27 agosto 2020

009-Perseverando em dias trabalhosos - Cartas Pastorais Lição 10[Pr Afonso Chaves]25ago2020

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 LIÇÃO 9 

PERSEVERANDO EM DIAS TRABALHOSOS 

TEXTO ÁUREO: “Os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido” (2 Tm 3.13-14). 

LEITURA BÍBLICA: 2 TIMÓTEO 3.1-12 

INTRODUÇÃO Enquanto o apóstolo Paulo exortava o jovem Timóteo a cumprir fielmente seu ministério, não há dúvida de que Deus, na Sua sábia e onisciente providência, tinha em vista o benefício que as gerações futuras colheriam dessas palavras inspiradas. E percebemos isso ainda melhor no presente capítulo, onde o Espírito Santo descortina para nós os tempos difíceis que a igreja de Cristo enfrentaria, devido ao aumento da impiedade no meio dos próprios crentes. Mas, por outro lado, aqui também encontraremos a prescrição do remédio adequado para prevenir ou combater esse mal, e ao mesmo tempo o distintivo que preserverá os fiéis incontaminados e firmes na verdade até o fim. 

I – A APARÊNCIA DE PIEDADE (VV. 1-9) No final do capítulo anterior, o apóstolo já havia chamado a atenção para o fato de que na igreja havia almas que resistiam à verdade, com as quais Timóteo deveria lidar com paciência, evitando questões e debates que poderiam fechar a porta do arrependimento para essas pessoas que se encontravam presas nos laços do diabo. Mas isto seria pouco, se comparado aos “tempos trabalhosos” que ainda estavam por vir. Por isso Paulo queria que Timóteo, e as futuras gerações de ministros do evangelho, estivessem preparados para lidar com almas que, ao contrário daquela “boa terra” em que caiu a semente, responderiam diversamente à pregação e ao ensino da palavra de Deus (cf. Mt 13.1-8, 18-23). Como na primeira epístola, “últimos dias” aqui não se refere a um futuro necessariamente distante do apóstolo, mas a uma realidade que se manifestaria em breve e que caracterizaria todo o tempo da dispensação evangélica, até a consumação. Que sempre houve homens que poderiam ser caracterizados pelos vícios enumerados aqui – e por muitos outros não citados – não resta dúvida, pois essa é a descrição do homem natural, decaído e escravizado pelo pecado, que se afunda em perversões cada vez mais contrárias à própria ordem natural em consequência de rejeitarem os sinais visíveis da glória de Deus (cf. Rm 1.23-32). Paulo não está falando do pecador incrédulo, mas daqueles que, tendo confessado de alguma forma a fé cristã, jamais demonstraram uma fé sincera, submetendo-se à sã doutrina e assim experimentando o seu poder para mortificar os vícios da carne e promover a santificação. Por isso ele diz que têm aparência de piedade, mas negam a sua eficácia; em outras palavras, são hipócritas que, apesar de confessarem o nome do Senhor, Ele não os reconhece como Seus (cf. Mt 7.21-23). A hipocrisia é um pecado de terríveis consequências, tanto para o indivíduo como para os que estão próximos a ele. Não apenas os que estão à sua volta são enganados, mas ele mesmo é enganado pela aparente piedade que é capaz de demonstrar, convencendo-se de que realmente agrada a Deus quando, na realidade, está resistindo à verdade. Ao invés de obedecê-la de todo o seu coração e sem reservas, ele busca subterfúgios para dissimular sua desobediência e contamina outros com a sua dissimulação (cf. Mt 15.-7-9; 23.13, 15, 25, 27-28). Por isso Paulo manda Timóteo evitar contato com os tais, mas também lembra que o fim da hipocrisia é desastroso, pois não é possível manter uma confissão leviana de Cristo por muito tempo: “Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario” (cf. Mt 7.24-27). 

