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A DOUTRINA SOBRE O PECADO
TEXTO ÁUREO:
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23).
LEITURA BÍBLICA: ROMANOS 3.9-19
INTRODUÇÃO
Tendo considerado a doutrina do homem, passamos agora a considerar a realidade do pecado, e
como isto tem afetado profundamente o seu relacionamento com o Criador. Tão logo estabelecidos no
paraíso, desfrutando de felicidade e comunhão com Deus, nossos primeiros pais, Adão e Eva, caíram por
causa do pecado. Desde então, não somente eles, mas todas as gerações seguintes ficaram sujeitas à sua
influência corruptora, colhendo suas tristes e destrutivas consequências.
I – A ORIGEM DO PECADO NO MUNDO
1. A Queda do Homem.
A primeira referência explícita ao pecado nas Escrituras está
relacionada à transgressão do primeiro casal (Gn 3). Lembremos que o homem foi criado bom e reto,
mas não perfeito em conhecimento, e que ele estava sob prova de fidelidade a Deus.
O mal só poderia
lhe sobrevir desde fora, e isto através da astúcia e engano de um outro ser já contaminado pelo mal: a
“serpente”, que não é outro senão Satanás, o Diabo (Ap 12.9).
Valendo-se da simplicidade da mulher, o
enganador questionou a veracidade da palavra de Deus, dizendo: “Certamente não morrereis” (v. 4).
Em
seguida, atiçou em Eva a cobiça pelo fruto proibido e a soberba por querer se igualar a Deus, dizendo:
“se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (v. 5). Do desejo, a mulher
passou ao ato e, dando do fruto ao seu marido, ambos caíram em desobediência (vv. 6, 12). Eis aqui a
origem do pecado, pelo qual se deu a Queda, tanto do primeiro casal, como de toda a humanidade.
2. Seu Impacto sobre a Humanidade.
Embora o pecado de que estamos tratando tenha
sido cometido particularmente por Adão, o mundo inteiro ficou sujeito ao seu impacto e consequências:
“por um homem entrou o pecado no mundo” e “pela desobediência de um só homem, muitos foram
feitos pecadores” (Rm 5.12, 19). Já consideramos na lição passada que o primeiro homem era a cabeça
representativa de toda a humanidade; quando ele caiu, todos nós caímos com ele, ficando sujeitos ao
mesmo juízo e condenação (vv. 16, 18).
Por isso também a condição do primeiro homem é descrita como
uma espécie de “herança natural”, ou a “imagem do velho homem”, pecador, corruptível e terreno,
estampada em cada indivíduo da raça humana já na sua concepção (Gn 5.3; 1 Co 15.48; Jo 3.6; Sl 51.5).
3. Seu Propósito nos Desígnios de Deus.
Muitos questionam a Deus por ter permitido o
pecado do primeiro homem, ou por tratar a todos os seus descendentes de acordo com o pecado de um
só. Ora, se Deus tem um propósito bom e sábio para todas as coisas, não seria diferente com relação ao
pecado. Se Ele não o impediu, é porque isto contrariaria o lugar que Ele definiu para o pecado, no
conjunto de todas as coisas cooperando para o bem dos Seus escolhidos (Rm 8.28); porque Ele não
poderia manifestar a Sua misericórdia e poder para salvar, levando o Seu povo a um verdadeiro
conhecimento do bem e do mal (Ef 2.5-7; Sl 50.15). E ainda porque Adão era a “figura daquele que
havia de vir”, isto é, Cristo Jesus, constituído por Deus cabeça daqueles que se unem a Ele pela fé. De
modo semelhante ao que nos sucede em Adão, agora, pela graça de Deus, somos feitos justos e herdeiros
da vida eterna pela imputação também do ato de justiça realizado por um só, Cristo (Rm 5.14, 17-19).
II – A NATUREZA DO PECADO
1. Sua Propagação.
Embora o pecado de Adão seja um ato único que afetou todos os seus
descendentes, mesmo não tendo eles pecado à sua semelhança, todo e cada ser humano é propriamente
chamado de pecador (Rm 3.10, 23; 5.12; 1 Jo 1.8).
Consideremos que o pecado é muitas vezes chamado
de transgressão, falta ou iniquidade, denotando assim uma contrariedade ou desacordo com a vontade
revelada de Deus – isto é, com a Sua santa lei (1 Jo 3.4).
