28 junho 2022

001- Jesus e a Salvação - Ensinos de Jesus Lição 01 [Pr Nilson Vital]28jun2022

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LIÇÃO 1 

JESUS E A SALVAÇÃO 

TEXTO ÁUREO: “Porque o Filho do Homem veio salvar o que se tinha perdido” (Mt 18.11) 

LEITURA BÍBLICA: LUCAS 19.1-10 

INTRODUÇÃO Durante este trimestre, vamos nos voltar para os evangelhos e aprender diretamente com nosso Mestre Jesus. Seu ministério de ensino foi tão notório e abrangente quanto foram os Seus milagres, por isso há muito mais para aprendermos sobre o reino de Deus e seus mistérios, além do que já estudamos, em outras oportunidades, no Sermão do Monte e nas Parábolas. E, nesta primeira lição, propomos examinar particularmente três passagens onde o Senhor elucida importantes verdades acerca da salvação. 

I – A CONVERSÃO DE ZAQUEU (LC 19.1-10) Zaqueu era um chefe dos publicanos, isto é, daqueles que coletavam impostos dos seus concidadãos para Roma. Também era rico. Mas a passagem narra como este homem de baixa estatura, desejando tão avidamente ver a Jesus, mas impedido pela multidão, fez algo inusitado – ao menos para alguém do seu status. E o que conseguiu foi não apenas ver a Jesus, mas ser notado por Ele, chamado pelo nome e instado a preparar pousada para o Mestre em sua casa. Ao obedecer prontamente à voz de Cristo, e recebê-l’O com grande alegria, Zaqueu estava não apenas oferecendo hospedagem para Jesus, mas atendendo ao chamado para a salvação. Assim, podemos dizer que esse encontro ilustra o chamado eficaz do evangelho, pois todo aquele que vem a Cristo não será lançado fora, e aquele que ouve a Sua e é dos Seus, prontamente a reconhece e o Segue (cf. Mt 9.11; Jo 6.37; 10.27-28). Não compreendendo a graça de Deus manifestada para com aquele homem, os judeus murmuravam porque Zaqueu, sendo publicano, era considerado um grande pecador, indigno da salvação. Se era prática comum dos publicanos cobrar além do que era devido aos seus compatriotas (cf. Lc 3.12-13), as palavras deste homem revelam que ele havia se convertido de uma vida de avareza, e agora se propunha voluntariamente a reparar o dano causado a outros, restituindo aqueles que tivessem sido defraudados por ele com a devida compensação; bem como dar aos pobres metade do que de fato era seu. Não há verdadeira salvação sem arrependimento, isto é, sem que haja admissão de culpa por parte do pecador, e disposição em abandonar o mal e praticar o bem, produzindo frutos dignos de arrependimento (cf. Mt 3.8-10). O testemunho de Jesus confirma a veracidade da conversão e das intenções de Zaqueu, mas ao mesmo tempo indica que toda essa demonstração de arrependimento havia sido produzida por obra da graça de Deus, da salvação que havia alcançado o coração daquele homem. Do mesmo modo que Abraão, Zaqueu primeiro fora perdoado e justificado pela fé naquele que o havia chamado, e essa fé agora se manifestação no seu testemunho e firme propósito de praticar boas obras (cf. Ef 2.8-10; Tg 2.14, 17, 21-24). Consideremos ainda a contradição dos judeus, inflados em sua justiça própria, ao desprezar a salvação em Cristo Jesus e ao mesmo tempo murmurar contra aqueles que a aceitavam, por serem estes injustos. Mas para isto o Filho de Deus veio ao mundo, pois o desejo de Deus é antes salvar, e não destruir os pecadores (Mt 18.11-12; Jo 3.17; Ez 18.23). 

