25 fevereiro 2021

009-Repreensões à maledicência e à presunção - Tiago Lição 09[Pr Afonso Chaves]23fev2021

 

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 LIÇÃO 9 

REPREENSÕES À MALEDICÊNCIA E À PRESUNÇÃO 

TEXTO ÁUREO: “Aquele pois que sabe fazer o bem e não o faz comete pecado.” (Tg 4.17). 

LEITURA BÍBLICA: TIAGO 4.11-17 

INTRODUÇÃO Na lição de hoje continuamos a considerar os pecados de que Tiago trata no capítulo 4 da sua epístola. São pecados que poderiam muito bem ser enquadrados ainda sob o título “repreensões à soberba da vida”, pois derivam de um coração envaidecido pela aparência desta vida e pela opinião equivocada de que, simplesmente por confessar o nome de cristão, poderiam violar os princípios mais básicos da lei divina ou se arvorar como mestres e senhores de seus irmãos. Para repreender esses equívocos, o apóstolo usará de palavras breves, mas contundentes e de aplicação bastante prática. 

I – A GRAVIDADE DO PECADO DE MALEDICÊNCIA (V. 11-12) Tiago retorna aqui ao tema do capítulo anterior para condenar outros pecados da língua dos quais aqueles que professam a fé em Cristo não estão isentos, antes sendo muito comuns no meio da comunidade dos crentes. Basicamente, maledicência é o ato de falar mal do próximo, seja imputando-se a ele falsas acusações ou inverdades sobre o seu caráter e conduta, seja ampliando a gravidade de suas faltas, ou até mesmo depreciando o seu caráter e suas qualidades. Independente da forma como ocorre, esse pecado oculta uma intenção diabólica de fazer o mal e causar ruína ao próximo – o que se compara ao desejo do homicida e, portanto, é severamente condenado (cf. Lv 19.16; Sl 64.1-6; 1 Jo 3.15). Não bastasse a intenção odiosa contra o irmão, que já torna esse pecado muito grave aos olhos de Deus (cf. Pv 6.19), a maledicência implica num desprezo à lei divina, como se esta não fosse suficientemente clara e acessível a todos os homens – seja na sua forma escrita, seja tal como inscrita por Deus nas consciências e na estrutura da própria criação – para lhes testificar o que é certo e errado, e incutir o senso de que todos hão de prestar contas dos seus atos (cf. Rm 1.18-21; 2.12-16). O maledicente se posta numa posição de juiz, como se suas palavras fossem realmente necessárias para se estabelecer um juízo sobre o próximo; mas Tiago bem lembra aqui que a sua verdadeira posição é de observador e, como tal, haverá de ser julgado também – e sua atitude não o isentará de comparecer perante o único e verdadeiro juiz, tampouco aliviará a culpa dos seus próprios pecados (cf. Rm 2.1-6). 

II – A INCERTEZA DA VIDA E A SOBERANIA DE DEUS (VV. 13-15) O escritor passa do assunto anterior a uma atitude que, como já notamos na introdução, não deixa de refletir o mesmo sentimento que sutilmente brota em muitos corações, e se revela tanto na conversação como nas atitudes. “Eia, agora, vós”, é como se ele contemplasse a multidão dos fiéis e, tal como um pastor que discerne a necessidade real das ovelhas, se dirigisse a cada grupo com as palavras adequadas à sua situação. Mas ele não está repreendendo esses irmãos pelas suas atividades econômicas, e nem mesmo pelo planejamento prévio dessas atividades, sendo necessário para um mínimo de organização em nossos afazeres; o apóstolo vê algo mais profundo nas palavras: “Hoje ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos”, que muitos negligenciam. É prudente fazer planos, mas, “calcular o custo” dos empreendimentos materiais assim como Jesus nos ensinou a fazer com os espirituais. Mas, enquanto no que diz respeito às coisas eternas podemos contar com absoluta segurança (cf. 1 Co 15.55-58), nas coisas materiais, é muito fácil esquecermos de que a vida “é um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece”, e tendemos a tratar essas coisas não apenas como certas, mas como prioritárias – o que pode nos causar grande frustração quando confrontados com circunstâncias que mostrem a vaidade dessas coisas (1 Tm 6.17; Lc 12.18-21; 1 Pe 1.24). Por outro lado, há que se considerar o controle absoluto de Deus sobre todas as coisas – não somente as eternas e verdadeiras, mas também as transitórias e ilusórias. Afinal, se nosso Pai celestial nos proveu das coisas mais excelentes e inalcançáveis por nossos próprios esforços, por que Ele também não poderia, ou desejaria prover as coisas inferiores? A frase: “Se o Senhor quiser”, ou como geralmente se diz: “Se Deus quiser”, encerra essa verdade básica da fé cristã – o controle soberano e a providência bondosa de Deus para com todos os homens, inclusive os maus, mas especialmente para com os Seus filhos, provendo a cada dia o remédio para os males dessa existência corrompida pela Queda (cf. Mt 6.25-34). E a consciência desse fato de modo algum abalaria nossa constante necessidade de nos planejar e nos precaver para o amanhã; antes, removeria a inquietação que aflige o mundo, dando-nos a certeza de que, melhor do que nossos planos falhos e tão facilmente frustrados pelas circunstâncias da vida, o propósito de Deus para conosco é benigno e maravilhoso, e sempre prevalecerá. 

