21 julho 2018

OO4-Repreensão à imoralidade - Coríntios Lição 04 [Pr Afonso Chaves] 17jul2018


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LIÇÃO 4: 
REPREENSÃO À IMORALIDADE 

TEXTO ÁUREO: “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.” (1 Co 5.7). 

LEITURA BÍBLICA: 1 CORÍNTIOS 5.1-8 

INTRODUÇÃO 
No capítulo a ser estudado nesta lição, consideraremos outro pecado dos coríntios com que Paulo teve de lidar: a vida imoral de um de seus membros, e a indiferença dos demais que, mais preocupados com os seus partidarismos e vanglórias, não percebiam a gravidade da situação. Para mostrar o grande mal que a igreja poderia sofrer com esse pecado, o apóstolo vai tratar o problema usando a mais severa forma de disciplina que a sua autoridade lhe permitia. 

I – A INDULGÊNCIA DOS CORÍNTIOS E O RIGOR DE PAULO (VV. 1-5) 
De acordo com o que havia chegado ao conhecimento de Paulo, na igreja em Corinto havia um caso notório de imoralidade, ou fornicação que, mesmo no ambiente depravado daquela cidade, seria censurado pelos gentios. Tratava-se de um escandaloso incesto. E o pior era que os coríntios, embora se vangloriassem na sua sabedoria e autossuficiência espiritual, não eram capazes de perceber a gravidade do caso, tampouco de se entristecer e expulsar esse iníquo da comunhão da igreja. Mas isto não impediu que Paulo tomasse a frente da situação – tal como convinha à sua autoridade apostólica – e fizesse aquilo que a igreja deveria ter feito: aplicar a disciplina da excomunhão, afastando o pecador da comunhão com os fiéis. Observemos, em primeiro lugar, que se trata de uma determinação do apóstolo, sem dúvida da mesma natureza que a repreensão de Pedro a Ananias e Safira (At 5.1-11), envolvendo um castigo físico: “seja entregue a Satanás para destruição da carne” (v. 5). Outros exemplos desse tipo extremo de disciplina foram aplicados pelo mesmo Paulo, como no caso de Himeneu e Alexandre (1 Tm 1.20), e de Alexandre, o latoeiro (2 Tm 4.14). Ao mesmo tempo, Paulo invoca a concordância da igreja na aplicação dessa repreensão, pois envolvia a excomunhão de alguém que eles consideravam irmão. A igreja precisava estar consciente da gravidade do pecado e da justiça da disciplina, para que assim a decisão apostólica expressasse um acordo entre os fiéis que tivesse respaldo no céu (Mt 18.15-18). Mas, independentemente da natureza da repreensão, o apóstolo Paulo tem em vista dois objetivos, que ainda devem ser considerados na aplicação da disciplina cristã: primeiro, a salvação da alma: “para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus”. Por mais severa que fosse a repreensão, devido à gravidade e escândalo do pecado, tal alma ainda poderia ser salva, arrependendo-se do seu pecado e voltando-se verdadeiramente para Cristo, em algum momento de sua vida. 

II – EXORTAÇÃO À PUREZA (VV. 6-8) 
O segundo objetivo de Paulo ao aplicar a disciplina ao que havia pecado é explicado nos versos em destaque: o mau exemplo de um certamente corromperia os demais. Ele usa de uma comparação, onde o pecado de um só é como fermento que contamina toda a massa dos fiéis, pois no corpo da igreja uns aos outros se influenciam, seja para bem, ou, neste caso, para mal. E, seguindo a mesma ilustração, ele exorta os coríntios à pureza, através da remoção daquilo que os contaminava. A ordem é: “Alimpai-vos do fermento velho” (v. 7). Isto se refere tanto ao pecador, ao “iníquo” (v. 13), como também ao pecado que ronda a vida, o coração de cada crente, particularmente a “maldade e a malícia” (v. 8), contra as quais devemos estar sempre vigilantes, mortificando essas paixões e cultivando a “sinceridade e verdade”. Nesse proceder de santificação, nos mantemos puros como pães ázimos – como uma massa sem fermento. Neste ponto, o apóstolo traz para dentro da comparação a simbologia da festa da Páscoa e dos Ázimos, onde ele indica a razão pela qual devemos cultivar a pureza tal como a remoção de todo o fermento da massa. Assim como após a tarde da Páscoa, em que o cordeiro era imolado, seguiam-se sete dias de festa em que os israelitas deviam comer pães ázimos; do mesmo modo Cristo, o cordeiro de Deus, morreu por nós, para nos remir e nos salvar dos nossos pecados. Temos motivo, portanto, para festejar nossa salvação, não mais vivendo no pecado, mas numa vida de santificação, justiça e verdade, nos moldes da Palavra de Deus, que é o instrumento de Deus para a nossa santificação. 


