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LIÇÃO 3
A DIVINDADE DE CRISTO
TEXTO ÁUREO: “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”. (Cl 2.9)
LEITURA BÍBLICA: HEBREUS 1.1-8
INTRODUÇÃO Na lição de hoje nos dedicaremos a estudar um dos aspectos mais fundamentais e exclusivos da cristologia bíblica e, por conseguinte, de todo o edifício da doutrina e fé cristã. Não é possível confessar, crer ou anunciar o verdadeiro Cristo sem reconhecer que os méritos infinitos de Sua obra, as excelências incomparáveis da Sua pessoa e a honra, glória e louvor rendidas eternamente ao Seu santo nome são devidas precisamente ao fato de Ele ser uma Pessoa Divina – em outras palavras, o Filho Unigênito de Deus.
I – A DIVINDADE DE CRISTO NA LEI E NOS PROFETAS São inúmeras as passagens do Antigo Testamento – particularmente dos profetas – que anunciam que a natureza e o caráter do Messias seriam tais que Ele não poderia ser apenas um homem perfeito, mas uma pessoa divina. Assim é que Jesus e os apóstolos retomam muitas dessas passagens tanto para comprovar que as promessas messiânicas haviam se cumprido, como também para elucidar muitos aspectos da natureza e obra do Cristo – dentre eles, a Sua divindade. Na verdade, antes mesmo dos profetas, encontramos nos primeiros registros bíblicos importantes indicações neste sentido, das quais destacamos, por exemplo, o fato de Deus ter deliberado sobre a criação do homem juntamente com “alguém” que não poderia ser uma criatura, mas uma pessoa igualmente poderosa para criar como também perfeita para expressar a imagem de Deus, cuja semelhança foi impressa no homem. Esse “alguém” não era outro senão o Verbo, que estava com Deus no princípio, que era Deus, e que criou todas as coisas – isto é, Cristo Jesus (Gn 1.26-27; Jo 1.1-3; Cl 1.15-16; Hb 1.3). Quando nos voltamos para as profecias de caráter messiânico e sua interpretação, chama-nos a atenção o fato de que um dos argumentos comprobatórios mais contundentes acerca da divindade de Cristo está na afirmação de que Ele seria o Filho de Deus. Não foi a Davi, nem aos anjos, que Deus disse: “Tu és meu Filho”, mas àqu’Ele que provou, pela Sua ressurreição, ser este filho ao qual Deus constituiu Rei sobre toda a criação, e ao qual, portanto, todos devem beijar (isto é, curvar-se em adoração), ou do contrário sofrerão a Sua ira (Sl 2.6-12; At 13.32-33). Sendo todas estas prerrogativas divinas, o Cristo também é chamado propriamente de Deus e Senhor (Sl 110.1; Mt 22.41-45; Hb 1.8-9). E o fato de a Escritura prever que Ele nasceria de mulher, e seria descendente de Davi de modo algum obscurece a Sua filiação divina, nem permite afirmar que o Cristo seria apenas um homem; mas antes nos mostra a maravilha do propósito de Deus, que escolheu manifestar-se pessoalmente a este mundo, de tal modo que a glória da Sua divindade não passaria despercebida aos homens (Is 7.14; 9.6; 40.9; Mt 1.18-23; Lc 1.30-35; Jo 1.14). Consideremos ainda que as Escrituras descrevem a redenção do povo de Deus operada pelo Messias como uma tarefa de proporções que nenhum ser humano jamais seria capaz de realizar. Nenhum homem pode resgatar o seu próximo, primeiro porque cada um deve responder pelos seus próprios pecados; segundo porque, como todas as almas pertencem a Deus, somente Ele tem o direito de resgatá-las (Sl 49.6-8; Ez 18.4, 20; Is 43.3; 54.5). Assim, para operar a redenção do povo de Deus, o Messias deveria não apenas ser puro e inocente, nada devendo à lei, mas também deveria ter o direito de propriedade sobre os homens, para que pudesse como que “comprá-los de volta” do pecado. E ambas as condições são preenchidas por Cristo na medida em que Ele seria uma pessoa divina, para que assim esta obra de redenção – e seus frutos de justiça, consolação e paz – pudessem ser atribuídos à operação do próprio Deus (Is 51.3-5, 9-16; 63.1-6; Ez 34.11, 23).