II – O PREÇO DA VERDADEIRA PIEDADE (VV. 10-12) O desmascaramento da hipocrisia leva ao próximo ponto do tema desta lição: servir a Cristo tem um custo, que somente os sinceros e verdadeiros estarão dispostos a pagar (cf. Lc 14.25-33). A prática da piedade exige renúncia e disposição para sofrer, em todos os sentidos, inclusive padecer perseguições, pelo nome do Senhor Jesus, como o próprio apóstolo havia sofrido, e como Timóteo, seu amado filho, também sofria naquela circunstância. Não é somente pelo mundo que os sinceros e fiéis são perseguidos e odiados (Jo 15.18-21), mas também e, muitas vezes, principalmente por aqueles que não querem que sua hipocrisia seja desmascarada pela prática da verdadeira piedade (Jo 16.1-3). Contudo, há um conforto nessa verdade – de que padecer pelo nome de Cristo Jesus é um sinal de aprovação, de eleição para a glória incomparável do céu e, portanto, da verdadeira felicidade (cf. Fp 1.28-30; 1 Pe 4.12-14; Mt 5.10). Ao mesmo tempo, aqueles que se deixam enredar cada vez mais pela hipocrisia eventualmente se perderão de tal forma que não poderão mais reconhecer o erro do seu caminho nem voltar atrás. 

III – A SUFICIÊNCIA DA ESCRITURA (VV. 13-17) Timóteo não precisava ser corrigido nem alertado ao desvio de algum aspecto do seu caráter e conduta porque vinha seguindo fielmente o exemplo de seu pai na fé, Paulo. Resta, então, exortá-lo a permanecer no que havia aprendido e, como incentivo a essa perseverança, lembrar de duas coisas: que havia aprendido de um apóstolo de Jesus Cristo, cuja fidelidade à causa do evangelho e veracidade do seu chamado eram comprovadas pela integridade do seu testemunho; e que, desde a infância, Timóteo havia sido instruído nas “sagradas letras”, ou seja, nas Escrituras do que hoje chamamos de “Antigo Testamento”. O argumento aqui é que o propósito da lei, dos profetas e dos salmos não é outro senão levar à fé em Cristo Jesus (cf. Lc 24.44-47; Rm 10.4) e, através dessa fé, tornar o homem sábio para agradar a Deus e ser salvo. Paulo não pregava uma doutrina nova, estranha à fé que os israelitas haviam abraçado desde as promessas, desde o concerto no Sinai; antes, o que ele pregava era simplesmente o cumprimento de tudo o que havia sido legado aos pais, e Timóteo agora tinha o privilégio de desfrutar daquilo que muitos dos seus antepassados desejaram ver e ouvir (cf. At 3.25-26; 13.38-39; 24.14-16). De fato, o apóstolo corrobora aqui o papel único das Escrituras Sagradas na formação e preservação do homem de Deus (seja obreiro ou não) no caminho da verdade. Mesmo num tempo em que o evangelho ainda não havia sido completa ou definitivamente transcrito e integrado ao “cânon sagrado”, os últimos versos deste capítulo são uma clara afirmação da suficiência das Escrituras Sagradas para os fins espirituais a que foram divinamente destinadas: instruir perfeitamente em toda boa obra, isto é, dar ao homem entendimento quanto à vontade de Deus para que ele possa agradá-l’O e alcançar Sua aprovação. E, se outros escritos posteriormente seriam aceitos como “Escritura divinamente inspirada” – os evangelhos, atos, as epístolas apostólicas e apocalipse – notemos que essa “aceitação” se deu da mesma forma que em relação à lei e os profetas: através do patente testemunho da inspiração e autoridade divina dos seus redatores (cf. 1 Co 14.37; 2 Ts 2.15; Ap 22.18-19). 

CONCLUSÃO Sejamos sinceros com Deus, sempre analisando nossos caminhos à luz da infalível regra das Escrituras Sagradas e nos prontificando a identificar qualquer sinal de desobediência ou desconformidade à Sua vontade. Assim estaremos seguros contra o engano da hipocrisia e não seremos confundidos no tempo da aflição.