III – A SANTIDADE DA COMUNHÃO DOS CRENTES (VV. 9-13) 
Paulo orienta agora como deviam proceder os coríntios, a partir da exortação feita nos versos anteriores. Se a presença de um iníquo entre os fiéis põe em risco a pureza de toda a igreja, logo, o tal deve ser evitado: “não vos associeis”, ou seja, não tenham qualquer relacionamento que teriam com um irmão em Cristo, nem qualquer contato que faça parecer indiferença ou aprovação de suas práticas pecaminosas. “Com o tal nem ainda comais” (v. 11). Mesmo João, com toda a sua terna expressão sobre o amor de Deus, não é menos rigoroso nesta questão: “Não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras” (2 Jo 10-11). Somente com esta atitude radical a igreja pode evitar o contágio do pecado e a corrupção dos bons costumes. Consideremos também que a separação não é apenas necessária em casos extremos como este – em que alguém, dizendo-se irmão, trazia grande escândalo e vergonha à igreja com suas práticas imorais. Mas mesmo quando se deve aplicar a disciplina a pecados menos escandalosos, a separação é importante para levar os crentes sob correção ao arrependimento e à valorização da comunhão da igreja (2 Ts 3.14-15). Lembremos que estar fora da comunhão é ser “entregue a Satanás” – o mundo é o domínio do diabo, onde Deus não aplica sua boa e paternal disciplina, mas permite que os homens sejam entregues à “destruição da carne”, e colham as mazelas das suas paixões pecaminosas. O apóstolo ainda considera que a separação cristã não equivale a cortar todo tipo de relacionamento com aqueles que não sejam fiéis. Seria impossível viver no mundo onde, desde os nossos familiares até todas as esferas da vida social comum (vizinhança, escola, comércio, trabalho, etc.), temos de lidar com pessoas que não confessam a fé em Cristo. O que nos aproxima dessas pessoas são os dias comuns e a vida natural nesses aspectos seculares ou mundanos. Mas o problema está em comungar com a suposta fé de alguém cuja conduta depõe contra essa fé. 

CONCLUSÃO 
Aqueles dentre nós que sejam surpreendidos em pecado devem ser repreendidos, e não tratados com indiferença, como se o pecado fosse compatível com sua confissão de fé. O cristão não pode participar de tamanha hipocrisia. A disciplina precisa ser aplicada, quando necessária. Mas não nos esqueçamos de que o propósito de toda a correção é salvar, e não destruir, e que mesmo a separação do pecador visa um dia trazê-lo de volta à comunhão, em condições de contribuir para a santificação da igreja e para a glória de Deus.

PARA USO DO PROFESSOR

AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.


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11 julho 2018

003-A Fidelidade dos Ministros do Evangelho - Coríntios Lição 03 [Pr Afonso Chaves]10jul2018


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LIÇÃO 3
A FIDELIDADE DOS MINISTROS DO EVANGELHO 

TEXTO ÁUREO
“Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus” (1 Co 4.1). 

LEITURA BÍBLICA: 1 CORÍNTIOS 3.1-9 

INTRODUÇÃO 
Chegamos ao ponto da epístola em que o apóstolo conclui sua consideração a respeito do problema das dissensões na igreja de Corinto. Seu argumento final se baseia nas verdadeiras características do ministério cristão, sua instrumentalidade e responsabilidade para com Deus, seu serviço à igreja de Cristo e o mérito e a glória exclusiva de Deus, que opera de forma eficaz através dos Seus obreiros. Esta exposição acaba tornando-se uma defesa do próprio ministério de Paulo, na qual ele lembra aos coríntios a sua devoção a Cristo e seu empenho pela pregação do Evangelho. 

