26 outubro 2021

005- - Ética Cristã da Vida - Ética Cristã Lição 05[Pr Afonso Chaves]26out2021


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LIÇÃO 5 

A ÉTICA CRISTÃ DA VIDA 

TEXTO ÁUREO: “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela”. (1 Sm 2.6) 

LEITURA BÍBLICA: GÊNESIS 9.1-6 

INTRODUÇÃO Na lição de hoje falaremos sobre a vida natural de que desfrutamos – esse dom concedido ao homem assim como a todas as demais criaturas viventes. Como nossa abordagem será mais ética do que teológica, nosso tema se desdobrará em tópicos atualmente controversos como suicídio, eutanásia, aborto e pena de morte. É a vida um direito inalienável e o bem mais precioso, por amor do qual deveríamos abrir mão de qualquer outro direito ou valor? Ou seria a vida apenas uma condição necessária para se alcançar um fim mais elevado? Seria então negociável por outros valores e direitos? Neste caso, poderíamos dispor da própria vida em determinadas circunstâncias? 

I – A VIDA É UM DOM DE DEUS 1) Deus é a fonte de toda a vida. Como o Criador dos céus e da terra, e de tudo o que neles há, para nós não há controvérsia de que a origem da vida está em Deus, e não numa produção espontânea, casual, das forças e elementos da natureza. A matéria primordial foi criada por Deus a partir do nada, e estava sem forma, vazia e inerte; então o Todo-poderoso separou, moldou e ornamentou os céus, a terra e o mar, como ambientes ideais para acomodar, suprir e agradar formas de vida superiores que ainda criaria, bem como para inspirar em uma delas – o homem – o senso de um propósito superior junto ao seu Criador (cf. Is 45.18; At 17.26-27). Assim, o Senhor Deus como que “arrematou” a obra da criação, já grandiosa e inescrutável, com os seres vivos, moldando aves, peixes, mamíferos, répteis, e finalmente o próprio homem, a partir da matéria inerte e soprando neles um princípio dinâmico, ativo, chamado de respiração, fôlego ou espírito de vida. Tornando-se “almas viventes” (Gn 1.20-21, 24-26), tais seres desfrutam de uma existência superior a de qualquer outro elemento da criação – uma existência que é própria e característica daqu’Ele que não apenas existe, mas é dinâmico e ativo, e por isso é também chamado de o Deus vivo. 2) Deus é o mantenedor de toda a vida. Embora a propagação, perpetuação e cessação da vida sobre a terra se dê por meios que, à luz do senso comum e da ciência, sejam aparentemente naturais, permanece a verdade de que Deus é o doador e mantenedor da vida em todas as suas formas. Como já estudado na lição anterior, bem sabemos que a concepção não é uma consequência absolutamente certa do relacionamento entre macho e fêmea; assim como obstáculos naturais à concepção não impediram que casais tivessem filhos (Gn 18.10-14; 29.31-33, 35; 30.1-2). Ainda que de modo mais sutil, os processos originais continuam se repetindo e a vida sobre a terra é continuamente renovada (Sl 139.13- 16). Não somente isto, mas a realidade da morte nos faz lembrar que poderíamos sequer ter vindo à vida, e que, não obstante os avanços tecnológicos e científicos na área da saúde, o tempo da nossa vida neste mundo continua dependendo de variáveis tão numerosas e imprevisíveis que somente aqu’Ele que nos deu esse dom e que soberanamente determinou todas as coisas – inclusive as “causas das mortes” – tem a conta exata dos nossos dias (Ec 3.1-2; 8.8; Mt 6.27). 3) Deus é o dono de toda a vida. Apesar da discussão ética em torno do direito à vida, que desenvolveremos a seguir, antes de tudo é necessário sublinhar um fato ainda mais importante: Deus é o dono de toda a vida e, como tal, Ele tem o direito não apenas de reclamá-la de volta quando quiser e como quiser; mas, em vista do enorme potencial e do propósito superior que Ele estabeleceu para a vida humana, também exigir satisfação sobre o uso que fizemos dela. Assim a vida é um dom maravilhoso, que implica em uma grande responsabilidade, pela qual todos deverão responder, seja por sua negligência, seja por sua prudência (Ec 3.15; 12.1-7). 