II – A DIVINDADE DE CRISTO NOS EVANGELHOS Os evangelistas deixam ainda mais claro aquilo que nos profetas já era uma verdade inequívoca – que o Messias é divino, ou o Filho de Deus. E isso eles fazem de diversas maneiras: seja no relato dos acontecimentos da vida de Jesus, ou nos testemunhos colhidos daqueles que viram e creram nos Seus sinais. Mas é quando analisamos o teor das palavras do próprio Cristo que encontramos os maiores testemunhos da Sua divindade. Primeiro, porque Ele sempre fala do Seu relacionamento com Deus como o de um Filho com o seu Pai, compartilhando de tão profunda comunhão e concordância de vontade que tudo o que Cristo faz ou diz não considera ser propriamente Seu, mas de Deus, de quem havia recebido, e com quem havia aprendido. Assim, ao afirmar ser o Filho de Deus, Jesus queria dizer que era essencialmente igual a Deus, de maneira que somente Um conhecia perfeitamente o Outro, e conhecer a Cristo era o mesmo que conhecer a Deus (Jo 5.16-19; 10.27-30; 14.6-11; cf. Mt 11.25-27). E, embora por um momento tivesse deixado a glória pré-existente dessa comunhão que desfrutava com o Pai, bem sabia Ele que a ela retornaria em breve (Jo 3.12-13; 6.61-62; 16.7, 26-28; 17.4-5). Esta é a razão pela qual Jesus se apresentou ao mundo não apenas como um grande mestre ou profeta, para que outros creiam em Deus através d’Ele; mas antes exortava Seus ouvintes a vir ou crer n’Ele mesmo, porquanto somente n’Ele encontrariam o quanto buscavam e esperavam de Deus para eterna satisfação de suas almas (Jo 5.22-23; 6.35, 39-40; 14.1-3, 20-23; 17.20-23). Dos muitos testemunhos encontrados nos evangelhos, citamos o do próprio Deus, que testificou do Seu amor e propósito de glorificar o Filho (Mt 3.16-17; 17.1-5; Jo 12.28-30); o de João Batista, que testificou da divindade de Cristo ao declarar a precedência e superioridade daqu’Ele que viria após si (Jo 1.6-8, 15, 29-34); dos discípulos que, por sua vez, confessaram ser Jesus o Cristo, o Filho de Deus, Rei de Israel e Senhor, porquanto viram n’Ele a glória divina de uma pessoa cheia de graça e de verdade (Mt 16.13-17; Lc 5.4-8; Jo 1.45-49; 6.68-69; 20.26-29). E, se muitos não viram essa beleza e formosura divina, foi por causa da dureza de seus corações e do seu amor pela glória deste mundo (Jo 1.14; 2.23-25; 12.37-43; cf. Mt 26.63-66).
III – A DIVINDADE DE CRISTO E SUAS IMPLICAÇÕES Como afirmamos na introdução, não é possível entender a importância de qualquer aspecto da obra de Cristo Jesus apresentado nas Escrituras sem reconhecer a Sua divindade. A essência do Evangelho está no fato de que o próprio Deus, invisível e jamais visto por homem algum, manifestou-se ou foi revelado ao mundo através de Seu Filho, que é a Sua imagem perfeita, não no corpo ou aparência física, mas na forma como a graça, verdade, justiça e vida se expressaram abundantemente através das palavras e obras de Cristo (Cl 1.15; Jo 1.18; cf. 1 Tm 3.16). A pretensão de conhecer ou se achegar a Deus sem Cristo constitui-se, portanto, em idolatria, pois é impossível conceber corretamente o Pai sem a Sua imagem da Sua pessoa expressa no Filho (1 Jo 5.11-13). Isto significa então que a Cristo foram concedidas todas as prerrogativas divinas sobre a criação, como, por exemplo, poder e autoridade nos céus e na terra, para que todos os seres viventes O adorem e confessem o Seu senhorio (Fp 2.9-11; Ap 5.9-14); a exaltação do Seu nome acima de todo o nome, para salvação de todo aquele que o invocar (At 2.16-21, 36 e 38; 4.12); o Seu reinado sobre a criação até que todas as coisas sejam reconciliadas com Deus através d’Ele, e todos os inimigos submetidos aos Seus pés – quando então Cristo entregará o reino ao Pai, para que Deus seja tudo em todos (1 Co 15.24-28).
CONCLUSÃO As Escrituras são claras em demonstrar a divindade de nosso Senhor e Salvador Jesus, e esta verdade recebemos com grande alegria e satisfação, pois a partir dela temos a certeza de que, tendo o Filho em nossos corações, temos também o amor do Pai, que O enviou e ama aqueles que O amam.
PARA USO DO PROFESSOR
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