21 abril 2022

004-O Companheirismo e a paz do contentamento - Eclesiastes Lição 04[Pr Nilson Vital]19abr2022

 

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 LIÇÃO 4 

O COMPANHEIRISMO E A PAZ DO CONTENTAMENTO 

TEXTO ÁUREO: “Melhor é uma mão cheia com descanso do que ambas as mãos cheias com trabalho e aflição de espírito ... Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.” (Ec 4.6, 9) 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 4.1-12 

INTRODUÇÃO A partir do capítulo que ora estudaremos, o pregador discorre sobre a vaidade de diversos campos da vivência e experiência humana, e em alguns momentos o texto parece ganhar um aspecto mais proverbial, reunindo sentenças sobre determinado assunto; mas ainda é possível relacionar cada tópico ao tema principal de que tudo o que se faz debaixo do sol é vaidade e aquele que busca a verdadeira felicidade só a encontrará em Deus, e não neste mundo. Ao mesmo tempo, começamos a ver aqui lições práticas sobre como lidar com diversos dos males com que nos deparamos na vida, de forma a evitar a frustração e ao mesmo tempo fazer o melhor uso da nossa condição neste mundo. 

I – DEBAIXO DO SOL HÁ OPRESSÃO E INVEJA (VV. 1-6) Após demonstrar que o poder mundano em nada tornam diferentes aqueles que o possuem em relação aos que estão em posição inferior, pois todos finalmente descerão ao pó da terra; o sábio passa a expor sua constatação de que o mundo está cheio de injustiça e opressão, e por esta causa há muito sofrimento, e não felicidade. Pior do que isso, muitas vezes aqueles que sofrem jamais encontram alívio nem vêm a justiça sendo feita, restando sem nenhum consolador. Isto porque nem sempre aqueles que estão em posição para executar a justiça são guiados pelo mesmo senso de retidão e humanidade que houve num Salomão, por exemplo, e, como já argumentado, muitos dos que estão em posição de poder abusam buscando o seu próprio interesse às custas do próximo. É certo que os que choram e anseiam por justiça serão saciados, mas não debaixo destes céus, pois, como disse Jesus, neste mundo teremos aflições (cf. Mt 5.4, 6; Jo 16.33; Hc 1.2-4). Expressando a frustração do homem natural, que espera que a justiça seja feita neste mundo, o pregador afirma que, neste caso, melhor estão aqueles que já morreram, pois já escaparam de uma vida de opressão sem perspectiva de consolação. Ou que ainda melhor é a condição daqueles que ainda não nasceram, pois ainda não experimentaram as frustrações a que estão sujeitos os vivos, e das quais os mortos, tendo já as sofrido, foram livrados. Seria melhor que assim permanecessem e nunca viessem ao mundo (cf. Jó 3.20-21). Em seguida, Salomão considera outro mal debaixo do sol – que o trabalho diligente e talentoso muitas vezes é alvo de suspeitas, críticas e desprezo, e não apenas de louvor e reconhecimento. Isto porque o homem natural tende a ver no próximo um competidor, e assim a inveja é um risco a que está sujeito todo aquele que deseja se sobressair entre os seus semelhantes, tornando-se motivo de grande angústia e receio para aquele que faz tudo em busca de louvor e reconhecimento, e não deseja ser alvo de uma avaliação injusta. Por outro lado, fugir do trabalho não é uma opção – essa é uma atitude tola que não produzirá nenhum fruto, e o preguiçoso acabará tendo que roer os próprios ossos (cf. Pv 6.10). Há, porém, um caminho apropriado a se seguir, de modo a evitar ambas as frustrações: “melhor uma mão cheia ... do que duas” significa que devemos evitar a cobiça e o impulso insaciável de acumular riquezas, que só produzem ansiedade e temores, e nunca nos permitem desfrutar do fruto do nosso trabalho; mas usar de modéstia na busca dos bens materiais, contentando-nos e desfrutando com alegria daquilo que Deus nos dá como dons (Pv 10.21; 1 Tm 6.7-10). 

