27 janeiro 2021

005-A Fé sem obras é morta - Tiago Lição 05[Pr Afonso Chaves]26jan2021

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LIÇÃO 5 

A FÉ SEM OBRAS É MORTA 

TEXTO ÁUREO: “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.” (Tg 2.26). 

LEITURA BÍBLICA: TIAGO 2.14-26 

INTRODUÇÃO A passagem que será objeto da nossa presente lição é uma das mais conhecidas de Tiago, e está entre as mais discutidas e distorcidas das Escrituras. Mas veremos que não há razão para desentendimentos e o escritor é muito claro na forma como trata da fé nos termos que o faz aqui. Seu propósito não é tanto ensinar alguma verdade que os crentes já não conhecessem a respeito da fé, mas é argumentar com aqueles que, negligenciando os aspectos mais elementares da prática implícita a essa fé, viviam uma contradição intolerável e que devia ser desmascarada para o seu próprio bem. 

I – O ERRO DA FÉ SEM OBRAS (VV. 14-17) Levando em consideração a abordagem estritamente prática do autor sobre os assuntos tratados ao longo desta epístola, sem dúvida ele não poderia ter agido de forma diferente ao falar sobre a fé. Se considerarmos também o contexto estudado nas lições anteriores, podemos dizer que aqui Tiago está propondo a mesma exortação sob um aspecto diferente. Assim como muitos se jactavam de uma piedade e religião vazia de santidade; e como muitos se jactavam se serem cumpridores da lei divina, mas se esqueciam de que o descumprimento de um só mandamento os tornava violadores de todos os demais; muitos na igreja se gloriavam de terem fé, mas uma fé que, por consistir apenas em palavras – e em nada além de palavras – não podia ser louvada pelo apóstolo, mas antes devia ser desmascarada como mais um artifício inútil da hipocrisia e sutileza humana em evitar os compromissos divinos. Entenderemos que Tiago não está contradizendo o apóstolo Paulo (como muitos críticos o querem) se notarmos que ele não questiona a fé como tal, mas um certo tipo de fé, a saber, aquela que consistia apenas numa confissão exterior, desprovida de obras – uma confissão que, nesse caso, não tem mais valor do que o fruto dos lábios do hipócrita (Mt 15.7-8). Por mais coerente que seja com a sã doutrina, qualquer palavra proferida em nome de Cristo Jesus com o intento apenas de satisfação intelectual ou emocional, sem implicar na obediência total implícita ao senhorio do Seu Santo Nome, é de uma insensatez e inutilidade tal como ilustrada na comparação: “E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?” Certamente, a confissão faz parte da verdadeira fé – tanto a admissão interior do coração como aquela expressa por palavras (cf. Rm 10.8-10), e inclusive antecede às próprias obras (cf. Hb 11.1-2, 6), sendo estas consequentes daquela (cf. Ef 2.8-10). Mas, sem estas, como ele conclui provisoriamente, a fé é morta – isto é, não é verdadeira fé, ou é uma fé que não existe – porque não existe fé sem obras, como ele provará nos versos seguintes. 

II – A FÉ É INSEPARÁVEL DAS OBRAS (VV. 18-19) Ainda argumentando com aqueles crentes que diziam ter uma espécie de fé dissociada de obras, e que se gloriavam nisto, Tiago desfaz o auto engano deles demonstrando que esse tipo de fé simplesmente não pode existir – não é a fé evangélica, aquela fé que sabemos ser viva justamente porque é eficaz, produtiva e evidenciadora do reino de Deus e da sua virtude (cf. Mt 9.22; 11.23; 16.17-18). Para que eles pudessem entender o absurdo dessa suposta fé, o escritor propõe um “teste” na forma de um pequeno diálogo, onde se pode entender que um desses crentes que dizia ter apenas a fé é, por assim dizer, “desafiado” por outro que, por sua vez, tinha as obras: “Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. O argumento é que, sem obras, você não pode provar que tem a fé verdadeira, aquela fé que, como disse Tiago, pode salvar. Se a fé, em si mesma, é evidência e prova suficiente do invisível e do espiritual, por outro lado, sem obras, não é possível provar a própria fé; antes, a ausência de obras evidencia a ausência de fé. Por outro lado, o escritor não está desprezando a relação entre fé e intelecto, nem uma expressão “formal” da fé – afinal, a fé vem pelo ouvir, e a compreensão racional de verdades definidas ou apresentadas de maneira lógica e ordenada é o instrumento material necessário para que o dom de Deus possa nascer no coração dos homens (Rm 10.14-17). Mas não há nada do que se gloriar aqui; essa “fé confessional” não é privilégio dos salvos; muitos a tem em diferentes medidas pela luz da natureza; outros a têm até numa medida maior que a de muitos santos, e agem até de forma mais coerente com a certeza que derivam a partir dela – como os demônios – mas nem por isso essa fé lhes assegurará a vida eterna. 

