LIÇÃO 4
AS LEIS DE PURIFICAÇÃO
TEXTO ÁUREO: “E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós; e não fez difrença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé” (At 15.8-9).
LEITURA BÍBLICA: LEVÍTICO 11.1-8
INTRODUÇÃO Avançando no estudo das ordenanças levíticas, na presente lição procuraremos esclarecer o sentido geral das leis de purificação apresentadas nos capítulos 11 a 15. Como temos feito nas lições anteriores, não nos deteremos nos detalhes das proibições e dos ritos, pois o nosso propósito é compreender a mensagem espiritual das formas exteriores – mensagem essa que faz destes capítulos uma porção da Escritura realmente edificante para a igreja atual assim como o foi para o antigo Israel.
I – A LEI DOS ANIMAIS PUROS E IMPUROS (LV 11) Recordando um conceito já explicado em lições anteriores, através das ordenanças levíticas, o Senhor visava não apenas proclamar a Sua inefável santidade, mas também tornar o povo participante dessa virtude divina. A presente seção do livro de Levítico, em particular, pode ser considerada um verdadeiro compêndio de instrução prática para o povo, pois aqui o Senhor os ensina a diferenciarem o santo do comum e profano através de circunstâncias exteriores que, em si mesmas, são indiferentes, como a alimentação, a concepção, as doenças e até situações consideradas tabus pelos povos antigos; mas, a partir de uma atitude diferenciada em relação a esses hábitos, os israelitas demonstrariam sua separação dentre todos os povos – o que, por sua vez, exaltaria a santidade do Deus de Israel (Lv 11.44-47; Dt 4.8). Começamos então com os critérios definidos pelo Senhor para distinção dos animais puros – aqueles que podiam servir de alimento – e impuros. Essa distinção existia muito tempo antes da lei, e se aplicava principalmente para fins dos sacrifícios e holocaustos oferecidos a Deus (Gn 7.1-2; 8.20; 9.1-4). Muitos questionam se os cristãos deveriam aderir a essa restrição alimentar, como o fazem ainda hoje os judeus – mesmo que apenas para fins de evitar a ingestão de carnes que poderiam trazer mais malefícios do que benefícios para a saúde. Quando a fé em Cristo Jesus começou a crescer entre os gentios – que não seguiam nenhuma restrição alimentar – os crentes de origem judaica se preocuparam com a questão, que foi tratada pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém (At 15.28-29). Ali tão somente se recomendou que os gentios se abstivessem de comer sangue, carnes de animais sufocados e alimentos oferecidos aos ídolos. Uma das razões que poderíamos citar é porque, sob a revelação do evangelho, sabemos que tudo o que Deus criou é bom, nada havendo intrinsecamente mau, e que tanto a pureza como a impureza procedem na verdade do coração, de uma consciência purificada pela fé ou contaminada pelo pecado, respectivamente (cf. Rm 14.1-3, 14 e 20; Tt 1.15; Mt 15.17-20). Outro aspecto a considerar é que a distinção de alimentos sob a ordem levítica era transitória e prefigurava uma realidade espiritual que, juntamente com outras ordenanças rituais, se cumpriria na igreja (Cl 2.16-17). Essa realidade foi revelada a Pedro quando Deus lhe mostrou, no simbolismo dos animais impuros contidos num vaso como um lençol limpo descido do céu, que os gentios, até então estranhos e considerados indignos pelos israelitas de participarem da comunhão divina, haviam sido purificados – ou seja, chamados por Deus ao arrependimento e à vida eterna (At 11.5-10).
II – A LEI DA MULHER APÓS O PARTO (LV 12) Chegamos ao capítulo mais breve desta seção, mas não menos intrigante. Diferente da lei dos alimentos puros e impuros, onde o israelita era ordenado a seguir a pureza e proibido de se contaminar, aqui temos o primeiro caso em que a fraqueza humana ficaria demonstrada por circunstâncias em que seria impossível ao homem (ou melhor, neste caso, a mulher) não se contaminar. A mulher teria filhos e, visando instruir o Seu povo, o Senhor faz da concepção e da perda de sangue a ela associada um memorial da fraqueza humana, cuja descendência vem ao mundo sob uma condição pecaminosa, ou seja, de impureza (Rm 5.12; Sl 51.5). Em outras palavras, a concepção perpetua a descendência caída e impura dos filhos de Adão. A mulher seria lembrada disto toda vez que concebesse e deveria então oferecer sacrifício pela expiação do pecado em memória da sua impureza ritual, e não porque a concepção fosse intrinsecamente pecaminosa (cf. 1 Tm 2.14-15). Notemos também que esta lição devia ficar profundamente gravada no coração da mãe, ao considerar o confinamento e isolamento do santuário imposto até que ela se purificasse.
III – A LEI DA LEPRA E DAQUELE QUE TEM FLUXO (LV 13-15) Os capítulos 13 e 14 apresentam uma extensa e detalhada prescrição de como um indivíduo deveria ser examinado e acompanhado na piora ou recuperação da enfermidade visível na carne, chamada na Escritura de lepra. Tratava-se de uma enfermidade bastante agressiva, a ponto de poder contaminar vestes (Lv 13.47) e casas (Lv 14.34-35). Contudo, os critérios definidos por Deus não dispensavam o exame feito pelo sacerdote, ao qual era dada autoridade exclusiva para declarar alguém enfermo ou são; e notemos que o próprio Jesus, tendo curado um leproso, orientou-o a se apresentar ao sacerdote, a fim de obter o testemunho da lei em favor da cura (Mt 8.1-4). Essa enfermidade tornava o seu portador impuro, necessitando este de expiação pelo pecado – se ou quando, porventura, fosse curado – porque demonstravam a tendência persistente do pecado no homem, seu poder de se propagar e contaminar todos os aspectos da vida e, mesmo quando retrocede por um tempo, ser capaz de recrudescer (cf. Mt 26.41; Rm 7.8-11). O capítulo 15 orienta os israelitas sobre como deveriam lidar com vários tipos de fluxo ou fluídos liberados pelo corpo, seja por razões de enfermidade ou por uma reação aparentemente natural do organismo. Seja como for, ou o que quer que diga a medicina moderna sobre tais situações, o fato é que esses fluxos representam a degeneração da natureza humana até em seu funcionamento fisiológico, levando ao esvaimento, ao desperdício de elementos que possuem valor vital (seja a semente ou o sangue), ao passo que deveriam ser preservados no corpo e cumprir sua finalidade. Com isto Deus também nos lembra que, como consequência do pecado, a vida humana está fadada a esvair-se num curto espaço de tempo, como uma rotura num vaso (cf. Gn 3.19; 2 Sm 14.14a; Ec 12.6-8).
CONCLUSÃO Hoje entendemos que a verdadeira santidade não consiste em ordenanças exteriores, pois ela procede de um coração regenerado pelo Espírito de Deus, impondo-se sobre todos os pensamentos e, por consequência, sobre os hábitos e ações do ser humano. Por outro lado, assim como as leis de purificação, nossa luta diária contra o pecado até em nossos pensamentos nos lembra a fragilidade da condição humana e que, não fosse o poder de Deus para renovar a graça em nossos corações e a Sua misericórdia para nos perdoar, seríamos considerados sempre imundos aos Seus olhos.
PARA USO DO PROFESSOR:
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