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LIÇÃO 7
OS SINAIS DA VERDADEIRA SABEDORIA
TEXTO ÁUREO: “Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.” (Tg 3.17).
LEITURA BÍBLICA: TIAGO 3.13-18
INTRODUÇÃO Uma vez que os pecados repreendidos e expostos anteriormente são, em grande parte, frutos de um coração presunçoso, de uma alegada sabedoria ou conhecimento que estranhamente se evidencia em hipocrisia, acepção de pessoas, fé dissociada de obras e julgamento temerário do próximo; o apóstolo passa a demonstrar que não havia nada de louvável nessa “sabedoria” humana – que, de fato, não era sabedoria nenhuma, pois a verdadeira sabedoria vem de Deus e seus frutos são manifestos e evidenciam a fonte sublime de onde ela procede.
I – A SABEDORIA É MANIFESTA (V. 13) A pergunta de Tiago implica como é importante e desejável ser sábio e inteligente (ou, em outra tradução, “ter conhecimento”), especialmente porque somos informados pelas Escrituras que a vontade de Deus é nos tornar sábios e inteligentes (Pv 3.13; 4.7; Ef 1.17). O apreço por esses verdadeiros tesouros é o que deveria guiar todos os nossos esforços nesta vida, porque sem sabedoria e conhecimento não poderemos contar com nenhum sucesso em qualquer aspecto de nossa vida, principalmente espiritual (Pv 16.16; 8.18-20). Mesmo o homem natural se inclina a buscar a sabedoria, embora com seus parcos e falíveis recursos (como a filosofia) e visando interesses outros que não eternos (como riquezas, liderança, etc.). Notemos também que a sabedoria e o conhecimento estão associados de modo inseparável, porquanto uma depende do outro – a sabedoria (ou, o saber viver) depende do conhecimento da vontade de Deus, da graça e das virtudes divinas; ao mesmo tempo em que o conhecimento divino não é estéril, pois não apenas orienta como viver, mas impulsiona e constrange o crente a viver de acordo com a revelação (cf. 2 Pe 1.3-8). Mas, como ocorre entre os incrédulos, assim também entre o povo de Deus existe não apenas o reconhecimento e o apreço pela sabedoria, como também o aplauso sobre aqueles que a possuem ou parecem possui-la e, pior, a presunção e vanglória pessoal destes últimos. Certamente o apóstolo está se dirigindo aqui aos mesmos indivíduos que posavam de mestres da igreja e, na sua presunção, pronunciavam-se temerariamente, condenando e maldizendo o próximo ao mesmo tempo em que louvavam a Deus. Suas palavras temerárias por si só já denunciavam que a sabedoria que alegavam não passava de palavras vãs e vazias, e o verdadeiro caráter desses indivíduos era revelado por esse mal uso da língua. O escritor demanda, então, que o verdadeiro sábio demonstre sua virtude do único modo possível – não pelo excesso de palavras, mas “pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria”. Aqui ele se refere tanto a uma atitude prudente, paciente e benevolente para com o próximo, especialmente no que diz respeito ao uso das palavras. Aqui certamente Tiago se embasa no conselho divino exarado em Provérbios e outros livros sapienciais, de modo que deveríamos recorrer a um estudo mais aprofundado dessas Escrituras para entender a natureza da sabedoria que Tiago aqui presume que seus leitores entendiam (cf. Pv 10.14; 13.16; 14.16; Pv 20.3).
II – A FALSA SABEDORIA DESMASCARADA (VV. 14-16) Embora a presunção dos que se diziam sábios já esteja suficientemente rebatida com o argumento do verso anterior, Tiago avança no sentido de confrontar esses indivíduos com a forma de trato que demonstravam – um modo de lidar com o próximo que provava antes que a sabedoria que alegavam ter não era verdadeira ou divina. “Se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração”, isto é, eles de fato nutriam tais vícios interiormente, e esses vícios alimentavam os pecados que o apóstolo já havia repreendido. Ainda que se ocultem por um tempo no coração, a inveja e o sentimento faccioso tendem a se manifestar nas palavras dos supostamente “sábios” e “mestres” na forma de discursos ou conversações que tornam outras pessoas odiosas ou desprezíveis aos olhos daqueles que são enganados por suas palavras. E, como bem sabemos, inveja e sedição são obras da carne, não do Espírito (cf. Gl 5.19-21, 26). Para contrastar o caráter desses autoproclamados “sábios” com o de um homem sábio segundo Deus, o apóstolo chama a “sabedoria” deles de “terrena, animal, diabólica”, como se de fato admitisse que eles estavam agindo de acordo com um conhecimento prático – um “saber viver” – só que não recebido de Deus, mas antes de acordo com o espírito desse mundo, do diabo mesmo, que vive sobre o princípio da inveja e dissensão e assim ensina seus filhos a invejarem e se dividirem contra o próximo – em outras palavras, a odiá-los (cf. 1 Jo 3.10-14).
III – O CARÁTER DA SABEDORIA DE DEUS (VV. 17-18) Segue-se uma distinção contrastante entre aquilo que Tiago descreve como “sabedoria” humana e a sabedoria divina. E, em primeiro lugar, notamos que esta é um dom de Deus, pois ela “vem do alto”, para aqueles que a desejam e buscam sinceramente (cf. Tg 1.5-6; Pv 8.17-20); não é aprendida pela experiência, pois, enquanto muitos jamais a alcançam, outros a recebem cedo em suas vidas, tornando-se mais sábios do que os mais experientes pelo tempo (cf. Ec 4.13; Sl 119.100). Depois, o apóstolo destaca as características da sabedoria divina; embora não seja nosso propósito discorrer sobre cada uma delas, notemos que estão todas relacionadas àquele bom trato de que ele falou anteriormente – isto é, são todos aspectos do nosso relacionamento com o próximo, desde a pureza que se opõe à inveja até a paz, moderação e tratabilidade que se opõem ao espírito faccioso. Sem parcialidade e sem hipocrisia nos fazem lembrar das repreensões do capítulo anterior, onde o apóstolo havia condenado pecados como a acepção de pessoas e a suposta fé sem obras. Quando fala no fruto da justiça, o escritor se refere a um aspecto da verdade divina bem conhecido daqueles irmãos. Justiça expressa um dos principais anseios do povo de Deus desde os tempos da Antiga Aliança, e continua a ser a busca dos cristãos – sua concretização plena é aguardada quando da manifestação do reino de Deus na eternidade (Mt 5.6; 6.33). E aqui ele afirma que essa justiça só poderá ser alcançada – seu fruto colhido – por aqueles que hoje a semeiam na paz, e não em contendas e inveja. Deus aborrece a contenda e não tem parte com os contenciosos, ao passo que os pacificadores serão proclamados, naquele dia, como filhos de Deus (Mt 5.9).
CONCLUSÃO Provemos nossa obra e palavras de acordo com os princípios da verdadeira sabedoria, e vejamos se o nosso fruto tem sido realmente semeado na paz ou em contendas e aborrecimentos com o próximo; neste último caso, que possamos nos arrepender e reconhecer que nossa sabedoria tem sido mais terrena do que divina e voltemo-nos para Deus, atendendo ao clamor da verdadeira sabedoria e aprendamos com ela o bom trato que convém dispensarmos aos nossos irmãos.
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