II – A SANTIDADE DA VIDA 1) Somente Deus pode tirar a vida. Como doador, mantenedor e senhor absoluto da vida, somente Deus tem o direito de reclamá-la de volta, seja de um ser humano ou animal, da forma como Ele soberanamente quiser (Mt 10.29; Dt 32.39; Ez 18.4). Nenhuma criatura foi criada para tirar a vida de outra, mas, por conta da corrupção do pecado e da violência, o Senhor concedeu a vida dos animais ao homem para fins de alimentação e domínio sobre a terra (Gn 1.29-30; 9.1-3). Mas, ao mesmo tempo, estabeleceu a lei do sangue, pela qual o homem deve reconhecer simbolicamente essa concessão ao matar um animal para se alimentar; assim como reforçou o caráter particularmente sagrado da vida humana, em vista do seu propósito superior (Gn 9.4-6; Ex 20.13). E, mesmo havendo uma clara delegação do poder de tirar a vida humana aos chamados “magistrados” – sendo esta a forma de fazer punir os culpados de crimes como adultério e o próprio homicídio – a palavra de Deus elenca de forma sistemática e inequívoca as situações em que a pena capital deveria ser aplicada (cf. Ex 21.14-17, 23-25; 22.18-20; Rm 13.1-4). 2) A natureza e extensão do mandamento. Não obstante a clareza da injunção divina: “Não matarás”, é importante explicar que o mandamento condena o que hoje chamaríamos de homicídio doloso, quando há intenção de se tirar a vida. Ou seja, absolutamente nada justifica tirar a vida de outrem; tirar a vida de um semelhante é injustiça, pois priva o indivíduo dos dias que Deus, na Sua bondade e generosidade, lhe distribuiu nesta terra (Gn 4.10-11). Assim, eutanásia viola o mandamento, além de expor a falta de fé em Deus numa possível melhora em seu quadro – melhora esta que só ocorrerá se estiver vivo (cf. Ec 9.4-5). Do mesmo modo, suicídio também não é uma opção justa, pois, se outros não podem dispor da nossa vida, por desesperadora que seja a circunstância que sugere tal “solução”, porque ela pertence a Deus, tampouco nós mesmos podemos fazê-lo. Daí o aborto se afigura como a forma mais cruel de violar o mandamento, pois, além de ser inocente, a vítima está indefesa, é incapaz de opinar, e a morte prematura priva um ser único de fazer ou ser aquilo que Deus poderia ter planejado para Sua vida – como é o caso de todos os homens e mulheres do passado, para não dizer do nosso próprio Senhor Jesus (Mt 1.20; Lc 1.42, 43). 

III – O VALOR DA VIDA HUMANA 1) Deus é mais importante que a própria vida. Considerando que a vida humana existe para servir a um propósito superior – propósito este resumido na expressão: “buscar ao Senhor e encontra-lo” – eis a única razão que justificaria, não tirar a vida de outrem, mas abrir mão de nossa própria vida. Nossa resposta a Deus, em relação a esse propósito, já envolve em muitos aspectos uma disposição da própria vida que não inclui apenas a renúncia ao pecado – o que é uma morte figurada (Mt 16.24-26); mas a ameaça da morte de fato constitui a prova máxima da nossa sinceridade e devoção, e se justifica pela certeza de que, se morrermos por amor ao Senhor da vida, não apenas ela nos será restituída para nunca mais ser perdida, mas a desfrutaremos em condições que aqui jamais poderíamos alcançar (Lc 12.4-5; Jo 5.29; Hb 11.35; Ap 2.10). 

CONCLUSÃO A verdadeiro valor da vida humana só pode ser apreciado por aquele que reconhece o seu doador e que está disposto a usar todo o seu potencial e até mesmo abrir mão dela para alcançar o supremo propósito da sua existência – amar e viver para o Deus vivo e assim, só assim, poder desfrutar desse dom eternamente.

