27 fevereiro 2019

009-A doutrina sobre o Espírito Santo - Doutrina Lição 09[Pr Afonso Chaves]26fev2019



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LIÇÃO 9: 
A DOUTRINA SOBRE O ESPÍRITO SANTO

TEXTO ÁUREO: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Jo 14.16).

LEITURA BÍBLICA: JOÃO 16.1-14

INTRODUÇÃO
As Escrituras Sagradas mencionam constantemente o Espírito Santo, ressaltando a sua presença e atuação em todas as manifestações e operações divinas, inclusive a nossa salvação.
Tanto que não é possível entender e aprecia-las corretamente, sem dar a devida importância ao que a Palavra de Deus nos ensina sobre a obra do Espírito.

I – O ESPÍRITO SANTO EM TEMPOS PASSADOS
1. Na Criação e Preservação do Mundo. 
Logo no primeiro momento da criação do mundo, somos informados da presença ativa do Espírito de Deus, que “se movia sobre a face das águas” (Gn 1.2) daquela massa inerte e informe que era a terra, para dar-lhe abundância de vida e riqueza de ornamentos, ao longo da obra da criação (Jó 26.13; Sl 33.6).
Notemos que, no caso dos seres viventes, inclusive do homem, o princípio que os anima e lhes dá uma infinitude de reações, disposições e sentimentos é chamado propriamente de “espírito” (Gn 2.7; 7.22).
Assim, esse espírito é um dom de Deus a toda a criatura, e da sua manutenção depende a preservação da vida no mundo (Sl 104.27-30; Jó 12.0-10; Ec 12.1, 7).

2. Na Chamada de Israel. 
Embora seja o “Deus dos espíritos de toda a carne” (Nm 27.16), todos os homens sendo beneficiários do espírito como princípio de vida, foi especialmente a Israel que Deus deu o Seu bom Espírito (Ne 9.20).
Isto Ele fez, primeiramente, levantando sacerdotes, juízes e reis para que liderassem o Seu povo com poder, autoridade, sabedoria e juízo, de acordo com a Sua vontade (Dt 34.9; Jz 3.9-11; 1 Sm 16.13); em alguns casos, essa capacitação era acompanhada de grandes demonstrações de força e poder sobrenaturais, ou de revelação de coisas ocultas (Gn 41.15-16, 38; Ex 8.16-19; Dn 4.8-9).
Mas é através da profecia que o Espírito operou mais abundantemente em Israel, inspirando visões, sonhos, parábolas e palavras de sabedoria, conselho e louvor a Deus (2 Pe 1.20-21; 2 Sm 23.2).
Por isso todo pecado que Israel cometia, rejeitando a bondade de Deus comunicada através de tantos dons, era uma ofensa contra o próprio Espírito (Is 63.10; At 7.51).

II – A PROMESSA DO ESPÍRITO
1. Anunciada na Profecia.
Mesmo com um testemunho tão evidente da obra do Espírito no meio de Israel, o propósito de Deus ainda não havia sido alcançado naquela dispensação e, conforme anunciado nas profecias, era que todo o Seu povo participasse de uma experiência espiritual mais profunda (Nm 11.24-29).
Essa experiência é prometida sob os termos de um abundante derramar do Seu Espírito sobre toda a carne, manifestando-se não apenas em sinais e prodígios exteriores, mas na conversão a Deus e eterna salvação dos pecadores (Jl 2.28-32; Is 44.3; Ez 36.25-27).
E, conforme explica o apóstolo Paulo, o fato de que esta promessa já havia sido feita a Abraão tanto a relaciona com a vinda de Cristo – a descendência de Abraão – como também a estende a judeus e gentios (Gl 3.8-9, 13-14).

2. Confirmada por Cristo. 
A fim de que a promessa do Espírito fosse cumprida em e por meio de Cristo, Deus fez de Seu Filho a mais perfeita habitação e instrumento da plenitude do Seu Espírito, desde a Sua concepção, no ventre da virgem, até a Sua ressurreição e exaltação nos céus (Jo 3.34; Is 11.1; 61.1; Lc 4.16-21).
Por isso, Ele era anunciado por João Batista especialmente como aqu’Ele que podia, somente Ele, batizar com o Espírito (Mt 3.11) – isto é, que tinha poder para salvar perfeita e eternamente o Seu povo.
Seu ministério é o testemunho mais insofismável disto, pois aí Ele demonstrou abundantemente a virtude do Espírito Santo, tanto em obras poderosas como em palavras de graça e sabedoria (At 10.36-38).
E assim, Jesus animou Seus discípulos a buscarem e esperarem pelo cumprimento da promessa – do que Ele mesmo se encarregaria, tão logo voltasse para o Pai (Jo 7.37-39; At 1.4-8).

3. Cumprida em Pentecostes.
A relação da festa de Pentecostes com o cumprimento da promessa do Espírito não é fortuita; assim como não é a da Páscoa com o sacrifício de Cristo na cruz.
Celebrada após a contagem de cinquenta dias desde a apresentação a Deus das primícias da colheita, no último dia era realizada nova oferta, desta vez representando o restante (cf. Lv 23.10-16).
Do mesmo modo, depois de morto e sepultado, Cristo ressuscitou como as primícias dos que dormem e tornou-se o penhor da nossa salvação; e esta salvação foi confirmada nos discípulos pelo derramamento do Espírito no dia de Pentecostes (At 2.1-4, 14-21, 32-38).