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20 agosto 2020

008-Um ministério aprovado por Deus - Cartas Pastorais Lição 08[Pr Afonso Chaves]18ago2020

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LIÇÃO 8 

UM MINISTÉRIO APROVADO POR DEUS 

TEXTO ÁUREO: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (2 Tm 2.15). 

LEITURA BÍBLICA: 2 TIMÓTEO 2.1-7 

INTRODUÇÃO Como parte de suas últimas orientações escritas a seu fiel cooperador e amado filho na fé, Timóteo, a passagem que estudaremos nesta lição representa um encorajador e ao mesmo tempo grave apelo a todos os que desejam ser aprovados por Deus em seu ministério. Muitas são as contrariedades, distrações e embaraços que se apresentam no caminho do obreiro, os quais só poderá vencer se estiver disposto a se empenhar sincera e diligentemente em atender à sua vocação na causa do evangelho. 

I – MILITÂNCIA NO MINISTÉRIO (VV. 1-7) Após ter exortado Timóteo a ser corajoso diante das adversidades que ele poderia sofrer pelo nome de Cristo, apoiando-se no poder da esperança proposta pelo evangelho; e depois de considerar como alguns já haviam se mostrado indignos por terem se envergonhado das aflições que o apóstolo vinha sofrendo por esta mesma causa; Paulo mais uma vez lembra: “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus”. Como já estudamos, graça se refere à misericórdia e ao amor de Deus demonstrado para conosco em nos salvar e nos confiar uma obra tão cara aos Seus olhos; e crescer em confiança, serenidade e contentamento na suficiência dessa graça diante das aflições é a força com que venceremos todas as coisas que tentam nos afastar do chamado divino (cf. Rm 8.31-39; 1 Jo 4.16-17; 2 Co 12.9-10). Paulo manifesta, neste ponto, uma preocupação com as necessidades da igreja em tempos futuros, pois, assim como o próprio apóstolo, Timóteo também um dia terminaria sua carreira, mas a igreja continuaria sua jornada neste mundo e precisaria de outros que fossem fiéis como Paulo e Timóteo. Note-se que a sã doutrina sempre terá amplo testemunho na memória e no coração dos fiéis, e estes não podem ser enganados (1 Jo 2.20-21, 27); mas um verdadeiro ministro do evangelho sabe que a seara é grande, e poucos são os trabalhadores, e que outros prosseguirão a partir de onde ele parou. É sábio, então, ter essa previdência e cuidado em preparar outros para que mantenham vivo o testemunho da verdade, pela pregação e o ensino da palavra às gerações seguintes (Mt 9.36-38; Jo 4.35-38). Passamos então a esta bela e pertinente comparação da causa do evangelho (e do ministério) com a vida militar. Assim como no exército romano o soldado renunciava aos direitos da vida civil durante todo o tempo do seu serviço para que, no final, pudesse ser recompensado com terras e vários privilégios exclusivos à sua carreira; do mesmo modo aquele que se alista para servir a Cristo Jesus na obra do ministério não deve se embaraçar com coisas desta vida, mas renunciar a tudo o que possa impedi-lo de dedicar-se com diligência e sinceridade ao cumprimento do seu ministério para que, no final, possa ser aprovado e coroado por Deus. A comparação seguinte: “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos”, em harmonia com o contexto, parece referir-se ao fato de que o lavrador trabalha tendo em vista que a sua própria subsistência depende dos frutos colhidos, dos quais ele não poderá desfrutar se não aplicar todo o esforço em arar, semear, proteger e finalmente realizar a colheita. Do mesmo modo, não pode ser um bom obreiro aquele que exerce sua função sem um verdadeiro interesse pessoal pelo seu ministério, sem compreender que da palavra que ele prega e ensina depende sua aprovação final diante de Deus (cf. 1 Co 9.16-17, 23-27).  