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19 outubro 2021

004- - Ética Cristã e a vida familiar - Ética Cristã Lição 04[Pr Afonso Chaves]19out2021


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LIÇÃO 4 

A ÉTICA CRISTÃ E A VIDA FAMILIAR 

TEXTO ÁUREO: “Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne”. (Gn 2.24) 

LEITURA BÍBLICA: EFÉSIOS 5.22-33 

INTRODUÇÃO Depois de termos estabelecido que Deus é o fundamento e a razão de ser da ética cristã, e que a vida de santidade, em conformação com o caráter divino, é o propósito que deve instigar toda a investigação ética no indivíduo; nesta lição passaremos a analisar os desdobramentos dessa busca por princípios e diretrizes do que é “bom”, “correto” e “adequado”, aos olhos de Deus, no trato com os nossos semelhantes mais imediatos: a família. Somente depois de compreender o quanto a santidade de Deus deve ser refletida nos relacionamentos familiares é que poderemos avançar para esferas mais amplas da convivência humana, como a sociedade e a igreja. 

I – A SANTIDADE DO MATRIMÔNIO 1) Um propósito divino para o homem e a mulher. Uma família tem o seu início, naturalmente, no matrimônio, isto é, no pacto de união firmado entre um homem e uma mulher com o intuito não apenas de gerarem prole – que é uma benção concedida também aos animais – mas também de serem companheiros um do outro e expressarem na sua comunhão uma realidade espiritual mais elevada (Gn 2.20-24; Ef 5.22-23). Não sem razão o casamento é chamado de “dom de Deus”, pois o ser humano alcança grande senso de realização do seu propósito ao ingressar na vida conjugal; embora também seja verdade que alguns não têm este dom, e tal privação não os impeça – às vezes, de fato, lhes dá maiores oportunidades – de alcançarem um senso de plenitude e realização daquilo que Deus espera que eles façam (1 Co 7.7-9, 18-20, 25-28; Mt 19.10-12). De qualquer modo, o casamento deve ser buscado do mesmo modo que buscaríamos outras bençãos e dons divinos – com pureza de propósito e zelo pela santidade de Deus em todas as suas etapas, desde a escolha do(a) companheiro(a), passando pelo cumprimento dos deveres conjugais de um para com o outro até a completa fidelidade enquanto ambos estiverem vivos (Pv 18.22; 1 Ts 4.6-9; Rm 7.3). 2) A santidade do amor conjugal. Aqui cabe uma explanação sobre o amor conjugal em suas expressões físicas, sentimentais e espirituais. Em primeiro lugar, a relação física entre o homem e a mulher casados não é um “mal necessário”, mas, por expressar o amor de um pelo outro, é um dever do qual só podem ser privados em circunstâncias muito estritas (1 Co 7.1-5; 1 Tm 4.1-5). Em segundo lugar, o trato entre ambos, espelhando a relação hierárquica original em que foram criados, deve ser de sujeição da mulher ao marido e de compreensão e cuidado do marido para com a sua mulher – são papéis nitidamente diferentes, mas ambos necessários para a formação de um só corpo, completo e apto para cumprir o propósito divino do casamento (1 Co 11.3, 7-12; Cl 3.18-19). E, por sua vez, por espelhar a relação entre Cristo e a Igreja, o companheirismo entre ambos também inclui o interesse pela salvação e bem estar espiritual um do outro (Ef 5.22-23; 1 Pe 3.1-2, 7). 3) As perversões do matrimônio. Sendo uma das bençãos mais preciosas concedidas por Deus ao homem, a perversão do casamento é um dos piores vícios do coração pecaminoso, e as consequências disso são dolorosas e nocivas tanto para os conjuges como para o resto da família, a sociedade e a igreja. Por esta causa a santidade dessa instituição precisou ser proclamada no cabeçalho da lei mosaica, através da proibição: “Não adulterarás” (Ex 20.14). Numa vã tentativa de escapar à condenação, a ética dos homens em todo o tempo procurou banalizar o divórcio, que de odioso a Deus tornou-se em recurso “válido” para liberar as partes do casamento de um compromisso que jamais pode ser anulado (Ml 2.16; Mt 5.31-32; Rm 7.1-3; 1 Co 7.10-11). Por sua vez, aqueles que procuram satisfazer apenas seus apetites carnais, mas se intimidam com as responsabilidades do casamento, recorrem às mais variadas formas de relacionamento extraconjugal – todos igualmente condenáveis (Mt 5.27-28; 1 Co 6.18; 1 Ts 4.3; Ef 5.3). E, na medida em que os valores éticos são relativizados, a tendência do homem natural é buscar novas formas de saciar seus instintos contrários a Deus, tornando-se devasso e afundando-se em comportamentos que a sua própria natureza antes condenava (1 Co 6.10; Rm 1.26-27). 

