26 abril 2022

005-O Temor a Deus e a vaidade das riquezas - Eclesiastes Lição 05[Pr Nilson Vital]26abr2022

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LIÇÃO 5 

O TEMOR A DEUS E A VAIDADE DAS RIQUEZAS 

TEXTO ÁUREO: “Porque, como na multidão dos sonhos há vaidades, assim também nas muitas palavras; mas tu, teme a Deus.” (Ec 5.7) 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 5.1-7 

INTRODUÇÃO Depois de considerar a vaidade que há nas coisas que se fazem debaixo do sol, e na necessidade de fazer bom uso do que a providência divina nos dispõe a seu tempo, e da importância do companheirismo para aliviar muitos males a que estamos sujeitos nesta vida; o pregador passa a refletir que perante Deus as coisas não são assim e, portanto, devemos nos cercar de cuidados ao nos aproximar daqu’Ele que é mais alto do que os altos, a fim de não confundirmos a realidade divina com a humana. Aprendendo a nos portar como convém diante de Deus, aprenderemos a lidar melhor com os males que há debaixo do sol. 

I – PREVENÇÃO CONTRA A VAIDADE DIANTE DE DEUS (VV. 1-7) Nestes primeiros versos Salomão não apenas lembra de Deus como já o fez nos capítulos anteriores, referindo tudo ao Seu tempo e exortando-nos a receber todas as coisas que nos sucedem debaixo do sol como vindas da Sua mão segundo um propósito sábio que resultará em nosso aprimoramento e felicidade. Aqui ele também chama a atenção para o fato de que, debaixo do sol, temos um dever para com o Criador – dever esse destacado por referências tais como a casa de Deus, sacrifícios, votos, o anjo de Deus, uma forma de se referir ao sacerdote que intermediava o culto divino (cf. Ml 2.7), e o temor. E, a fim de que não erremos nas coisas de Deus assim como muitos erram ao lidar com as coisas desta vida, o pregador nos orienta sobre a atitude correta no exercício do nosso dever sagrado. A exortação trata principalmente daquilo que dizemos diante de Deus. Quando estamos na presença do Senhor, seja reunidos em culto solene, seja em uma atitude particular onde conscientemente nos aproximamos de Deus, devemos nos lembrar de quem somos nós e quem Ele é. Somos nós que precisamos d’Ele, e não o contrário; nós buscamos ao Senhor em vista de nossas profundas necessidades, tanto materiais como espirituais. É sensato, portanto, entrarmos em Sua presença esperando receber mais d’Ele do que nós sejamos capazes de oferecer a Ele, daí o sentido da exortação: “pelo que sejam poucas as tuas palavras”. De fato, Deus não pode ser surpreendido nem impressionado por nossas palavras, pelo que evitemos repetições ou floreamentos que, em última análise, seriam vãos (cf. Mt 6.7-8). Além disso, Deus “está no céu”, ou seja, Ele vê e sabe todas as coisas, inclusive as intenções do coração; e nós, que estamos na terra, podemos facilmente ser influenciados pelas frustrações e pelas falsas percepções da realidade debaixo do sol, correndo o risco de expressar falsos julgamentos diante de Deus, ou cuidados que, à luz da sabedoria, são repreensíveis, pois “da muita ocupação vêm os sonhos”, e “na multidão dos sonhos há vaidade”. Em seguida, o pregador alerta para a gravidade do ato de fazer um voto e não cumpri-lo. Se para os homens toda palavra empenhada é aceita e não pode ser invalidada, sendo condenável aquele que não cumpre o que jurou; quanto mais para Deus, diante de quem não pode haver meias palavras, nem é aceita desculpa de que não houve intenção; toda palavra proferida conscientemente diante do Criador é uma palavra jurada, um voto, e devemos nos lembrar disso quando nossas circunstâncias adversas nos impulsionarem a nos expressar livremente diante de Deus, comprometendo-nos apenas em razão da animosidade ou da emoção do momento. 