II – SOFRIMENTO NO MINISTÉRIO (VV. 8-13) O apóstolo volta a lembrar que a causa do evangelho, embora seja nobre e gloriosa, implica em sofrimento – a exemplo do próprio Senhor e Autor desta causa que, apesar de ser da linhagem real de Davi, somente foi glorificado pela ressurreição dos mortos, ou seja, depois de sofrer e padecer até a morte. Mas nenhuma adversidade é capaz de impedir o obreiro de Deus de cumprir o seu ministério, pois a palavra não está presa. O próprio Paulo se apresenta, mais uma vez, como modelo daquele que sofria muito por causa do evangelho, mas não somente tinha suas aflições como evidência da sua chamada divina, mas ainda considerava que o propósito divino de salvar a muitos através do seu próprio testemunho se realizava por causa e através das suas prisões (cf. 2 Tm 4.17; Fp 1.12-18). Paulo confirma a veracidade de outro dito que deveria ser corrente entre os cristãos de seu tempo, pois condensava em breves sentenças a recompensa certa que aguarda aqueles que forem fiéis em seguir a Cristo mesmo sob as maiores aflições e que a única coisa que pode nos privar de desfrutar da glória do evangelho é a nossa própria infidelidade, pois Deus jamais poderia voltar atrás quanto àquilo que prometeu aos fiéis (cf. Lc 12.8-9; Nm 23.19). 

III – PUREZA NO MINISTÉRIO (VV. 14-26) A exortação neste ponto passa a tratar da pureza, tanto nas palavras como no comportamento de Timóteo e dos líderes sob sua orientação direta. Essa pureza se alcança pelo manejo adequado da palavra de Deus – que não significa outra coisa senão fazer da sã doutrina a sua própria palavra e viver de acordo com ela. Assim ele edifica as almas ao invés de levá-las à contenda e impiedade – que é o caso daqueles que têm se entregado a falatórios profanos e contendas de palavras. A boca fala do que o coração está cheio, como sabiamente disse nosso Senhor Jesus (Mt 12.34-37), de modo que as palavras, quando não revelam o que há no coração do homem hipócrita, tendem a incliná-lo para uma conduta mais de acordo com a natureza temerária e carnal do seu discurso (cf. 1 Co 15.33). É verdade que alguns têm se desviado do caminho que os levaria à aprovação, mas o fundamento de Deus fica firme, isto é, a regra da pureza não muda e o Senhor conhece todos os corações, de modo que ninguém pode enganá-l’O ocultando suas intenções e pensamentos por trás da aparência de boas obras e palavras. Aqui então cabe a comparação que o apóstolo faz da igreja de Deus com uma grande casa, onde há tanto vasos de ouro e de prata, como também vasos de pau e de barro. O simbolismo do vaso pode ter diferentes sentidos em outras passagens, mas aqui consideremos o contexto imediato: Paulo está falando de dois tipos de crentes ou obreiros na igreja de Deus. Ambos são conhecidos e têm uma utilidade no propósito divino: uns para honra, outros, porém, para desonra. Naturalmente, todos querem ser vasos de honra, mas só poderão ser assim idôneos para uso do Senhor se seguirem o caminho da santificação. Seguem-se alguns outros conselhos no mesmo sentido, onde Paulo recomenda a Timóteo ter cuidado quanto às paixões ou impulsos próprios à natureza da sua idade e, mais uma vez, evitar questões loucas e sem instrução porque a contenda produzida por aqueles que se engajam nesse tipo de conversação não condiz com a paciência e interesse sincero pela instrução, conversão e edificação que o obreiro sempre deve ter para com todas as almas. 

CONCLUSÃO A vocação cristã e ministerial não pode ser atendida por aqueles que a tratam de forma leviana ou negligente. Militar desembaraçadamente, sofrer a oposição sem desanimar e regrar a palavra e a conduta pela doutrina, em santificação, são indispensáveis em nossa vida, se realmente desejamos alcançar naquele grande dia a aprovação de Deus.

