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LIÇÃO 4
O COMPANHEIRISMO E A PAZ DO CONTENTAMENTO
TEXTO ÁUREO: “Melhor é uma mão cheia com descanso do que ambas as mãos cheias com trabalho e aflição de espírito ... Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.” (Ec 4.6, 9)
LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 4.1-12
INTRODUÇÃO A partir do capítulo que ora estudaremos, o pregador discorre sobre a vaidade de diversos campos da vivência e experiência humana, e em alguns momentos o texto parece ganhar um aspecto mais proverbial, reunindo sentenças sobre determinado assunto; mas ainda é possível relacionar cada tópico ao tema principal de que tudo o que se faz debaixo do sol é vaidade e aquele que busca a verdadeira felicidade só a encontrará em Deus, e não neste mundo. Ao mesmo tempo, começamos a ver aqui lições práticas sobre como lidar com diversos dos males com que nos deparamos na vida, de forma a evitar a frustração e ao mesmo tempo fazer o melhor uso da nossa condição neste mundo.
I – DEBAIXO DO SOL HÁ OPRESSÃO E INVEJA (VV. 1-6) Após demonstrar que o poder mundano em nada tornam diferentes aqueles que o possuem em relação aos que estão em posição inferior, pois todos finalmente descerão ao pó da terra; o sábio passa a expor sua constatação de que o mundo está cheio de injustiça e opressão, e por esta causa há muito sofrimento, e não felicidade. Pior do que isso, muitas vezes aqueles que sofrem jamais encontram alívio nem vêm a justiça sendo feita, restando sem nenhum consolador. Isto porque nem sempre aqueles que estão em posição para executar a justiça são guiados pelo mesmo senso de retidão e humanidade que houve num Salomão, por exemplo, e, como já argumentado, muitos dos que estão em posição de poder abusam buscando o seu próprio interesse às custas do próximo. É certo que os que choram e anseiam por justiça serão saciados, mas não debaixo destes céus, pois, como disse Jesus, neste mundo teremos aflições (cf. Mt 5.4, 6; Jo 16.33; Hc 1.2-4). Expressando a frustração do homem natural, que espera que a justiça seja feita neste mundo, o pregador afirma que, neste caso, melhor estão aqueles que já morreram, pois já escaparam de uma vida de opressão sem perspectiva de consolação. Ou que ainda melhor é a condição daqueles que ainda não nasceram, pois ainda não experimentaram as frustrações a que estão sujeitos os vivos, e das quais os mortos, tendo já as sofrido, foram livrados. Seria melhor que assim permanecessem e nunca viessem ao mundo (cf. Jó 3.20-21). Em seguida, Salomão considera outro mal debaixo do sol – que o trabalho diligente e talentoso muitas vezes é alvo de suspeitas, críticas e desprezo, e não apenas de louvor e reconhecimento. Isto porque o homem natural tende a ver no próximo um competidor, e assim a inveja é um risco a que está sujeito todo aquele que deseja se sobressair entre os seus semelhantes, tornando-se motivo de grande angústia e receio para aquele que faz tudo em busca de louvor e reconhecimento, e não deseja ser alvo de uma avaliação injusta. Por outro lado, fugir do trabalho não é uma opção – essa é uma atitude tola que não produzirá nenhum fruto, e o preguiçoso acabará tendo que roer os próprios ossos (cf. Pv 6.10). Há, porém, um caminho apropriado a se seguir, de modo a evitar ambas as frustrações: “melhor uma mão cheia ... do que duas” significa que devemos evitar a cobiça e o impulso insaciável de acumular riquezas, que só produzem ansiedade e temores, e nunca nos permitem desfrutar do fruto do nosso trabalho; mas usar de modéstia na busca dos bens materiais, contentando-nos e desfrutando com alegria daquilo que Deus nos dá como dons (Pv 10.21; 1 Tm 6.7-10).