III – A GRAVIDADE DO PECADO DA PRESUNÇÃO (VV. 16-17) A presunção é uma fraqueza que permeia o comportamento humano – atitudes, palavras, pensamentos, o caráter mais íntimo e todos os relacionamentos de um indivíduo podem ser influenciados pelo que ele pensa ser ou possuir além do que realmente é ou possui. Essa “autoimpressão” alimenta a vanglória, como Tiago aponta aqui, e não a humildade, que ao longo das Escrituras encontramos ser a atitude daquele que verdadeiramente conhece o seu lugar vulnerável no mundo (cf. Sl 90.10-12; 144.3-4). É, portanto, uma alegria e contentamento maligno o que os homens – inclusive crentes – sentem ao vislumbrarem o amanhã sob a ótica dos seus próprios planos realizados, descansados sobre os seus próprios esforços; e não sobre a certeza e na esperança da provisão divina. A expressão final do apóstolo geralmente é tomada no sentido geral de que qualquer bem conhecido, mas omitido, é pecado – como se a sua omissão por ignorância não o fosse. Mas notemos que aqui ele está repreendendo a muitos que pecavam em flagrante contradição com princípios elementares da verdade divina; não era necessário nenhum esforço para se deduzir, por exemplo, que a partir da soberania e providência de Deus deveríamos evitar toda presunção sobre o dia de amanhã. O conhecimento da verdade não nos isenta do pecado, mas, pelo contrário, agrava ainda mais nossa situação e o quanto deveremos prestar contas diante de Deus naquele dia (cf. Lc 12.47-48). 

CONCLUSÃO Apesar de terem se tornado hábitos incorporados no comportamento daqueles que não conhecem a Deus, estejamos atentos para não nos conformarmos a esses pecados, pois ofendem a Deus e são um sinal alarmante de uma fé esvaziada da graça e de uma aparência de piedade inútil hoje e prejudicial para nossa eternidade.

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18 fevereiro 2021

008-Repreensão à Soberba da Vida - Tiago Lição 08[Pr Afonso Chaves]16fev2021

 
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LIÇÃO 8 

REPREENSÃO À SOBERBA DA VIDA 

TEXTO ÁUREO: “Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.” (Tg 4.10). 

LEITURA BÍBLICA: TIAGO 4.1-10 

INTRODUÇÃO Neste capítulo Tiago lida com diversos vícios da natureza humana contra os quais devemos estar sempre atentos e que, se descuidados, podem corromper a pureza da fé, induzir ao autoengano e assim gerar grande frustração para o crente. Na lição de hoje, meditaremos sobre o aspecto da concupiscência, ou cobiça, que há no mundo e que muitos têm abrigado e alimentado em seus corações, esquecendo-se de que o amor do Pai não só é incompatível, mas é muito mais precioso do que qualquer senso de autorrealização mundana. 