II – A VAIDADE DAS RIQUEZAS (VV. 8-15) Salomão retoma uma constatação já expressa no capítulo anterior, de que a injustiça muitas vezes prevalece sobre os fracos, mas aqui nos leva a considerar, acima da melancolia que esta visão pode nos trazer, que como Deus está nos céus e atento às nossas palavras, Ele julgará os fortes e opressores, pois é maior do que eles. Em seguida, tendo em vista que boa parte da opressão que há na terra resulta da cobiça ou amor ao dinheiro, ele explica que tanto pobres como ricos e poderosos, todos derivam seu sustento da mesma fonte: “o proveito da terra é para todos”. De fato, a riqueza e a pobreza são condições designadas a cada um de acordo com os propósitos divinos; não há razão para opressão nem queixa de um contra o outro (cf. Pv 22.2). Contudo, quando não compreendida como um dom de Deus, visando a um propósito mais excelente que o mero acúmulo interminável de dinheiro, e passa a ocupar motivar as ações do que as possui, torna-se amor ao dinheiro – e isto, como também disse o Apóstolo, “é a raiz de todos os males” (cf. 1 Tm 6.10). Nos versos seguintes, o sábio expressa observações simples, mas que aquele que se deixa enredar pela cobiça esquece, para só descobrir tarde demais: a busca interminável a que o homem é lançado na busca por acumular riquezas (v. 10); a aproximação de interesseiros em usufruir da sua prosperidade (v. 11); as inquietações e ansiedades provocadas pelo acúmulo de riquezas; enquanto aquele que trabalha com modéstia e usufrui do que Deus lhe dá como fruto do seu trabalho vive com o coração descansado e confiante no dia de amanhã (v. 12); o fato já considerado de que o que vive para acumular tesouros na terra, embora nunca usufrua do fruto do seu trabalho, ainda assim corre o risco de ver toda a sua fortuna ser desperdiçada por um filho pródigo ou arrebatada, ainda estando ele em vida, por algum infortúnio imprevisível e inevitável (vv. 13-15). 

III – A VAIDADE DO TRABALHO EXCESSIVO (VV. 16-20) Prosseguindo com sua reflexão, de certo modo repetindo-se sobre o que já havia dito em capítulo anterior a respeito do trabalho excessivo, mas reforçando as conclusões já estabelecidas, o autor sagrado considera a vaidade daquele que, ao invés de desfrutar do fruto do seu trabalho a cada dia, dedica-se todos os dias da sua vida a um acúmulo de bens que eventualmente será anulado por alguma das adversidades naturais que ele alista, como ter passado os dias nas trevas, padecido enfado, enfermidades e cruel furor. Por fim, Salomão conclui novamente que a excelência desta vida está em gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, todos os dias da sua vida que Deus lhe deu; porque esta é a sua porção, pois no contentamento e proporcionado pelo fruto do trabalho há uma provisão de Deus para frear a ansiedade e inquietação a que somos tentados todos os dias. Aquele que alcança de Deus sabedoria para desfrutar dos bens que tem alcançado pode-se dizer verdadeiramente feliz quanto a esta vida, pois essa é uma resposta de Deus para confortar seu coração. 

CONCLUSÃO A suma deste capítulo é que o temor a Deus é o melhor remédio contra as frustrações e ansiedades que a vaidade desta vida nos causa constantemente, pois com Ele podemos desfrutar do melhor que a vida debaixo do sol pode nos proporcionar e escapar ao engano de uma busca vã por riquezas que só nos traria muito sofrimento e dor.