II – O JOVEM RICO (MT 19.16-26) Passamos agora para o episódio onde Jesus é abordado por um jovem de posição social destacada (cf. Lc 18.18) e também rico, assim como Zaqueu. Reverentemente e disposto a aprender com Cristo como um mestre vindo de Deus, o jovem pergunta: “Que bem farei para herdar a vida eterna”, manifestando o entendimento equivocado de que a salvação deveria ser alcançada através de boas obras. E, de fato, o Senhor responde no mesmo sentido: “Guarda os mandamentos”, pois Ele não veio acrescentar nem tirar nada à Lei, na qual Deus já havia prometido a vida eterna ao homem que guardasse todos os mandamentos (Lv 18.5). Contudo, assim como a maioria dos judeus, este jovem media a justiça divina apenas pelo aspecto exterior dos mandamentos; bem como nutria um falso conceito acerca da sua própria impecabilidade: “Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?” O fato que ele parecia ignorar é que o mandamento é amplíssimo, e espiritual, condenando o pecado ainda nos recessos do coração, e a própria Lei testifica que ninguém é capaz de alcançar a justiça pelas obras, todos sendo considerados transgressores (Tg 2.10-11; Gl 3.10-11; Rm 7.7-8). A fim de corrigir o jovem e fazê-lo entender que sua obediência à lei estava longe de ser perfeita, o Senhor traz à luz o seu amor pelas riquezas. Embora a Lei não proíba a posse de riquezas, somos ensinados por Cristo que qualquer que ponha seu coração nelas viola o primeiro mandamento, que diz: “Não terás outros deuses diante de mim” (cf. Mt 7.19-21, 24; Cl 3.5). O jovem percebe, com tristeza, sua transgressão, ao se ver incapaz de abrir mão das riquezas pela vida eterna que tanto almejava, e assim de seguir a Cristo, em testemunho do Seu amor a Deus. Este episódio ilustra, como Jesus explica na sequência aos Seus discípulos, que não apenas aos ricos, mas aos homens em geral, é muito difícil – ou melhor, impossível – serem salvos, posto que a confiança nas riquezas, ou o amor aos vícios, impede-os de amar a Deus de todo o seu coração. A salvação é um milagre de Deus – um milagre de graça e misericórdia (Ef 2.4-7). 

III – SÃO POUCOS OS QUE SE SALVAM? (LC 13.23-27) Nesta passagem, o Senhor Jesus responde a alguém que desejava saber se são poucos os que se salvam; não podemos determinar a intenção desta pergunta, mas, a partir da pregação e do ensino de Cristo – basta apenas considerar os dois casos já estudados – é possível afirmar que o reino dos céus não é de todos. Ao invés de satisfazer a curiosidade por trás da pergunta, o Senhor usa a figura da porta estreita para ressaltar que a salvação é individual, e não depende da escolha, por assim dizer, de outros; mas cada um deve se aplicar a entender, encontrar e trilhar esse caminho, e entrar por essa porta, por si mesmo. A figura também alude ao aspecto, já estudado, de que é difícil aos homens entrar no reino dos céus, porque a salvação requer renúncia. Na ilustração seguinte, do pai de família começando a fechar a porta, e muitos ficando do lado de fora, temos a verdade de que muitos se enganam quanto ao seu nível de comprometimento e renúncia pelo evangelho de Cristo, folgando com sutilezas do pecado que, naquele dia, descobrirão que não são aceitas pelo pai de família. A palavra “porfiar”, nesse caso, implica em perseverança na santificação, em vigilância e oração (cf. Mt 26.41; Lc 21.34). 

CONCLUSÃO Jesus ensinou que a salvação é obra da graça de Deus, que se manifesta livremente no coração dos homens, não por merecimento nem dignidade pessoal, mas apesar e mesmo contra toda expectativa dos pecadores. Nenhuma piedade, nenhum esforço ou feito humano se iguala a essa graça. Aqueles que confiam em si mesmos serão frustrados pelo próprio fracasso em cumprir às demandas da justiça divina, mas os que renunciam a si mesmos e confiam naqu’Ele que os chamou serão surpreendidos pela poderosa e eficaz salvação de Deus.

