e contaminar todos os aspectos da vida e, mesmo quando retrocede por um tempo, ser capaz de recrudescer (cf. Mt 26.41; Rm 7.8-11). O capítulo 15 orienta os israelitas sobre como deveriam lidar com vários tipos de fluxo ou fluídos liberados pelo corpo, seja por razões de enfermidade ou por uma reação aparentemente natural do organismo. Seja como for, ou o que quer que diga a medicina moderna sobre tais situações, o fato é que esses fluxos representam a degeneração da natureza humana até em seu funcionamento fisiológico, levando ao esvaimento, ao desperdício de elementos que possuem valor vital (seja a semente ou o sangue), ao passo que deveriam ser preservados no corpo e cumprir sua finalidade. Com isto Deus também nos lembra que, como consequência do pecado, a vida humana está fadada a esvair-se num curto espaço de tempo, como uma rotura num vaso (cf. Gn 3.19; 2 Sm 14.14a; Ec 12.6-8).

CONCLUSÃO Hoje entendemos que a verdadeira santidade não consiste em ordenanças exteriores, pois ela procede de um coração regenerado pelo Espírito de Deus, impondo-se sobre todos os pensamentos e, por consequência, sobre os hábitos e ações do ser humano. Por outro lado, assim como as leis de purificação, nossa luta diária contra o pecado até em nossos pensamentos nos lembra a fragilidade da condição humana e que, não fosse o poder de Deus para renovar a graça em nossos corações e a Sua misericórdia para nos perdoar, seríamos considerados sempre imundos aos Seus olhos.

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14 outubro 2020

003-A Consagração do Sacerdócio - Levítico Lição 03[Pr Afonso Chaves]13out2020

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 LIÇÃO 3 

A CONSAGRAÇÃO DO SACERDÓCIO 

TEXTO ÁUREO: “E santificarei a tenda da congregação e o altar; também santificarei a Arão e seus filhos, para que me administrem o sacerdócio” (Ex 29.44). 

LEITURA BÍBLICA: LEVÍTICO 8.1-11 

INTRODUÇÃO Na lição de hoje estudaremos outro elemento fundamental do culto a Deus oferecido pelos israelitas, sem o qual não seria possível a realização dos sacrifícios prescritos nos primeiros capítulos de Levítico: o sacerdócio araônico. Veremos que, mais do que um aspecto transitório do primeiro concerto, e mais do que minúcias rituais com significado simbólico, o sacerdócio revela o papel indispensável de um mediador nas relações entre Deus e os homens e a provisão divina para suprir essa necessidade. 

I – A IMPORTÂNCIA DO SACERDÓCIO NO CULTO A DEUS Para compreender o significado transcendente do sacerdócio no culto divino, queremos voltar a um ponto apresentado na lição anterior, a respeito das ofertas sacrificiais. Ali consideramos que a necessidade de propiciar ao Todo-poderoso só pode ser satisfeita através de uma oferta – e, em particular, uma oferta de sangue. Mas aqui avançaremos um pouco mais na compreensão das verdades espirituais desvendadas na instituição do culto levítico para afirmar que, sem um sacerdócio mediador, nenhuma oferta dos homens seria aceita por Deus. Ora, o Senhor desejava aproximar mais os Seus filhos de Si do que o fez em relação aos pais, e não afastá-los, conforme expresso nos termos do concerto no Sinai: “e vós me sereis reino sacerdotal e povo santo” (Ex 19.5-6). Mas lembremos que os termos desse mesmo concerto incluíam uma condição que os israelitas dificilmente cumpririam, e que serviria mais para conscientizá-los da sua própria pecaminosidade. Eis porque o culto levítico era indispensável à manutenção da comunhão de Israel com Deus: nele tinham as ofertas pelas quais o Senhor, ofendido pelo pecado, seria propiciado; e agora, conforme estudaremos, teriam também o sacerdócio, pelo qual as ofertas poderiam ser apresentadas e aceitas por Deus. Em resumo, o sacerdote era um representante do povo de Deus, um homem especialmente e divinamente designado para apresentar-se diante da santidade divina em tal condição que pudesse ser recebido, em sua justiça e santidade própria, como um fiador dos seus representados pecadores, e as ofertas destes então aceitas e a graça dispensada em favor deles. Era uma honra, de fato, que fazia do sacerdote uma espécie de salvador da nação, pois graças ao seu constante e fiel serviço a paz com Deus era preservada para o benefício de todos; mas também era uma grande responsabilidade, pois o sacerdote devia compadecer-se ternamente dos pecadores, haja vista que os ofícios propiciatórios deviam ser repetidos diariamente – como se todos os dias ele tivesse de voltar até Deus para apaziguá-lo em relação ao povo sempre ofensor. E, se não podia ser ele mesmo diferente dos seus irmãos, devia pautar sua vida em um rigoroso rito que prescrevia seus movimentos, sua alimentação e as vestes que deveria portar como um simbolismo da santidade e justiça que Deus requeria do povo para sua aceitação (cf. Hb 5.1-3; Ex 28.1- 2, 12, 29, 40-41, 43). 