III – O ESPÍRITO SOB O NOVO CONCERTO
1. O Espírito de Cristo. 
O Senhor Jesus muito ensinou sobre a obra do Espírito, particularmente em suas últimas orientações aos discípulos (Jo 14 a 16).
Ele se referiu ao Espírito como outro Consolador porque o próprio Jesus os consolava, enquanto esteve com eles em carne; mas, depois que voltasse para o Pai, o Espírito viria para ficar com eles para sempre.
Também o chama de Espírito de verdade porque, assim como os discípulos haviam aprendido com Cristo, quando viesse, o Espírito também lhes ensinaria todas as coisas (vv. 16-17, 25-26).
De fato, seu ministério de ensino seria ampliado, convencendo o mundo do pecado, da justiça e do juízo, e revelando aos discípulos a glória de Cristo após a Sua exaltação (16.8-13).
Mas, na realidade, o Consolador é o espírito do próprio Cristo – é Ele mesmo voltando para os Seus discípulos, não em carne, mas em virtude; não para habitar com eles, mas para estar neles (14.18, 23; 16.14-16).

2. O Dom de Deus. 
Sob o Novo Concerto, o Espírito é concedido de forma liberal e gratuita a todo aquele que é chamado e crê no Evangelho (At 2.38-39; 8.14-17; 10.44-47; 19.1-7; Gl 3.5).
É obra do Espírito Santo tanto a regeneração, justificação e santificação – ou seja, o princípio da nossa salvação (1 Co 6.11; Tt 3.5; 1 Pe 1.2), como também a graça necessária para servirmos a Deus em mortificação e obediência – o viver e andar no Espírito (Rm 8.1, 9-10, 13-14; Gl 4.16-18, 22).
Assim, o Espírito é considerado o selo, ou penhor da nossa herança nos céus (Ef 1.13-14; 2 Co 5.5), e por isso também o Novo Concerto é chamado de ministério do espírito, em contraste com o antigo, onde a glória era exterior e não transformava os participantes; ao passo que, no novo, o Espírito comunica vida ao que crê, transformando-o na imagem do Senhor (2 Co 3.7, 8, 18).
Ainda teremos oportunidade de estudar, em uma próxima lição, a capacitação que o Espírito dá a cada cristão, na forma de dons espirituais, para testemunho e edificação mútua na igreja.
Mas consideremos ainda que, não diferente do primeiro, se rejeitarmos o apelo da graça sob este concerto do Espírito, faremos agravo direto a ele, e nos tornaremos dignos de muito maior castigo do que aquele que sofreram os que entristeceram o Espírito no passado (Hb 3.7-10; 10.29; Ef 4.30).

CONCLUSÃO
A obra do Espírito Santo é um mistério que a mente carnal não pode compreender, mas que aprouve a Deus revelar-nos; e para isto Ele nos deu desse mesmo Espírito para que não apenas entendamos as coisas de Deus, mas as experimentemos como uma realidade muito certa e firme em nossas próprias vidas.

PARA O PROFESSOR: 
AUTORIA
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20 fevereiro 2019

008-A doutrina sobre a Salvação(Sua ordem) - Doutrina Lição 08[Pr Afonso Chaves]19fev2019



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LIÇÃO 8: 
A DOUTRINA SOBRE A SALVAÇÃO (SUA ORDEM) 

TEXTO ÁUREO
“E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou” (Rm 8.30). 

LEITURA BÍBLICA: EFÉSIOS 2.1-10 

INTRODUÇÃO 
Na lição anterior, estudamos a doutrina da salvação sob o aspecto geral de como foi proposta por Deus na eternidade e de como Cristo Jesus a tornou possível pelo Seu sacrifício na cruz. Agora precisamos considerar o que as Escrituras ensinam sobre como Deus salva aqueles por quem Cristo morreu, bem como a ordem em que as operações da Sua graça se manifestam em suas vidas. 

I – O PRINCÍPIO DA SALVAÇÃO 
1. A Chamada do Evangelho.
A primeira etapa da salvação na experiência particular dos eleitos é a vocação, ou a chamada através do Evangelho (Rm 8.30). Aqui precisamos diferenciar entre a chamada formal que Deus faz a todos os homens na proclamação da Sua palavra (Mc 16.15; At 17.30-31); e a chamada eficaz com que Deus, pela mesma palavra, atrai os eleitos para Si (Mt 22.14; Jo 6.37).
A palavra que pregamos é o único meio pelo qual Deus alcança os homens para salvação (At 5.20; Rm 10.17); mas somente a Ele pertence comunicar o Seu poder e graça aos corações dos que a ouvem, convencendo-os do seus pecados, do juízo vindouro e da justiça que há em Seu Filho Jesus (Jo 16.8; At 16.14; 1 Co 1.18; 2 Ts 2.13-14).

2. A Regeneração do Espírito.
Naturalmente, o pecador não é capaz de responder positivamente à chamada da salvação, pois seu coração ama o pecado e seu entendimento está em trevas; sua única reação possível será sempre a de endurecimento e incredulidade (Jo 3.19; 2 Co 4.3-4).
Por isso, tanto o arrependimento quanto a fé que o Evangelho requer dos homens, como elementos essenciais de uma genuína conversão, só podem ser produzidas por obra da graça de Deus, e não por uma capacidade humana natural (Ef 2.8; At 11.18; 2 Co 7.9-10).
Para isto, através da palavra, Deus comunica ao coração do homem uma nova natureza, completamente nova, espiritual e divina, levantando-o do seu estado de inércia e morte no pecado e capacitando-o a responder à chamada da salvação – em outras palavras, ele precisa ser regenerado, nascer de novo, ser gerado por Deus como nova criatura (Jo 3.1-7; Tt 3.4-7; 2 Co 5.17; 1 Pe 1.3, 23).