I – A ORIGEM DE TODAS AS DISCÓRDIAS (V. 1-3) Apesar de já vir tratando de diferentes desvios da fé e da piedade que encontrava nas comunidades dos fiéis, o escritor inspirado desce aqui a um nível mais profundo para identificar a fonte da corrupção humana, que muitas vezes se manifesta com força assustadora mesmo onde a graça de Deus já tem operado e dado sinais de sua presença. A origem primeira de todas as discórdias que há entre os homens, seja de uns com os outros, deles contra Deus e de cada um consigo mesmo está nas concupiscências do coração, como ele já havia apontado no início da epístola – ou, nas palavras aqui usadas, nos deleites que guerreiam através dos membros do corpo. Por trás desta repreensão há uma profunda teologia que nos faz recordar as lições inspiradas do apóstolo Paulo: a natureza ou o coração do homem, corrompido e dominado pelo pecado, não pode desejar outra coisa senão aquilo que é contrário à vontade de Deus, de tal modo a se sentir satisfeito apenas quando prevalece sobre o indivíduo e sobre qualquer vontade em contrário. Contudo, para alcançar sua realização, a “vontade da carne” despreza e cega o homem para o fato de que ela o põe em conflito e inquietação com tudo e com todos (cf. Rm 8.7- 8; Gl 5.16-17; Ef 2.3; Tg 1.14). O objetivo de Tiago é desiludir aqueles que se deixaram engodar pelos seus próprios corações, mostrando que todos os seus esforços têm sido vãos porque são ilícitos tanto nas coisas que almejam como na forma como as almejam: “cobiçais”, “sois invejosos e cobiçosos”, ou seja, não queriam algo por necessidade, nem visando o benefício do próximo, muito menos a maior glória de Deus; mas porque não se conformavam que o próximo tivesse e eles não, ou ainda por aquilo que João descreve como a “cobiça dos olhos” e a “cobiça da carne” – o desejo de ter o que o mundo valoriza, que é a aparência e aquilo que lhe dá o senso de realização à parte de Deus (cf. 1 Jo 2.15-17). É verdade que Deus está pronto a dar aquilo que seus filhos Lhe pedirem; e muitos têm encontrado frustração na sua busca ansiosa pelo que desejam porque, em primeiro lugar, não pedem a Ele; mas, por outro lado, quando o fazem, pedem mal, para gastar em seus próprios deleites – pedem não como filhos de um Pai bom, santo, justo e amoroso, que deseja lhes dar coisas verdadeiramente preciosas e úteis, que deseja lhes dar a sua própria glória; mas pedem como aqueles que não têm nenhuma gratidão e correspondência de amor para com o Pai, visando apenas usufruir da Sua bondade (cf. Mt 7.7-11; Jo 14.14; 16.24; 1 Jo 5.14-15).

 II – A INIMIZADE CONTRA DEUS (VV. 4-6) Embora alguns possam diminuir a gravidade dessa situação atualmente vivenciada por muitos crentes, como se fosse apenas uma batalha pessoal contra os próprios desejos internos, relativizando assim a ofensa causada a Deus, o apóstolo é taxativo ao formular a acusação: “Adúlteros e adúlteras”. É uma expressão figurada, sem dúvida, mas representa a seriedade do nosso compromisso e relacionamento com Deus, um relacionamento de comunhão e amor exclusivos, tal como celebrado no casamento. Quando fomentamos as concupiscências de que Tiago fala, na busca da autorrealização, da satisfação dos olhos e da carne, em soberba e rebeldia contra a vontade de Deus, é como se estivéssemos “flertando” com o mundo, fazendo dele nosso ídolo, e assim traindo nosso verdadeiro Senhor. Não há meio termo; ou amamos sinceramente a Deus e somos inimigos do que há no mundo, ou amamos o mundo e nos fazemos inimigos de Deus; ou perdemos essa vida, ou perdemos nossa alma (1 Jo 5.19; Jo 15.18-19; Mt 6.24; 16.24-26). Tiago cita a Escritura para lembrar o caráter do cuidado de Deus pelo Seu povo: “O Espírito que em nós habita tem ciúmes”, ou zelo, que é provocado pelos ídolos que muitas vezes o povo eleito levanta para si (cf. Ex 34.14; Ez 8.3-5); mas, ao contrário de um marido ofendido que não se possa apaziguar, Deus está sempre disposto e inclinado a demonstrar misericórdia e receber de volta aqueles que se arrependerem de suas infidelidades – e deveríamos nos valer desse valioso recurso da graça divina tão logo percebamos o primeiro sinal de prevaricação de nossa parte (cf. Jr 3.1; 4.1). 