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21 junho 2022

013- A Excelência do amor conjugal - Cantares Lição 01 [Pr Nilson Vital]21jun2022

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LIÇÃO 13 

A EXCELÊNCIA DO AMOR CONJUGAL 

TEXTO ÁUREO: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu” (Ct 6.3) 

LEITURA BÍBLICA: CANTARES 1.1-11 

INTRODUÇÃO Cantares de Salomão é considerado um dos livros mais controversos da Bíblia, em razão do modo como retrata o amor conjugal, e das dificuldades para se entender a mensagem de Deus neste livro, que o faz pertencer ao cânon sagrado. Como reservaremos apenas uma lição para o estudo deste livro, nosso objetivo será explicar o sentido geral do livro, estabelecendo pontos importantes para compreendermos esta belíssima poesia e o seu propósito singular como parte das Escrituras Sagradas. 

I – CANTARES, UM POEMA SOBRE O AMOR CONJUGAL Cantares é também chamado cântico dos cânticos, no sentido superlativo de “o mais excelente cântico”, o mais belo cântico de Salomão (cf. 1 Rs 4.32). Trata-se de um livro poético e, como tal, podemos esperar encontrar na sua linguagem muito do paralelismo característico da poesia hebraica (lembrando que o paralelismo bíblico consiste na repetição, não de sons, mas de ideias que “rimam” entre si). Há uma abundância de referências a costumes e aspectos da vida nos tempos bíblicos, em comparações inusitadas que mal seríamos capazes de apreciar hoje com a mesma mentalidade e sentimento de um hebreu daqueles tempos remotos; mas, estando familiarizados com muitos desses aspectos graças ao contexto mais amplo fornecido pelas Escrituras, podemos ler Cantares e ainda apreciar muito da beleza poética e dos sentimentos expressos no texto. Cantares é uma poesia que conta a história de amor entre Salomão e sua mulher, identificada no texto como sulamita (Ct 6.13). Se é verdade que este rei teve muitas mulheres e concubinas, não resta dúvida de que ele também teve um primeiro amor, do qual resultou o seu primeiro casamento – aquele que deveria ter sido o único, uma vez que os demais são fruto de alianças políticas com povos estrangeiros e, conforme Deus já havia alertado, mais tarde se revelariam prejudiciais para o próprio rei (cf. Dt 17.17; 1 Rs 11.1-3). Pois bem, Cantares é um poema celebrando esse primeiro e genuíno amor, cujo ápice se encontra na união íntima do casal. O texto começa com uma espécie de antecipação, onde ambos expressam suas alegrias, impressões e desejo de um pelo outro (Ct 1.2-2.7); um possível encontro de ambos, talvez lembrado por ela, a partir do que ela percebe que ainda não o tem consigo (Ct 2.8-3.5); segue-se o casamento, onde um passa a pertencer ao outro, e consuma-se a união – este é considerado o coração do livro (Ct 3.6-5.1); na última sessão, após negar-lhe um pedido, ela tem de buscá-lo e o encontra novamente, e o amor e compromisso de ambos são reafirmados (5.2-8.14). Não há nada de estranho em ser este o tema de um livro inteiro da Bíblia. Embora ao longo da história tanto judeus como cristãos tenham procurado entender Cantares num sentido estritamente alegórico ou tipológico, o fato é que o amor conjugal é um tema do interesse divino. Há pouco aprendemos com o mesmo Salomão, em Eclesiastes, que o casamento é uma das coisas boas, ou dons, que Deus concedeu aos homens para serem desfrutados nesta vida debaixo do sol (Ec 9.9). A própria união física e íntima entre o homem e a mulher no casamento é celebrada neste livro, porque somente assim o amor conjugal é consumado e ambos se tornam uma só carne (Gn 2.23-25). O problema é que o pecado e a perversão moral da sociedade constituem um grande empecilho para a abordagem deste tema com serenidade e pureza, de modo que muitas vezes só conseguimos tratar de assuntos que constituem “tabus” usando termos mais didáticos e cuidadosos, como os de Paulo se dirigindo aos coríntios, os quais provinham de um contexto permissivo e precisavam aprender os rudimentos de questões como estas (1 Co 7.28). Acrescente-se que conceitos religiosos e de falsa piedade introduzidos no meio do povo de Deus ao longo da história não apenas incentivaram o celibato como uma forma de santificação, mas deram à intimidade física do casal um caráter secundário, ou uma função meramente reprodutiva, rejeitando qualquer outro aspecto dele derivado como pecaminoso – numa distorção demoníaca do ensinamento bíblico (cf. 1 Tm 4.3-5). 