3. A Justificação pela Fé.
Consequência imediata da fé dada por Deus é a imputação da justiça perfeita de Cristo à conta do salvo, tornando-o a partir de agora justo diante de Deus (Rm 3.21- 28). Na lição passada, consideramos que, mediante a expiação dos pecados realizada no sacrifício de Cristo, nossa dívida foi saldada e nossa culpa, removida.
Agora, devemos frisar que a justificação implica em sermos feitos merecedores dos benefícios com que a lei premia a justiça, a saber: paz e comunhão com Deus (Rm 5.1, 9); adoção, ou o direito de sermos chamados filhos de Deus, e de chamarmos Deus de nosso Pai (Rm 8.15-17; Gl 3.24-26); e a vida eterna (Rm 5.17; 8.17). 

II – O PROGRESSO DA SALVAÇÃO 
1. A Morte para o Pecado.
Embora a salvação seja um dom gratuito de Deus, e as obras não sejam de valor algum para este fim; uma vez salvos, somos informados pelas Escrituras que o propósito para o qual fomos salvos é a prática de boas obras (Ef 1.4; 2.10); e que, na verdade, “a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg 2.17).
Esse aspecto prático e indispensável da salvação é chamado de santificação, e possui tanto o sentido negativo de morte para o pecado e o mundo, como também positivo, de estar vivo para Deus (Rm 6.4, 6).
No primeiro caso, aquele que foi regenerado está crucificado com Cristo, e agora deve se considerar morto para o pecado e o mundo, sendo este um poderoso argumento para resistir e rejeitar o pecado, mortificando os membros do corpo (Rm 6.11-13; 8.13; Gl 5.24; Cl 3.5-10; 1 Pe 4.1-2).
E, se pecar, aquele que é nascido de Deus dispõe da propiciação que há em Cristo para seu perdão, e assim não permanece no pecado (1 Jo 2.1-2; 3.4-9).

2. A Vida de Obediência.
No sentido positivo, a santificação consiste em apresentar-se vivo para Deus, dispondo-se a amar e obedecer a Sua vontade (Rm 6.16-18; 12.1-2).
Expressa objetivamente nas Escrituras Sagradas, a vontade de Deus é aplicada pelo Espírito ao coração do salvo de tal modo que agora ele se inclina para a lei de Deus, não apenas desejando cumpri-la, mas também a cumprindo de fato, toda obra de justiça sendo devida a Deus, como legítimo fruto do Espírito (Jo 14.15; Rm 8.1-5; Hb 8.10-11; Fp 2.12-13).

3. A Certeza da Salvação.
Uma vez que a salvação é obra inteiramente de Deus, sendo Ele quem opera em nós “tanto o querer como o efetuar”, não há nada do que nos gloriarmos, senão naqu’Ele que a conquistou para nós – em nosso Salvador Jesus (1 Co 1.31).
Isto, porém, não quer dizer que não podemos, ou antes não devemos ter certeza da nossa salvação. Trata-se de confiar na palavra de Deus, que não pode mentir, e que disse que tudo o que Seu Filho Jesus fez para salvar o Seu povo é eficaz para salva-lo (Jo 10.27-29).
E o progresso da salvação, em um viver de mortificação do pecado e obediência a Deus, tende a tornar mais firme e inabalável essa certeza, para maior consolação e paz dos fieis (2 Pe 1.3- 10). 

III – A CONSUMAÇÃO DA SALVAÇÃO 
1. A Perseverança dos Santos.
É ensino claro das Escrituras que naqueles em quem Deus iniciou a Sua obra de salvação Ele a acabará (1 Pe 5.10; 1 Co 1.7-9). Não se pode negar esta verdade à luz do que já estudamos sobre o eterno e imutável propósito de Deus e sobre a independência e soberania da Sua graça na salvação.
Isto quer dizer que os salvos perseverarão até o fim, serão preservados na fé, e alcançarão o prêmio que lhes está preparado desde a eternidade (1 Pe 1.5-9; 2 Tm 1.12; Mt 25.34; cf. Rm 8.35-39).

2. A Redenção Final.
A morte representa um momento decisivo no progresso da vida cristã (Sl 116.15; 2 Tm 4.8; Ap 2.10), mas não é a consumação do propósito salvífico de Deus.
A salvação implica tanto no livramento do pecado e sua condenação como na aquisição da vida eterna (Jo 3.16; 5.24). Contudo, o cristão morre na esperança dessa vida que, se já lhe foi dada na forma de um penhor e princípio latente no homem interior, ele ainda não pode desfrutar dela na plenitude do seu ser (Jo 6.47; 2 Co 4.16-5.4).
Essa plenitude virá no dia da vinda de Cristo, quando se dará a nossa completa redenção, e seremos libertados da corrupção de nossos corpos (Rm 8.11, 22-23; 1 Co 15.51-54).
Como isto traz implicações escatológicas, que serão oportunamente estudadas em outra lição, acrescentamos apenas que, com a redenção final, seremos feitos semelhantes a Cristo Jesus, quais irmãos e herdeiros da glória que Ele recebeu do Pai (1 Jo 3.1-2; Ap 3.21). 

CONCLUSÃO 
A salvação é uma obra maravilhosa e perfeita porque é Deus, e somente Ele, que a opera, do começo ao fim.
Nada há que o homem possa fazer para alcança-la ou acrescentar qualquer coisa que a melhore, muito menos para frustra-la. Tudo o que ele faz é ser como um simples recipiente de barro que Deus enche das Suas misericórdias, e que se torna valioso não pelo que é, mas pelo tesouro que contém.