II – A SANTIDADE DA GERAÇÃO E EDUCAÇÃO DOS FILHOS 1) Os filhos são herança do Senhor. Como fruto natural da união entre um homem e uma mulher, a geração de filhos era vista como um sinal de aprovação divina pelos antigos, como de fato assim pode ser considerada – embora bem sabemos que, pelas mais diversas razões da sabedoria e providência divina, um casal, mesmo desejando filhos, possa ser de alguma forma privado de tê-los. Porém, desconsiderando estas situações excepcionais, a geração de filhos deve ser desejada e buscada pelo casal, e não evitada (Gn 25.21; 1 Sm 1.11, 20; 1 Tm 2.15). Não se evita uma benção de Deus (Sl 127.3), tanto mais porque, em última instância, a certeza da concepção, nascimento e permanência de uma alma dependem do Seu desígnio e vontade, e não dos pais (Gn 4.1, 25). 2) A responsabilidade da educação. Uma vez que resulta na geração de filhos, torna-se um dos propósitos mais importantes do casamento o esforço do casal em prover tanto o bem estar físico e material da sua prole como a sua formação psicológica e espiritual. Todo pai e mãe educa seus filhos visando o que aos seus olhos lhes proporcionará maior felicidade nesta vida; mas todo pai e mãe cristãos o fazem visando também sua realização espiritual, ensinando-os, quer por palavras ou pelo próprio testemunho, a temerem ao Senhor e a se lembrarem d’Ele em todos os seus caminhos (Cl 3.21; Ef 6.4). 

III – A SANTIDADE DA SUJEIÇÃO AOS PAIS 1) A natureza da autoridade paternal. Os pais representam para o homem a primeira forma de autoridade com a qual ele entra em contato ao nascer, uma vez que mesmo em relação a Deus sua consciência está aparentemente dormente, aos poucos despertando para a experiência mais imediata proporcionada no contato com os pais. De certa forma, os pais como que representam o próprio Deus para a criança, tendo lhe proporcionado primeiramente a vida, depois sustento, proteção e preparo para entrar em contato com o mundo. Assim, a promessa associada ao mandamento: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem teus dias” é uma alusão à própria autoridade de Deus, que é aqu’Ele em cujas mãos está o prolongamento de nossos dias nesta terra (Ex 20.12; Ef 6.1-3; Cl 3.20). 2) Sujeição em obediência e honra. A autoridade paternal implica em obediência por parte dos filhos, mesmo quando estes não sabem o porquê ou não estão de acordo com a decisão daqueles. Ainda que a experiência dos pais seja limitada e possa ser até equivocada, estes sempre visam o bem dos filhos (Hb 12.8-10). Além disso, a sujeição à autoridade paternal implica também na honra que lhes é devida, seja na forma de amor recíproco como de provisão e cuidado das suas necessidades na sua velhice (Mt 15.3-6; 1 Tm 5.4). 

CONCLUSÃO A vida familiar representa, à luz da ética cristã, a base para todos os demais aspectos e âmbitos do relacionamento do homem, não apenas com os seus semelhantes, mas com o próprio Deus. Não é possível cumprir nossos deveres para com Deus e o próximo sem antes vivenciar nossos relacionamentos familiares de forma santa e consistente com os princípios da ética cristã. 