III – A FÉ É JUSTIFICADA PELAS OBRAS (VV. 20-26) O apóstolo chama aquele que alega ter uma fé sem obras de “homem vão”, mas admite uma possível insistência deste em querer provas de que a fé sem obras é realmente morta. Tiago então se reporta à autoridade final nas questões de fé e prática: as Escrituras, em especial ao testemunho divino sobre as palavras e atos dos antigos. Assim, não é ninguém menos que Abraão, aquele que é chamado de “pai da fé” pelo apóstolo Paulo, que o escritor aqui demonstra ser igualmente “pai das obras”, por assim dizer. Como já destacamos, não há contradição nenhuma implícita no texto; Tiago conhecia tão bem como Pedro e os demais apóstolos a doutrina da justificação pela fé; tudo o que ele está fazendo é apontar um aspecto necessário da obra da graça de Deus no homem que estava sendo desprezado pelos que negavam a eficácia da piedade – aspecto esse também demonstrado na vida de Abraão. Tiago recorda então seus leitores, certamente versados no Antigo Testamento, que ao mesmo tempo que Abraão tem testemunho de ter agradado a Deus exclusivamente pela fé, ele também o tem ao realizar obras que evidenciavam sua fé em Deus. O escritor poderia ter citado a saída de Ur, a circuncisão e outros exemplos, mas preferiu tomar o último e mais expressivo ato de obediência e submissão do patriarca ao Altíssimo para que seus leitores pudessem entender que, por mais que distasse muitos anos desde o testemunho alcançado inicialmente pela fé, era um ato que corroborava ou, na expressão de Tiago, aperfeiçoava aquela fé, pois era fruto e evidência dela (cf. Gn 15.6; Hb 11.17). Notemos que ele acrescenta a descrição, muito importante para o argumento, que, em decorrência desta obra, Abraão passou a ser chamado o “amigo de Deus” – o que ele associa com a justificação, no verso seguinte. Ao exemplo seguinte, de Raabe, poderiam, na verdade, ser acrescentados todos os exemplos das Escrituras – de fato, aqueles que o escritor aos Hebreus apresenta como os antigos que alcançaram, pela fé, testemunho de que agradaram a Deus, e que nós chamamos de “heróis da fé”, bem poderiam ser também chamados de “heróis das obras”, pois todos eles demonstraram sua fé em grandes atos de obediência que expressam sua confiança em Deus e esperança nas Suas promessas. 

CONCLUSÃO Assim como não podemos nos enganar com a religiosidade daqueles que confiam nas suas próprias obras, quando a salvação se dá somente pela graça, por meio da fé; devemos também ter cuidado com o erro mais comum daqueles que se dizem evangélicos, de esvaziar essa fé do seu conteúdo espiritual, que nos vincula ao reino de Deus e nos torna aptos a seguir o exemplo daqueles que, antes de nós, fizeram grandes coisas por essa fé.

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21 janeiro 2021

004-O Pecado da Acepção de Pessoas - Tiago Lição 04[Pr Afonso Chaves]19jan2021

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LIÇÃO 4 

O PECADO DA ACEPÇÃO DE PESSOAS 

TEXTO ÁUREO: “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores.” (Tg 2.8-9). 