III – O CAMINHO DE DEUS (VV. 7-10) Não há desculpas para os laços firmados por crentes com o mundo e suas vaidades; toda atitude induzida pela cobiça e inveja, ou por alguma forma de amor pelo pecado, não é outra coisa senão soberba e resistência à vontade de Deus. E, se essa é a marca dos homens privados da graça de Deus, entre os quais também dantes nos encontrávamos, torna-se algo particularmente vergonhoso para aqueles que professam ser filhos de Deus e discípulos de Jesus Cristo; além de ser um sinal de que Satanás, o único interessado em que permaneçamos nessa situação, está prevalecendo e encontrando meios de nos remover do favor de Deus (cf. 1 Pe 5.8-9). Contudo, não precisa ser assim; é possível resistir às forças diabólicas que maquinam constantemente nossa ruína, e os meios estão ao nosso alcance. O caminho de Deus para alcançar graça e voltar a ter paz, tanto com o Altíssimo como com o próximo e consigo mesmo, passa pelo arrependimento e a reflexão sobre os erros cometidos. Chegar-se a Deus pressupõe o abandono da soberba, que enche o coração de autossuficiência, e o reconhecimento e o abandono do pecado e a sincera disposição de ser fiel (v. 8; Mt 3.8; Lm 3.29-32); e a consciência do quanto o Senhor foi agravado e de uma sincera expressão de arrependimento: “Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai” (cf. Jl 2.12-24). Notemos, por fim, que tudo isso faz parte de uma atitude de humilhação perante o Senhor, não perante os homens, que muitas vezes pode ser prejudicada pelo desejo de aparentar o que não corresponde ao coração. Mas, sejam quais forem os atos de renúncia necessários, sejam quais forem as expressões exteriores a que sejamos impulsionados, desde que tudo brote de um coração sincero e disposto, é certo que Deus não rejeitará, e a exaltação do crente, com perdão, paz e entendimento renovado para as coisas celestiais, se seguirá (Sl 51.17). 

CONCLUSÃO Que possamos valorizar mais nosso relacionamento com Deus, pois nada nos faltará enquanto formos fiéis a Ele; mas, se em algum momento falharmos, enganados pela concupiscência e soberba que há no mundo, não nos esqueçamos da Sua grande misericórdia e graça e humilhemo-nos debaixo de Sua potente mão, que Ele nos certamente nos exaltará.

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11 fevereiro 2021

007-Os Sinais da Verdadeira Sabedoria - Tiago Lição 07[Pr Afonso Chaves]09fev2021

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LIÇÃO 7 

OS SINAIS DA VERDADEIRA SABEDORIA 

TEXTO ÁUREO: “Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.” (Tg 3.17). 

LEITURA BÍBLICA: TIAGO 3.13-18 

INTRODUÇÃO Uma vez que os pecados repreendidos e expostos anteriormente são, em grande parte, frutos de um coração presunçoso, de uma alegada sabedoria ou conhecimento que estranhamente se evidencia em hipocrisia, acepção de pessoas, fé dissociada de obras e julgamento temerário do próximo; o apóstolo passa a demonstrar que não havia nada de louvável nessa “sabedoria” humana – que, de fato, não era sabedoria nenhuma, pois a verdadeira sabedoria vem de Deus e seus frutos são manifestos e evidenciam a fonte sublime de onde ela procede. 

