LIÇÃO 10
CRISTO E A PROMESSA DO ESPÍRITO
TEXTO ÁUREO: “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.” (At 1.4-5)
LEITURA BÍBLICA: ATOS 2.14-21
INTRODUÇÃO Dentre as promessas feitas por nosso Senhor Jesus Cristo enquanto ministrou entre nós nos dias da Sua carne, muitas vêm se cumprindo na presente dispensação do evangelho da graça, enquanto outras se cumprirão por ocasião da Sua vinda gloriosa nas nuvens do céu. Mas é de especial interesse para a cristologia bíblica a promessa concernente ao Espírito Santo, porque o seu cumprimento, além de ter resultado nos privilégios e bênçãos espirituais abundantes de que a Igreja hoje desfruta, também se constitui na prova mais contundente de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus.
I – A PREVISÃO DO DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO No contexto da profecia bíblica, a concessão do Espírito Santo ao povo de Deus é uma promessa repetida diversas vezes em conexão com o estabelecimento do reinado do Messias. Embora desde a instituição do primeiro concerto fosse manifesto o propósito de Deus de habitar no meio do Seu povo, a rebeldia continuada de Israel limitou em grande medida que o Espírito Santo descansasse na congregação, sendo entristecido e contrariado pelos pecados e pela apostasia do povo (Ne 9.20, 30). Os profetas passam a anunciar, então, um novo concerto, sob o qual seria concedida, não uma nova lei, mas um novo espírito – um espírito de obediência voluntária ao Senhor Deus, pelo qual a palavra de Deus, antes observada a partir de tábuas de pedra, agora estaria gravada no coração de um remanescente fiel que, depois de castigado no cativeiro, seria trazido de volta à terra, arrependido dos seus pecados e verdadeiramente convertido ao Senhor Deus (Is 59.19-21; Ez 36.24-27). É verdade que o Espírito de Deus nunca abandonou o Seu povo, e que todos aqueles que alcançaram testemunho de que agradaram a Deus no passado só o fizeram porque movidos pelo Espírito Santo; mas poucos foram aqueles que o receberam uma medida do Espírito mais próxima àquela que o Senhor realmente desejava conceder a todo o povo (cf. Nm 11.29). Assim, a previsão das Escrituras era de que o Espírito de Deus seria concedido numa medida tão abundante e liberal que o comparava a águas derramadas para saciedade do sedento e para fazer nascer um bosque em terra seca. Tão abundante seria a graça e o entendimento ou visão das coisas de Deus concedida aos fiéis, que até os mais humildes ou menores dentre o povo, naqueles últimos dias, poderiam ser comparados aos que, no passado, eram chamados com exclusividade de profetas (Is 44.3-4; Jl 2.28-19). Que esta promessa deveria se cumprir com a vinda do Messias fica evidente quando consideramos o ministério de João Batista que, como arauto enviado diante do Senhor para preparar o Seu caminho, através do batismo de arrependimento preparou o povo para a chegada daquele que os batizaria com o Espírito Santo (Jo 1.31-33). O Messias esperado era aquele que havia sido ungido com a plenitude do Espírito de Deus para, operando com justiça e verdade, implantar o reino dos céus entre o povo de tal modo que todos participassem dessa plenitude (Is 11.1- 2; cf. Mt 12.28).
II – A PROMESSA CONFIRMADA POR CRISTO Confirmando as palavras dos profetas até João, o Senhor Jesus fortaleceu a esperança dos discípulos na promessa do Pai demonstrando, através dos muitos sinais e prodígios que operou pelo “dedo de Deus”, que Ele era aquele que havia sido ungido com a plenitude do Espírito, não apenas para curar os enfermos e socorrer os homens nas suas necessidades materiais, mas também para saciar suas próprias almas eternamente (Jo 4.13-14; 7.37-39). E, em vista da brevidade com que a promessa do Pai se cumpriria, pouco tempo após a glorificação de Cristo – isto é, após Sua crucificação, ressurreição e ascensão aos céus – o próprio Senhor tanto prefigurou o recebimento do Espírito por aqueles que creram como os exortou a aguardarem em Jerusalém, em oração e súplicas, até que a promessa se cumprisse de fato (Jo 20.21-23; At 1.4-8, 14). A necessidade de Cristo ser primeiro glorificado para que o Espírito Santo fosse derramado pode ser analisada sob diversas considerações bíblicas, dentre as quais destacamos a que consideramos a principal: o Espírito Santo, enquanto penhor da nossa eterna redenção, sendo derramado nos corações dos crentes para regenerá-los e purificá-los do pecado, só poderia ser concedido após Cristo de fato oferecer Sua vida em preço de redenção na cruz do Calvário (At 2.37-38; Ef 1.13-14). Em seguida, era necessário que, ressuscitado e triunfante sobre o pecado, Cristo subisse aos céus e ali, na presença do Pai, rogasse em nosso favor para que, pelo mérito do Seu sacrifício eficaz, o Espírito fosse concedido aos Seus para que estes, não mais podendo ser assistidos pela presença física do Salvador, pudessem contar com a Sua presença em espírito, como um outro Consolador (Jo 14.16-18; 16.7).
III – O CUMPRIMENTO DA PROMESSA Tendo ordenado aos discípulos que permanecessem em Jerusalém, o Senhor Jesus voltou para o Pai e, lá do alto, cerca de dez dias depois – que, somados aos quarenta dias entre Sua ressurreição e ascensão, totalizam cinquenta dias, completando-se o período para a celebração do Pentecostes – enviou o Espírito Santo sobre a igreja nascente, cumprindo assim a promessa do Pai. Os discípulos foram então batizados com o Espírito Santo, ou seja, completamente revestidos e cheios da virtude do Espírito. Este fenômeno constituía-se em algo novo e diferente de todas as manifestações anteriores do Espírito Santo nas gerações passadas do povo de Deus. Primeiro, porque não foi um, dois, ou um pequeno grupo, mas todos os presentes foram cheios do Espírito – aproximadamente cento e vinte discípulos. Segundo, a manifestação visava cumprir um sinal especialmente designado para confundir os incrédulos dentre os judeus, anunciando as grandezas de Deus em línguas de povos estranhos, que não conheciam ao Senhor. Terceiro, o cumprimento desta profecia entre os discípulos de Jesus, pouco depois da Sua morte, ressurreição e ascensão aos céus, era prova de que, aprovado por Deus, Ele havia sido constituído Senhor e Cristo. E, por último, a promessa havia se cumprido de tal forma que se podia concluir que Deus chamava a todos os homens para receberem o dom do Espírito, aos de longe e aos de perto, mediante o arrependimento e a fé em Jesus Cristo (At 2.1-4, 12, 14-18, 39).
CONCLUSÃO O dom do Espírito Santo é o bem mais precioso que a Igreja recebeu de Cristo Jesus, e que Ele mesmo conquistou entregando Sua própria vida na cruz. Tendo recebido e concedido este dom à Igreja primeiramente no dia de Pentecostes, Cristo assegura, pela Sua contínua intercessão junto ao Pai, que todos quantos forem chamados para a salvação possam também receber o Espírito Santo, na certeza de que nosso Pai celestial não o negará àqueles que o pedirem.