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21 abril 2022

004-O Companheirismo e a paz do contentamento - Eclesiastes Lição 04[Pr Nilson Vital]19abr2022

 

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 LIÇÃO 4 

O COMPANHEIRISMO E A PAZ DO CONTENTAMENTO 

TEXTO ÁUREO: “Melhor é uma mão cheia com descanso do que ambas as mãos cheias com trabalho e aflição de espírito ... Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.” (Ec 4.6, 9) 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 4.1-12 

INTRODUÇÃO A partir do capítulo que ora estudaremos, o pregador discorre sobre a vaidade de diversos campos da vivência e experiência humana, e em alguns momentos o texto parece ganhar um aspecto mais proverbial, reunindo sentenças sobre determinado assunto; mas ainda é possível relacionar cada tópico ao tema principal de que tudo o que se faz debaixo do sol é vaidade e aquele que busca a verdadeira felicidade só a encontrará em Deus, e não neste mundo. Ao mesmo tempo, começamos a ver aqui lições práticas sobre como lidar com diversos dos males com que nos deparamos na vida, de forma a evitar a frustração e ao mesmo tempo fazer o melhor uso da nossa condição neste mundo. 

I – DEBAIXO DO SOL HÁ OPRESSÃO E INVEJA (VV. 1-6) Após demonstrar que o poder mundano em nada tornam diferentes aqueles que o possuem em relação aos que estão em posição inferior, pois todos finalmente descerão ao pó da terra; o sábio passa a expor sua constatação de que o mundo está cheio de injustiça e opressão, e por esta causa há muito sofrimento, e não felicidade. Pior do que isso, muitas vezes aqueles que sofrem jamais encontram alívio nem vêm a justiça sendo feita, restando sem nenhum consolador. Isto porque nem sempre aqueles que estão em posição para executar a justiça são guiados pelo mesmo senso de retidão e humanidade que houve num Salomão, por exemplo, e, como já argumentado, muitos dos que estão em posição de poder abusam buscando o seu próprio interesse às custas do próximo. É certo que os que choram e anseiam por justiça serão saciados, mas não debaixo destes céus, pois, como disse Jesus, neste mundo teremos aflições (cf. Mt 5.4, 6; Jo 16.33; Hc 1.2-4). Expressando a frustração do homem natural, que espera que a justiça seja feita neste mundo, o pregador afirma que, neste caso, melhor estão aqueles que já morreram, pois já escaparam de uma vida de opressão sem perspectiva de consolação. Ou que ainda melhor é a condição daqueles que ainda não nasceram, pois ainda não experimentaram as frustrações a que estão sujeitos os vivos, e das quais os mortos, tendo já as sofrido, foram livrados. Seria melhor que assim permanecessem e nunca viessem ao mundo (cf. Jó 3.20-21). Em seguida, Salomão considera outro mal debaixo do sol – que o trabalho diligente e talentoso muitas vezes é alvo de suspeitas, críticas e desprezo, e não apenas de louvor e reconhecimento. Isto porque o homem natural tende a ver no próximo um competidor, e assim a inveja é um risco a que está sujeito todo aquele que deseja se sobressair entre os seus semelhantes, tornando-se motivo de grande angústia e receio para aquele que faz tudo em busca de louvor e reconhecimento, e não deseja ser alvo de uma avaliação injusta. Por outro lado, fugir do trabalho não é uma opção – essa é uma atitude tola que não produzirá nenhum fruto, e o preguiçoso acabará tendo que roer os próprios ossos (cf. Pv 6.10). Há, porém, um caminho apropriado a se seguir, de modo a evitar ambas as frustrações: “melhor uma mão cheia ... do que duas” significa que devemos evitar a cobiça e o impulso insaciável de acumular riquezas, que só produzem ansiedade e temores, e nunca nos permitem desfrutar do fruto do nosso trabalho; mas usar de modéstia na busca dos bens materiais, contentando-nos e desfrutando com alegria daquilo que Deus nos dá como dons (Pv 10.21; 1 Tm 6.7-10). 