II – É MELHOR O COMPANHEIRISMO DO QUE A SOLIDÃO (VV. 7-12) Considerando ainda a vaidade de um trabalho sem finalidade ou propósito, o pregador volta a refletir sobre o fato de que todo aquele que trabalha incessantemente, sob o espírito da disputa ou competição, em última análise está trabalhando para outrem, que fará o que bem quiser com o fruto do seu trabalho. E, se assim é, por quem trabalha aquele que é solitário, que não tem família, nem herdeiros, nem qualquer outra pessoa para compartilhar o fruto do seu trabalho, ou para a qual deixará o que conquistou com o suor do seu rosto? A pergunta: “Para quem trabalho eu, privando a minha alma do bem?” na verdade representa aquilo que muitos, encontrando-se nesta condição, fazem para si mesmos, mas não obtêm resposta; tampouco a reflexão sobre esta verdade os leva a repensar sobre a futilidade de trabalhar incessantemente sem um propósito modesto e alcançável nesta vida, e por que trabalham como que para alguém que não sabem quem é. Frente às frustrações da vida em sociedade, das injustiças e opressões, das competições e da inveja, aquele que labuta sozinho está em visível desvantagem, considera o pregador. De fato, assim como poder desfrutar daquilo que conquistamos com o nosso trabalho, o companheirismo é um dom, uma bênção de Deus. Se, por um lado, nem toda companhia é boa e seria preferível estar sozinho do que mal acompanhado; por outro, contar com a companhia de outrem ajuda a vencer muitas dificuldades da vida. O pregador comprova seu argumento, primeiro, afirmando o que pode parecer contraditório com o seu julgamento sobre o mal de se ter, nas suas palavras, as “duas mãos cheias”: “porque têm melhor paga do seu trabalho”, mas aqui consideremos que o que ele tem em mente é o trabalho modesto de ambos, levando a um desfrutar ainda maior dos dons de Deus, e não necessariamente a um acúmulo vão de riquezas. Depois, ilustra as vantagens do companheirismo para aliviar os males cotidianos da vida, citando exemplos comuns: “se um cair, o outro levanta o seu companheiro”, “se dois dormirem juntos, eles se aquentarão”, “se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão”, finalizando com a famosa comparação onde, assim como o cordão de três dobras, isto é, a corda feita com vários cordões entrelaçados não se rompe tão facilmente quanto um cordão isolado, do mesmo modo a resistência dos que andam juntos é maior que a do que anda sozinho. 

III – NO MUNDO HÁ HONRA SEM SABEDORIA (VV. 13-16) Esta última parte do capítulo pode parecer não ter relação com o assunto anterior, mas aqui temos outra demonstração da vaidade e incerteza de tudo o que há neste mundo, e de que o companheirismo é melhor que o isolamento mesmo para aqueles que estão em iminência. Embora a sabedoria geralmente seja atribuída aos mais velhos, é uma constatação bíblica que muitas vezes estes podem ser desamparados dela, enquanto os jovens podem se destacar em perspicácia e discernimento (cf. Jó 32.4-11). Sem dúvida, aqui há uma alusão a reviravoltas e mudanças que não devem ser atribuídas ao acaso, mas sim a Deus – como, por exemplo, no caso de José (cf. Gn 37.30). Mas o sentido geral destes últimos versos é de que a vaidade deste mundo é tal que mesmo os reis podem cair em desgraça e serem substituídos por aquele que nenhuma dignidade ou direito ao título real, até que este finalmente também segue o mesmo caminho daquele que o antecedeu. 

CONCLUSÃO As constatações de Salomão quanto à vaidade de tudo o que há debaixo do sol não devem nos deixar frustrados ou decepcionados, mas desvendar a realidade de que não há nada que se esperar deste mundo, senão que tudo um dia passará, e para que não nos apoiemos em nenhuma destas coisas, para que não soframos quando elas já não mais existirem.

PARA USO DO PROFESSOR

AUTORIA 
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.
APOIO 
Rede Grata Nova de Evangelização
Rádio Net Grata Nova
Fundada em 29 março de 2009 por Moisés Moreira


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