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12 outubro 2021

003- A Ética Cristã e a Santidade - Ética Cristã Lição 03[Pr Afonso Chaves]12out2021


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 LIÇÃO 3 

A ÉTICA CRISTÃ E A SANTIDADE 

TEXTO ÁUREO: “Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo”. (Lv 19.2) 

LEITURA BÍBLICA: 1 PEDRO 1.13-18 

INTRODUÇÃO Nesta lição ainda estudaremos a ética cristã sob outro aspecto geral, mas também necessário para estabelecermos um bom fundamento para a compreensão do “bom” e “correto” em todas as áreas da vida. Santidade é uma das palavras mais recorrentes nas Escrituras Sagradas, e em todas as dispensações da graça de Deus para com os homens ela assume a forma de um imperativo absoluto, o destino eterno destes dependendo da sua resposta a esse comando divino. Mas, mais do que isso, santidade é o que torna a ética cristã algo diferente e muitas vezes contrário à ética dos homens, pois, conforme veremos, ela é em essência o afastamento de tudo aquilo que desagrada a Deus – de coisas que ao homem natural podem parecer comuns, indiferentes ou até mesmo necessárias. 

I – O QUE É SANTIDADE 1) A santidade é um atributo de Deus. O fundamento para a definição da santidade está, naturalmente, no próprio Deus, porque Ele é santo (Sl 99.9; Is 6.3). Santidade, portanto, é um atributo, uma característica de Deus, assim como bem, amor, justiça. Ao mesmo tempo, esta palavra implica uma relação entre o Ser Supremo e todas as coisas criadas: a limitação da criatura e sua vida em comum com os seus semelhantes, na busca por atender às suas necessidades diárias, torna tudo aquilo que se faz debaixo do sol algo ordinário, repetitivo e até mesmo enfadonho para o homem (cf. Ec 1.2, 8-9) – e a corrupção do pecado tende a se introduzir facilmente nesses hábitos. Deus, por outro lado, é único e está absolutamente acima das necessidades da criatura – de fato, Ele não tem nenhuma necessidade. Portanto, Deus é santo tanto no sentido de que Ele está separado de nós, e por isso tudo o que Lhe diz respeito deve ser distinguido dos nossos interesses e tratado com a atenção e o cuidado de algo excepcional, extraordinário; como também Ele é santo no sentido de que n’Ele não há nenhuma impureza e corrupção pecaminosa, nenhuma divergência com os Seus próprios atributos, e por isso tudo o que Lhe diz respeito deve ser tratado em harmonia com o Seu caráter e vontade (cf. Lv 22.2). 2) A santidade é comunicada aos homens. Que a santidade é um atributo comunicável se entende pelo fato de que, em todo o tempo na história da salvação, Deus declara categoricamente aos homens este aspecto do Seu caráter e requer deles um posicionamento em relação à Sua santidade. Num primeiro momento da experiência com Deus, o homem é conscientizado da santidade divina propriamente, através das Suas manifestações perceptíveis e extraordinárias, e despertado a ter cuidado com todas as suas ações ao entrar em solo sagrado (Ex 3.1-6; Ec 5.1-2). Depois, convencido de que o Deus santo é Senhor de sua vida, e que isto implica na sujeição de tudo o que é seu à Sua aprovação, o homem é instado a considerar todos os seus caminhos e trilhá-los de um modo santo, para assim tornar-se Ele mesmo participante da santidade divina (cf. Lv 11.45). 3) A santidade é prática. Como todos os demais atributos divinos, a santidade de Deus é objetiva, e não subjetiva. Se a sua fonte é interior, como ainda veremos, sua evidência sempre foi definida em termos bastante práticos. No princípio, é definida como um andar com Deus, um caminho trilhado ou seguido por homens como Enoque, Noé, Abraão, Jó, que não consistia apenas na prática da piedade propriamente (oração, reflexão, culto), mas em proceder em todos os assuntos de tal forma que esses homens não seguissem os costumes dos povos que não temiam a Deus, mas se desviassem do mal (Gn 5.22; Lv 18.3-5; Jó 1.1). Depois, ao lidar com toda uma nação, foi necessário um sistema mais abrangente e ao mesmo tempo didático, sob o qual os israelitas aprendessem a fazer diferença entre o sagrado e o comum no comer, no vestir, etc (cf. Lv 20.25-26). E, finalmente, sob a luz da revelação evangélica, o Espírito enviado aos nossos corações não apenas nos dá maior compreensão do que é a santidade, mas também torna mais evidente a realidade do pecado em comportamentos que não sejam submetidos à vontade do Senhor (Rm 6.1-2, 11-14). 