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14 fevereiro 2019

007-A doutrina sobre a Salvação(Origem e fundamento) - Doutrina Lição 07[Pr Afonso Chaves]12fev2019


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LIÇÃO 7: 
A DOUTRINA SOBRE A SALVAÇÃO (SUA ORIGEM E FUNDAMENTO) 

TEXTO ÁUREO: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). 

LEITURA BÍBLICA: EFÉSIOS 1.3-11 

INTRODUÇÃO 
A palavra “salvação” nos lembra duas coisas: o estado calamitoso em que o homem natural se encontra – dominado pelo pecado e destinado à condenação eterna; e a boa vontade de Deus que, podendo castigá-lo segundo as suas más obras, preferiu suprir tudo o que era necessário para perdoá-lo e restaurá-lo a uma felicidade indizível e eterna. Após considerar a doutrina sobre o Salvador, começaremos a estudar nesta lição as riquezas da graça de Deus manifestadas através da própria obra da nossa salvação. 

I – O PLANO DA SALVAÇÃO 
1. Seu eterno propósito em Deus. A salvação não é apenas a resposta divina à Queda, como se pudesse ter sido desnecessária, caso o homem não tivesse pecado. A entrada do pecado no mundo faz parte de uma série de eventos pré-determinados por Deus na eternidade, de acordo com um sábio propósito, oculto por muito tempo em mistério, e que se revelou na salvação dos homens em Cristo Jesus (Rm 5.20-21; Ef 1.9-10; 1 Co 2.7). 
E, ao fazer isto, Deus não visava apenas o nosso próprio interesse na salvação, mas também o louvor das Suas próprias perfeições (Ef 1.6, 12; 2.7; Rm 3.25-26). 

2. Predestinação e Eleição. De um modo particular, a palavra predestinação se aplica àqueles que Deus destinou de antemão (na eternidade) para cumprir neles todo o Seu propósito de salvação, incluindo o chamado do evangelho, a perseverança final e a glória eterna (Ef 1.4-5, 11; Rm 8.29-30; 1 Pe 1.2). 
São chamados nas Escrituras de eleitos, porque Deus os escolheu por Sua soberana e exclusiva vontade, sem consideração pelos seus méritos ou deméritos particulares; enquanto os demais são entregues aos seus próprios caminhos (2 Ts 2.13-14; 2 Tm 1.9). 
É verdade que o evangelho deve ser pregado a todos, mas não são todos os que se salvam – ou melhor, são poucos os que se salvam (Lc 13.22-28; Mt 22.14). A explicação disto não está na suposta capacidade e liberdade humana para escolher o bem e o mal (o livre-arbítrio), mas na eterna eleição de Deus (At 13.46-48; Ap 21.27). 

II – O SACRIFÍCIO DE CRISTO 
1. Sua Necessidade. Já estudamos que o pecado é uma violação da lei de Deus, uma ofensa contra a Sua santidade e justiça, e que atrai a Sua ira contra o ofensor. O pecado deve ser punido com a morte, pois é uma dívida infinita, que nenhum outro meio ou recurso humano pode saldar (Sl 49.8; Rm 6.23). 
Mas, desde o princípio, Deus tem manifestado a Sua graça e misericórdia, na disposição de aceitar que o ofensor faça reparação ou expiação pelos pecados. E para isto Ele revelou que a vida de um inocente poderia ser oferecida em sacrifício, em lugar do pecador (Gn 4.4; Lv 17.11; Hb 9.22). 
O sacerdócio levítico encarregou-se, por muito tempo, de oferecer tais sacrifícios ao Senhor; mas as Escrituras nos informam que esse sistema era imperfeito, e precisava ser substituído por um melhor, em que Cristo fosse nosso sacerdote e, ao mesmo tempo, o sacrifício perfeito (Hb 7.26-28; 9.11-14; 10.1-4, 11-14). 
Por isso Ele é contemplado desde a eternidade, no conselho e propósito de Deus, como o “Cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo” (1 Pe 1.18-20). E, como Filho obediente, submeteu-se sem reservas à vontade do Pai (Mt 26.39, 42; Hb 10.5-10; Jo 10.14-17). 

2. Sua Natureza. Enquanto os sacrifícios no sistema levítico variavam de acordo com aspectos particulares que deviam ser atendidos na expiação (cf. Lv 7.37-38); o sacrifício perfeito de Cristo traz a perfeição ao Seu povo, suprindo todas as suas necessidades de expiação. Isto quer dizer que o sangue de Cristo fez total reparação pelos nossos pecados, saldando completamente a nossa dívida para com a Lei, e comprando-nos, ou resgatando-nos para Deus (Is 53.4-6, 10; Cl 2.13-14; 1 Co 6.20; Mt 20.28; Gl 3.13); ao mesmo tempo em que, com a justiça de Deus plenamente satisfeita, Ele alcançou para nós o perdão, propiciando a Deus e possibilitando a aproximação entre nós e Ele em reconciliação e paz (Rm 3.25; 5.10; 2 Co 5.18-19; 1 Jo 2.4; 4.10; Ef 2.13-16). 