I – A CARNALIDADE DOS CORÍNTIOS (3.1-9) 
A princípio, quando receberam a palavra da cruz, os coríntios foram tratados por Paulo como crianças, pois só eram capazes de assimilar os elementos mais simples da sabedoria divina. Agora, pelo tempo em que esta epístola foi escrita, tendo sido enriquecidos por Deus “em toda a palavra e em todo o conhecimento” (1.5), era de se esperar que pudessem ser tratados como homens espirituais. O quanto estava no apóstolo, ele não apenas fora capacitado por Deus a instrui-los nas coisas espirituais (2.16), como desejava muito faze-lo. 
Contudo, ainda não podia. Como falar de coisas mais elevadas àqueles que ainda não eram capazes de compreender as práticas mais fundamentais da vida cristã? 
Os coríntios ainda eram carnais, andavam “segundo os homens” (v. 3) – homens naturais aos quais não havia sido revelada a sabedoria divina. 
Ao invés de se gloriarem em Jesus Cristo, “e este crucificado”, eles se importavam mais com as aparências e diferenças dos seus pregadores. 
Esse sentimento faccioso e contencioso é aquela sabedoria dos “príncipes deste mundo, que se aniquilam” (2.6), que Paulo afirmou não ter nada de divina. Notemos que esses irmãos haviam recebido sim o Espírito de Deus (2.12), e o apóstolo nunca põe em dúvida a fé deles. 
Mas a sua conduta, na ocasião, não condizia com o seu chamado, constituindo-se uma negligência ou falta de correspondência aos dons da graça de Deus que haviam recebido. Se não fossem corrigidos, ficariam impossibilitados de fazer maiores progressos na carreira cristã (cf. Hb 5.12-14). 
Para desfazer toda a pretensão que se pudesse alegar em nome dos pregadores do Evangelho, Paulo lembra os coríntios de que ele, assim como os demais, eram todos servidores (este é o sentido da palavra “ministro”), e que não havia motivo para se gloriar neles, e sim em Deus, que os constituiu como tais e os capacitou para serem instrumentos da fé dos coríntios (v. 5). 
Comparando a obra do Senhor a uma lavoura, ele reconhece que a cada um cabe uma tarefa no cuidado da igreja: “eu plantei, Apolo regou” (v. 6); mas ao mesmo tempo confessa que todo o esforço dos trabalhadores seria inútil, não fosse o crescimento da lavoura, que vem de Deus (v. 7). Ademais, todos cooperam em uma mesma obra, visando um mesmo fim e a serviço de um mesmo Senhor, por isso ele diz: “todos são um” (v. 8), e por isso também todos esperavam receber sua recompensa e reconhecimento não da parte dos homens, mas sim de Deus, de quem são “cooperadores”. 