LEITURA BÍBLICA: TIAGO 2.1-13 

INTRODUÇÃO Na primeira parte deste capítulo, que será a passagem em estudo na lição de hoje, veremos como o apóstolo desmascara uma prática que é muito frequente nas comunidades cristãs, mas poucas vezes percebida e condenada como um pecado. Ainda preocupado com o engano da hipocrisia e de uma falsa profissão de fé, Tiago não apenas demonstrará como essa prática é nociva e contraditória com a fé cristã, mas também lembrará como a prática real do amor ao próximo elimina qualquer tipo de acepção de pessoas e representa um sólido fundamento para o cumprimento da lei de Deus. 

I – A FÉ É INCOMPATÍVEL COM A ACEPÇÃO DE PESSOAS (VV. 1-7) O escritor começa estabelecendo a incompatibilidade da fé com o pecado que, nos versos seguintes, ele apresentará na forma de um exemplo. O argumento é que todos nós, como crentes em Cristo Jesus, partilhamos de uma fé comum naqu’Ele que é o “Senhor da glória”, isto é, o que tem maior grandeza, poder, riquezas e mérito para ser honrado mais do que qualquer outro ser nos céus e na terra (Ap 5.12-13). Em nossas assembleias, o senso dessa glória deveria ser ainda maior, pois é para isto que nos reunimos – admirar a glória absoluta do Senhor Jesus Cristo, e não a glória relativa das Suas criaturas (cf. Ap 22.8-9). Mas o problema não seria tão grande se os crentes apreciassem os outros pela sabedoria, zelo, testemunho e outros dons e frutos espirituais; o que Tiago realmente condena aqui é a apreciação pelo status social e riquezas deste mundo possuída por alguns – o que não é gloria nenhuma, de fato, ou é no máximo uma glória aparente e vã (cf. 5.1-3; 1 Pe 1.24-25). Acepção de pessoas, portanto, é o mesmo que aceitar ou admirar os outros pela aparência, e não pelo que elas são; o que é completamente contrário à fé que une todos os crentes e os faz serem igualmente aceitos por Deus, a despeito do que têm ou aparentam ser neste mundo (At 10.34-35). O exemplo é o mais típico ou característico que poderíamos conceber, mas nem por isso menos frequente em nossas assembleias; e, considerando que Tiago escreve “às doze tribos dispersas”, parecia ser uma prática constante nas igrejas o suficiente para o apóstolo dedicar parte da sua breve missiva a alertar sobre o problema. Notemos que ele destaca dois agravantes sobre este pecado, quando cometido no meio da comunidade: “fizestes distinção dentro de vós mesmos”, ou “entre vós mesmos”, e: “vos fizestes juízes de maus pensamentos”. Ao mesmo tempo, coloca na forma de perguntas, porque qualquer cristão deveria ser redarguido pela sua própria consciência quando confrontado com a situação dessa forma. Ora, se nenhum cristão deveria ser diferenciado do outro por dons e talentos particulares, porque nem um nem outro têm qualquer coisa de valiosa e admirável que não tenham recebido de Deus (Ef 4.7; 1 Co 4.7); quanto mais no que diz respeito a critérios de distinção completamente estranhos aos valores espirituais do reino dos céus (cf. 1 Co 1.26-29; Mc 10.23). De fato, muitos daqueles que desfrutavam da aparência admirada por esses irmãos estavam, a despeito disso (e muitas vezes por conta disso), entre os incrédulos e até perseguidores da igreja; ao passo que a pobreza, tratada de modo inverso, era a característica predominante dos crentes e fiéis. 