II – A SANTIDADE DO AMOR CONJUGAL À luz do quanto foi dito sobre o tema e o propósito de Cantares, podemos afirmar que, antes de procurar algum sentido alegórico ou tipológico nas suas imagens, precisamos entender o que ele ensina literalmente sobre o amor conjugal. A relação íntima entre um homem e uma mulher é uma coisa santa e louvável, desde que fruto da união conjugal; ao passo que, fora desse vínculo, é considerada uma profanação (cf. 1 Ts 4.3-6; Hb 13.4). E o livro de Cantares de modo algum prejudica esta verdade, uma vez que ambos os protagonistas não se entregam a uma paixão desenfreada, mas acalentam o amor de um pelo outro até que possam realizá-lo legitimamente. Notemos que somente após o casamento Salomão é convidado a desfrutar de intimidade com a sulamita – intimidade esta representada pelas figuras do jardim ou manancial. Antes disso, ela é como um jardim fechado, ou um manancial selado (Ct 3.11; 4.8, 12, 16; 5.1; cf. Pv 5.15-18). Outro aspecto notável do amor conjugal evocado no poema (particularmente na última divisão, conforme propomos no tópico I) diz respeito ao perigo a que o casal se expõe quando um se recusa ao outro; assim como, no poema, a amada descobre que uma breve demora em atender à voz do amado resultou na sua ausência, lembremos que o apóstolo também admoesta os casais a não se defraudarem um ao outro (Ct 5.2-6; 1 Co 7.3-5). Apercebendo-se do risco de sofrer novamente pela sua ausência, a sulamita sai em busca desesperada pelo seu amado até encontrá-lo, quando reafirma seu amor e não se permite mais abandoná-lo (Ct 6.2-3; 7.10-13; 8.6-7). 

III – O AMOR CONJUGAL É FIGURA DO AMOR DE CRISTO PELA IGREJA Seremos mais breves neste tópico porque a tipologia do relacionamento entre Cristo e a igreja no casamento não é coisa inédita em nossos estudos, nem de difícil compreensão; mas nem por isso é de menor importância que o casamento enquanto tal. Como a intimidade conjugal é a expressão mais ilustre da união entre um homem e uma mulher, ela representa adequadamente, na linguagem humana, o mistério da comunhão espiritual, profunda e indissolúvel de Deus com o Seu povo (Ez 16.8; Jr 2.2-3; Is 54.5) – comunhão esta selada por Cristo Jesus, revelado como o Salvador da igreja, a qual é o Seu corpo e a Sua esposa (Ef 5.22-23, 25-27, 32; Ap 19.7-8). Assim, a exaltação do amor conjugal em Cantares também deveria ser interpretada figuradamente como uma exaltação do amor de Cristo pela Sua igreja e por seus membros em particular. A intimidade conjugal ilustrada em Cantares nos remete à entrega total que o Senhor Jesus fez da própria vida na cruz em nosso favor, isto é, dando Sua carne e Seu sangue por nós, em nosso lugar. Neste ato do mais puro e sublime amor, Ele se doou por nós diante de Deus, que O aceitou e nos aceitou n’Ele, como se no Calvário tivesse sido consumado um casamento, um pacto indissolúvel do qual fazemos parte por misericordiosa graça (2 Co 5.14-15; 1 Co 6.16; Ef 5.30), de modo que agora bem podemos dizer como a sulamita: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu”. 

CONCLUSÃO A intimidade conjugal reafirma o caráter perpétuo e indissolúvel do casamento, selando o amor de ambos os cônjuges no coração um do outro, fortalecendo-os para enfrentarem e vencerem juntos as adversidades da vida e exaltando ainda mais o casamento como um dom maravilhoso de Deus ao homem e uma sublime alegoria do nosso relacionamento com o glorioso Esposo da Igreja.