II – O FUNDAMENTO DA IGREJA E SEUS EDIFICADORES (3.10-23) 
O apóstolo se apresenta como “sábio arquiteto” (v. 10), aprovado na obra exclusiva que lhe coube em relação aos coríntios – lançar o fundamento desta igreja. Isto ele fez anunciando-lhes a Jesus Cristo, na simplicidade e poder do evangelho. 
Esta obra ninguém jamais poderia repetir – nem Apolo, nem outros pregadores que havia entre eles: “ninguém pode por outro fundamento além do que já está posto” (v. 11). Tudo o que poderiam fazer agora era desenvolver seu trabalho a partir do que Paulo já havia estabelecido naquela igreja: “veja cada um como edifica sobre ele” (v. 10). 
Mas, mesmo assim, era possível que, sobre este glorioso e firme fundamento, eles desenvolvessem tanto uma doutrina e prática coerentes com a sabedoria divina revelada em Cristo, à semelhança de um edifício de “ouro, prata e pedras preciosas”; como também poderiam inventar doutrinas e práticas humanas, levantando um edifício de “madeira, feno e palha” – indigno da glória do fundamento.
Quando Cristo vier, e trouxer todas as coisas à luz, o fogo do juízo de Deus revelará o valor dessas construções (v. 13): se for digna, o que a edificou “receberá galardão” (v. 14); se indigna, sua obra se revelará inútil e vã (v. 15). 
Como exemplo disto vemos, ao longo da história da Igreja, líderes que, por um lado, foram muito sábios e piedosos, mas em certos aspectos se afastaram da simplicidade e pureza da palavra, pregando e ensinando coisas que não passavam de doutrinas e preceitos de homens. Tendo falado da responsabilidade dos edificadores da igreja, o apóstolo completa a comparação destacando que a igreja é o próprio edifício de Deus, o “templo de Deus”, no qual habita o Espírito Santo (v. 16). Portanto, pretender sabedoria e capacidade humana para realizar essa nobre e grave tarefa seria “enganar-se a si mesmo” (v. 18), e correr o risco de, ao invés de edificar a igreja de Deus, destruí-la – o que levaria um pregador ou obreiro presunçoso a sofrer uma severa repreensão da parte de Deus (v. 17). 
Enfim, os ministros do Evangelho são homens, e os coríntios não deveriam considerar serem deste ou daquele, mas, pelo contrário, que todos estes pertencem a eles, pois são cooperadores de Deus em benefício da igreja, servindo-a com os seus talentos, assim como tudo o mais nesta vida atende ao bom propósito de Deus para o Seu povo: “seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro” (v. 22). 

III – MINISTROS APROVADOS POR DEUS (4.1-16) 
Tendo encerrado o seu argumento principal contra as dissensões que havia em Corinto, o apóstolo Paulo continua ainda a tratar da consideração que se devia dar aos ministros do Evangelho e, particularmente, ao seu ministério entre eles. 
De forma geral, os obreiros são “despenseiros dos mistérios de Deus”, na administração da palavra em toda a ciência e sabedoria divinas; e de um despenseiro espera-se apenas que seja fiel em repartir com os seus conservos e irmãos esse depósito que lhe foi confiado. 
Mas, em particular no caso de Paulo, ele não se considerava dependente da aprovação de qualquer homem – nem dos coríntios, nem dele mesmo – quanto ao seu ministério, pois, como ele mesmo havia dito, é Deus quem recompensará os seus cooperadores, e o fogo provará a obra de cada um: “pois quem me julga é o Senhor” (v. 4). 
Essa também era uma forma de calar as razões daqueles que se agrupavam sob o nome do apóstolo, ou se colocavam contra ele, diminuindo o mérito da sua obra entre eles. Se havia diferenças entre este e aquele obreiro, 
Paulo lembra que todos haviam recebido seus dons particulares de Deus, não tendo de que se gloriar ou ensoberbecer: “que tens tu que não tenhas recebido?” (v. 7). E então os repreende pela sua soberba, comparando a condição de autossuficiência em que se encontravam com a de sofrimentos, reveses e aflições por que passavam os apóstolos por amor a Cristo: “Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós vis” (v. 10). 
Para finalizar, notemos ainda que esta repreensão tinha o propósito de levar os coríntios a considerarem devidamente o papel representado por Paulo no estabelecimento desta igreja, no seu trabalho único como pai da sua fé, e, por isso, como um ministro que deveria ser tido em alta estima e como modelo a ser imitado, como um pai e tutor: “Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores” (v. 16). 

CONCLUSÃO 
A exemplo de Paulo, todo aquele que é chamado por Deus para o ministério da palavra tem uma grande responsabilidade para com a Igreja, e deve cuidar para que sua obra seja realizada com fidelidade. 
E a igreja, por sua vez, ao invés de aderir a qualquer espécie de facção, opondo-se ou favorecendo a este ou aquele obreiro, deve considera-los como seus servidores, cooperando todos, com os seus dons e talentos particulares, para o benefício espiritual da “lavoura de Deus”. 

PARA USO DO PROFESSOR:
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Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.


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05 julho 2018

002-A Natureza do Evangelho de Cristo - Coríntios Lição 02 [Pr Afonso Chaves]03jul2018



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LIÇÃO 2: 
A NATUREZA DO EVANGELHO DE CRISTO 

TEXTO ÁUREO: “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam” (1 Co 2.9).