II – É MELHOR O COMPANHEIRISMO DO QUE A SOLIDÃO (VV. 7-12) Considerando ainda a vaidade de um trabalho sem finalidade ou propósito, o pregador volta a refletir sobre o fato de que todo aquele que trabalha incessantemente, sob o espírito da disputa ou competição, em última análise está trabalhando para outrem, que fará o que bem quiser com o fruto do seu trabalho. E, se assim é, por quem trabalha aquele que é solitário, que não tem família, nem herdeiros, nem qualquer outra pessoa para compartilhar o fruto do seu trabalho, ou para a qual deixará o que conquistou com o suor do seu rosto? A pergunta: “Para quem trabalho eu, privando a minha alma do bem?” na verdade representa aquilo que muitos, encontrando-se nesta condição, fazem para si mesmos, mas não obtêm resposta; tampouco a reflexão sobre esta verdade os leva a repensar sobre a futilidade de trabalhar incessantemente sem um propósito modesto e alcançável nesta vida, e por que trabalham como que para alguém que não sabem quem é. Frente às frustrações da vida em sociedade, das injustiças e opressões, das competições e da inveja, aquele que labuta sozinho está em visível desvantagem, considera o pregador. De fato, assim como poder desfrutar daquilo que conquistamos com o nosso trabalho, o companheirismo é um dom, uma bênção de Deus. Se, por um lado, nem toda companhia é boa e seria preferível estar sozinho do que mal acompanhado; por outro, contar com a companhia de outrem ajuda a vencer muitas dificuldades da vida. O pregador comprova seu argumento, primeiro, afirmando o que pode parecer contraditório com o seu julgamento sobre o mal de se ter, nas suas palavras, as “duas mãos cheias”: “porque têm melhor paga do seu trabalho”, mas aqui consideremos que o que ele tem em mente é o trabalho modesto de ambos, levando a um desfrutar ainda maior dos dons de Deus, e não necessariamente a um acúmulo vão de riquezas. Depois, ilustra as vantagens do companheirismo para aliviar os males cotidianos da vida, citando exemplos comuns: “se um cair, o outro levanta o seu companheiro”, “se dois dormirem juntos, eles se aquentarão”, “se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão”, finalizando com a famosa comparação onde, assim como o cordão de três dobras, isto é, a corda feita com vários cordões entrelaçados não se rompe tão facilmente quanto um cordão isolado, do mesmo modo a resistência dos que andam juntos é maior que a do que anda sozinho. 

III – NO MUNDO HÁ HONRA SEM SABEDORIA (VV. 13-16) Esta última parte do capítulo pode parecer não ter relação com o assunto anterior, mas aqui temos outra demonstração da vaidade e incerteza de tudo o que há neste mundo, e de que o companheirismo é melhor que o isolamento mesmo para aqueles que estão em iminência. Embora a sabedoria geralmente seja atribuída aos mais velhos, é uma constatação bíblica que muitas vezes estes podem ser desamparados dela, enquanto os jovens podem se destacar em perspicácia e discernimento (cf. Jó 32.4-11). Sem dúvida, aqui há uma alusão a reviravoltas e mudanças que não devem ser atribuídas ao acaso, mas sim a Deus – como, por exemplo, no caso de José (cf. Gn 37.30). Mas o sentido geral destes últimos versos é de que a vaidade deste mundo é tal que mesmo os reis podem cair em desgraça e serem substituídos por aquele que nenhuma dignidade ou direito ao título real, até que este finalmente também segue o mesmo caminho daquele que o antecedeu. 

CONCLUSÃO As constatações de Salomão quanto à vaidade de tudo o que há debaixo do sol não devem nos deixar frustrados ou decepcionados, mas desvendar a realidade de que não há nada que se esperar deste mundo, senão que tudo um dia passará, e para que não nos apoiemos em nenhuma destas coisas, para que não soframos quando elas já não mais existirem.