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14 junho 2022

012- A brevidade desta vida - Eclesiastes Lição 12[Pr Nilson Vital]14jun2022

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LIÇÃO 12 

A BREVIDADE DESTA VIDA 

TEXTO ÁUREO: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias” (Ec 12.1) 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 12.1-8 

INTRODUÇÃO Chegamos à conclusão do livro de Eclesiastes, onde Salomão, o sábio pregador e rei de Israel, incita a se voltarem para Deus e elevarem seus pensamentos a Ele o quanto antes, pois a vida é muito breve, e por isso também o tempo de desfrutarmos das alegrias que o Criador nos reservou para esta existência passageira. E assim ele concluirá o seu argumento principal, de que tudo é vaidade e, no fim, a única coisa que realmente fará diferença, na eternidade, é o nosso temor e obediência a Deus. 

I – LEMBREMOS DE DEUS ANTES DA VELHICE (VV. 1-5) A partir do contexto imediato estabelecido pelos últimos versos do capítulo anterior, Salomão ainda está se dirigindo àqueles que, iludidos pela vaidade da juventude e adolescência preferem seguir os seus próprios impulsos, ignorando as adversidades desta vida, que os mais velhos, por já terem experimentado, tornaram-se mais cônscios da vaidade de todas as coisas que se faz debaixo do sol. Quanto mais nos deixamos enganar pela aparência deste mundo, negando para nós mesmos que tudo isto é passageiro e um dia acabará, e que nem tudo nesta vida são bens, mas há também males imprevisíveis e inevitáveis; maiores as turbações que teremos ao ser privados deles. Contudo, a lembrança de Deus, isto é, a reflexão e consideração de que somos obra das Suas mãos, e que Ele tem um interesse e um cuidado particular por nós, mesmo nas aflições desta existência, é um grande remédio e conforto na adversidade. Por isso, quando lembra do seu Criador na sua mocidade, o homem não apenas desfruta a vida na sua maior força e disposição, mas evita os excessos e os males consequentes, tanto espirituais como físicos e materiais, de decisões tomadas com temeridade e por impulso, além de manter uma boa consciência para com Deus, e estabelecer para si mesmo um firme fundamento de confiança e esperança na misericórdia divina para se apoiar quando vierem os dias maus. Já aquele que vive na vaidade dos seus sentidos quando é jovem, na velhice terá apenas do que se queixar, pois colocou sua esperança e razão de contentamento no vigor da juventude e adolescência, que são passageiros, e não é capaz de vislumbrar na velhice qualquer outra coisa senão canseira e enfado (Sl 90.10). Portanto, esses “dias maus” com que Salomão designa a velhice e as indisposições e dificuldades que a acompanham, bem como a brilhante alegoria que se segue, onde são descritos esses “males”, devem ser encarados sob o ponto de vista “debaixo do sol”, daquele que, se não tiver em Deus a causa do seu contentamento neste mundo, nenhuma outra causa terá para tanto quando chegar nesse estágio da vida. Pois, nessa fase, como ilustra o sábio pregador, a visão torna-se turva mesmo sob a maior claridade (“quando se escurecerem o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas”), os braços e mãos começam a tremer, e as pernas dificilmente sustentam o peso do corpo (“os guardas da casa”, “os homens fortes”), a mastigação é prejudicada pela falta de dentes (“e cessarem os moedores, por já serem poucos”), o que por sua vez afeta a audição (“as duas portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura”); as cãs começam a se multiplicar (“florescer a amendoeira”) e as alterações no humor e nos hábitos levam à redução no sono (“se levantar à voz das aves”), na fome (“perecer o apetite”) e no interesse pelos prazeres desta vida (“todas as vozes do canto se baixarem”). Como tudo o que há debaixo do sol, a velhice também é passageira, mas anuncia a proximidade de uma mudança que, diferente das vaidades desta vida, será eterna: “porque o homem se vai à sua eterna casa”. Por esta expressão, “eterna casa”, o pregador se refere primeiramente à sepultura, para onde vão todos os homens e de lá não mais retornarão enquanto durarem os céus e a terra que agora existem; mas, à luz da consideração de que Deus trará todas as coisas a juízo – entenda-se, pela ressurreição do último dia – a expressão também se refere ao destino final do homem, não mais debaixo do sol – quer esse destino seja a vida eterna, com Deus, ou o desprezo eterno, banido da presença do Criador (Dn 12.2; cf. Jó 14.10-15; 19.25-27). 

