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LIÇÃO 3
A VERDADEIRA RELIGIÃO
TEXTO ÁUREO: “E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.” (Tg 1.22).
LEITURA BÍBLICA: TIAGO 1.19-27
INTRODUÇÃO Tendo demonstrado o benefício que o cristão pode extrair das circunstâncias mais adversas às quais venha a ser submetido, e que em tudo isto Deus tenciona sempre o seu bem, devendo qualquer pecado atribuído à fraqueza e inconstância do nosso próprio coração; o apóstolo prossegue explicando a eficácia da palavra de Deus em nos tornar idôneos para a salvação a verdadeira felicidade, desde que recebida voluntariamente e com sincera disposição para cumpri-la.
I – COMO RECEBER A PALAVRA DE DEUS (VV. 19-21) No verso 18, o escritor inspirado concluiu seu argumento de que nenhum mal pode ser imputado a Deus, pois d’Ele procede apenas aquilo que é bom e perfeito, lembrando que a maior prova da Sua boa vontade para conosco é que Ele nos concedeu o maior privilégio que qualquer outra criatura jamais recebeu – sermos feitos “como primícias das suas criaturas”. Através do evangelho, Ele nos gerou de novo, nos santificou e nos fez idôneos, não para o pecado e a corrupção da carne, mas para obras dignas da Sua palavra e daqueles que hão de ser apresentados a Deus como o melhor da criação (1 Pe 1.23-25). Essa é uma verdade conhecida por todo cristão, mas que poucos levam em consideração quando sobrevêm as aflições; antes, tendemos a nos precipitar “falando” e nos “irando”, ou seja, dando vazão às impressões que temos do momento, as quais serão sempre muito superficiais e estarão muito aquém das razões divinas; ou, pior ainda, poderão se mostrar falsas e até ofensivas contra Deus (cf. Jó 42.1-6 e 7-8). Assim, ao invés de primícias, fazemo-nos como o restolho e a palha inútil que há de ser consumida pelo fogo (cf. Zc 13.8-9; Ml 4.1-3; Mt 3.10-12). A lição simples e importante por trás desses versos já foi apresentada no começo da epístola: o momento da prova deve ser recebido tanto com resignação ante a soberania de Deus, que tudo tem sob o Seu controle (Jó 1.20-22; 2.9-10; Ec 7.14); como também com esperança de que até as piores circunstâncias haverão de redundar em nosso benefício, graças à Sua boa vontade para conosco. Considerando então que nossas afeições e disposições naturais, quando atendidas, tendem a causar mais prejuízo do que benefício em nosso desenvolvimento espiritual, a exortação de Tiago é para que rejeitemos todas essas “erupções” da velha natureza, quando submetidos à prova da fé, pois as coisas de Deus parecerão loucura sob o olhar do interesse e amor próprio (cf. 1 Co 2.14; Mt 16.21-23). É na palavra, não em nós mesmos, que encontraremos graça, luz e conforto para vencer a prova (Fp 4.12- 13). Notemos que, conforme diz a Escritura, a palavra já está em nós – ela foi “enxertada” em nós pela pregação, mas pode ser arrebatada, ter pouca duração ou ser sufocada e, assim, ter pouco efeito em um coração que a rejeita para dar ouvidos às suas próprias paixões (Mt 13.19-22).