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12 agosto 2020

007-Fidelidade no ministério em tempos de aflição - Cartas Pastorais Lição 07[Pr Afonso Chaves]11ago2020

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LIÇÃO 7 

FIDELIDADE NO MINISTÉRIO EM TEMPOS DE AFLIÇÃO 

TEXTO ÁUREO: “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação.” (2 Tm 1.7) 

LEITURA BÍBLICA: 2 TIMÓTEO 1.1-18 

INTRODUÇÃO Na lição de hoje iniciaremos o estudo da segunda epístola de Paulo a Timóteo. Esta é uma carta que se distingue da primeira tanto pelas circunstâncias em que foi escrita – aqui, Paulo está preso em Roma, antevendo sua breve partida deste mundo – como, por isso mesmo, pelas considerações finais do apóstolo sobre o seu próprio ministério e suas últimas palavras ao seu amado filho Timóteo. É um texto cheio de exortações quanto aos desafios que encontraremos em nossa jornada neste mundo e, ao mesmo tempo, cheio de esperança quanto à gloriosa recompensa para aqueles que forem fiéis até o fim. 

I – A LEMBRANÇA DE UM OBREIRO FIEL (VV. 1-5) Enquanto a primeira epístola a Timóteo foi escrita de um lugar incerto, provavelmente durante a terceira viagem missionária de Paulo; a segunda, podemos dizer com plena segurança que foi escrita em Roma, local onde o apóstolo havia permanecido durante dois anos em “prisão domiciliar”. Lembremos que, enquanto estava preso na Judéia, para evitar um julgamento injusto diante de um governador influenciado pelos judeus, o próprio apóstolo havia feito uso do seu direito de cidadão romano de ser ouvido e julgado pelo imperador (cf. At 25.7-12; 28.30-31). Como nesta epístola ele fala de uma “primeira defesa” (2 Tm 4.16-17), muitos acreditam que Paulo teria sido preso duas vezes, sendo a segunda em circunstâncias mais sombrias envolvendo a crescente animosidade da população romana contra os cristãos. Seja como for, aqui temos o apóstolo mais uma vez aguardando para ser ouvido por César – se em casa ou na prisão comum, não sabemos – na companhia apenas de Lucas (4.11) e desejando ansiosamente ver seu amado filho na fé, Timóteo, antes da sua partida deste mundo, que ele sabia estava bem próxima (4.6). Após a saudação, o apóstolo passa a expressar seus sentimentos de saudade da alegria que lhe trazia o jovem Timóteo, pela fé verdadeira que este manifestava através de suas lágrimas, que podem estar relacionadas a várias circunstâncias que despertavam um cuidado sincero no coração daquele jovem obreiro – como os interesses da igreja de Deus (cf. Fp 2.19-22) ou mesmo seu apego com o próprio apóstolo. Paulo também o compara, de certa forma, consigo mesmo, pois, assim como o apóstolo havia servido a Deus com uma consciência pura desde os seus antepassados, isto é, sendo zeloso pelas tradições de seus pais, inclusive excedendo em judaísmo a muitos da sua idade (Gl 1.14), até que o Senhor Jesus lhe apareceu, confirmando a promessa que ele aguardava (At 26.4-7); do mesmo modo, Timóteo havia sido criado na fé judaica desde a sua meninice e, com a chegada do evangelho, a fé em Cristo Jesus havia habitado primeiramente em sua avó e sua mãe, para então se manifestar nele, com bom testemunho de toda a igreja (At 16.1-2; 1 Tm 6.12).