II – A LEI CONDENA A ACEPÇÃO DE PESSOAS (VV. 8-9) Como sempre, a razão pela qual tanto indivíduos como comunidades inteiras acabam se enredando no erro está na falta de atentar para a palavra de Deus: “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real”. Pela palavra “lei” Tiago está se referindo à revelação divina no seu aspecto mandatório, tal como também significava para os hebreus da antiga aliança, mas também considerando o verdadeiro espírito dessa lei, tal como expresso por nosso Senhor Jesus Cristo no maior mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (cf. Jo 15.10-12, 17; Mc 12.31; Rm 13.8-10). Se os crentes se preocuparem em cumprir esta lei real (porque é Cristo Jesus, o Rei dos reis, quem a definiu como a mais importante de todas), certamente não serão enganados pela aparência nem incorrerão no pecado da acepção de pessoas, já que o verdadeiro amor, exemplificado pelo próprio Deus na pessoa de Seu Filho Jesus, é desinteressado e altruísta, tendo seu fundamento em razões que vão além do próprio objeto amado, não podendo ser afetado por qualquer mudança ou alteração nele (Rm 5.6-8). Para enfatizar a gravidade do que estava acontecendo nas igrejas, Tiago não apenas expressa de modo positivo a lei que, se cumprida, boa coisa os irmãos fariam; mas também reprova o contrário, a prática da acepção de pessoas, como transgressão sujeita à repreensão divina. Não nos enganemos, relegando isto a uma questão de conveniência; honremos cada um segundo a honra que Deus lhe concedeu no seu próprio lugar (cf. Rm 13.7); mas a igreja existe para proclamar a honra de Deus e de Seu Filho Jesus (cf. Ef 3.21), em primeiro lugar; e, se alguém no reino dos céus merece honra, o tal será distinguido pelos critérios de Deus, e não do mundo (cf. Pv 29.23). 

III – DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS (VV. 10-13) Estes versos nos lembram o alerta feito por Tiago aos que valorizavam uma demonstração exterior de piedade separada do que era realmente puro e imaculado para Deus. Era a mesma tendência do judeu que, antes de aceitar a fé em Cristo, acreditava estar agradando a Deus por cumprir muitos mandamentos, mas não todos, quando na verdade estava incorrendo em hipocrisia (cf. Gl 3.11-12; Mt 19.20-22; Rm 2.1-3). No reino de Deus, não seria diferente: nós, que vivemos sob a lei da liberdade, não mais sujeitos à corrupção do pecado que invalidava qualquer esforço de obediência, estamos sob uma responsabilidade ainda maior de cumprir os mandamentos, mesmo os menores (cf. Mt 5.17-20). Ele ainda lembra que, assim como todos os homens, haveremos de ser julgados por Deus, mas o critério que definirá a sentença do nosso julgamento depende de como procedemos em relação à lei real: “O juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia”, ou seja, que não guiou o seu julgamento sobre o princípio do amor ao próximo, antes se fez juiz de maus pensamentos, discriminando (mesmo que indiretamente) os irmãos pobres dos ricos, os pequenos dos grandes. Por outro lado, a “misericórdia triunfa sobre o juízo”, no sentido de que o julgamento de Deus será pautado tanto pela justiça como pela liberalidade divina em perdoar, usar de misericórdia sobre aqueles que usaram de misericórdia, que são aqueles que verdadeiramente amam o próximo como a si mesmos (cf. Lc 10.30-37; Mt 5.7; 18.23-35). 

CONCLUSÃO Lamentavelmente, muitos cristãos ainda julgam o próximo de acordo com a sua aparência, posses e outros aspectos passageiros, assim como fazem os incrédulos, que não têm nenhum senso dos valores espirituais. Aprendamos a pautar nossa consideração pelo próximo sobre o princípio da misericórdia e do amor – o mesmo amor com que Deus nos amou sem acepção de pessoas e que naquele dia também nos salvará do juízo.

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14 janeiro 2021

003-A verdadeira religião - Tiago Lição 03[Pr Afonso Chaves]12jan2020

 

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LIÇÃO 3 

A VERDADEIRA RELIGIÃO 

TEXTO ÁUREO: “E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.” (Tg 1.22). 