3. Sua Eficácia. Ao contrário dos sacrifícios oferecidos sob a Lei, que precisavam ser repetidos diariamente, o sacrifício de Cristo foi oferecido somente uma vez (Hb 9.24-26; 10.12-14), trazendo abundância de graça, perdão e vida, muito além do que toda a morte e condenação que todos os pecados do mundo haviam acumulado (Rm 5.15-20). 
Por isso Jesus é propriamente o Salvador do mundo, o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29; 1 Tm 2.6), pois somente n’Ele há total e suficiente expiação para o homem. Mas, por outro lado, a abundância da graça, justiça e vida que Ele conquistou com a Sua morte não é para todos, mas apenas para aqueles que o Pai Lhe confiou na eternidade, e que veem a Ele pela fé (Jo 3.16; 6.37-40, 51; Hb 5.9). 

III – O PACTO DA SALVAÇÃO 
1. Suas Dispensações. Ao longo das Escrituras, notamos que o tratar de Deus com os homens se dá por meio de pactos, ou concertos, onde Deus se compromete a conceder o Seu favor e benção mediante termos que Ele mesmo estabelece. 
Assim vemos Deus fazendo concerto com seus servos Noé (Gn 9.8-11), Abraão (Gn 17.2-8), Davi (Sl 89.1-4), Finéias (Nm 25.10-13); ou antes tais homens foram tomados como mediadores do concerto entre Deus e seus descendentes. 
Mas o caráter pactual da salvação pode ser mais bem percebido nos termos do chamado antigo e novo concerto, firmado, respectivamente, com Israel por intermédio de Moisés, e com os eleitos, por meio de Cristo Jesus. 
Ambos, na verdade, são dispensações de um só e mesmo concerto de salvação, e revelam diferentes aspectos, em tempos e sob termos diferentes, do eterno propósito de Deus de dar a vida eterna aos homens. 

2. Seu Mediador. Se as alianças firmadas no passado tiveram por mediadores homens que alcançaram testemunho de que agradaram a Deus, por outro lado, não puderam assegurar que os seus descendentes ou o povo por eles representado cumprissem a sua parte no pacto. 
Contudo, Cristo não apenas é o Mediador perfeito entre Deus e os homens, mas também o Fiador que assegura, em Si mesmo, como representante do Seu povo, o cumprimento de todos os termos de justiça requeridos por Deus. 
De tal forma que Ele também é chamado de Testador, pois com o Seu sangue fez da vida eterna uma herança segura e firme para os Seus (Hb 7.20-25; 12.22-25). 

3. Seus Termos. A parte que cabe ao homem, no pacto da salvação, é a obediência perfeita aos mandamentos de Deus – a menor desobediência é contada como violação de todo o pacto, implicando no castigo e na necessidade de reconciliação (Gl 3.10-12; Tg 2.10-11). 
Contudo, a transgressão era inevitável, e a entrega da Lei serviu apenas de ocasião para fazer abundar o pecado (Rm 3.19-20). Pelo que a salvação jamais foi por meio de obras, por uma obediência impossível à fraqueza da nossa carne; em todo o tempo, Deus tratou com aqueles que foram chamados para participar do Seu concerto, seja do antigo ou do novo, mediante a Sua graça, que opera apenas pelo perdão daquele que crê (Rm 4.1-8; Gl 3.17-22). 

CONCLUSÃO 
A salvação dos homens é uma obra preciosa e querida por Deus, tão importante que Ele empregou Seu próprio Filho Amado para realizá-la tal como foi concebida na eternidade. Que possamos reconhecer a imensa graça que nos foi dada, em ser chamados a participar de uma aliança onde o próprio Deus assegura que nossa parte seja cumprida e assim Ele possa nos abençoar com todas as bênçãos espirituais, em Cristo Jesus.


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06 fevereiro 2019

006-A doutrina sobre Cristo - Doutrina Lição 06[Pr Afonso Chaves]05fev2019

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LIÇÃO 6: 
A DOUTRINA SOBRE CRISTO 

TEXTO ÁUREO: 
“O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas” (Hb 1.3). 

LEITURA BÍBLICA: JOÃO 1.1-14 

INTRODUÇÃO 
Chegamos agora ao tema central e mais importante de toda a doutrina bíblica, ao grande ápice de toda a verdade revelada nas Escrituras Sagradas: Jesus Cristo, o Unigênito Filho de Deus. 
É de absoluta necessidade para a salvação não apenas confessar, mas conhecer a Sua bendita pessoa, a Sua obra perfeita e a glória incomparável dos Seus ofícios. 
Ele é a fonte abundante e inesgotável de onde precisamos beber para conhecermos mais acerca de Deus, de nós mesmos e da Sua grande salvação. 