I – A SABEDORIA É MANIFESTA (V. 13) A pergunta de Tiago implica como é importante e desejável ser sábio e inteligente (ou, em outra tradução, “ter conhecimento”), especialmente porque somos informados pelas Escrituras que a vontade de Deus é nos tornar sábios e inteligentes (Pv 3.13; 4.7; Ef 1.17). O apreço por esses verdadeiros tesouros é o que deveria guiar todos os nossos esforços nesta vida, porque sem sabedoria e conhecimento não poderemos contar com nenhum sucesso em qualquer aspecto de nossa vida, principalmente espiritual (Pv 16.16; 8.18-20). Mesmo o homem natural se inclina a buscar a sabedoria, embora com seus parcos e falíveis recursos (como a filosofia) e visando interesses outros que não eternos (como riquezas, liderança, etc.). Notemos também que a sabedoria e o conhecimento estão associados de modo inseparável, porquanto uma depende do outro – a sabedoria (ou, o saber viver) depende do conhecimento da vontade de Deus, da graça e das virtudes divinas; ao mesmo tempo em que o conhecimento divino não é estéril, pois não apenas orienta como viver, mas impulsiona e constrange o crente a viver de acordo com a revelação (cf. 2 Pe 1.3-8). Mas, como ocorre entre os incrédulos, assim também entre o povo de Deus existe não apenas o reconhecimento e o apreço pela sabedoria, como também o aplauso sobre aqueles que a possuem ou parecem possui-la e, pior, a presunção e vanglória pessoal destes últimos. Certamente o apóstolo está se dirigindo aqui aos mesmos indivíduos que posavam de mestres da igreja e, na sua presunção, pronunciavam-se temerariamente, condenando e maldizendo o próximo ao mesmo tempo em que louvavam a Deus. Suas palavras temerárias por si só já denunciavam que a sabedoria que alegavam não passava de palavras vãs e vazias, e o verdadeiro caráter desses indivíduos era revelado por esse mal uso da língua. O escritor demanda, então, que o verdadeiro sábio demonstre sua virtude do único modo possível – não pelo excesso de palavras, mas “pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria”. Aqui ele se refere tanto a uma atitude prudente, paciente e benevolente para com o próximo, especialmente no que diz respeito ao uso das palavras. Aqui certamente Tiago se embasa no conselho divino exarado em Provérbios e outros livros sapienciais, de modo que deveríamos recorrer a um estudo mais aprofundado dessas Escrituras para entender a natureza da sabedoria que Tiago aqui presume que seus leitores entendiam (cf. Pv 10.14; 13.16; 14.16; Pv 20.3). 

II – A FALSA SABEDORIA DESMASCARADA (VV. 14-16) Embora a presunção dos que se diziam sábios já esteja suficientemente rebatida com o argumento do verso anterior, Tiago avança no sentido de confrontar esses indivíduos com a forma de trato que demonstravam – um modo de lidar com o próximo que provava antes que a sabedoria que alegavam ter não era verdadeira ou divina. “Se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração”, isto é, eles de fato nutriam tais vícios interiormente, e esses vícios alimentavam os pecados que o apóstolo já havia repreendido. Ainda que se ocultem por um tempo no coração, a inveja e o sentimento faccioso tendem a se manifestar nas palavras dos supostamente “sábios” e “mestres” na forma de discursos ou conversações que tornam outras pessoas odiosas ou desprezíveis aos olhos daqueles que são enganados por suas palavras. E, como bem sabemos, inveja e sedição são obras da carne, não do Espírito (cf. Gl 5.19-21, 26). Para contrastar o caráter desses autoproclamados “sábios” com o de um homem sábio segundo Deus, o apóstolo chama a “sabedoria” deles de “terrena, animal, diabólica”, como se de fato admitisse que eles estavam agindo de acordo com um conhecimento prático – um “saber viver” – só que não recebido de Deus, mas antes de acordo com o espírito desse mundo, do diabo mesmo, que vive sobre o princípio da inveja e dissensão e assim ensina seus filhos a invejarem e se dividirem contra o próximo – em outras palavras, a odiá-los (cf. 1 Jo 3.10-14). 

III – O CARÁTER DA SABEDORIA DE DEUS (VV. 17-18) Segue-se uma distinção contrastante entre aquilo que Tiago descreve como “sabedoria” humana e a sabedoria divina. E, em primeiro lugar, notamos que esta é um dom de Deus, pois ela “vem do alto”, para aqueles que a desejam e buscam sinceramente (cf. Tg 1.5-6; Pv 8.17-20); não é aprendida pela experiência, pois, enquanto muitos jamais a alcançam, outros a recebem cedo em suas vidas, tornando-se mais sábios do que os mais experientes pelo tempo (cf. Ec 4.13; Sl 119.100). Depois, o apóstolo destaca as características da sabedoria divina; embora não seja nosso propósito discorrer sobre cada uma delas, notemos que estão todas relacionadas àquele bom trato de que ele falou anteriormente – isto é, são todos aspectos do nosso relacionamento com o próximo, desde a pureza que se opõe à inveja até a paz, moderação e tratabilidade que se opõem ao espírito faccioso. Sem parcialidade e sem hipocrisia nos fazem lembrar das repreensões do capítulo anterior, onde o apóstolo havia condenado pecados como a acepção de pessoas e a suposta fé sem obras. Quando fala no fruto da justiça, o escritor se refere a um aspecto da verdade divina bem conhecido daqueles irmãos. Justiça expressa um dos principais anseios do povo de Deus desde os tempos da Antiga Aliança, e continua a ser a busca dos cristãos – sua concretização plena é aguardada quando da manifestação do reino de Deus na eternidade (Mt 5.6; 6.33). E aqui ele afirma que essa justiça só poderá ser alcançada – seu fruto colhido – por aqueles que hoje a semeiam na paz, e não em contendas e inveja. Deus aborrece a contenda e não tem parte com os contenciosos, ao passo que os pacificadores serão proclamados, naquele dia, como filhos de Deus (Mt 5.9). 

