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LIÇÃO 1
ABEL, ENOQUE E NOÉ – PIONEIROS DA FÉ NO MUNDO ANTEDILUVIANO
TEXTO ÁUREO: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem. Porque, por ela, os antigos alcançaram testemunho.” (Hebreus 11.1-2)
LEITURA BÍBLICA: HEBREUS 11.3-7
INTRODUÇÃO Iniciamos um novo trimestre, propondo o estudo da vida de alguns homens e mulheres do passado cujo testemunho foi registrado nas Escrituras Sagradas para nossa instrução. Todos eles fizeram grandes coisas em resposta ao chamado divino em suas vidas, mas não por força ou mérito próprios, mas através da fé. Por isso, são considerados heróis da fé e hoje, quando meditamos sobre seus feitos, procuramos extrair preciosas lições acerca da natureza desta fé, que é a mesma que habita em nós pela graça de Cristo Jesus. E, nesta primeira lição, estudaremos a vida de três dos nossos mais antigos predecessores que alcançaram testemunho de que agradaram a Deus: Abel, Enoque e Noé.
I – O SACRIFÍCIO DE ABEL (HB 11.4; GN 4.1-10) Conhecemos a história de Abel, registrada em Gênesis 4: como ele nasceu depois de Caim, após a Queda e expulsão de seus pais, Adão e Eva, do paraíso; como ele se tornou pastor de ovelhas e apresentou, juntamente com seu irmão, uma oferta ao Senhor; como Abel e a sua oferta foi aceita e a de Caim rejeitada; e como isto levou ao assassinato de Abel pelas mãos de seu próprio irmão. Aqui, desejamos focar na questão da oferta em si, que é o ato de fé destacado pelo escritor aos Hebreus. Muitas razões são apresentadas para Deus ter aceitado Abel e rejeitado Caim e suas respectivas ofertas, mas a Escritura ressalta a fé como a única razão pela qual a oferta de Abel foi preferida à de Caim: “Pela fé, Abel ofereceu a Deus melhor sacrifício do que Caim”. E é sobre como a fé produziu, ou levou a esta oferta, que vamos falar. Abel e Caim nasceram após a Queda, tendo diante de si a perspectiva de sofrimento, corrupção e morte conseqüentes da transgressão de seus pais. Contudo, ambos buscam a reconciliação com o Criador – cada um se apresentando com sua oferta. Não é por esta atitude em si que Abel foi aceito, pois dela também participou seu irmão Caim; mas porque a sua oferta foi maior, ou melhor, que a de Caim, que Deus aceitou aquele e rejeitou este. Abel trouxe “dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura” – uma oferta de sangue, um holocausto; enquanto a oferta de Caim consistia no “fruto da terra” – isto é, em vegetais. A questão não é apenas de ordem material; a oferta de Abel rememorava a lição aprendida duramente por seus pais, e sinalizada antes de serem expulsos do jardim, de que o pecado só pode ser extinto na morte, de modo que o homem não teria esperança de voltar a viver em paz com o Criador, a menos que um substituto – uma vida inocente – fosse imolado em seu lugar, pelos seus pecados, para assim ser ele reconciliado e aceito novamente na presença de Deus (cf. Gn 2.16-17; 3.19 e 21). Abel não apenas discerniu este princípio da graça de Deus, mas agiu de acordo com o mesmo – não apenas soube, mas fez o que era correto aos olhos de Deus (Gn 4.7a). E isto é obra da fé, ou da graça que opera tanto no coração como no exterior, levando à prática de obras de justiça (cf. Ef 2.8-9; Fp 2.13). Por isso o texto sagrado diz, nesta ordem, que o Senhor atentou para Abel – isto é, para a fé em seu coração, pela qual foi aceito diante de Deus – e para a sua oferta, como um ato exterior não apenas executado do modo correto, mas como fruto de uma consciência purificada pela fé e prova ou testemunho visível da justiça interior (cf. Sl 51.17, 19; Tg 2.14, 17, 24). Não obstante a natureza figurada e transitória do sacrifício oferecido por Abel, a justiça que este alcançou pela fé permaneceu mesmo após sua morte, como que bradando a Deus continuamente até o dia em que o sangue deste justo for vingado (cf. Mt 23.34-35; Ap 6.9-11).