II – É MELHOR O COMPANHEIRISMO DO QUE A SOLIDÃO (VV. 7-12) Considerando ainda a vaidade de um trabalho sem finalidade ou propósito, o pregador volta a refletir sobre o fato de que todo aquele que trabalha incessantemente, sob o espírito da disputa ou competição, em última análise está trabalhando para outrem, que fará o que bem quiser com o fruto do seu trabalho. E, se assim é, por quem trabalha aquele que é solitário, que não tem família, nem herdeiros, nem qualquer outra pessoa para compartilhar o fruto do seu trabalho, ou para a qual deixará o que conquistou com o suor do seu rosto? A pergunta: “Para quem trabalho eu, privando a minha alma do bem?” na verdade representa aquilo que muitos, encontrando-se nesta condição, fazem para si mesmos, mas não obtêm resposta; tampouco a reflexão sobre esta verdade os leva a repensar sobre a futilidade de trabalhar incessantemente sem um propósito modesto e alcançável nesta vida, e por que trabalham como que para alguém que não sabem quem é. Frente às frustrações da vida em sociedade, das injustiças e opressões, das competições e da inveja, aquele que labuta sozinho está em visível desvantagem, considera o pregador. De fato, assim como poder desfrutar daquilo que conquistamos com o nosso trabalho, o companheirismo é um dom, uma bênção de Deus. Se, por um lado, nem toda companhia é boa e seria preferível estar sozinho do que mal acompanhado; por outro, contar com a companhia de outrem ajuda a vencer muitas dificuldades da vida. O pregador comprova seu argumento, primeiro, afirmando o que pode parecer contraditório com o seu julgamento sobre o mal de se ter, nas suas palavras, as “duas mãos cheias”: “porque têm melhor paga do seu trabalho”, mas aqui consideremos que o que ele tem em mente é o trabalho modesto de ambos, levando a um desfrutar ainda maior dos dons de Deus, e não necessariamente a um acúmulo vão de riquezas. Depois, ilustra as vantagens do companheirismo para aliviar os males cotidianos da vida, citando exemplos comuns: “se um cair, o outro levanta o seu companheiro”, “se dois dormirem juntos, eles se aquentarão”, “se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão”, finalizando com a famosa comparação onde, assim como o cordão de três dobras, isto é, a corda feita com vários cordões entrelaçados não se rompe tão facilmente quanto um cordão isolado, do mesmo modo a resistência dos que andam juntos é maior que a do que anda sozinho.
III – NO MUNDO HÁ HONRA SEM SABEDORIA (VV. 13-16) Esta última parte do capítulo pode parecer não ter relação com o assunto anterior, mas aqui temos outra demonstração da vaidade e incerteza de tudo o que há neste mundo, e de que o companheirismo é melhor que o isolamento mesmo para aqueles que estão em iminência. Embora a sabedoria geralmente seja atribuída aos mais velhos, é uma constatação bíblica que muitas vezes estes podem ser desamparados dela, enquanto os jovens podem se destacar em perspicácia e discernimento (cf. Jó 32.4-11). Sem dúvida, aqui há uma alusão a reviravoltas e mudanças que não devem ser atribuídas ao acaso, mas sim a Deus – como, por exemplo, no caso de José (cf. Gn 37.30). Mas o sentido geral destes últimos versos é de que a vaidade deste mundo é tal que mesmo os reis podem cair em desgraça e serem substituídos por aquele que nenhuma dignidade ou direito ao título real, até que este finalmente também segue o mesmo caminho daquele que o antecedeu.
CONCLUSÃO As constatações de Salomão quanto à vaidade de tudo o que há debaixo do sol não devem nos deixar frustrados ou decepcionados, mas desvendar a realidade de que não há nada que se esperar deste mundo, senão que tudo um dia passará, e para que não nos apoiemos em nenhuma destas coisas, para que não soframos quando elas já não mais existirem.
PARA USO DO PROFESSOR
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