II – LEMBREMOS DE DEUS ANTES DA MORTE (VV. 6-7) Na verdade, lembrar-se do Criador antes que cheguem os “maus dias” da velhice é necessário não porque não seja possível voltar-se para Ele nesse tempo, afinal, como já vimos, enquanto há vida, há esperança (Ec 9.4). Mas o fato é que a velhice evoca a morte, que, se é certa e naturalmente está mais próxima daqueles que já contam muitos anos de vida, não é menos certa e menos possível para aqueles que ainda são jovens. Ou seja, a mensagem de Salomão neste trecho é que o tempo de se lembrar de Deus e voltar-se para Ele é hoje, pois na morte isto não é possível. Com efeito, a morte desfaz toda a estrutura humana com suas capacidades e possibilidades, como já estudamos em capítulo anterior – e isto é ilustrado nas figuras do cordão de prata, do copo de ouro, do cântaro junto à fonte e da roda junto ao poço: Os vínculos mais preciosos do homem (inclusive sua consciência para com Deus) são rompidos; por maior que seja seu mérito ou grandeza, eventualmente ele não poderá mais servir ao próximo, ainda que sempre haverá muito para ser feito (o copo, o cântaro e a roda se quebrarão, mas a fonte continuará no mesmo lugar, sempre cheia). Ou ainda, a vida continuará a ser renovada sobre a face da terra, pois Deus é espírito, infinito e abundante em vida, mas eventualmente todos nós somos limitados a desfrutar desse dom por um breve período de tempo. Em termos mais literais, o pó voltará à terra, como o era, e o espírito a Deus, que o deu – e assim todo homem retornará ao seu estado inicial, antes de ser trazido à existência em Adão (cf. Gn 2.7; 3.19; Is 55.6). 

III – CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS (VV. 8-14) Tendo demonstrado em diversos casos particulares e de um modo geral a vaidade de todas as coisas, o pregador chega ao final do seu discurso: debaixo do sol, nada é certo, e o melhor que podemos obter de alguma coisa ou circunstância é passageiro. Notemos que ele reafirma seu argumento inicial como uma verdade divina, que aprendeu não apenas pela experiência comum, mas pela sabedoria que alcançou como dom de Deus e que aperfeiçoou na perseverança em esquadrinhar e examinar todas as coisas; e que, como dever daquele que foi constituído “pregador”, ele procurou transmitir ao seu povo, e exarar em escrito, na forma de provérbios, de tal modo que as gerações futuras pudessem aprender as palavras de verdade. A sabedoria é preciosa, mas o homem esquadrinha e examina o mundo de tal modo que nunca chega a uma síntese do que realmente é necessário, antes tornando a vida mais complexa, multiplicando os questionamentos sem respostas e perdendo-se em cuidados sem fim; contudo, como disse Jesus, uma só coisa é necessária, e o sábio pregador pode resumi-la da seguinte forma: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos”. Este é o verdadeiro bem que devemos almejar em nossas vidas, pois nossa eternidade depende de como nos conduzimos neste respeito – na questão do cumprimento daquilo que o Criador realmente exige de nós, e não de assuntos disputáveis ou de cuidados quanto a necessidades que um dia hão de passar (cf. Rm 2.16; 1 Jo 2.17). 

CONCLUSÃO Encerrando o estudo deste livro, que possamos ter fortalecido nossa confiança e esperança em Deus, e tão somente n’Ele, pois tudo o que temos e somos nesta vida passará, e servem apenas a uma provisão e satisfação temporárias; mas Deus permanece para sempre, e não faltará em tempo algum, seja na abastança ou na carência, seja nesta vida ou no porvir.

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07 junho 2022

011-- O dever da liberalidade - Eclesiastes Lição 11[Pr Nilson Vital]07jun2022


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 LIÇÃO 11 

O DEVER DA LIBERALIDADE 

TEXTO ÁUREO: “Lança o teu pão sobre as águas, porque, depois de muitos dias, o acharás” (Ec 11.1) 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 11.1-6 

INTRODUÇÃO No capítulo que ora estudaremos, apesar de ser mais breve que os demais, encontramos uma lição muito bem inculcada sobre a liberalidade, isto é, a repartição generosa daquilo que possuímos em favor do próximo. Após esta última lição sobre como fazer bom uso das circunstâncias e oportunidades que a providência nos prepara, o pregador começa a desenvolver seu último tópico, orientando-nos sobre a preparação para o fim de nossos dias debaixo do sol, quer sejamos velhos ou jovens. 