II – A CONSAGRAÇÃO DE ARÃO E SEUS FILHOS AO SACERDÓCIO (LV 8-11) Arão e seus filhos já haviam sido designados por Deus para o ofício sacerdotal por ocasião dos primeiros quarenta dias e noites que Moisés havia passado no monte Sinai, onde recebeu as ordenanças quanto à construção do tabernáculo. Edificado, pois, o santuário e estabelecida a lei das ofertas, o próximo passo no estabelecimento do culto divino é a investidura de Arão e seus filhos no ofício divino, habilitando-os a cumprirem as funções sacerdotais. O ritual da consagração seria presidido por Moisés e se resume na lavagem com água de Arão e seus filhos, depois vestidos com as vestes santas – sendo que Arão, em particular, é ungido e vestido com os ornamentos do sumo sacerdote – e então oferecidos os seguintes sacrifícios: expiação do pecado, holocausto, sacrifício pacífico e a oferta das consagrações. Em seguida, os sacerdotes são aspergidos com o sangue das ofertas e isolados por sete dias no tabernáculo, para sua consagração (Lv 8.1-7, 33-36). Findos os sete dias, Arão e seus filhos passam a exercer oficialmente o ofício sacerdotal. Moisés, conforme ordenado pelo Senhor, orienta-os sobre como deveriam executar suas funções diárias naquele primeiro dia, e dali pelos séculos adiante, ao longo de muitas gerações dos descendentes de Arão. Deveriam primeiramente realizar sacrifícios em seu próprio favor, antes de realizá-los pelo povo, pois eram por natureza igualmente pecadores. E somente aqui se determina uma ordem específica na apresentação das ofertas: expiação pelo pecado era a primeira, pois o pecado não nos permite ser aceitos por Deus (Is 59.1-3, 11-12); holocausto devia ser oferecida depois, pois o pecado havia sido expiado e o ofertante se entregar inteiramente a Deus; e em seguida as ofertas que celebravam de diferentes maneiras a comunhão e alegria com Deus, como a oferta de manjares e o sacrifício pacífico. Notemos ainda que, depois de expiados e consagrados separadamente do povo, os sacerdotes se uniam a toda a nação nas demais ofertas. O agrado divino em relação ao fiel cumprimento do ritual levítico se manifesta então através da glória visível do Senhor enchendo o tabernáculo (Lv 9.23-24). Contudo, esse tempo ainda terminaria de forma lamentável. Presumindo que a visível satisfação de Deus fosse pretexto para liberdade de agir segundo sua própria vontade, Nabade e Abiú, agindo em desacordo com o rito e introduzindo um elemento de fora do santuário – brasas que a Escritura denomina “fogo estranho” (cf. Lv 16.12). A reprovação divina se manifesta imediatamente, ambos sendo consumidos pelo fogo do Senhor, e Arão e os demais sacerdotes sendo repreendidos e exortados quanto à santidade e gravidade do seu ofício. 

III – CRISTO JESUS, NOSSO SUMO SACERDOTE Assim como em relação aos sacrifícios, o propósito do sacerdócio araônico era encerrar, sob a forma de um ofício ministrado por homens fracos e limitados, o papel indispensável do mediador entre Deus e os homens que se cumpre única e perfeitamente na pessoa de Cristo Jesus (1 Tm 2.5). Ele foi, de fato, tomado dentre os homens, assim como Arão e seus filhos, e em tudo feito semelhante a nós, e por isso conhece nossas aflições e pode ser nosso representante (Hb 2.16-18). Ao mesmo tempo, por ser o Filho de Deus, não esteve sujeito à contaminação do pecado, e pela Sua obediência perfeita, pode comparecer diante do Pai e ser aceito em nosso lugar, como nosso fiador (Hb 7.18-22). Através da ressurreição, Jesus entrou uma vez na presença do Pai, realizando a nossa propiciação, e ali permanece eternamente, assegurando nossa eterna aceitação diante de Deus e, mais ainda, o nosso próprio acesso ao céu, o verdadeiro santuário, através d’Ele (Hb 7.23-28; 9.11-15, 24-28). Deste modo se cumpre o propósito de Deus manifesto já no Sinai, mas cuja realização foi limitada naquele tempo pela imaturidade do povo; agora, identificados e apoiados na obra sacerdotal perfeita de Cristo, nós nos tornamos um sacerdócio real, e nossas vidas e serviço são aceitos por Deus como sacrifícios de louvores (cf. 1 Pe 2.4-5, 9-10). 