II – CORAGEM PARA PADECER PELO EVANGELHO (VV. 6-12) A certeza quanto à fé sincera de Timóteo enseja a primeira exortação desta carta. Paulo tinha pouco tempo e talvez esta fosse a última vez que poderia escrever ao seu filho na fé, antes de vê-lo mais uma vez. Então, o melhor uso que poderia fazer da oportunidade era exortando-o, pois dificuldades o jovem Timóteo certamente continuava encontrando em seu ministério. Notamos que não é a primeira vez que o apóstolo o instrui a exercer seu ministério sem reservas ou receios (cf. 1 Tm 4.12-14), pois, conforme se deduz dos versos seguintes, Timóteo poderia se intimidar diante das aflições e do vitupério que o evangelho de Cristo começava a atrair para os fiéis. Contudo, Paulo o lembra não apenas de que ele havia sido verdadeiramente chamado por Deus, mas também que o espírito do evangelho não tinha nada que ver com timidez, vergonha ou medo: “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação”. Fortaleza aqui é o mesmo que coragem para confessar a Cristo Jesus diante das maiores adversidades e oposições (cf. Mt 10.28-33; Ap 21.8). Por outro lado, notemos também que essa coragem não é fanatismo exacerbado, mas é equilibrada pelo amor e pela moderação. O apóstolo podia estar tendo em vista o agravamento das perseguições contra os cristãos no momento em que escrevia estas palavras, inclusive com a perspectiva de martírios, pois este é um assunto de que não havia tratado na primeira epístola, e agora como que “convida” Timóteo a participar das aflições do evangelho e a não se envergonhar do testemunho de Cristo. Assim como o próprio Paulo, o evangelho que seu amado filho vinha pregando e defendendo contra as distorções dos hereges também seria aquele pelo qual deveria estar disposto a padecer, pois nele mesmo encontraria a força – o poder de Deus – de que precisaria para vencer toda adversidade. Destacamos, nas palavras do apóstolo, três aspectos do poder que a esperança da fé evangélica representa para os fiéis: primeiro, o chamado do evangelho é superior a qualquer outro propósito desta vida – é uma santa vocação, especial e preciosa para Deus – e, portanto, justifica qualquer adversidade que possamos enfrentar por sua causa; segundo, na obra da nossa salvação, Deus teve em vista não os nossos sucessos ou fracassos, sejam passados ou futuros, mas um desígnio eterno traçado por Ele mesmo e que, por isso, não pode falhar: “segundo o seu propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos dos séculos”; e terceiro, a prova clara e cabal disso é que aqu’Ele em quem esse propósito foi traçado já se manifestou e nos deu a certeza de que nenhuma adversidade, nem mesmo a morte, impedirá o seu cumprimento, pois Ele “aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, pelo evangelho”. Assim, juntamente com o apóstolo, Timóteo podia dizer: “eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia”. 

III – EXORTAÇÕES E CONSIDERAÇÕES DIVERSAS (VV. 13-18) Como já havia feito na primeira epístola, Paulo volta a exortar Timóteo a conservar a sã doutrina em um coração sincero – em outras palavras, em uma consciência pura diante de Deus pela obediência sincera à palavra divina. A expressão seguinte parece ser uma forma figurada de dizer a mesma coisa, pois o bom depósito que nos foi confiado é, precisamente, o evangelho, a palavra de Cristo e a esperança da vida eterna, cujo verdadeiro guardião é o Espírito Santo, que opera em nós a graça de Deus necessária para que possamos obedecer à Sua palavra em sinceridade (cf. Rm 8.9, 14; Gl 5.16- 22, 25; 1 Jo 2.27). Ainda tendo em vista a exortação à coragem ante as aflições sofridas pelo nome de Cristo Jesus e o testemunho pessoal das prisões, Paulo apresenta dois casos opostos para nossa consideração: aqueles que haviam se afastado dele, pela vergonha de se identificar com a causa pela qual estava preso: “os que estão na Ásia, todos se apartaram de mim; entre os quais foram Fígelo e Hermógenes”. E, por outro lado, aqueles que haviam se aproximado ainda mais do apóstolo, considerando suas cadeias como um claro testemunho da sua fidelidade para com Deus: “O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou e não se envergonhou das minhas cadeias”. 

CONCLUSÃO Estejamos atentos às heresias e distorções do evangelho que se introduzem no meio da igreja para levar os incautos à apostasia; mas também não nos esqueçamos da oposição e incompreensão do mundo, e estejamos atentos para que não nos acovardemos nem deixemos de confessar todo o evangelho, ainda que sob as mais severas ameaças e adversidades.