I – RECOMENDAÇÃO À LIBERALIDADE (VV. 1-6) Nestes primeiros versos, Salomão faz um apelo à liberalidade para com o próximo, usando de sentenças proverbiais e linguagem figurada para ilustrar a verdade sobre o assunto. Do mesmo modo que temos aprendido que o fruto do nosso trabalho é dom de Deus do qual é lícito desfrutarmos, agora somos exortados a repartir desse dom com outros, e fazer isto de forma generosa e abundante. Lançar o pão sobre as águas alude ao ato de semear, porque parte dos mesmos grãos que serviam de alimento ao lavrador e à sua casa deviam ser reservados para a próxima semeadura, para que assim houvesse uma nova colheita; figuradamente, o pão é o fruto do nosso trabalho, aquilo que Deus faz o homem alcançar para seu contentamento e provisão. Quando reparte com o necessitado, conforme a medida e o poder que tem alcançado para tanto, aquele que usa de liberalidade aparentemente está se privando de parte do seu “pão”, mas, como o lavrador, colherá novamente em medida ainda maior do que semeou – tanto nesta vida, na forma de misericordiosas bênçãos, como no porvir, na forma de vida eterna (cf. Gl 6.7; 2 Co 9.6-11; 1 Tm 6.17-19; Pv 19.17). Notemos, porém, que o pregador enfatiza que o ato seja feito com liberalidade (“reparte com sete, e até com oito”), pois, como já ensinado em capítulo anterior, nosso futuro debaixo do sol é incerto, e nunca sabemos se amanhã poderemos fazer o bem que hoje temos oportunidade de fazer (“porque não sabes que mal haverá sobre a terra”). Além disso, vale acrescentar que a generosidade para com o próximo é de tal natureza que aqueles que hoje socorremos amanhã serão os que poderão nos socorrer em uma eventual adversidade; e que pela generosidade alcançamos uma boa consciência para com Deus no uso das coisas desta vida (cf. Lc 6.38; 16.9; 11.41). Contra a tendência natural do homem à mesquinharia, apoiada em diversos medos e justificativas de sua própria razão, o pregador rebate argumentando sob diversas alegorias. “Estando as nuvens cheias, derramam a chuva sobre a terra”, dentro desse contexto, ilustra que, quando alguém possui em abundância, não deve retê-la consigo mesmo, mas distribuí-la aos que não a possuem, assim como a chuva é distribuída pelas nuvens cheias à terra. Ou, o que também está de acordo com a ilustração, um coração liberal se revela em atos, e não apenas em palavras; neste caso, a expressão proverbial deste verso também seria uma repreensão à hipocrisia daqueles que apenas louvam a generosidade, mas não se dispõem a praticá-la (cf. Tg 2.15-16; 1 Jo 3.17-18). Já a verdade ilustrada pela árvore que fica onde cair é que um ato de liberalidade nunca é em vão, nem pode ser julgado pelas circunstâncias de quem ou com quanto alguém foi socorrido (cf. Mt 25.34-40; Lc 21.1-4); ou ainda que, à semelhança da árvore que fica onde caiu, assim o homem, depois de morto, nada mais poderá fazer para mudar o seu estado – o tempo de emendar seus caminhos e ser generoso é hoje (cf. Dn 4.27; Lc 16.20-21, 24-25). Salomão ainda repreende aqueles que não repartem alegando as incertezas do que sucede debaixo do sol, criando dificuldades a partir do que não sabem nem podem prever sobre o dia de amanhã (“observar o vento”, “olhar para as nuvens”); os que olham as coisas deste modo nunca farão o bem (“nunca semearão”) e, consequentemente, terão um futuro mesquinho nesta vida, sem abundância nem contentamento (“não colherão”). Jesus já nos orientou a não nos preocuparmos com o dia de amanhã, mas a buscarmos o reino de Deus e a sua justiça – que em grande parte consiste na liberalidade para com o próximo – porque as demais coisas, o que nos é necessário, Ele proverá (cf. Mt 6.31-34; Hb 13.5-6). E, finalmente, o pregador exorta a não desanimarmos na prática deste dever, pois no tempo de Deus colheremos; lembremos que tudo deve ser feito não visando o louvor dos homens ou uma recompensa imediata, mas sim o louvor e a recompensa que vêm de Deus (cf. Gl 6.9; Mt 6.1-4). 