II – A ÉTICA CRISTÃ É UMA ÉTICA SANTA 1) O fundamento da ética cristã está no coração. Considerando o tema “ética” sob o aspecto da santificação, podemos começar pelo princípio de que, como todas as coisas divinas comunicadas ao homem, ela se estabelece primeiramente no coração para depois se manifestar exteriormente. Em outras palavras, a ética cristã não é um sistema de religiosidade ou comportamento exterior para agradar os hipócritas; é a prática objetiva de uma lei cujo amor e disposição por obedecer foram primeiramente implantados no coração do homem (Rm 8.5-9; Gl 5.16-23). Outrora rebelde, agora, impactado pela graça, perdoado dos seus pecados e imbuído do senso de filiação divina, o homem não apenas deseja, mas tem poder para viver de acordo com essa ética (At 15.8-9; Hb 8.10-13). 2) O interesse da ética cristã é a santidade. Ambas as palavras, “ética cristã” e “santidade” podem ser consideradas sinônimas, sob essa análise, embora santidade seja mais expressiva tanto das razões por trás de um comportamento ético – Deus é santo, portanto, nós devemos ser santos – como também da natureza desse comportamento – conformação ao caráter divino. Todo comportamento, hábito ou ação particular que nos torne mais agradáveis a Deus, porquanto está de acordo com a Sua vontade revelada, é ético, adequado, bom e correto. Mais uma vez fica demonstrada a importância do estudo da ética cristã, pois é aqui que estabelecemos o modo como podemos cumprir esse imperativo divino, e como experimentaremos o melhor de Deus tanto para a vida presente como para a eternidade (cf. Mt 5.8). III – O ALCANCE DA ÉTICA E SANTIDADE CRISTÃ 1) A ética cristã, por ser santa, é integral. Assim como a santidade, a ética cristã se interessa por tudo o que diz respeito ao nosso comportamento. Isto significa que Deus requer de nós santificação em toda a nossa maneira de viver. Não há área da vida que possa ser excluída dessa relação, em que possamos transigir com o modo de operar pecaminoso do mundo, ou em que não devamos fazer com a consideração do que serviria melhor aos interesses divinos. Aquilo que é pecaminoso está fora de questão, de imediato. Mas aquilo que, como explicamos em lição anterior, poderíamos chamar de “áreas cinzentas”, onde se pressupõe certa liberdade de escolha em nossas atitudes, ainda assim a santidade deveria prevalecer, pois se, dispondo da vontade expressa de Deus sobre tantas coisas, somos a todo tempo tentados a transgredi-la e encontrar meios de “burlar” a lei divina; e quando não há uma norma claramente definida? Basta lembrar as questões trazidas até o Mestre pelos fariseus e saduceus. Com que sutileza nosso coração poderia se entregar à libertinagem sob pretexto de liberdade, e nos levar a exceder aquilo que convém sob pretexto do que podemos fazer? (1 Co 10.23; Rm 14.23). 2) A ética cristã, por ser santa, é imperativa. Não há meio termo entre viver de acordo com os princípios e normas da ética cristã e outro padrão de comportamento. Nossa santificação é a vontade expressa de Deus para conosco e, se a ética elucida o melhor e mais pontual caminho nessa direção, devemos aderir a tudo o que se possa estabelecer a partir de uma análise equilibrada e abrangente das Escrituras nesse sentido (cf. 1 Ts 4.3, 7-8; Rm 12.1-3). Rejeitar a ética cristã é trocar a santidade por um viver ordinário, para não dizer profano, que inevitavelmente levaria à nossa rejeição final por Deus (cf. Hb 12.14-16; Ap 22.12-15).

CONCLUSÃO Cremos que agora estamos em condição de considerar os assuntos particulares da ética com a devida atenção e prontos a assentir nos princípios bíblicos deduzidos em favor deste e daquele comportamento particular, pois o interesse da ética não poderia ser mais importante e vital para o cristão. A partir do seu estudo esperamos colher muito fruto para aprimorar nossa caminhada, agradando a Deus e alcançando maior confiança quanto à nossa eternidade com Ele.