CONCLUSÃO Mais uma vez aprendemos uma grande verdade espiritual revelada no livro de Levítico, sem a qual não poderíamos conceber a nossa salvação. Jesus Cristo é o nosso único Sacrifício e também nosso sumo Sacerdote – todo o mérito pertence a Ele, pois Ele fez tudo o que era necessário para que pudéssemos ser aceitos de novo pelo Pai. Sejamos gratos e felizes com tão grande privilégio, oferecendo, como sacerdotes que agora somos, sacrifícios de louvor sinceros e puros a Deus.

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08 outubro 2020

002-Ofertas ao Senhor - Levítico Lição 02[Pr Afonso Chaves]06out2020

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LIÇÃO 2 

OFERTAS AO SENHOR 

TEXTO ÁUREO: “Esta é a lei do holocausto, e da oferta de manjares, e da expiação do pecado, e da expiação da culpa, e da oferta das consagrações, e do sacrifício pacífico, que o Senhor ordenou a Moisés no monte Sinai, no dia em que ordenou aos filhos de Israel que oferecessem as suas ofertas ao Senhor, no deserto do Sinai.” (Lv 7.37-38).

LEITURA BÍBLICA: LEVÍTICO 1.1-9 

INTRODUÇÃO Conforme ressaltamos na lição anterior, o conteúdo do livro de Levítico é do maior interesse de todo o povo de Deus, pois trata de como poderiam se aproximar do Senhor e ser aceitos por Ele, a despeito das suas muitas transgressões e incapacidade de atender aos ditames da justiça divina. Em harmonia com este princípio, os primeiros sete capítulos de Levítico registram as orientações divinas para que qualquer um dos israelitas pudesse oferecer um culto agradável a Deus, em harmonia com a Sua boa, santa e perfeita vontade. 

I – A IMPORTÂNCIA E A NATUREZA DAS OFERTAS NO CULTO A DEUS Considerando o fato de que todos pecaram e tornaram-se, por natureza, inimigos de Deus, afastando-se d’Ele e privando-se da glória da comunhão com o Criador; a tentativa de o homem aproximar-se de Deus para cultuá-l’O sempre implicou, antes de tudo, no reconhecimento do seu próprio estado e no desejo de fazer as pazes com Ele e agradá-l’O, o que nas Escrituras é chamado de propiciação. Conscientes dessa necessidade, todos aqueles que no passado desejaram e de fato alcançaram o favor do Todo-poderoso se apresentaram diante d’Ele com uma oferta, algo que lhes era próprio e de que voluntariamente abriram mão para oferecer como um presente a Deus. Mais do que isso, porém, tais homens também discerniram que um tipo de oferta comprazia especialmente – para não dizer exclusivamente – a Deus: as ofertas de sangue, isto é, de animais limpos que eram imolados e cujo sangue era derramado em terra e o corpo, ou partes do corpo da vítima, consumidas pelo fogo – tudo realizado cerimonialmente diante do Senhor (cf. Gn 4.1-5; 8.20-21; Hb 11.4). Assim, podemos dizer que Deus se agrada do culto em que nada menos que a própria vida – o dom mais valioso que Ele nos concedeu – Lhe é ofertada, em reconhecimento de que Ele é o seu legítimo dono (Ec 12.7). E, conforme explicamos na lição anterior, na Sua misericordiosa provisão para com os homens, o Criador se dispôs a aceitar, em lugar do próprio ofertante que busca o favor divino, a vida de uma criatura inocente, graças ao simbolismo do sangue. O que o Senhor faz em Levítico, então, é simplesmente regulamentar e desvendar maiores detalhes de uma ordem de culto já existente desde o princípio e que, em essência, se manteria até o fim dos tempos. Se antes qualquer lugar podia ser assinalado por alguma teofania (manifestação ou aparição divina) que legitimava a edificação de um altar para o oferecimento de sacrifícios a Deus (cf. Gn 12.7; 22.2, 13-14, etc.), agora o santuário se tornava o único lugar de culto – fora dali, qualquer oferta seria considerada sacrifício a demônios (Lv 17.7-9). Se antes o ritual era simples, agora a necessidade de incutir o senso da santidade e do sentido espiritual do ato em um povo duro de coração que poderia desprezar as coisas mais simples exigia uma liturgia complexa, com minúcias que até hoje temos dificuldade em compreender perfeitamente. E, justamente por isso, o papel de ofertante e sacerdote, que antes parecia confundir-se em um só indivíduo, agora precisa ser diferenciado e o sacerdócio incumbido a homens especialmente designados para a pesada tarefa de cumprir, ensinar e conduzir o povo de Deus na realização exata do culto levítico (Ex 28.1; Hb 5.1-4). 