I – A PESSOA DE CRISTO 
1. JESUS é o Cristo. A primeira e maior parte das Escrituras Sagradas (isto é, o Antigo Testamento) trata de como Deus preparou a humanidade e, em particular, os filhos de Israel, para a vinda de um ungido (no hebraico, Messias; no grego, Cristo), que operaria a Sua salvação. 
Através da profecia, Deus revelou cada vez mais detalhes sobre o caráter e obra deste Salvador, que livraria tanto judeus como gentios da opressão e os colocaria novamente em paz com Deus. Já a segunda parte das Escrituras (o Novo Testamento) proclama que este Salvador já veio, e que ele é JESUS, O NAZARENO. 
Pois tudo o que estava escrito acerca do Cristo cumpriu-se plena e unicamente neste homem, conforme o poderoso e inequívoco testemunho que Ele deixou através de Sua vida (Jo 20.30-31; Lc 24.44). 
Em Seu favor testificaram homens e mulheres de Deus, multidões que O seguiram; até mesmo Seus inimigos; os anjos; e, mais importante do que todos estes, o próprio Deus (Mt 3.17; 17.1-5). 
2. Ele é o FILHO DE DEUS. À luz da revelação divina, devemos confessar Jesus não apenas como o Cristo prometido, mas também como o Filho de Deus (Mt 16.15-17; Jo 20.31). Enquanto o primeiro título revela a comissão de nosso Salvador, o segundo expressa a Sua divindade. 
Significa que Cristo é igual e um com o Pai (Jo 1.1; 5.18; 10.30-33). É verdade que todo aquele em quem habita o Espírito de Deus é Seu filho, mas Cristo é o Filho unigênito, porque somente n’Ele habita a plenitude da divindade, e somente Ele reflete a imagem exata e gloriosa do Pai (Jo 1.14, 18; 14.7-11; Cl 1.15-19; Hb 1.3, 5, 9; Rm 8.14-15, 29). Há uma comunhão de identidade perfeita entre Ambos, de tal modo que o Filho se sujeita em total obediência à vontade do Pai, não fazendo nada de Si mesmo; enquanto o Pai entrega todas as coisas ao Filho, operando por meio d’Ele a Sua vontade, e assim glorificando-O com a Sua própria glória junto de Si mesmo (Jo 3.35; 4.34; 5.19-23; 12.27-28; 17.5). 
3. Ele é o FILHO DO HOMEM. Na mesma medida em que o título Filho de Deus aponta para a relação íntima de Cristo Jesus com Deus, Filho do Homem é o que o aproxima de nós – do Seu povo, em particular. Cristo se manifestou ao mundo vindo em carne, tendo nascido de mulher, sob a lei, do povo de Israel, da linhagem de Davi (Gl 4.4; Rm 1.2-3). 
Ora, todas as promessas de salvação haviam sido depositadas sobre um que seria a semente da mulher, descendência de Abraão, Filho de Davi e o Filho do Homem (Gn 3.15; Gl 3.16; Lc 1.68-69; Dn 7.13-14; Mt 26.63-64). E, como já consideramos mais de uma vez em lições anteriores, o Cristo deveria ser o novo homem, no qual tudo o que a humanidade perdeu pela queda de Adão – e, na verdade, muito mais do que foi perdido – devia ser restaurado através da Sua obediência e justiça para aqueles que se unissem a Ele pela fé. 

II – A OBRA DE CRISTO 
1. Sua Encarnação. Concebido de modo sobrenatural no ventre de uma virgem (Is 7.14; Mt 1.18-23; Lc 1.30-35), o Filho de Deus se fez participante da nossa carne e sangue para que pudesse vencer a tentação e morrer em nosso lugar (Hb 2.9, 14, 16-18). 
Contudo, em momento algum Ele deixou de ser o Filho do Altíssimo, cujo Ser glorioso, santo e cheio de graça e de verdade não poderia ser contaminado pelo mal (Hb 4.15; 1 Pe 2.22). Jesus podia sentir fome, sede, cansaço, dor e angústia; mas também podia perdoar pecados, sondar os pensamentos e intenções do coração, exercer autoridade sobre as forças da natureza, sobre os demônios, sobre as doenças e até a morte; era assistido e servido pelos anjos; e recebia adoração dos Seus discípulos. 
2. Seu Ministério. Durante os três anos finais de Sua vida terrena, Jesus se manifestou ao mundo como o Cristo, o Salvador, através do Seu ministério de pregação, ensino e cura (Mt 4.23). A muitos Ele salvou, ora curando de suas enfermidades e da opressão do diabo; ora libertando e trazendo de volta ao aprisco do reino dos céus os que estavam perdidos no pecado e nas trevas da ignorância (Mt 8.16-17; Lc 4.17-19; 19.10). 
Todas as Suas obras e palavras tinham o propósito de gerar nos corações fé em Deus e no seu Cristo, na certeza de que n’Ele Deus havia feito provisão para a vida eterna dos que cressem (Jo 4.13-14; 6.26-27; 17.3, 6-8). 
3. Sua Morte e Ressurreição. Cada passo da vida de Cristo apontava para o momento derradeiro dos Seus sofrimentos e da Sua morte, pois esta era a vontade de Deus, que Ele desse a Sua vida em resgate de muitos (Is 53.6-8; Mt 20.28). Por isso, a Seu tempo, em obediência à vontade do Pai, Jesus entregou voluntariamente a Sua vida, até o último fôlego, na cruz do Calvário, assim consumando a obra da nossa salvação (Mt 26.39; Jo 10.17-18; 12.27; 19.30). 
Uma vez sepultado, ali permaneceu apenas três dias, pois Deus O ressuscitou em poder e glória, declarando a Sua justiça, santidade e a aceitação do Seu sacrifício em nosso lugar (Rm 1.4; At 2.22-24; 13.32-39). 
Deste modo, ao mesmo tempo em que a cruz representa o extremo da humilhação de nosso Salvador, ela também é o princípio da Sua exaltação, pois assim convinha que Ele entrasse em Sua glória (Mt 16.21; Fp 2.5-11). 