CONCLUSÃO Provemos nossa obra e palavras de acordo com os princípios da verdadeira sabedoria, e vejamos se o nosso fruto tem sido realmente semeado na paz ou em contendas e aborrecimentos com o próximo; neste último caso, que possamos nos arrepender e reconhecer que nossa sabedoria tem sido mais terrena do que divina e voltemo-nos para Deus, atendendo ao clamor da verdadeira sabedoria e aprendamos com ela o bom trato que convém dispensarmos aos nossos irmãos.

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03 fevereiro 2021

006-A pecaminosidade da língua - Tiago Lição 06[Pr Afonso Chaves]02fev2021

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LIÇÃO 6 

A PECAMINOSIDADE DA LÍNGUA 

TEXTO ÁUREO: “Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.” (Tg 3.8). 

LEITURA BÍBLICA: TIAGO 3.1-12 

INTRODUÇÃO O assunto que Tiago apresenta na primeira parte deste capítulo três está intimamente relacionado com os tópicos anteriores, pois aqueles que se deixam enganar por uma falsa confissão do evangelho, desprovida dos sinais da verdadeira piedade e sem as obras da fé, são os mais inclinados a cometerem os pecados de que ele trata nesta passagem. Assim, naquilo em que esses faltam quanto à fé viva e verdadeira, tendem a se posicionar como superiores ao seu próximo e a proferir temerariamente tudo aquilo que sobe ao seu coração dobre e inconstante, ignorando que os pecados que cometem em suas palavras são tão graves quanto aqueles que acreditam não cometer em suas ações. 

I – JUÍZO MAIS RIGOROSO SOBRE OS MESTRES (VV. 1-2) As palavras de Tiago: “muitos de vós não sejam mestres”, não devem ser entendidas como uma proibição, nem um desencorajamento àqueles que desejam sinceramente o ofício da palavra (cf. 1 Tm 3.1); não devemos recuar diante de uma responsabilidade no reino de Deus, por mais pesada ou difícil que nos pareça, pois o Senhor conhece os Seus servos e não dá a nenhum deles uma tarefa que não possa realizar (cf. Mt 25.14-15). O que se pode notar na forma como o apóstolo se expressa é que ser mestre não é uma responsabilidade para muitos, nem para todos os que a desejam. É necessário considerar que, dentre os aspectos que tornam essa tarefa particularmente pesada está o fato de que os mestres receberão mais duro juízo. Eles conhecem melhor a vontade do Senhor e isto significa que poderão tanto ser mais facilmente achados em falta como também que seus erros poderão escandalizar e induzir outros ao mal (Lc 12.45-48). Essa consideração deveria ser suficiente para refrear qualquer crente sensato de assumir tamanho encargo no reino de Deus sem um desejo sincero e corroborado pela consciência de que esta é realmente a vontade do seu Senhor. Mas alguém do caráter descrito no capítulo anterior poderia facilmente estar convicto da sua própria retidão, e considerar-se apto para o desempenho do ofício sagrado. Para desfazer tamanha arrogância, Tiago acrescenta: “porque todos tropeçamos em muitas coisas”, não apenas no sentido geral (cf. 1 Jo 1.8), seja no sentido de tropeçar na palavra. Aqueles que estão convencidos de uma fé que, quando posta à prova, se mostra inútil, morta, dão pouca importância à temeridade de suas palavras, acreditando que os pecados que o Senhor julgará são estritamente aqueles cometidos por obras. Contudo, o escritor afirma que haverá juízo mais rigoroso para os mestres precisamente porque o Senhor atenta para as nossas palavras e nos julga através delas (cf. Mt 12.34-37). Gloriar-se no comedimento das próprias obras, ao mesmo tempo em que se ignora a pecaminosidade das próprias palavras, é enganar-se a si mesmo com uma falsa religião (cf. Tg 1.26). O homem perfeito, portanto, aquele que agrada a Deus, é aquele que consegue refrear sua língua, pois as palavras são mais difíceis de conter do que os atos pecaminosos, como Tiago demonstrará na sequência. 