LEITURA BÍBLICA: 1 CORÍNTIOS 2.1-13 

INTRODUÇÃO
A fim de tratar o problema das dissensões na igreja de Corinto, o apóstolo Paulo começou por lembra-los de que o evangelho pregado por ele falava da cruz de Cristo. E nisto não havia motivo para vanglória carnal, nem para o sentimento faccioso nutrido pelos coríntios. Se queriam se gloriar, que se gloriassem no Senhor Jesus. Em confirmação ao seu argumento, o apóstolo considera, no presente texto, as características peculiares do evangelho de Cristo e do seu anúncio entre os homens.

I – A SIMPLICIDADE E O PODER DO EVANGELHO (VV. 1-5)
Nestes versos Paulo descreve a simplicidade e aparente fraqueza do evangelho. Sua mensagem aos coríntios se resumia em “Jesus Cristo, e este crucificado” (v. 2). Nada de palavras sonoras e agradáveis, nada de argumentos e razões humanamente plausíveis e convincentes, nada de ideias intricadas e mirabolantes. Tudo o que o apóstolo tinha a dizer era que Deus enviou a Jesus Cristo para morrer na cruz pelos nossos pecados, e todo aquele que n’Ele crer será salvo da condenação. Acrescentese a isto que a própria condição do apóstolo, enquanto esteve entre os coríntios, foi “em fraqueza, e em temor, e em grande tremor” (v. 3). Não sabemos as circunstâncias exatas que o colocaram nessa condição, mas podemos considerar muito oportuna a aparição do Senhor para animá-lo (At 18.9-10). Contudo, Paulo tinha um propósito ao anunciar o evangelho na sua simplicidade e aparente fraqueza. Ele não queria que a palavra da cruz fosse confundida com qualquer forma de sabedoria humana, nem que os seus ouvintes fossem convencidos ou atraídos pelos encantos da inteligência filosófica ou da capacidade retórica, que tanto agradavam aos coríntios. Se fossem persuadidos pela “sabedoria humana” (v. 4), por uma mensagem apoiada em argumentos e razões “aceitáveis”, “embelezada” por linguagem refinada, a cruz de Cristo perderia sua razão de ser, tornando-se inútil, e a fé deles, vã (1.17). Por outro lado, o apóstolo contava com um poderoso e suficiente argumento para o seu ministério; sua palavra e pregação consistiam em “demonstração de Espírito e de poder” (v. 4). Não apenas os milagres que acompanhavam o seu ministério – que certamente também não faltaram em Corinto – comprovavam a origem divina do Evangelho. Se os coríntios, contra toda a aversão gerada pelo “escândalo”, “loucura” e “fraqueza” da cruz (1.23, 25), haviam simplesmente crido, Paulo afirma que essa fé não estava apoiada em nada mais do que no “poder de Deus” (v. 5) – que era o que o apóstolo almejava. Só podia crer na cruz de Cristo aquele que fosse convencido da sua eficácia divina para salvar os homens dos seus pecados (1.18). E, conforme ele ainda explicará, isto é obra de Deus.