II – A VAIDADE DAS COISAS BOAS DA VIDA (VV. 7-8) Na medida em que se aproxima da conclusão do seu discurso, Salomão nos faz refletir sobre o fim de nossos dias nesta terra, e sobre a preparação para a morte. E ele faz isto considerando que a vida, em si, é uma coisa boa: “suave é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol” – pois somente os vivos desfrutam do calor e da claridade do sol, de modo que luz aqui tem o sentido de vida. Porém, por mais que saibamos desfrutar desta vida e de todas as suas alegrias, não podemos nos esquecer da verdade insofismável de que tudo é vaidade, e que essas alegrias um dia também se acabarão – seja por uma mudança inesperada e indesejada das circunstâncias, como já aprendemos. Deste modo, os dias de trevas ainda serão muitos, seja porque nem todos os males desta existência são evitáveis; seja porque na sepultura, privados da oportunidade toda obra, só há trevas, e isto até que não haja mais céus e terra (cf. Jó 10.20-22). 

III – A VAIDADE DA ADOLESCÊNCIA E JUVENTUDE (VV. 9-10) Se a reflexão de que as alegrias desta vida um dia se acabam e a própria vida, a alegria mais fundamental de todo o ser, eventualmente também se acabará, são reconhecidas pelos mais velhos, que já experimentaram dias de trevas e têm, pela própria experiência, maior senso desta verdade; aos jovens, que geralmente desfrutam do bem em quase todos os aspectos de suas vidas, pouco sendo afetados pelas inquietações que sobrevêm aos adultos, é necessário um apelo particular, que Salomão começa a desenvolver nestes últimos versos, estendendo-se pelo capítulo seguinte. Embora incite os jovens a viverem segundo os impulsos e a leviandade típica de uma mente não impressionada pelos males que há debaixo do sol, o pregador faz isso em tom irônico, pois o que ele tem em mente por “alegrar-se” não é o mesmo que a alegria e o contentamento lícitos proporcionados pelo fruto do trabalho, repartidos segundo a bondade divina para conosco; mas o mesmo que Paulo tem em mente ao exortar o jovem Timóteo: “Foge dos desejos da mocidade” (2 Tm 2.22). Mas ao mesmo tempo ele põe essa liberdade sugerida em xeque, afirmando que Deus não deixará nenhum ato de leviandade e luxúria passar impune, mas tudo trará a juízo. Assim, encerramos esta lição considerando suas últimas palavras de que, como tudo o mais, esse período da vida é passageiro, e os impulsos que tendem a prevalecer na juventude e adolescência – a “ira” e o “mal”, que resumem a presunção e a autoconfiança que, na ausência do temor a Deus, tendem a prevalecer no coração do homem – devem ser contidos, freados e disciplinados pela sabedoria de Deus, que ensina ao jovem como andar com prudência e autocontrole, não se deixando lisonjear pela luxúria (cf. Pv 1.4; 7.1-5). 

CONCLUSÃO Embora trate de dois assuntos a princípio distintos, podemos considerar que a prática da liberalidade ou generosidade para com o próximo nos dá uma perspectiva quanto ao futuro que se estende além da vaidade desta vida; mais que o bem da própria vida e das coisas que Deus nos dá para desfrutarmos debaixo do sol, a caridade, como expressão do amor de Deus, é o único bem que podemos realizar hoje e esperar colher plenamente seus frutos na eternidade, se tão somente não desfalecermos, mas perseverarmos até o fim.

PARA USO DO PROFESSOR
AUTORIA 
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APOIO 
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