III – A GLÓRIA DE CRISTO 
1. Seu Reinado e Senhorio. Através da Sua ressurreição e ascensão aos céus, Cristo foi entronizado à destra de Deus como Senhor e Rei de toda a criação, tanto visível como invisível (Mt 28.18-20; At 2.32-36; Ap 5.5-8). 
Isto significa que todas as coisas, que já são Suas por direito de criação, agora devem se submeter à reconciliação com Deus através da Sua morte, sendo novamente congregadas sob o domínio soberano de Seu Filho (Cl 1.15-20; Ef 1.20-23); ou serão por destruídas por Deus, por se oporem àqu’Ele que foi ungido Rei dos reis e Senhor dos senhores (1 Co 15.24-26; Sl 2; Ap 19.11, 16). 
Inerente ao Seu reinado e senhorio é o Seu poder de julgar, salvando ou condenando – o que Ele fará propriamente no último dia – pelo que é também chamado de Juiz dos vivos e dos mortos (Jo 5.22-24; At 17.31; 2 Co 5.10). 
2. Seu Sacerdócio e Mediação. Outro aspecto da glória que Cristo recebeu do Pai pela Sua obediência na cruz é o ofício sacerdotal que Ele agora exerce em nosso favor nos céus (Hb 3.1). Tendo oferecido uma oblação (“oferta”) perfeita na Sua morte, através da ressurreição Deus tanto aceitou o Seu sacrifício como também O constituiu como o próprio sacerdote que entraria em Sua santíssima presença para interceder pela nossa salvação (Hb 4.14-16; 7.22-25). 
Ele é verdadeiramente o único Mediador entre Deus e os homens, o único que pode nos representar junto a Deus e alcançar graça para nós, pois reúne em Si mesmo tanto a nossa humanidade (como convinha a um sacerdote), quanto a plenitude da divindade (1 Tm 2.5-6). 

CONCLUSÃO 
Nunca seremos capazes de compreender a profundidade do amor, poder, sabedoria e muitas outras excelências de Deus manifestadas em Cristo Jesus. Mas, confessando que Ele é tudo para nós, busquemos n’Ele toda a nossa felicidade, satisfação e deleite, no conhecimento da Sua pessoa, seguindo as Suas pisadas, na firme esperança de que um dia O veremos face a face, e seremos como Ele é.

PARA USO DO PROFESSOR
 
AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.


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01 fevereiro 2019

005-A doutrina sobre o Pecado - Doutrina Lição 05[Pr Afonso Chaves]29jan2019


MP3 PARA DOWNLOADS
LIÇÃO 5: 
A DOUTRINA SOBRE O PECADO 

TEXTO ÁUREO:
 “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). 

LEITURA BÍBLICA: ROMANOS 3.9-19 

INTRODUÇÃO 
Tendo considerado a doutrina do homem, passamos agora a considerar a realidade do pecado, e como isto tem afetado profundamente o seu relacionamento com o Criador. Tão logo estabelecidos no paraíso, desfrutando de felicidade e comunhão com Deus, nossos primeiros pais, Adão e Eva, caíram por causa do pecado. Desde então, não somente eles, mas todas as gerações seguintes ficaram sujeitas à sua influência corruptora, colhendo suas tristes e destrutivas consequências. 

I – A ORIGEM DO PECADO NO MUNDO 
1. A Queda do Homem. 
A primeira referência explícita ao pecado nas Escrituras está relacionada à transgressão do primeiro casal (Gn 3). Lembremos que o homem foi criado bom e reto, mas não perfeito em conhecimento, e que ele estava sob prova de fidelidade a Deus. 
O mal só poderia lhe sobrevir desde fora, e isto através da astúcia e engano de um outro ser já contaminado pelo mal: a “serpente”, que não é outro senão Satanás, o Diabo (Ap 12.9). 
Valendo-se da simplicidade da mulher, o enganador questionou a veracidade da palavra de Deus, dizendo: “Certamente não morrereis” (v. 4). 
Em seguida, atiçou em Eva a cobiça pelo fruto proibido e a soberba por querer se igualar a Deus, dizendo: “se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (v. 5). Do desejo, a mulher passou ao ato e, dando do fruto ao seu marido, ambos caíram em desobediência (vv. 6, 12). Eis aqui a origem do pecado, pelo qual se deu a Queda, tanto do primeiro casal, como de toda a humanidade. 

2. Seu Impacto sobre a Humanidade
Embora o pecado de que estamos tratando tenha sido cometido particularmente por Adão, o mundo inteiro ficou sujeito ao seu impacto e consequências: “por um homem entrou o pecado no mundo” e “pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores” (Rm 5.12, 19). Já consideramos na lição passada que o primeiro homem era a cabeça representativa de toda a humanidade; quando ele caiu, todos nós caímos com ele, ficando sujeitos ao mesmo juízo e condenação (vv. 16, 18). 
Por isso também a condição do primeiro homem é descrita como uma espécie de “herança natural”, ou a “imagem do velho homem”, pecador, corruptível e terreno, estampada em cada indivíduo da raça humana já na sua concepção (Gn 5.3; 1 Co 15.48; Jo 3.6; Sl 51.5). 3. Seu Propósito nos Desígnios de Deus. 
Muitos questionam a Deus por ter permitido o pecado do primeiro homem, ou por tratar a todos os seus descendentes de acordo com o pecado de um só. Ora, se Deus tem um propósito bom e sábio para todas as coisas, não seria diferente com relação ao pecado. Se Ele não o impediu, é porque isto contrariaria o lugar que Ele definiu para o pecado, no conjunto de todas as coisas cooperando para o bem dos Seus escolhidos (Rm 8.28); porque Ele não poderia manifestar a Sua misericórdia e poder para salvar, levando o Seu povo a um verdadeiro conhecimento do bem e do mal (Ef 2.5-7; Sl 50.15). E ainda porque Adão era a “figura daquele que havia de vir”, isto é, Cristo Jesus, constituído por Deus cabeça daqueles que se unem a Ele pela fé. De modo semelhante ao que nos sucede em Adão, agora, pela graça de Deus, somos feitos justos e herdeiros da vida eterna pela imputação também do ato de justiça realizado por um só, Cristo (Rm 5.14, 17-19). 