II – A SABEDORIA DIVINA DO EVANGELHO (VV. 6-9)
Apesar de todas as aparências em contrário, o evangelho é uma perfeita expressão da verdadeira sabedoria – a sabedoria de Deus. É claro que somente os que creem, os “perfeitos” (v. 6), são capazes de perceber a maravilha e grandiosidade do que Deus realizou na cruz do Calvário. Nela foi desvendado o Seu eterno propósito, antes “oculto em mistério” (v. 7), de salvar os homens dos seus pecados através do sacrifício de Jesus, e assim prover tudo o que era necessário para nossa redenção, “para nossa glória”. Mas permanece o fato de que esta sublime sabedoria nada tem a ver com aquilo que o mundo reputa como sabedoria. As realizações do gênio e talento humanos, mesmo entre os mais sábios e poderosos – os “príncipes deste mundo” – nada têm produzido além de orgulho, vanglória, guerras e destruição. Além disso, aquilo que os homens reputam como sabedoria jamais os levou ao conhecimento do Deus verdadeiro, antes os tem levado a negligenciarem o testemunho da criação e da consciência (cf. Rm 1.21-23). E, mesmo quando a sabedoria divina se manifestou na sua plenitude em Cristo Jesus, os líderes deste mundo unanimemente O rejeitaram, crucificando “o Senhor da glória” (v. 8). O próprio fato de que entre os crentes de Corinto não havia muitos grandes e importantes segundo o mundo já havia sido citado como confirmação deste fato (1.26). Paulo ainda afirma que tudo isto aconteceu em cumprimento ao propósito de Deus, “como está escrito” (v. 9). Para que ninguém se gloriasse contra Ele, apoiando-se em sua própria sabedoria, em seus próprios conhecimentos e capacidades, aprouve ao Senhor realizar a Sua grande obra de um modo completamente diferente daquilo que os homens poderiam esperar ou desejar. Ele escolheu um caminho em que as coisas seriam julgadas “loucas”, “fracas”, “vis”, “desprezíveis” e como que “não são” (1.27-29). A cruz e todo o benefício que Deus fez se originar a partir dela é aquilo “que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiu ao coração do homem”, e que Ele preparou para os Seus.

III – A ESPIRITUALIDADE DO EVANGELHO (VV. 10-16)
Chegamos então ao ponto em que Paulo explica como alguém chega ao conhecimento de que a cruz de Cristo é o poder de Deus para salvação. Embora estas coisas pertençam à sabedoria de Deus, à Sua mente e vontade insondáveis, “Deus no-las revelou pelo seu Espírito” (v. 10). Ou seja, esse conhecimento precisa ser revelado aos homens pelo Espírito de Deus. Assim como somente o homem no mais íntimo e oculto do seu ser – em seus pensamentos, intenções e vontades – conhece a si mesmo; do mesmo modo somente o Espírito Santo conhece a mente e a vontade de Deus. Ora, se recebemos “o Espírito que provém de Deus” (v. 12), logo, é porque Ele quis nos comunicar os Seus pensamentos, intenções e vontades quanto “ao que nos é dado gratuitamente” (v. 13) na cruz. A seguir, o apóstolo esclarece que as coisas da sabedoria divina foram reveladas aos crentes pelo Espírito, mas que elas precisam ser comunicadas em uma linguagem correspondente, espiritual, sem adornos ou disfarces da sabedoria humana. A palavra da cruz não pode ser entendida nem explicada melhor do que pelo evangelho, no qual as coisas espirituais são comparadas às espirituais (v. 13). Por esta razão ele exorta Timóteo, em outro lugar, a conservar o “modelo das sãs palavras” que dele havia ouvido, guardando o “bom depósito do Espírito Santo” (2 Tm 1.13-14). Esta passagem se encerra com uma consideração sofre a diferença entre o homem espiritual (o crente) e o homem natural (o incrédulo). O homem espiritual discerne bem tudo – tanto as coisas naturais como as espirituais – porque tem o Espírito de Deus; ao passo que o natural não entende as coisas espirituais, nem discerne os que são espirituais. Quem pode instruir os espirituais? Os filósofos, os retóricos, os sábios segundo o mundo? Somente aqueles que têm a mente de Cristo – como o apóstolo e os demais ministros do evangelho: “Mas nós temos a mente de Cristo” (v. 16). Esta declaração levará ao assunto do capítulo seguinte, que estudaremos na próxima lição, onde veremos que os obreiros de Cristo foram espiritualmente capacitados por Deus para servirem em benefício da igreja.

CONCLUSÃO O evangelho, a palavra da cruz, é uma mensagem simples e poderosa, completamente eficaz para salvar a todos os que crerem. Não precisa dos artifícios da oratória e inteligência humanas para auxiliá-lo nesta obra. O poder de Deus se manifesta precisamente quando a sabedoria dos homens é posta de lado, e a cruz de Cristo recebe toda a centralidade na pregação, seja para confusão de alguns, levando-os à incredulidade; seja para conversão e fé de outros, levando-os a se gloriarem na sabedoria de Deus revelada em Cristo Jesus.

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Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.


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