II – A TRASLADAÇÃO DE ENOQUE (HB 11.5; GN 5.22-24) O próximo “herói” das gerações antediluvianas que estudaremos é Enoque, o sétimo desde Adão, do qual as Escrituras relatam a extraordinária trasladação, pela qual o Senhor testemunhou que havia se agradado deste justo. Em meio a uma geração perversa, de ímpios pecadores e blasfemos, aos quais inclusive anunciou o iminente juízo do Senhor (Jd 14-15), Enoque andava com Deus, isto é, seguia a justiça e a santidade, vivendo em harmonia com a vontade do Criador. Por conta desta comunhão e amizade divina, quando Enoque desapareceu e não foi mais achado, em idade relativamente pouco avançada para ser dado como morto, todos os que o conheciam não podiam pensar outra coisa senão que Deus o havia levado para si – o que o Espírito confirma pelo testemunho das Escrituras. Em nenhum lugar as Escrituras explicam a natureza desta trasladação, para onde o profeta foi levado, ou onde ele se encontraria atualmente, se é que podemos falar assim. O que lemos é que “Enoque foi trasladado para não ver a morte”. Este acontecimento se deu num contexto onde a morte começava a manifestar o seu domínio sobre os filhos dos homens e a aumentar a incerteza e melancolia da vida neste mundo, já assolado pela violência (cf. Rm 5.14). E então, eis que Enoque subitamente desaparece deste mundo, sem presenciar o dia da sua morte. Com isto, os filhos de Deus certamente receberam grande consolação, na certeza de que há uma vida melhor fora deste mundo, reservada para aqueles que, como Enoque, viverem como peregrinos aqui, e que, seja pela trasladação, seja pela morte, este corpo corruptível deverá ser como que abandonado, e substituído por um novo corpo, para que todos, através da ressurreição, possam alcançar a promessa (cf. Hb 11.13-16; 2 Co 5.1-3).
III – O TEMOR E OBEDIÊNCIA DE NOÉ (HB 11.7; GN 6.7-13) Noé viveu durante um tempo em que a escalada de violência e impiedade da raça humana estava no seu auge; quando até mesmo os de sua linhagem haviam se corrompido por terem se casado com as filhas de Caim, e o senso de impunidade aumentado a ponto de todos viverem indiferentes a Deus e aos alertas de que o fim estava próximo (cf. Gn 6.1-6; Mt 24.37-39). Contudo, assim como seu antecessor Enoque, Noé também “era varão justo e reto em suas gerações; Noé andava com Deus”, e do mesmo modo foi avisado quanto ao juízo que estava por vir, mais precisamente, sobre aquela geração (Gn 6.13). Mas, enquanto a Enoque coube apenas profetizar acerca destas coisas, Noé, além de anunciar o juízo iminente, deveria ter parte na sua execução, provendo o único meio pelo qual o Criador salvaria alguns, ao mesmo tempo em que condenaria o restante à destruição. Ao contrário dos seus contemporâneos, Noé via pela fé que a destruição anunciada era certa, e por isso temeu. Então, pela mesma fé, o patriarca abraçou a promessa de livramento feita por Deus e obedeceu ao comando que lhe foi dado, construindo a arca de acordo com o modelo descrito na visão, ao longo de muitos anos de trabalho, enquanto sofria pacientemente o escárnio daquela geração incrédula (cf. 1 Pe 3.20). Assim, Noé tornou-se herdeiro da justiça pela fé, porque, do mesmo modo que Abel e Enoque – e depois, conforme estudaremos na próxima lição, Abraão – suas obras não são a causa, mas sim o fruto de uma justiça ou aceitação que ele já havia alcançado de Deus mediante a fé.
CONCLUSÃO A lição principal que extraímos do estudo da vida dos homens e mulheres de Deus é que nada eles fizeram ou alcançaram por suas próprias forças ou mérito; mas, vivendo tempos difíceis, todos eles foram pacientes diante das circunstâncias presentes e olharam para o Deus, invisível aos olhos da carne, mas fiel e verdadeiro, e daí receberam forças para resistir ao mal e, achando graça aos olhos do Senhor, fizeram grandes coisas em Seu nome.
PARA USO DO PROFESSOR