II – O PODER E INFLUÊNCIA DA LÍNGUA (VV. 3-8) Para explicitar o poder superior da língua sobre os demais membros do corpo, e sua influência sobre as ações do homem, o escritor usa duas ilustrações: na primeira, compara esse pequeno membro às rédeas (o freio) que controlam os movimentos do cavalo; na segunda, ao leme que mantém a nau no curso desejado mesmo debaixo das maiores tempestades. “Assim também a língua é um pequeno membro e gloria-se de grandes coisas”, ou seja, embora seja fisicamente pequena em comparação com o restante do corpo, através do qual realizamos nossos atos – sejam justos e puros, sejam pecaminosos – as palavras que proferimos com nossa língua podem ser de uma gravidade imensa, determinando até nosso destino eterno. A princípio, não há nada de negativo aqui; mas é na terceira comparação que Tiago alerta para o grande prejuízo de que a língua é capaz: “Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo”. De fato, a maioria das obras da carne podem ter o seu início, se não a sua consumação, nas palavras levianas que porventura saiam de nossa boca, muitas vezes servindo de incitamento a outras formas de pecado tanto em nós mesmos como naqueles que nos ouvem (Ef 4.29; 5.3-4, 11-12; 1 Co 15.33). Deste modo, a língua é o meio pelo qual o homem mais se contamina, constrangendo-o e instigando-o ao mal, perturbando sua paz com Deus e o próximo, e roubando-lhe a certeza de salvação (cf. Pv 21.23; 18.21). Tiago reforça então o seu argumento inicial, de que não devemos subestimar o poder e a influência da língua sobre a nossa relação com Deus, pois é a parte mais rebelde do corpo, sua temeridade a mais difícil de mortificar. Embora a sociedade valorize os “prolixos”, “eloquentes” e faladores, lembremos do conselho do sábio pregador, de que Deus não se agrada dos tolos, mas sim dos que guardam silêncio e medem cuidadosamente Suas palavras diante d’Ele (Ec 5.1-7). 

III – SANTIFICANDO O USO DA LÍNGUA (VV. 9-12) Tendo alertado sobre o mal indomável contido na língua, o apóstolo passa a chamar a atenção dos irmãos para a situação ainda mais crítica daqueles que, tendo conhecido a Deus, ao mesmo tempo em que usam sua língua para confessar e louvar o Seu santo nome, não temem contaminar a fonte pura das bênçãos que advêm de proclamar a Sua glória com a temeridade comum à fala dos incrédulos. “De uma mesma boca procede bênção e maldição”, e tal característica, conforme nosso Senhor Jesus ensinou, esconde na verdade, por trás da aparência de piedade, um coração amargo e perverso, do qual procede a abundância do que sai da boca (cf. Mt 15.18). Não é isto o que o evangelho nos ensina; antes, em lugar das palavras de maldição e de juízo, devemos abençoar e dar graças (Mt 5.43-44; Rm 12.14; 1 Ts 5.18), ter nossa língua santificada não apenas para o culto, mas em todas as nossas conversações, pautandonos sempre pela palavra de Cristo (Cl 3.16). E assim não apenas seremos coerentes com a fé que confessamos, mas estaremos no caminho da perfeição de nosso Mestre Jesus, que não somente andou por toda a parte fazendo o bem, mas “não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano, o qual, quando o injuriavam, não injuriava e, quando padecia, não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente” (1 Pe 2.22-23). 

CONCLUSÃO Que possamos compreender como é grave a duplicidade de língua, o uso desordenado e o abuso das palavras, tendo em vista que Deus há de trazer a juízo toda desobediência, inclusive aquela perpetrada pelas palavras insensatas, enganosas e temerárias que dissermos. Antes, sigamos o exemplo de Cristo e aprendamos com Ele quando é tempo para falar e o que falar, e quando é tempo de ficar em silêncio.

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