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05 agosto 2020

006-A verdadeira riqueza do cristão - Cartas Pastorais Lição 06[Pr Afonso Chaves]04ago2020

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LIÇÃO 6 
A VERDADEIRA RIQUEZA DO CRISTÃO 

TEXTO ÁUREO: “Mas é grande ganho a piedade com contentamento.” (1 Tm 6.6) 

LEITURA BÍBLICA: 1 TIMÓTEO 6.11-16 

INTRODUÇÃO 
Nesta última divisão da primeira epístola a Timóteo, refletiremos sobre uma das grandes tentações a que muitos cristãos – especialmente ministros do evangelho – estão expostos: a avareza, ou o amor ao dinheiro. Aqui encontraremos alertas àqueles que têm buscado as riquezas deste mundo como um fim em si mesmo, envidando todo o seu tempo e esforços nesse propósito vão e perigoso para a fé; e também conselhos para um viver de contentamento e bom uso das riquezas materiais, tendo em vista o acúmulo de um verdadeiro e muito mais seguro tesouro no céu. 

I – CONSELHOS AOS SERVOS (VV. 1-2) 
As recomendações do apóstolo aos servos parece estar relacionada ao assunto geral da sessão anterior, onde ele já havia tratado do que convinha a diferentes grupos de crentes na igreja; contudo, parecem ser mais adequadas como ensejo para todo o assunto seguinte. Ao contrário das viúvas e presbíteros, os servos não ocupavam uma posição especial na comunidade cristã, nem recebiam qualquer tipo de honra pela sua condição. É verdade que, por serem escravos, estavam expostos a possíveis abusos por parte de senhores ímpios, e o próprio apóstolo incentivou aqueles que tivessem oportunidade de se tornarem livres a aproveitar a ocasião. Mas a escravidão foi uma realidade que atravessou muitas eras da história humana, e somente cairia (pelo menos para se tornar algo menos comum e mais condenável) depois de profundas transformações culturais, sociais e religiosas na mentalidade dos povos. Apesar disso, Paulo explica que ser um escravo na carne não diminui o fato de que o cristão é um liberto de Cristo, no espírito (cf. 1 Co 7.21-22), nem o impede de glorificar a Deus pelo cumprimento da sua vocação neste mundo, na confiança de que, honrando e obedecendo sinceramente ao seu senhor, está honrando e obedecendo ao único e verdadeiro senhor de sua alma – Cristo Jesus (cf. 1 Pe 2.18-20; Ef 6.5-8). O ensino particular desta passagem é de que os senhores devem ser honrados por seus servos – e honra aqui significa obediência e dedicação sincera. E, se são cristãos, devem ser servidos ainda melhor, pois, além de continuarem sendo seus senhores na carne, também são irmãos no espírito, sendo tão especialmente amados por Deus como o são seus escravos crentes. Tudo isso tem relação com dois assuntos que serão desenvolvidos nos próximos tópicos, a saber: o cristão não deve se considerar injustiçado devido à sua condição social, mas antes valorizar o chamado de Deus, que o alcançou independentemente do seu estado ou vocação terrena; e, seja qual for essa sua condição, ele sempre será um servo – a sua glória diante de Deus não está em buscar engrandecimento e realização pessoal, mas em fazer o melhor uso possível do que tem para trazer benefício a outros. 