II – AS ESPÉCIES DE OFERTAS AO SENHOR Os primeiros sete capítulos de Levítico apresentam os diferentes tipos de ofertas que poderiam ser oferecidas ao Senhor e o ritual a ser seguido em cada uma delas. Pela ordem do texto, são elas: holocausto (c. 1), oferta de manjares (c. 2), sacrifício pacífico (c. 3), sacrifício de expiação do pecado (4.1-5.13), sacrifício de expiação da culpa (5.14-6.7) e oferta das consagrações (6.19-23). Notemos que as ofertas deveriam ser voluntárias: “Quando algum de vós oferecer oferta ao Senhor... a oferecerá de sua própria vontade, perante o Senhor” (1.2-3), com exceção da oferta das consagrações, que deveria ser oferecida apenas pelos filhos de Arão, por ocasião da sua consagração ao sacerdócio, e que por isso estudaremos na próxima lição. Notemos ainda que, com exceção da oferta de manjares, as demais ofertas consistiam em sacrifícios de sangue, “de gado, de vacas e de ovelhas”. O texto apresenta em primeiro lugar o holocausto, uma oferta em que a vítima, depois de imolada e ter seu sangue derramado perante o Senhor, era completamente queimada no altar de bronze (1.5-9), que ficava à porta do santuário e era chamado também de altar do holocausto (cf. Ex 40.6); significava a entrega total e voluntária do ofertante. A oferta de manjares consistia em cereais e seus derivados (farinhas, bolos, pães), sem fermento e acompanhada de azeite e incenso; estes elementos e parte dos cereais eram queimados no altar do holocausto, significando o reconhecimento de que Deus não apenas dá a vida, mas também o seu sustento (Sl 104.14-15, 27-28). O sacrifício pacífico podia ter diferentes finalidades e variações no seu rito, mas, em essência, constava da morte de um animal, cujos órgãos, gordura e sangue eram queimados sobre o altar, e o restante dividido entre o ofertante e o sacerdote, expressando, na simbologia de uma refeição onde todos são feitos participantes, a comunhão entre Deus e o homem. Os sacrifícios de expiação do pecado e expiação da culpa abrangem diferentes modalidades de transgressão contra a lei de Deus, seja no aspecto ritual, civil ou moral, bem como o pecado no seu aspecto geral. Em alguns casos, a vítima sacrificial era totalmente queimada – em parte sobre o altar, em parte fora do arraial; em outros casos, somente parte era queimada e o restante pertencia ao sacerdote. 

III – CRISTO JESUS, A OFERTA PERFEITA Sob a provisão do culto levítico, especificamente nas suas diferentes ofertas, Deus revelou de forma didática aspectos da obra que havia proposto para redimir o homem do pecado e trazê-lo de volta à plena fruição da graça e da comunhão divina. Contudo, devido às suas limitações, essa dispensação se mostrou inadequada ou insuficiente para realizar plenamente o elevado propósito da redenção; nem mesmo a repetição diária dos sacrifícios conseguiu fazer do culto levítico algo mais que uma sombra transitória e imperfeita de uma provisão espiritual que só poderia ser feita em Cristo Jesus, através da Sua obra sacerdotal e sacrificial consumada no Calvário (Hb 10.1-4, 10-14). Assim, enquanto o israelita precisava recorrer à diferentes ofertas para atender às suas demandas espirituais, nós precisamos tão somente nos voltar para o Filho de Deus e encontraremos nele a expiação de nossos pecados e culpas (Jo 1.29; Hb 1.3; 1 Jo 2.2), o nosso holocausto pelo qual todos nós fomos consagrados ao Pai (2 Co 5.14-15), o nosso sacrifício pacífico pelo qual alcançamos a paz com Deus e de uns com os outros (Rm 5.1, 9-11; Ef 2.13-18); e a nossa ação de graças a Deus por todas as coisas, sabendo que, se Ele não nos negou Seu próprio Filho, como nos negaria as demais coisas necessárias para o nosso bem? (Rm 8.28-32). 

