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LIÇÃO 4
O PECADO DA ACEPÇÃO DE PESSOAS
TEXTO ÁUREO: “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores.” (Tg 2.8-9).
LEITURA BÍBLICA: TIAGO 2.1-13
INTRODUÇÃO Na primeira parte deste capítulo, que será a passagem em estudo na lição de hoje, veremos como o apóstolo desmascara uma prática que é muito frequente nas comunidades cristãs, mas poucas vezes percebida e condenada como um pecado. Ainda preocupado com o engano da hipocrisia e de uma falsa profissão de fé, Tiago não apenas demonstrará como essa prática é nociva e contraditória com a fé cristã, mas também lembrará como a prática real do amor ao próximo elimina qualquer tipo de acepção de pessoas e representa um sólido fundamento para o cumprimento da lei de Deus.
I – A FÉ É INCOMPATÍVEL COM A ACEPÇÃO DE PESSOAS (VV. 1-7) O escritor começa estabelecendo a incompatibilidade da fé com o pecado que, nos versos seguintes, ele apresentará na forma de um exemplo. O argumento é que todos nós, como crentes em Cristo Jesus, partilhamos de uma fé comum naqu’Ele que é o “Senhor da glória”, isto é, o que tem maior grandeza, poder, riquezas e mérito para ser honrado mais do que qualquer outro ser nos céus e na terra (Ap 5.12-13). Em nossas assembleias, o senso dessa glória deveria ser ainda maior, pois é para isto que nos reunimos – admirar a glória absoluta do Senhor Jesus Cristo, e não a glória relativa das Suas criaturas (cf. Ap 22.8-9). Mas o problema não seria tão grande se os crentes apreciassem os outros pela sabedoria, zelo, testemunho e outros dons e frutos espirituais; o que Tiago realmente condena aqui é a apreciação pelo status social e riquezas deste mundo possuída por alguns – o que não é gloria nenhuma, de fato, ou é no máximo uma glória aparente e vã (cf. 5.1-3; 1 Pe 1.24-25). Acepção de pessoas, portanto, é o mesmo que aceitar ou admirar os outros pela aparência, e não pelo que elas são; o que é completamente contrário à fé que une todos os crentes e os faz serem igualmente aceitos por Deus, a despeito do que têm ou aparentam ser neste mundo (At 10.34-35). O exemplo é o mais típico ou característico que poderíamos conceber, mas nem por isso menos frequente em nossas assembleias; e, considerando que Tiago escreve “às doze tribos dispersas”, parecia ser uma prática constante nas igrejas o suficiente para o apóstolo dedicar parte da sua breve missiva a alertar sobre o problema. Notemos que ele destaca dois agravantes sobre este pecado, quando cometido no meio da comunidade: “fizestes distinção dentro de vós mesmos”, ou “entre vós mesmos”, e: “vos fizestes juízes de maus pensamentos”. Ao mesmo tempo, coloca na forma de perguntas, porque qualquer cristão deveria ser redarguido pela sua própria consciência quando confrontado com a situação dessa forma. Ora, se nenhum cristão deveria ser diferenciado do outro por dons e talentos particulares, porque nem um nem outro têm qualquer coisa de valiosa e admirável que não tenham recebido de Deus (Ef 4.7; 1 Co 4.7); quanto mais no que diz respeito a critérios de distinção completamente estranhos aos valores espirituais do reino dos céus (cf. 1 Co 1.26-29; Mc 10.23). De fato, muitos daqueles que desfrutavam da aparência admirada por esses irmãos estavam, a despeito disso (e muitas vezes por conta disso), entre os incrédulos e até perseguidores da igreja; ao passo que a pobreza, tratada de modo inverso, era a característica predominante dos crentes e fiéis.
II – A LEI CONDENA A ACEPÇÃO DE PESSOAS (VV. 8-9) Como sempre, a razão pela qual tanto indivíduos como comunidades inteiras acabam se enredando no erro está na falta de atentar para a palavra de Deus: “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real”. Pela palavra “lei” Tiago está se referindo à revelação divina no seu aspecto mandatório, tal como também significava para os hebreus da antiga aliança, mas também considerando o verdadeiro espírito dessa lei, tal como expresso por nosso Senhor Jesus Cristo no maior mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (cf. Jo 15.10-12, 17; Mc 12.31; Rm 13.8-10). Se os crentes se preocuparem em cumprir esta lei real (porque é Cristo Jesus, o Rei dos reis, quem a definiu como a mais importante de todas), certamente não serão enganados pela aparência nem incorrerão no pecado da acepção de pessoas, já que o verdadeiro amor, exemplificado pelo próprio Deus na pessoa de Seu Filho Jesus, é desinteressado e altruísta, tendo seu fundamento em razões que vão além do próprio objeto amado, não podendo ser afetado por qualquer mudança ou alteração nele (Rm 5.6-8). Para enfatizar a gravidade do que estava acontecendo nas igrejas, Tiago não apenas expressa de modo positivo a lei que, se cumprida, boa coisa os irmãos fariam; mas também reprova o contrário, a prática da acepção de pessoas, como transgressão sujeita à repreensão divina. Não nos enganemos, relegando isto a uma questão de conveniência; honremos cada um segundo a honra que Deus lhe concedeu no seu próprio lugar (cf. Rm 13.7); mas a igreja existe para proclamar a honra de Deus e de Seu Filho Jesus (cf. Ef 3.21), em primeiro lugar; e, se alguém no reino dos céus merece honra, o tal será distinguido pelos critérios de Deus, e não do mundo (cf. Pv 29.23).
III – DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS (VV. 10-13) Estes versos nos lembram o alerta feito por Tiago aos que valorizavam uma demonstração exterior de piedade separada do que era realmente puro e imaculado para Deus. Era a mesma tendência do judeu que, antes de aceitar a fé em Cristo, acreditava estar agradando a Deus por cumprir muitos mandamentos, mas não todos, quando na verdade estava incorrendo em hipocrisia (cf. Gl 3.11-12; Mt 19.20-22; Rm 2.1-3). No reino de Deus, não seria diferente: nós, que vivemos sob a lei da liberdade, não mais sujeitos à corrupção do pecado que invalidava qualquer esforço de obediência, estamos sob uma responsabilidade ainda maior de cumprir os mandamentos, mesmo os menores (cf. Mt 5.17-20). Ele ainda lembra que, assim como todos os homens, haveremos de ser julgados por Deus, mas o critério que definirá a sentença do nosso julgamento depende de como procedemos em relação à lei real: “O juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia”, ou seja, que não guiou o seu julgamento sobre o princípio do amor ao próximo, antes se fez juiz de maus pensamentos, discriminando (mesmo que indiretamente) os irmãos pobres dos ricos, os pequenos dos grandes. Por outro lado, a “misericórdia triunfa sobre o juízo”, no sentido de que o julgamento de Deus será pautado tanto pela justiça como pela liberalidade divina em perdoar, usar de misericórdia sobre aqueles que usaram de misericórdia, que são aqueles que verdadeiramente amam o próximo como a si mesmos (cf. Lc 10.30-37; Mt 5.7; 18.23-35).
CONCLUSÃO Lamentavelmente, muitos cristãos ainda julgam o próximo de acordo com a sua aparência, posses e outros aspectos passageiros, assim como fazem os incrédulos, que não têm nenhum senso dos valores espirituais. Aprendamos a pautar nossa consideração pelo próximo sobre o princípio da misericórdia e do amor – o mesmo amor com que Deus nos amou sem acepção de pessoas e que naquele dia também nos salvará do juízo.
PARA USO DO PROFESSOR
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