II – A NATUREZA DO PECADO 
1. Sua Propagação. 
Embora o pecado de Adão seja um ato único que afetou todos os seus descendentes, mesmo não tendo eles pecado à sua semelhança, todo e cada ser humano é propriamente chamado de pecador (Rm 3.10, 23; 5.12; 1 Jo 1.8). 
Consideremos que o pecado é muitas vezes chamado de transgressão, falta ou iniquidade, denotando assim uma contrariedade ou desacordo com a vontade revelada de Deus – isto é, com a Sua santa lei (1 Jo 3.4). 
Assim, não apenas Adão pecou contra o mandamento particular que havia recebido no paraíso, mas também os seus descendentes multiplicaram o mal sobre a terra de tal modo que Deus julgou aquele mundo, com as águas do dilúvio (Gn 6.5-7); depois, os israelitas pecaram contra os mandamentos da Lei revelada no Sinai, fazendo assim abundar a ofensa, e desonrando grandemente ao Senhor (Os 6.7; Rm 2.23-24); ao mesmo tempo em que os gentios, embora não tendo uma lei escrita, também pecaram contra o testemunho da criação e o padrão de justiça gravado em suas consciências (Rm 1.18-20; 2.14-15). 

2. Sua Fonte. 
Enquanto Adão experimentou o mal como algo vindo de fora, a experiência do homem atual com o pecado é bem diferente. É verdade que Satanás ainda atua como “tentador”, insinuando o mal e buscando ocasião para levar o homem a pecar (1 Pe 5.8-9; Ef 4.27; 6.11; Tg 4.7). 
Mas agora o pecado tem origem no coração humano, a partir de uma inclinação maligna por aquilo que não é lícito, que é chamada de concupiscência, ou paixão (Mt 15.18-20; Tg 1.13-15; Jr 17.9). Assim o homem é enganado por suas próprias paixões, sendo levado a conceber e, finalmente, consumar o ato pecaminoso. A palavra também menciona as “obras da carne”, “concupiscências e paixões carnais”, “inclinação da carne” e “vontade da carne”, não como se o corpo físico em si fosse mau, mas porque essa natureza pecaminosa se manifesta através dos membros do corpo, fazendo deles instrumentos para o pecado (Rm 6.13; 8.5-8; Gl 5.19-21). 

3. Seu Poder. 
O pecado exerce uma influência poderosa e irresistível sobre o homem natural, não regenerado e sem a graça de Deus, que sujeita a sua vontade como se ele estivesse sob um reinado ou escravidão (Rm 6.12, 16). 
Mesmo naquele que não deseja pecar, a carne ainda batalha ferozmente para não perder o seu domínio – daí a constante exortação das Escrituras à oração e vigilância, como meios de prevalecer sobre a carne, mortificando suas obras (Mt 26.41; Gl 5.16-17; Rm 7.15, 18-23; 8.13). De fato, somente a morte é capaz de desfazer de forma definitiva os grilhões do pecado sobre o homem, e foi precisamente por isto que Cristo morreu, para nos livrar, ou justificar, da influência devastadora do pecado (Rm 6.1-7, 10-11). 

III – OS EFEITOS NOCIVOS DO PECADO 
1. Culpa e Vergonha
O primeiro sintoma do pecado cometido por Adão e Eva foi o senso de culpa e indignidade, exteriorizado no corpo desnudo, que mal conseguiram encobrir, e que se agravou ainda mais quando confrontados pelo Deus que haviam ofendido (Gn 3.7-10). 
O homem carrega um peso de culpa que não é mero sentimento ou impressão subjetiva, mas uma acusação inequívoca na consciência, que não deixa escapar o menor desvio, a menor falsidade, a menor impureza de cada pensamento e ação (1 Jo 3.20; cf. Jo 8.7-9). 

2. Corrupção da Ordem Natural
O pecado provocou um abalo no relacionamento do homem com a Criação em todos os níveis, sujeitando-a à corrupção (Rm 8.20-22). O companheirismo e a benção da procriação foram afetados, respectivamente, por dominação do homem sobre a mulher e dor para esta última (Gn 3.16). 
A vida tornou-se dura e difícil, e o homem deve passar grande parte dos seus dias em trabalho e enfado, até descobrir que tudo passa (v. 17-19a; Ec 2.17, 22-23). 

3. Morte. 
Esta é a justa retribuição do pecado de Adão, a sentença da qual todos nós somos feitos participantes (Rm 5.12; 1 Co 15.22). Deus havia dito que, no dia em que pecasse, Adão certamente morreria, e esta expressão se entende por ter sido cortado imediatamente o seu acesso à árvore da vida (Gn 3.19, 22-24; cf. 5.5). 
Mas há outro aspecto em que todo o pecador sofre a morte em razão dos seus próprios pecados (Ez 18.4; Rm 6.23), e nesse caso se trata da manifestação do juízo de Deus, quando todos os ímpios serão banidos da Sua presença para o fogo eterno, onde serão completamente aniquilados – por isso é chamado de “segunda morte” (Ap 20.12-15; 21.8). 

CONCLUSÃO 
Graças ao que foi revelado nas Escrituras acerca desta doutrina é que podemos compreender qual era nossa triste condição sob o jugo opressor do pecado, e quão abundante foi a graça manifestada na cruz do Calvário para nos livrar das suas terríveis consequências.

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