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05 outubro 2021

002-Deus, o Bem Supremo - Ética Cristã Lição 02[Pr Afonso Chaves]05out2021


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 LIÇÃO 2 

DEUS, O BEM SUPREMO 

TEXTO ÁUREO: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento”. (Mt 22.37-38) 

LEITURA BÍBLICA: ÊXODO 20.1-7 

INTRODUÇÃO É impossível conceber qualquer princípio sólido para orientar nosso comportamento sem primeiramente compreender que Deus está no centro de toda ética. Somente a partir da certeza de que Deus existe e do conhecimento acerca de quem é Ele, é que podemos afirmar a importância da ética, que, conforme já estudamos, é a busca por um padrão de comportamento bom e correto. Assim, vamos estudar nesta lição a necessidade ética mais elementar do ser humano – um compromisso sincero e inegociável com o Deus vivo, o verdadeiro e supremo bem, pelo qual o homem esteja voluntária e absolutamente disposto a amar as coisas que Ele ama e a detestar as que Ele detesta. 

I – A SINGULARIDADE, SUPREMACIA E EXCELÊNCIA DE DEUS 1) Deus é único. A existência de Deus é assunto de outras matérias bíblicas e teológicas, portanto, basta-nos aqui lembrar que isso (a Sua existência) é tomado como fato incontestável desde o primeiro verso das Escrituras Sagradas. Mesmo sem o testemunho da Bíblia, o homem natural é capaz de compreender a necessidade lógica de um Ser que tenha criado e que sustenta todas as coisas. Por sua vez, a coerência dessa criação, mesmo prejudicada pela corrupção e o pecado, ainda reflete a mente singular de um único Criador e Arquiteto (cf. Gn 1.1; Sl 19.1-2; Pv 3.19-20). 2) Deus é supremo e soberano. Ao constatar, com assombro, sua pequenez diante da ordem criada, o primeiro pensamento que deveria ocorrer ao homem sensato é de que o mesmo deve ser ainda menor diante daqu’Ele que criou todo o universo – dentro do qual o homem é uma diminuta partícula (cf. Sl 8.1-4). E se este, dotado de inteligência e vontade, é capaz de dominar e dispor daquilo que ele mesmo não criou como bem lhe apraz, do mesmo modo aqu’Ele que o formou assim deve possuir as mesmas capacidades, mas a um nível absoluto – em outras palavras, a partir da criação é possível entender que Deus também domina e dispõe dos homens como bem lhe apraz. Isto deveria ser suficiente para despertar o interesse pela investigação ética, pois nela obtemos as respostas sobre como corresponder às expectativas divinas para conosco (cf. Is 40.12-15, 18, 21-26; Dn 4.34-35). 3) Deus é o sumo bem. A ética dos homens fracassa em estabelecer a sua própria importância pelo simples fato de que não possui um referencial absoluto do bem. Nenhum padrão de conduta pode permanecer inquestionável ou imutável a partir de uma definição de bem que não seja absoluta, e por isso tais “éticas” inevitavelmente levam ao relativismo, pragmatismo, etc. Mas Deus é o fundamento da ética cristã, porque Ele criou todas as coisas – inclusive o Ser humano – segundo a Sua vontade e propósito. Mais uma vez, aqui entra o argumento das proporções – se o homem é capaz de investigar o que seria o mais ideal, adequado, conveniente e perfeito – enfim, o que seria esse bem o qual, atingindo-o, se sentiria plenamente aprovado por sua consciência – é porque aqu’Ele que lhe deu tal senso é o próprio e o sumo bem, realizado na Sua plenitude (cf. Lc 18.19; Sl 103.1-6). 