CONCLUSÃO Hoje não mais sacrificamos a Deus a fim de agradá-l’O, pois o sacrifício único e perfeito de Cristo não precisa nem pode ser repetido. Mas devemos nos lembrar de que Ele é o nosso sacrifício, de modo que n’Ele todos nós fomos oferecidos a Deus e essa oferta foi aceita eternamente.  

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01 outubro 2020

001-Levítico e sua relevância para a Igreja - Levítico Lição 01[Pr Afonso Chaves]29set2020

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 LIÇÃO 1

LEVÍTICO E SUA RELEVÂNCIA PARA A IGREJA 

TEXTO ÁUREO: “Porque eu sou o Senhor, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo” (Lv 11.45). 

LEITURA BÍBLICA: ÊXODO 40.17-35 

INTRODUÇÃO Embora nenhum cristão sensato questione a inspiração divina do livro de Levítico, muitos ficam intrigados com o seu conteúdo e se perguntam: qual seria a utilidade deste livro na presente dispensação? As dificuldades encontradas aqui podem leva-los até a evitarem completamente a sua leitura, mas tal atitude é injustificável, pois, conforme estudaremos ao longo deste trimestre, o terceiro livro do Pentateuco é de uma utilidade doutrinária incalculável para a igreja de Cristo. 

I – O CONTEXTO E PROPÓSITO DE LEVÍTICO Para entender a importância de Levítico, primeiro temos que considerar seu conteúdo à luz do seu contexto histórico mais imediato: a consagração dos israelitas para Deus como nação santa e reino sacerdotal. Após quatrocentos anos de dura servidão no Egito, os filhos de Jacó haviam sido libertados pela mão poderosa do Senhor e, guiados pelo Seu servo Moisés, chegaram aos pés do monte Sinai “no terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito” (Ex 19.1). Ali o Senhor firmou com eles o Seu concerto e lhes deu dois “instrumentos”, por assim dizer, para garantia e manutenção dos termos desse primeiro pacto: a Lei, gravada em duas tábuas de pedra e num livro (cf. Ex 24.4-7; 31.18); e o santuário, onde Arão e seus filhos exerceriam o ofício sacerdotal em favor do povo (cf. Ex 25.8-9; 28.1, 41-43). Ao contrário do primeiro, Moisés havia recebido apenas a visão de um modelo do que deveria ser o tabernáculo, devendo encarregar-se de conclamar e conduzir o povo no propósito da sua construção – seja no levantamento dos materiais necessários em ofertas voluntárias, seja na indicação daqueles que trabalhariam diretamente nessa obra (cf. Ex 35.20-29, 30-35). A construção do tabernáculo se completou e Moisés o levantou e consagrou “no mês primeiro, no ano segundo, ao primeiro do mês” da saída dos filhos de Israel da terra do Egito (Ex 40.17). Então, aquele santo recinto se encheu com a presença gloriosa do Senhor e é nesse contexto que situamos Levítico: “E chamou o Senhor a Moisés e falou com ele da tenda da congregação, dizendo” (Lv 1.1). Notemos que, enquanto a lei foi dada para incutir no povo o temor e o senso da inigualável santidade e justiça de Deus, provando-se para o homem decaído apenas um instrumento para manifestação da ira de Deus – o que logo se provou quando o povo a transgrediu; o santuário é inaugurado com uma manifestação visível do contentamento e da aprovação divina, porque seria através dele que se realizaria o propósito mais excelente de aproximar o homem de Deus: “E ali virei aos filhos de Israel para que por minha glória sejam santificados (...) E habitarei no meio dos filhos de Israel e lhes serei por Deus” (cf. Ex 29.43-46). Em outras palavras, a lei expressava o princípio: “O homem que fizer estas coisas viverá por elas” (Rm 10.5); enquanto o santuário apontava para a misericórdia e graça de Deus, pois nele era Deus quem vinha até o homem, depois que este havia pecado, para lhe prover perdão, justiça e santificação (cf. Rm 4.7). As orientações divinas exaradas em Levítico representavam então a manutenção da vida espiritual dos israelitas. Após constatar, a duras penas, quão perfeita era a santidade e justiça divina revelada na lei, o fiel podia se voltar arrependido para o santuário e vislumbrar nos sacrifícios, nas festas solenes e nos mais diversos rituais de purificação, sinais visíveis da misericórdia e compaixão de Deus, e encontrar descanso na certeza do perdão dos seus pecados. 