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12 abril 2022

003-O tempo de Deus para todas as coisas -Eclesiastes Lição 03[Pr Nilson Vital]12abr2022

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 LIÇÃO 3 

O TEMPO DE DEUS PARA TODAS AS COISAS 

TEXTO ÁUREO: “Assim que tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua porção; porque quem o fará voltar para ver o que será depois dele?” (Ec 3.22) 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 3.1-10 

INTRODUÇÃO Nos primeiros capítulos de Eclesiastes, o pregador demonstra a vaidade ou futilidade de todas as coisas que se fazem debaixo do sol, tendo em vista que, mesmo explorando todas as formas de atividades, e conhecimentos, e prazeres oferecidos por esta vida, eventualmente chegaremos à mesma conclusão do sábio, de que em todas há um elemento de frustração, que nos impede de obtermos nelas verdadeira e duradoura felicidade. E, tendo iniciado uma reflexão sobre a necessidade de considerarmos tais coisas como dons da bondade de Deus, neste capítulo o escritor sagrado desenvolverá este assunto, ensinando-nos a “arte” de nos contentarmos com a porção que nos é dada a seu tempo, segundo a soberana vontade de Deus, e com a consciência de que Ele trará tudo a juízo. 

I – A APARENTE FATALIDADE DO QUE SUCEDE DEBAIXO DO SOL (VV. 1-9) Se até agora Salomão havia considerado todas as coisas, ou “todo propósito” debaixo do sol, sob o aspecto de uma repetição, ou de uma continuidade que parece não levar a uma finalidade; a partir deste ponto ele destaca o fato de que para cada coisa existe um tempo determinado. Por esta palavra, o sábio não quer dizer apenas que os eventos ou condições desta vida, ou os resultados da ação humana, são todos eles mutáveis e passageiros, quer durem muito ou pouco tempo, quer sejam bons ou ruins; mas que tudo está sujeito a uma mudança inevitável e, portanto, independente do que o homem faça para causá-los ou impedi-los. Desde os eventos mais naturais com que contamos ou tentamos prever até as ações que envolvem nosso planejamento e decisão mais estudada, para cada uma existe o seu contrário, e todas se sucedem de forma que nem sempre é possível estabelecer uma relação de causa e efeito, ou afirmar que uma é consequente da outra. E muitas vezes a mudança ocorre de tal forma que, de um ponto de vista humano, não resta outra coisa senão atribui-la a uma “fatalidade”, isto é, a um “tempo determinado” para que tivesse acontecido. Mas, na verdade, não existe fatalidade. O “tempo determinado” a que Salomão se refere não é nada menos que a vontade superior e soberana de Deus. Algumas das mudanças citadas como exemplo dependem inteiramente da ação divina, enquanto outras são mais facilmente relacionadas à vontade humana, mas, em última análise, todas já estão determinadas e devem acontecer no seu tempo (cf. Pv 19.21). Sua ocorrência pode frustrar os planos humanos, pois são inescrutáveis e imprevisíveis, mas todas se sucedem de acordo com um sábio e perfeito conselho. Constatando que as coisas são assim, o homem natural pode ser levado a se expressar, perplexo ante a vaidade dos seus esforços e planejamentos: “Que vantagem tem o trabalhador naquilo em que trabalha?” (v. 9). O escritor não está aqui rejeitando a ação humana, como se fosse inútil agir em qualquer sentido, pelo medo de ser frustrado por algum infortúnio – pelo contrário, as Escrituras incentivam o planejamento e a ação como meios naturais de o homem alcançar os seus objetivos (cf. Pv 6.6-11). O argumento aqui é o mesmo de todo o livro, de que não há felicidade duradoura naquilo que se faz debaixo do sol, pois o que quer que consigamos obter como fruto do nosso trabalho ainda não é suficiente para nos proteger ou impedir alguma eventual e imprevisível adversidade. 