LEITURA BÍBLICA: TIAGO 1.19-27 

INTRODUÇÃO Tendo demonstrado o benefício que o cristão pode extrair das circunstâncias mais adversas às quais venha a ser submetido, e que em tudo isto Deus tenciona sempre o seu bem, devendo qualquer pecado atribuído à fraqueza e inconstância do nosso próprio coração; o apóstolo prossegue explicando a eficácia da palavra de Deus em nos tornar idôneos para a salvação a verdadeira felicidade, desde que recebida voluntariamente e com sincera disposição para cumpri-la. 

I – COMO RECEBER A PALAVRA DE DEUS (VV. 19-21) No verso 18, o escritor inspirado concluiu seu argumento de que nenhum mal pode ser imputado a Deus, pois d’Ele procede apenas aquilo que é bom e perfeito, lembrando que a maior prova da Sua boa vontade para conosco é que Ele nos concedeu o maior privilégio que qualquer outra criatura jamais recebeu – sermos feitos “como primícias das suas criaturas”. Através do evangelho, Ele nos gerou de novo, nos santificou e nos fez idôneos, não para o pecado e a corrupção da carne, mas para obras dignas da Sua palavra e daqueles que hão de ser apresentados a Deus como o melhor da criação (1 Pe 1.23-25). Essa é uma verdade conhecida por todo cristão, mas que poucos levam em consideração quando sobrevêm as aflições; antes, tendemos a nos precipitar “falando” e nos “irando”, ou seja, dando vazão às impressões que temos do momento, as quais serão sempre muito superficiais e estarão muito aquém das razões divinas; ou, pior ainda, poderão se mostrar falsas e até ofensivas contra Deus (cf. Jó 42.1-6 e 7-8). Assim, ao invés de primícias, fazemo-nos como o restolho e a palha inútil que há de ser consumida pelo fogo (cf. Zc 13.8-9; Ml 4.1-3; Mt 3.10-12). A lição simples e importante por trás desses versos já foi apresentada no começo da epístola: o momento da prova deve ser recebido tanto com resignação ante a soberania de Deus, que tudo tem sob o Seu controle (Jó 1.20-22; 2.9-10; Ec 7.14); como também com esperança de que até as piores circunstâncias haverão de redundar em nosso benefício, graças à Sua boa vontade para conosco. Considerando então que nossas afeições e disposições naturais, quando atendidas, tendem a causar mais prejuízo do que benefício em nosso desenvolvimento espiritual, a exortação de Tiago é para que rejeitemos todas essas “erupções” da velha natureza, quando submetidos à prova da fé, pois as coisas de Deus parecerão loucura sob o olhar do interesse e amor próprio (cf. 1 Co 2.14; Mt 16.21-23). É na palavra, não em nós mesmos, que encontraremos graça, luz e conforto para vencer a prova (Fp 4.12- 13). Notemos que, conforme diz a Escritura, a palavra já está em nós – ela foi “enxertada” em nós pela pregação, mas pode ser arrebatada, ter pouca duração ou ser sufocada e, assim, ter pouco efeito em um coração que a rejeita para dar ouvidos às suas próprias paixões (Mt 13.19-22). 