II – LIÇÕES FUNDAMENTAIS DE LEVÍTICO Seja na linguagem direta da doutrina ou na linguagem simbólica dos rituais, alguns temas são recorrentes em Levítico. E o primeiro que destacamos é o da santidade. Deus é santo e quer que o Seu povo seja santo (cf. Lv 20.7, 26). Ser santo significa, primeiramente, ser puro, limpo de contaminações – ou seja, isento daquilo que constitui transgressão, do que é mau ou reprovável aos olhos de Deus (cf. Hc 1.13); mas, sob a dispensação simbólica do antigo pacto, significa também ser dedicado, separado do comum e ordinário – ou seja, distinto do que muitas vezes é chamado neste livro de profano. E esta lição é ensinada de diversas maneiras ao povo de Israel que, para se lembrar da santidade de Deus, é ordenado separar um dia em sete, por exemplo; ou distinguir entre alimentos comuns e limpos; ou ainda não empregar as coisas dedicadas a Deus para fins ou interesses mundanos, comuns. Um segundo tema predominante em Levítico é o da expiação pelo sangue. Embora o princípio da vida representada pelo sangue já tenha sido enunciado em um tempo anterior (Gn 9.4-6), é somente neste livro que encontramos expresso o propósito do simbolismo estabelecido por Deus: “Porque a alma da carne está no sangue, pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação pela alma” (Lv 17.11). A lei ensina que o pecado impõe uma pesada dívida perante a justiça divina que só pode ser saldada com a morte do pecador, mas no santuário aprendemos que Deus, na Sua misericordiosa provisão, aceita, em lugar da vida do pecador, a vida – o sangue – de outra criatura, outro ser. De fato, não apenas a expiação do pecado, mas tudo o que diz respeito à santidade, depende desta provisão divina: “E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9.22). 

III – A RELEVÂNCIA DE LEVÍTICO PARA A IGREJA DE CRISTO Encerramos esta lição considerando brevemente a relevância de Levítico para os nossos dias. Por ser um testemunho da misericórdia e graça de Deus para com o povo de Israel, é um livro que, de várias maneiras, prefigura a dispensação do evangelho. Não é necessário muito esforço para identificar nos sacrifícios e nos sacerdotes representações figuradas, ou tipos, de Cristo Jesus – afinal, Ele é literalmente chamado “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29) e “sumo sacerdote da nossa confissão” (Hb 3.1) e, conforme ainda examinaremos oportunamente, o escritor aos Hebreus dedica grande parte da sua epístola a explicar essas sombras e o seu cumprimento na pessoa do Senhor Jesus. Com um pouco mais de aplicação e cuidado, a partir das festas solenes, dos rituais de purificação e outros aspectos do culto levítico podemos extrair preciosos ensinamentos sobre a graça de Deus, sobre a relação entre Cristo e a Igreja, e mesmo sobre a nossa vida particular com Deus. Se Levítico encerra tais lições, fica comprovado que é tão relevante para a igreja de Cristo quanto os evangelhos e as epístolas, por exemplo. E, mesmo que para extrair a mensagem principal seja necessário mais cuidado na leitura e interpretação desse livro, esperamos que, ao final deste trimestre, chegaremos à conclusão de que Levítico é um dos livros mais messiânicos ou cristológicos do Antigo Testamento. Em última análise, seu estudo será como o do livro de Apocalipse: procuraremos usar de bom senso, preservando a harmonia com o ensino bíblico mais direto e claro das demais Escrituras, e não nos embaraçaremos com minúcias que poderiam dificultar a compreensão da mensagem principal. 

CONCLUSÃO Levítico é um livro proveitoso e atual para a igreja, não havendo motivo para ser negligenciado em nossas leituras e meditações cotidianas. As dificuldades surgem quando buscamos nossos próprios interesses nas Escrituras; se, pelo contrário, buscarmos nelas o seu Autor, ou aqu’Ele de quem elas realmente falam – ficaremos satisfeitos, pois certamente O encontraremos.

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Fundada em 29 março de 2009 por Moisés Moreira



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