II – A PIEDADE CRISTÃ E O CONTENTAMENTO (VV. 3-10)
Por certo o apóstolo tem em mente situações reais que podiam estar se verificando entre alguns servos da comunidade cristã – talvez atitudes precipitadas por falta de entendimento sobre a natureza da vocação cristã, ou mesmo incentivadas pelos discursos de obreiros ineptos tais como aqueles citados no começo da carta. De qualquer forma, ele reprova atitudes e palavras que expressam o desejo natural e pecaminoso do homem em buscar seus próprios interesses, em aproveitar-se para obter qualquer forma de lucro ou vantagem para si, como contrário à piedade, ou àquilo que Cristo Jesus ensinou, pela Sua Lições da palavra e exemplo, e legou como modelo a ser seguido pela Sua igreja. Nosso Senhor e Salvador abriu mão de todas as Suas legítimas prerrogativas e direitos como Filho de Deus para fazer a vontade do Pai, que era servir e dar a sua vida pelos pecadores, e em nada foi impedido por Sua humilde e até mesmo desprezada condição diante dos homens (cf. Mt 20.28; Is 53.1-12; Jo 13.13-17; Fp 2.3-8). Assim como antes ele havia recomendado o exercício da piedade como de grande proveito para o cristão; agora ele acrescenta que, juntamente com o contentamento, ou a capacidade de estar satisfeito e feliz com aquilo que se tem, a piedade representa uma grande benção espiritual. Notemos que não é errado trabalhar tendo em vista o lucro, porque este é o fruto daquele (cf. Gn 3.19; Ec 3.12-13; 2 Ts 3.10); mas é perigoso fazer do lucro um fim em si mesmo – ou querer ser rico, como aqui diz o apóstolo – como se o dinheiro fosse a garantia de uma solução definitiva para todos os problemas de ordem material. Com a sentença proverbial: “Porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele”, ele resume o ensino amplamente ilustrado por nosso Senhor nos evangelhos, de que a busca por riquezas deste mundo geralmente indicam uma falta de confiança na bondosa providência de Deus, que tanto nos dá como tira, conforme o Seu agrado, aquilo que toda a riqueza deste mundo não poderia alcançar – a vida (Mt 6.19-34). Enfim, contentamento é um fruto da graça de Deus que todo cristão precisa aprender a desenvolver, como o fez o próprio apóstolo (cf. Fp 4.10-13). 

III – A PIEDADE CRISTÃ E AS RIQUEZAS ESPIRITUAIS (VV. 11-21) 
Paulo então se volta diretamente a Timóteo para exortá-lo a seguir o alvo mais elevado e supremo para o qual havia sido chamado: “toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado”. O homem de Deus pode estar condicionado às mesmas necessidades desta vida que seus semelhantes, e ter que lidar para supri-las para si e aqueles que dele dependem, mas deve ter cuidado com a inquietação, a ansiedade e resistir à tentação das riquezas. Seus maiores esforços devem ser aplicados na sua militância espiritual, na busca pela aprovação daqu’Ele que o alistou, em avançar até alcançar o prêmio ou o alvo da sua corrida (cf. 2 Tm 2.4-5; Fp 4.12-14). A exortação a seguir a piedade, e não as riquezas, é reforçada pela indicação da proporção imensurável da recompensa final, que se revelará na “aparição de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual, a seu tempo, mostrará o bem-aventurado e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores; aquele que tem, ele só, a imortalidade e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver”. Ou seja, o que riqueza nenhuma acumulada neste mundo pode alcançar, será concedido àqueles que guardarem este mandamento até aquele dia. A partir de princípios já enunciados nos versos anteriores, Paulo orienta que seja recomendado aos irmãos materialmente mais bem providos que não se deixassem enganar pela vaidade das riquezas. Não que devessem abrir mão de tudo o que tinham, como o jovem cujo coração foi posto à prova quando Cristo lhe ordenou que assim o fizesse (Mt 19.16-22); mas é necessário que entendam que os bens deste mundo não são um fim, mas um meio para servir a Deus, isto é, servir ao próximo: “que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis”. A riqueza para o cristão é apenas um elemento que ajuda a definir sua vocação neste mundo – vocação que, cumprida, lhe assegurará uma verdadeira riqueza para com Deus, agora e na eternidade (Pv 22.2; Ef 4.28; Lc 16.9-25). A epístola se encerra com um último alerta contra a influência corruptora do que Paulo chama de “falsa ciência”, pois somente a doutrina divina da piedade, que ele acabara de expor, tem a virtude de gerar e preservar a fé, não podendo subsistir quando filosofias humanas tomam o lugar devido à sã doutrina nos corações dos homens. 

CONCLUSÃO 
A riqueza não é um mal em si mesmo, mas, como um bem concedido por Deus aos Seus filhos, seja em que medida for, deve ser administrada com sabedoria, visando o benefício de nossos irmãos e assim a glória de Deus.

PARA USO DO PROFESSOR
AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.

APOIO
Rede Grata Nova de Evangelização
Rádio Net Grata Nova
Fundada em 29 março de 2009 por Moisés Moreira



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