II – NÃO APENAS OUVIR, MAS TAMBÉM OBEDECER (VV. 22-25) Ainda no contexto da virtude e eficácia da palavra de Deus em salvar aqueles que a recebem, o escritor acrescenta que está se referindo não a um mero ato de ouvi-la “exteriormente”, com os ouvidos da carne, sem uma sincera disposição em cumpri-la. É verdade que a fé vem pelo ouvir da palavra, mas aqueles que ouvem de mau grado nada receberão por isso, apenas estarão se enganando com a falsa idéia de que poderiam ser salvos só por serem meros ouvintes de Cristo. Na verdade, tal atitude é extremamente perigosa, e muitos selarão o seu destino eterno por causa dela (cf. Mt 13.10-15; Lc 13.25- 27). Atentemos para a comparação feita por Tiago: “Se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante...”, onde ele ilustra o potencial da palavra de Deus para salvar o homem, potencial esse do qual ele se priva ao ser apenas um ouvinte, e não também cumpridor. Todos concordamos que, apontando ao homem os seus pecados e a corrupção da sua natureza, desenganando-o das suas falsas percepções sobre si mesmo, a palavra atua como um espelho. Mas, mesmo assim, para os que apenas a ouvem e não a cumprem, ela é apenas como um espelho, e ele nada pode fazer sobre aquilo que vê nesse espelho divino. Por outro lado, aquele que atenta e persevera na palavra, não somente ouvindo, mas sendo fazedor da obra, o escritor declara que será bem-aventurado no seu feito – bem-aventurança essa já ilustrada por nosso Senhor em outras passagens (cf. Mt 7.24-27). A palavra é chamada de lei perfeita da liberdade, primeiro, não apenas no sentido de “norma”, “regra”, “mandamentos”, mas de “princípio”, pois é o único modo de o cristão se conduzir em harmonia com a sua condição de “primícias da criação”, em harmonia com o seu destino de participar da bem-aventurança daqueles que obedecem e se sujeitam a Deus. É, portanto, a lei daqueles que foram libertados da velha natureza, do pecado e das paixões carnais (cf. Rm 7.22-24; 8.1). 

III – A VERDADEIRA RELIGIÃO CRISTÃ (VV. 26-27 ) É interessante lembrar que Tiago está escrevendo a irmãos de origem judaica que, provavelmente, ainda mantinham muitos aspectos exteriores da sua devoção a Deus, agora inspirados e com um novo sentido dado pelo conhecimento de Cristo Jesus. Ou seja, eram homens muito religiosos e zelosos por suas tradições (cf. At 21.20). Religião aqui se refere a essa “piedade” ou “devoção” geralmente externada em palavras e atos, e que podem fazer parte da espiritualidade de cada um para com Deus, mas que devemos ter o cuidado de não torná-las vãs e nos enganarmos com elas por uma atitude incoerente com aquilo o que é mais essencial à fé cristã (compare com 1 Co 14.37). Consoante ao contexto da lição, o que Tiago está dizendo é que todas as expressões exteriores de um crente sobre sua devoção e amor a Deus são falsas e enganadoras se, diante da provação, sua atitude for outra que não aquela que Deus espera de nós: refrearmos nossa língua, isto é, nossas paixões. Não é à toa que aqui o escritor se refere à religião pura e imaculada para com Deus, o Pai – porque Ele jamais aceitou a devoção e piedade que muitos israelitas expressavam exteriormente, mas negavam por um coração perverso e rebelde, ou pelos seus pecados ocultos (cf. Sl 51.16-17; Is 1.11-15; Mt 15.7-9). E, por esta causa, ele resume também em dois aspectos as características do tipo de piedade que agrada a Deus: “Visitar os órfãos e viúvas nas suas tribulações”, que eram dois tipos particularmente representativos de pessoas em constante aflição, por terem sido privadas da assistência, amor e proteção de seus entes queridos e que, num contexto mais amplo, simbolizam todos os nossos irmãos que, assaltados pela aflição, devem ser assistidos tanto espiritualmente como materialmente (Mt 25.31-46; Rm 12.13; Tg 5.9-15). E “guardar-se da corrupção do mundo” abrange tudo aquilo que há no mundo e que contamina a alma, diminuindo o amor por Deus, o Pai – entre as quais coisas se incluem as paixões anteriormente tratadas, como a temeridade no falar e no irar-se. 

CONCLUSÃO Ser cristão não significa apenas confessar uma fé, mas é também e, mais do que isso, viver pelos princípios dessa fé em todos os momentos e circunstâncias da vida, e vive-los a todo custo, mesmo quando confrontados e incitados a tomar um caminho “mais fácil” que implicaria em abandoná-la. Não nos enganemos com a aparência da devoção exterior, mas façamos dela apenas a camada mais superficial de um amor e uma disposição verdadeira em cumprir a palavra de Deus.