II – A IMUTABILIDADE DA VONTADE DE DEUS (VV. 10-15) Embora sejam dons de Deus – como Salomão já havia dito no capítulo anterior – as coisas de que o homem desfruta debaixo do sol foram dadas para “afligi-lo”, isto é, para prova-lo; para que, assim como o próprio rei de Israel que experimentou todas elas e descobriu que são vãs, nós também possamos ser sábios e não por nelas a nossa felicidade e esperança, nem presumir qualquer coisa sobre elas para o dia de amanhã (cf. Tg 4.13-15; Ec 7.14). Por outro lado, sejam as adversidades, sejam os eventos prósperos e que nos trazem alegria, tudo isto Deus fez formoso em seu tempo, porque tudo acontece no tempo certo e apropriado, uma vez que foi Deus, sábio, justo e bondoso, quem determinou (Dt 32.4). Notemos que, faltando-lhe o senso da bondade divina sempre presente nas circunstâncias que lhe sobrevêm, o homem natural fica perplexo e frustrado ante as adversidades, procurando compreende-las a fim de se sentir mais seguro; quando, na verdade, tudo o que encontra é ainda mais frustração, pois a ele não é dado compreender o começo e o fim da obra de Deus. Assim que resta ao homem se satisfazer com tudo aquilo que a providência divina lhe dispõe a seu tempo, alegrando-se, ou seja, contentando-se e fazendo bom proveito da sua porção, sendo isto o melhor que podem fazer destas coisas, pois é para este fim que Deus lhes dá o fruto do seu trabalho (cf. Fp 4.12). Consideremos também que por fazer bem podemos entender fazer bem a outros, pois não nos dá o Senhor benefícios apenas para usarmos em nosso próprio proveito, mas também para socorrer aqueles que a seu tempo estão sob uma sorte adversa (cf. At 4.35; Ef 4.28). O sábio pregador expressa neste ponto que, sejam quais forem, as circunstâncias que sobrevêm a cada um são inescapáveis e imutáveis, porquanto são obra de Deus, e nada deveríamos investigar sobre a justiça de cada evento (“nada acrescentar nem tirar”), mas antes temer o Único que pode dispor do nosso amanhã, e diante de Quem haveremos de responder por todas as circunstâncias e sobre como lidamos em cada uma delas. 

III – A VAIDADE DA CONDIÇÃO HUMANA (VV. 16-22) A propósito de considerar a justiça dos eventos na vida humana, o pregador explica que somente Deus é justo e somente Ele julgará o justo e o ímpio, pois aqueles que dentre os homens se denominam juízes ou governantes muitas vezes são prejudicados pela vaidade da condição humana, permitindo que a injustiça prevaleça sobre a justiça. Com Deus não há aceitação de pessoas, e Ele não julga como o homem (cf. Rm 2.11; Sl 50.21). Mais uma vez, o propósito disto é afligir o homem para que este não ponha sua confiança naquilo que se faz debaixo do sol, inclusive na justiça dos homens. Todo senso de justiça e presunção de poder reivindicar qualquer coisa quanto ao dia de amanhã cai por terra perante esta constatação, e ao homem resta perceber que, sem um senso da transcendência de Deus, ele não é diferente dos animais que perecem: “Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais; a mesma coisa lhes sucede” (cf. Sl 49.20). A forma como o sábio descreve a morte do homem e a dos animais visa enfatizar que não há nenhuma diferença, pois ambos são feitos da mesma matéria – pó, e ambos são animados por um mesmo fôlego ou princípio vital. Assim, fazer o melhor uso do que a providência divina lhe reparte no presente é o que lhe resta, pois, passada a oportunidade de fazê-lo, ninguém poderá devolvê-la nem ele recuperá-la. 

CONCLUSÃO Assim como o sábio, que possamos aprender a receber com alegria e gratidão tudo o que Deus, na Sua bondade e misericórdia, nos reparte a cada dia, para que, vindo o tempo determinado da adversidade, possamos ser pacientes e resignados, certos de que tais coisas também fazem parte do Seu bom propósito para conosco e que, a seu tempo, também passarão.

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05 abril 2022

002- O propósito da vida terrena - Eclesiastes Lição 02[Pr Nilson Vital]05abr2022

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 LIÇÃO 2 

O PROPÓSITO DA VIDA TERRENA 

TEXTO ÁUREO: “Não é, pois, bom para o homem que coma e beba e que faça gozar a sua alma do bem do seu trabalho? Isso também eu vi que vem da mão de Deus.” (Ec 2.24) 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 2.1-11 

INTRODUÇÃO Tendo aprendido na primeira lição que Eclesiastes é um discurso sobre a transitoriedade da existência humana neste mundo e, portanto, a ilusão de se buscar a verdadeira felicidade naquilo que se faz “debaixo do sol”, prosseguiremos acompanhando as considerações do sábio pregador. No presente capítulo, ele argumentará contra a indiferença que muitos tendem a demonstrar em relação à frustrante constatação de que “tudo é vaidade”, voltando-se para os prazeres e pequenas felicidades de que podem desfrutar nesta vida. Depois de provar que a tolice de tal atitude, ele nos ensina a usufruir de tais coisas segundo o verdadeiro propósito para o qual Deus as concede ao homem. 