II – NÃO APENAS OUVIR, MAS TAMBÉM OBEDECER (VV. 22-25) Ainda no contexto da virtude e eficácia da palavra de Deus em salvar aqueles que a recebem, o escritor acrescenta que está se referindo não a um mero ato de ouvi-la “exteriormente”, com os ouvidos da carne, sem uma sincera disposição em cumpri-la. É verdade que a fé vem pelo ouvir da palavra, mas aqueles que ouvem de mau grado nada receberão por isso, apenas estarão se enganando com a falsa idéia de que poderiam ser salvos só por serem meros ouvintes de Cristo. Na verdade, tal atitude é extremamente perigosa, e muitos selarão o seu destino eterno por causa dela (cf. Mt 13.10-15; Lc 13.25- 27). Atentemos para a comparação feita por Tiago: “Se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante...”, onde ele ilustra o potencial da palavra de Deus para salvar o homem, potencial esse do qual ele se priva ao ser apenas um ouvinte, e não também cumpridor. Todos concordamos que, apontando ao homem os seus pecados e a corrupção da sua natureza, desenganando-o das suas falsas percepções sobre si mesmo, a palavra atua como um espelho. Mas, mesmo assim, para os que apenas a ouvem e não a cumprem, ela é apenas como um espelho, e ele nada pode fazer sobre aquilo que vê nesse espelho divino. Por outro lado, aquele que atenta e persevera na palavra, não somente ouvindo, mas sendo fazedor da obra, o escritor declara que será bem-aventurado no seu feito – bem-aventurança essa já ilustrada por nosso Senhor em outras passagens (cf. Mt 7.24-27). A palavra é chamada de lei perfeita da liberdade, primeiro, não apenas no sentido de “norma”, “regra”, “mandamentos”, mas de “princípio”, pois é o único modo de o cristão se conduzir em harmonia com a sua condição de “primícias da criação”, em harmonia com o seu destino de participar da bem-aventurança daqueles que obedecem e se sujeitam a Deus. É, portanto, a lei daqueles que foram libertados da velha natureza, do pecado e das paixões carnais (cf. Rm 7.22-24; 8.1).
III – A VERDADEIRA RELIGIÃO CRISTÃ (VV. 26-27 ) É interessante lembrar que Tiago está escrevendo a irmãos de origem judaica que, provavelmente, ainda mantinham muitos aspectos exteriores da sua devoção a Deus, agora inspirados e com um novo sentido dado pelo conhecimento de Cristo Jesus. Ou seja, eram homens muito religiosos e zelosos por suas tradições (cf. At 21.20). Religião aqui se refere a essa “piedade” ou “devoção” geralmente externada em palavras e atos, e que podem fazer parte da espiritualidade de cada um para com Deus, mas que devemos ter o cuidado de não torná-las vãs e nos enganarmos com elas por uma atitude incoerente com aquilo o que é mais essencial à fé cristã (compare com 1 Co 14.37). Consoante ao contexto da lição, o que Tiago está dizendo é que todas as expressões exteriores de um crente sobre sua devoção e amor a Deus são falsas e enganadoras se, diante da provação, sua atitude for outra que não aquela que Deus espera de nós: refrearmos nossa língua, isto é, nossas paixões. Não é à toa que aqui o escritor se refere à religião pura e imaculada para com Deus, o Pai – porque Ele jamais aceitou a devoção e piedade que muitos israelitas expressavam exteriormente, mas negavam por um coração perverso e rebelde, ou pelos seus pecados ocultos (cf. Sl 51.16-17; Is 1.11-15; Mt 15.7-9). E, por esta causa, ele resume também em dois aspectos as características do tipo de piedade que agrada a Deus: “Visitar os órfãos e viúvas nas suas tribulações”, que eram dois tipos particularmente representativos de pessoas em constante aflição, por terem sido privadas da assistência, amor e proteção de seus entes queridos e que, num contexto mais amplo, simbolizam todos os nossos irmãos que, assaltados pela aflição, devem ser assistidos tanto espiritualmente como materialmente (Mt 25.31-46; Rm 12.13; Tg 5.9-15). E “guardar-se da corrupção do mundo” abrange tudo aquilo que há no mundo e que contamina a alma, diminuindo o amor por Deus, o Pai – entre as quais coisas se incluem as paixões anteriormente tratadas, como a temeridade no falar e no irar-se.
CONCLUSÃO Ser cristão não significa apenas confessar uma fé, mas é também e, mais do que isso, viver pelos princípios dessa fé em todos os momentos e circunstâncias da vida, e vive-los a todo custo, mesmo quando confrontados e incitados a tomar um caminho “mais fácil” que implicaria em abandoná-la. Não nos enganemos com a aparência da devoção exterior, mas façamos dela apenas a camada mais superficial de um amor e uma disposição verdadeira em cumprir a palavra de Deus.
PARA USO DO PROFESSOR
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