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07 janeiro 2021

002-Deus não é o Autor do Pecado - Tiago Lição 02[Pr Afonso Chaves]05jan2021

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LIÇÃO 2 

O AUTOR DO PECADO 

TEXTO ÁUREO: “Mas cada um é tentado quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.” (Tg 1.14). 

LEITURA BÍBLICA: TIAGO 1.13-18 

INTRODUÇÃO Tiago iniciou sua carta exortando os fieis a receberem com alegria as provações que lhes fossem enviadas, tendo em vista os benefícios espirituais que colheriam da paciência exercitada e do senso de aprovação diante de Deus sob tais circunstâncias. Mas agora o escritor passa a considerar o caso daqueles que, submetidos à prova, não resistem e pecam; e demonstra que Deus tanto não tem prazer nesse tipo de tentação como também não é o autor de qualquer imperfeição ou fracasso dos homens. 

I – DEUS NÃO É O AUTOR DO PECADO (V. 13) Ficou bastante claro que as “provações” de que Tiago fala nos versos iniciais deste capítulo são circunstâncias que se abatem ou “são enviadas” sobre os fieis para testar a sua fé, e não “tentações” no sentido próprio da palavra. São provações que não devem ser rejeitadas como se coisa ruim fossem, ou como se o tipo de mal ou aflição que encerram fosse pecaminoso, afastando o crente de Deus; pelo contrário, trata-se de um mal que, encarado sob a ótica do propósito divino, contribuirá para o nosso bem, pois nos aproximará mais de Deus (cf. Rm 8.35-39). Mas, a partir do presente verso, o autor claramente emprega a palavra em outro sentido – no sentido da “tentação” tal como a definimos. As provações certamente vêm de Deus, para aprimoramento e felicidade dos fieis, dos perseverantes (v. 12); mas, quando os inconstantes e néscios não veem nelas senão ocasião para pecar e expor o que há em seus corações, Deus não pode ser responsabilizado pelo fracasso de quem, ao invés de vencer, se deixa vencer pelas suas próprias paixões. Tiago não está aqui tratando da soberania divina e da predestinação; seu enfoque é mais voltado para a experiência prática, quando somos confrontados por circunstâncias difíceis que, se não as acolhermos com uma atitude espiritual – ou seja, com alegria e como provas da nossa fé – o pecado parecerá ser o caminho mais fácil a seguir. É verdade que nada escapa ao poder e controle de Deus, inclusive o mal, tanto “natural” (ou material) como “moral” (ou espiritual), e somente o Altíssimo sabe usar até mesmo o pecado do homem para redundar na realização dos Seus santos desígnios (cf. Gn 50.20; At 2.23, 36). Mas Deus simplesmente não pode incitar o homem ao mal porque, primeiro, o mal é algo completamente alheio, estranho e inadmissível à natureza divina – Deus é pura justiça e bondade (cf. 1 Jo 1.5; Hc 1.13), e não pode incitar outros ao mal aquele sobre quem o mal não tem nenhum poder. Em segundo lugar, porque Deus não deseja que o homem faça o mal, jamais tendo sugerido, tampouco ordenado, que o homem escolhesse o mal, antes rogando que este escolhesse o bem e assim desfrutasse dos seus benefícios (Ez 18.23). Podemos então afirmar que o escritor inspirado está refutando aqui uma tendência muito característica dos descendentes de Adão, de imputar a culpa dos seus pecados ao Criador (Gn 3.12) e não considerar que não são das circunstâncias adversas que devemos nos queixar, e sim do nosso próprio fracasso em lidar com elas (cf. Jó 1.20-22; 2.9-10; Lm 3.39). 