I – A VAIDADE DA BUSCA PELO PRAZER E ALEGRIA TERRENAS (VV. 1-11) “Vaidade de vaidades; tudo é vaidade”. Este é o tema e o argumento do pregador, que ele demonstra através de exemplos apresentados nos capítulos 1 e 2. Começando por constatar essa verdade com respeito à ordem natural e à ação humana, ele passa a refletir sobre a busca pelo conhecimento e pela compreensão das coisas deste mundo, e não chega a uma conclusão diferente. Salomão havia se desiludido com possibilidade de entender tudo, e com o fato de que conhecer as coisas como elas são não era suficiente para mudar aquilo que parecia estar errado. Assim, ele se propõe agora a falar sobre a atitude daqueles que, dando de ombros para a dura realidade da condição humana, se voltam para o riso e a alegria, isto é, preferem encarar as coisas com frivolidade e desfrutar ao máximo os prazeres proporcionados pela vida, fazendo dessa felicidade o propósito último da sua existência neste mundo. Como um homem que fala de acordo com a sabedoria que se aprimora na experiência, Salomão havia tomado também este caminho para testar a si mesmo. Notemos, porém, que ele não o faz como aqueles que, no seu desespero, procuram formas de se iludir e escapar à realidade; mas como o sábio que deseja compreender porque existem tais coisas como a o riso e a alegria, e qual o proveito delas para o homem, mesmo quando lhe falta o conhecimento e o temor a Deus. Neste caso, porém, o rei pregador considera que a atitude de se voltar para o riso e a alegria incondicionais não apenas é vaidade, mas loucura. Depois de experimentar todas as formas de prazeres proporcionados pelos sentidos, seja na comida e bebida, na posse e usufruto de muitos bens e riquezas, no engrandecimento e glória perante outros, na execução de muitas obras grandiosas, e na participação de muitos entretenimentos, ele descobriu que todas essas coisas nada mais proporcionavam do que uma alegria de momento, enquanto estavam sendo realizadas, e que essa alegria ficava no passado, na lembrança: “mas o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e esta foi a minha porção de todo o meu trabalho”. Entregar-se a elas, portanto, como forma de afastar ou escapar às dificuldades da vida não é uma insensatez, pois isto é como recusar a realidade que a própria sabedoria procura nos apresentar de diversas formas, a fim de nos levar a Deus e a encontrarmos a verdadeira felicidade (cf. Jo 21.12-14). E o que Salomão está dizendo aqui não é que os aspectos duros e tristes da vida devem ser negados ou ignorados – e, de fato, ele não se deixou iludir enquanto experimentava todos os prazeres que sua condição privilegiada lhe proporcionaram – mas sim que até mesmo o riso e a alegria, se buscados como um fim em si mesmo, contribuem para aumentar o senso de frustração diante da vaidade da vida terrena. Enfim, por trás de cada alegria e felicidade que possamos desfrutar neste mundo, existe a tristeza do trabalho necessário para alcançá-la, e de quão transitória é a sua duração (v. 11). 