II – O DEVER DO HOMEM PARA COM DEUS 1) Deus criou o homem para que este O buscasse. Criado não por necessidade, mas como expressão da vontade livre e soberana do Todo-poderoso, o homem não encontra razão de ser e viver exceto no próprio Deus, que lhe dá tanto a existência como a subsistência, fazendo-o com muita generosidade; mas, quando quer, Ele pede para si de volta o que nos deu, e ninguém pode contestá-l’O. A primeira lição sobre o nosso dever para com Deus, portanto, é de que nós precisamos e dependemos d’Ele, e não Ele de nós. Segundo, que Ele se interessa pelo nosso bem, do que dá testemunho as benesses pelas quais enche de alegria o coração dos homens (cf. At 17.24-29; 14.15-17; Sl 104.27-30). Ao mesmo tempo, quando somos atingidos pela adversidade, Deus não nos abandona, mas antes permite que sejamos feridos de tal forma que possamos perceber nossa fragilidade e lançar sobre Ele nossos cuidados, assim expressando nossa dependência d’Ele (cf. Sl 107.23-30; Rm 8.28; Is 26.16). Logo, é voltando-se para o Criador, fazendo de Deus a busca suprema e prioritária de sua vida, que o homem alcançará o senso de realização do seu dever ético. 2) Deus criou o homem, logo é o único Senhor de sua vida. A implicação óbvia do que foi dito acima é que o homem deve buscar a Deus não apenas por crer na Sua existência, mas por saber que Ele possui plenos direitos sobre a sua vida – portanto, Ele é o Senhor exclusivo de todos (cf. Ex 20.2; Dt 6.4-6; 1 Co 6.19-20). A fim de evidenciar esse importante aspecto do nosso dever para com Ele, o Senhor tem manifestado de diferentes formas o Seu poder salvífico e redentor, pelo qual tem quebrado os laços que de alguma forma nos mantinham subjugados ao controle de falsos senhores, e de modo patente reafirmado Seu direito sobre nós. Como único e legítimo Senhor, devemos a Deus completa atenção e dedicação, tanto nutrindo afeição e desejo por conhecer a Sua vontade, como também nos esforçando por obedecê-la de coração, abrindo mão de tudo o que possa representar uma barreira para nossa obediência total e sincera (cf. Ap 4.11; Rm 14.7-9; 2 Co 5.14-15). 3) Deus criou o homem, que lhe deve honra e reverência. Simplesmente por nos devotarmos a Ele, nos submetermos ao Seu senhorio, Deus já é honrado em nossas vidas. Mas Ele nos proveu de outros meios de expressar a Sua grandeza em nossas vidas, assim como se vê nos seres celestiais que O reverenciam incessantemente no seu viver. À semelhança de nossos conservos celestiais, devemos ter Deus como aqu’Ele que nutre nossas afeições, nossos pensamentos, nossas expressões, tanto espontâneas como refletidas, em todas as circunstâncias de nossas vidas. Reconhecer quem Ele é proclamar as Suas obras – ou seja, adorá-l’O – constitui o dever de todo homem tanto quanto obedecer aos Seus mandamentos (cf. Sl 148.1-5; Ap 5.11-14). 

III – A EXCLUSIVIDADE DE DEUS 1) Dar a Deus o que é de Deus e aos homens o que é dos homens. O senhorio exclusivo de Deus sobre nossas vidas é claramente definido nas Escrituras, em todos os aspectos pertinentes ao direito divino. Há, contudo, aspectos em que podemos não encontrar uma definição bíblica clara, seja por tratar-se de área indiferente ou que o próprio Deus, em razão da presente ordem de coisas, afetada pelo pecado e pela corrupção, deixou que os homens tomassem suas próprias decisões. E há também campos da ética cristã onde é possível encontrarmos exortações no sentido de nos sujeitarmos à ordenação humana. Não há, porém, como se equivocar aqui. Os direitos de Deus são inquestionáveis e inalienáveis, e ninguém pode requerê-los de nós. Seja a indivíduos cegados pelas suas próprias paixões, seja a instituições corrompidas pelo espírito deste mundo contrário a Deus, devemos estar prontos a preservar, a todo custo, nossa fidelidade exclusiva ao único Senhor verdadeiro (cf. Mt 22.17-21; 6.33; At 4.19; 5.29). 

CONCLUSÃO Deus deve estar no coração de qualquer investigação ética, se desejamos encontrar respostas satisfatórias para as demandas de nossa consciência. Ele é o bem supremo e, portanto, o fim último a que a ética se propõe; e, enquanto Ele for o único e exclusivo Senhor de nossas vidas, certamente não erraremos o caminho, mas todos os nossos passos nos levarão para mais perto do propósito ideal e perfeito para o qual Ele nos criou.

PARA USO DO PROFESSOR
AUTORIA Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.
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