II – O PROCESSO DA TENTAÇÃO AO PECADO (VV. 14-16) Tendo afirmado a total isenção de Deus no que diz respeito à origem da tentação e do pecado, Tiago explica como e onde se dá todo o processo da tentação e do pecado. Não são as circunstâncias exteriores, adversas e incitadoras ao pecado a causa determinante da tentação – pois Deus, no Seu bom propósito de nos aprovar, não permite que venha sobre nós prova maior do que possamos suportar, e sempre dará um escape oportuno (1 Co 10.13; Gl 5.16). Nem mesmo Satanás, que é chamado de “tentador” por desejar e sugerir, de diversas maneiras, que o homem peque contra o seu Criador (Mt 4.3; 1 Jo 3.8), pode ser responsabilizado pelos pecados que cometemos, porquanto seus “argumentos” contra nós já foram calados por Cristo na cruz do Calvário e não têm mais nenhuma força para nos convencer a pecar, podendo ele ser resistido e afugentado por nós, a exemplo do que fez o próprio Senhor Jesus (cf. Rm 8.31, 33-34; Ap 12.10-11; Tg 4.7; 1 Pe 5.8-9). Resta então que aceitemos humildemente a verdade de que “cada um é tentado quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência”. O homem caiu em Adão e ficou sujeito ao poder do pecado – poder esse que engana (engoda) o coração e o faz desejar o que é contrário a Deus, de tal modo que esse comportamento pode ser chamado também de “natureza pecaminosa”, pois é uma tendência recorrente e a característica predominante do homem natural, do mundo (cf. Rm 8.5, 8; Ef 4.22). A tentação é algo tão perigoso que Cristo, o único a ser tentado em tudo sem nunca pecar, nos orienta a pedir graça a Deus para escaparmos dessa terrível circunstância (Mt 26.41; Hb 4.15). Mas também podemos notar nas palavras do escritor uma gravidade progressiva no desenrolar desse processo, onde o simples desejo pelo pecado, uma vez alimentado e acolhido no coração como uma possibilidade, já constitui transgressão, e o fiel deve buscar de Deus perdão e graça para mortificar tal disposição maligna e santificar sua mente (cf. Mt 5.28-30; Rm 6.11-14). Já o pecado “consumado” se refere ao pecado realizado e sobre o qual não haja arrependimento, que resultará em morte eterna (Rm 6.23; Gl 6.7-9). 

III – DEUS, O AUTOR DE TODA A PERFEIÇÃO (VV. 17-18 ) Muitos crentes erram no conceito que fazem de Deus, seja duvidando daquilo que as Escrituras ensinam sobre o que Ele é e faz, seja atribuindo-lhe definições completamente equivocadas e até mesmo pecaminosas, como no caso em pauta. Deus não é e não pode ser autor de nenhuma imperfeição ou mal, como é o pecado. Pelo contrário, d’Ele vem toda boa dádiva e todo dom perfeito – não somente “coisas boas” sob um ponto de vista material, e também não somente no sentido espiritual; tudo o que Deus faz é bom e perfeito, porque está de acordo com a Sua vontade e propósito, que irresistivelmente redundará no bem supremo da Sua obra e na Sua glória eterna. Creiamos e glorifiquemos a Deus pela Sua bondade não somente quando ela parecer mais patente aos nossos olhos, mas também quando ela estiver oculta sob as nuvens passageiras da angústia e aflição. Deus também é o Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação, pois tão certo quanto o sol e a lua sempre darão luz à criação, o caráter e propósito do nosso Deus jamais mudará – tudo o que vier d’Ele sempre visará o nosso aperfeiçoamento, nossa enlevação espiritual e conformidade ao Seu bom propósito. 

CONCLUSÃO Consideremos como devemos ser humildes diante da provação para que não caiamos no engano do pecado; mas também tenhamos cuidado com a tendência natural de procurar “culpados” pelas nossas dificuldades e assim acabarmos afastando a possibilidade de extrair qualquer benefício da prova da nossa fé. Descansemos em Deus, que não muda, e que a Seu tempo nos fará ver o quanto Ele nos tem agraciado com até nas maiores provações.

PARA USO DO PROFESSOR

AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.

APOIO
Rede Grata Nova de Evangelização
Rádio Net Grata Nova
Fundada em 29 março de 2009 por Moisés Moreira



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