II – A SABEDORIA É MELHOR QUE A ALEGRIA DESTE MUNDO (VV. 12-23) Demonstrada a vaidade dos prazeres terrenos, e a insensatez de se apegar a eles ou buscar neles um fim em si mesmo, Salomão passa a comparar essa atitude com a busca pela sabedoria que, embora padeça dos seus próprios males, ainda assim é melhor que a alegria terrena. Embora já tenha afirmado que em ambas há aflição (Ec 1.17), agora ele apresenta razões mais conclusivas, depois de explicar que experimentou ambas de tal modo que ninguém mais depois dele precisará, ou talvez poderá, repetir a experiência no mesmo nível, seja de sabedoria ou de prazeres terrenos (como riqueza, poder, etc.), para saber o que é melhor. A vantagem mais evidente da sabedoria é que ela descortina ao homem a realidade nua e crua da vida, fazendo-o perceber as coisas tais como são, e ensinando-o a não criar expectativas vãs sobre sua condição neste mundo; ao passo que os prazeres dos sentidos criam no coração preferência por estes e rejeição aos incômodos, às adversidades, e, consequentemente, fazem-no desejar e esperar somente a alegria, o riso, levando-o a se esquecer de que há males que são inevitáveis. E essa diferença de perspectiva é fundamental para o homem alcançar a verdadeira felicidade. Contudo, aos que buscam na sabedoria um refúgio contra os males deste mundo, como se ela os tornasse melhores ou lhes assegurasse uma sorte melhor que a dos tolos nas coisas que sucedem debaixo do sol, o pregador alerta com a sua reflexão: “Como acontece ao tolo, assim me sucederá a mim” (v. 15). O sábio não prova somente o bem, nem o tolo somente o mal, mas como morre um, assim morre o outro; as adversidades que sucedem a um também são conhecidas pelo outro, sem que se possa atribuir qualquer uma destas coisas ao fato de um ser sábio e ao outro ser tolo. Notemos que, por atentar para esse fato, o salmista quase desfaleceu, até que passou a considerar tudo à luz de uma realidade transcendente ao que se faz debaixo do sol (cf. Sl 73.2-5, 13-14, 16-17). E a frustração pode ser ainda maior para aquele que espera mais do que se deve esperar de um viver sábio e laborioso, pois, por maior que seja o esforço e sofrimento que tenha empregado para perpetuar o seu trabalho e obter alguma satisfação duradoura, quão facilmente sua obra pode ser destruída pela tolice dos que vierem depois dele! Fica, então, a constatação de que não se deve esperar do trabalho, da sabedoria, mais do que aquilo que eles nos ensinam sobre a vida: que “tudo é vaidade e aflição de espírito” (v. 17). 

III – O PROVEITO DESTA VIDA (VV. 24-26) Removendo toda falsa esperança em relação àquilo que se faz debaixo do sol, o pregador sabiamente nos direciona ao melhor uso que podemos fazer destas coisas, que é desfrutá-las com alegria, no entendimento de que são presentes de Deus. Sabemos que elas são transitórias, e que é loucura esperar encontrar felicidade nelas; mas nem por isso devem ser rejeitadas, pois foram criadas por Deus, e recebêlas em nossa vida como demonstrações da Sua bondade, como sinal de que Ele não nos abandonou em um mundo onde tudo o mais é sofrimento, tristeza e frustração (cf. Sl 104.14-15). O pregador havia chegado a essa conclusão, de que ao homem que teme a Deus, nada do que sucede debaixo do sol cria falsas expectativas em seu coração; todas as coisas contribuem para o seu bem, e ele sabe como usar de tudo para glória de Deus (Rm 8.28). ao passo que o ímpio e incrédulo não obtém nenhum proveito da vida, nem aprende nada sobre a sua realidade, nem como transcende-la; mas antes se engana numa busca frustrante que eventualmente se revelará um total desperdício de sua vida (Tt 1.15; Lc 12.16-20). 

CONCLUSÃO Que possamos como o sábio Salomão perceber e desfrutar as alegrias que Deus manifesta para conosco nas coisas mais simples da vida, mas que se repetem todos os dias, ou com frequência, e que são um claro testemunho de quão grande é a Sua bondade e o Seu amor para conosco, e do quanto maior ela será quando não estivermos mais limitados à transitoriedade deste mundo nem mais sujeitos às aflições desta existência terrena.

PARA USO DO PROFESSOR

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