Assim, não apenas Adão pecou contra o mandamento particular que havia recebido no paraíso, mas também os seus descendentes multiplicaram
o mal sobre a terra de tal modo que Deus julgou aquele mundo, com as águas do dilúvio (Gn 6.5-7);
depois, os israelitas pecaram contra os mandamentos da Lei revelada no Sinai, fazendo assim abundar a
ofensa, e desonrando grandemente ao Senhor (Os 6.7; Rm 2.23-24); ao mesmo tempo em que os
gentios, embora não tendo uma lei escrita, também pecaram contra o testemunho da criação e o padrão
de justiça gravado em suas consciências (Rm 1.18-20; 2.14-15).
2. Sua Fonte.
Enquanto Adão experimentou o mal como algo vindo de fora, a experiência do
homem atual com o pecado é bem diferente. É verdade que Satanás ainda atua como “tentador”,
insinuando o mal e buscando ocasião para levar o homem a pecar (1 Pe 5.8-9; Ef 4.27; 6.11; Tg 4.7).
Mas
agora o pecado tem origem no coração humano, a partir de uma inclinação maligna por aquilo que não é
lícito, que é chamada de concupiscência, ou paixão (Mt 15.18-20; Tg 1.13-15; Jr 17.9). Assim o homem é
enganado por suas próprias paixões, sendo levado a conceber e, finalmente, consumar o ato pecaminoso.
A palavra também menciona as “obras da carne”, “concupiscências e paixões carnais”, “inclinação da
carne” e “vontade da carne”, não como se o corpo físico em si fosse mau, mas porque essa natureza
pecaminosa se manifesta através dos membros do corpo, fazendo deles instrumentos para o pecado (Rm
6.13; 8.5-8; Gl 5.19-21).
3. Seu Poder.
O pecado exerce uma influência poderosa e irresistível sobre o homem natural,
não regenerado e sem a graça de Deus, que sujeita a sua vontade como se ele estivesse sob um reinado
ou escravidão (Rm 6.12, 16).
Mesmo naquele que não deseja pecar, a carne ainda batalha ferozmente
para não perder o seu domínio – daí a constante exortação das Escrituras à oração e vigilância, como
meios de prevalecer sobre a carne, mortificando suas obras (Mt 26.41; Gl 5.16-17; Rm 7.15, 18-23; 8.13).
De fato, somente a morte é capaz de desfazer de forma definitiva os grilhões do pecado sobre o homem, e
foi precisamente por isto que Cristo morreu, para nos livrar, ou justificar, da influência devastadora do
pecado (Rm 6.1-7, 10-11).
III – OS EFEITOS NOCIVOS DO PECADO
1. Culpa e Vergonha.
O primeiro sintoma do pecado cometido por Adão e Eva foi o senso de
culpa e indignidade, exteriorizado no corpo desnudo, que mal conseguiram encobrir, e que se agravou
ainda mais quando confrontados pelo Deus que haviam ofendido (Gn 3.7-10).
O homem carrega um
peso de culpa que não é mero sentimento ou impressão subjetiva, mas uma acusação inequívoca na
consciência, que não deixa escapar o menor desvio, a menor falsidade, a menor impureza de cada
pensamento e ação (1 Jo 3.20; cf. Jo 8.7-9).
2. Corrupção da Ordem Natural.
O pecado provocou um abalo no relacionamento do
homem com a Criação em todos os níveis, sujeitando-a à corrupção (Rm 8.20-22). O companheirismo e
a benção da procriação foram afetados, respectivamente, por dominação do homem sobre a mulher e
dor para esta última (Gn 3.16).
A vida tornou-se dura e difícil, e o homem deve passar grande parte dos
seus dias em trabalho e enfado, até descobrir que tudo passa (v. 17-19a; Ec 2.17, 22-23).
3. Morte.
Esta é a justa retribuição do pecado de Adão, a sentença da qual todos nós somos
feitos participantes (Rm 5.12; 1 Co 15.22). Deus havia dito que, no dia em que pecasse, Adão certamente
morreria, e esta expressão se entende por ter sido cortado imediatamente o seu acesso à árvore da vida
(Gn 3.19, 22-24; cf. 5.5).
Mas há outro aspecto em que todo o pecador sofre a morte em razão dos seus
próprios pecados (Ez 18.4; Rm 6.23), e nesse caso se trata da manifestação do juízo de Deus, quando
todos os ímpios serão banidos da Sua presença para o fogo eterno, onde serão completamente
aniquilados – por isso é chamado de “segunda morte” (Ap 20.12-15; 21.8).
CONCLUSÃO
Graças ao que foi revelado nas Escrituras acerca desta doutrina é que podemos compreender
qual era nossa triste condição sob o jugo opressor do pecado, e quão abundante foi a graça manifestada
na cruz do Calvário para nos livrar das suas terríveis consequências.
PARA USO DO PROFESSOR
AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.
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