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LIÇÃO 2
HERESIAS DOS TEMPOS APOSTÓLICOS
TEXTO ÁUREO: “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo” (JUDAS 3)
LEITURA BÍBLICA: GÁLATAS 1.6-9
INTRODUÇÃO Na primeira lição aprendemos que a heresia é um fenômeno primariamente interno da igreja – é necessário que haja heresias entre nós. Nesta lição, veremos que a heresia é um fenômeno constante entre os cristãos desde o princípio do evangelho, quando os apóstolos ainda davam testemunho e zelavam pela sã doutrina entre os fiéis. Mas, graças à dedicação de Paulo e outros apóstolos em identificar e combater as mais destrutivas heresias que se insinuaram no seio da igreja nascente, o evangelho pôde ser distinguido do erro, mesmo perante as formas mais sutis que as mesmas heresias assumiriam ao longo dos séculos.
I – O LEGALISMO DOS JUDAIZANTES Como bem sabemos, Jesus nasceu como judeu, foi submetido e se submeteu a todas as exigências da lei mosaica, e n’Ele os israelitas que creram viram se cumprir a esperança messiânica, tornando-se Ele a causa da justificação, pela fé, de tudo aquilo em que não puderam se justificar pela lei de Moisés. Então, quando o evangelho começou a se propagar fora da Judéia, os apóstolos não tardaram em reconhecer que essa salvação dizia respeito não apenas aos judeus, mas também aos gentios, fossem eles prosélitos (que conheciam a lei) ou mesmo aqueles que estavam completamente alienados do Deus verdadeiro, da lei e dos profetas. E, dando Deus testemunho disso através do dom do Espírito, os apóstolos entenderam bem que aqueles que creram dentre os gentios de nada mais precisavam além da exortação à perseverança nessa fé (cf. At 10.28, 34-48; 11.18, 19-26). Contudo, aos olhos de alguns crentes judeus, a situação dos gentios em relação à lei mosaica parecia ser imprópria, na medida em que estes não se circuncidavam, nem se sujeitavam às tradições e preceitos mosaicos aos quais os judeus, mesmo sendo crentes em Jesus, ainda se submetiam. Assim, rapidamente a heresia tomou forma: “Então, alguns que tinham descido da Judeia ensinavam assim os irmãos: Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos” (At 15.1). Travou-se uma discussão entre Paulo e esses indoutos, a questão foi levada aos apóstolos e anciãos em Jerusalém, e ali se confirmou o posicionamento que, tacitamente, já vinha sendo adotado pela liderança da igreja. Uma vez que os gentios, não tendo eles lei, haviam alcançado a salvação pela fé em Cristo Jesus, do mesmo modo que os judeus, tendo estes lei; não se devia incomodar os gentios quanto aos termos de um concerto que havia se tornado um verdadeiro fardo até mesmo para o próprio povo de Israel (At 15.6-21). A resolução do concílio em Jerusalém deveria ter colocado um ponto final na discussão, mas a heresia persistiu através da dissimulação e da oposição daqueles que não criam na suficiência da graça de Deus para a salvação, mas queriam se justificar pelas obras da lei. Conhecidos como “os da circuncisão”, esses legalistas insistiam que os crentes gentios deviam se circuncidar e guardar a lei como os judeus, para que sua fé não fosse em vão. Paulo travou combate contra essa heresia, especialmente na sua epístola aos Gálatas, onde reafirma a suficiência da fé em Cristo Jesus para salvação e justificação do pecado, sem as obras da lei (Gl 2.16; 3.1-9, 11; cf. Rm 3.21-28); esclarece que a lei não foi dada para salvar, mas para instruir e preparar o povo, incutindo-lhes a consciência do pecado, e então receberem a justiça que vem da fé (Gl 3.19-22; cf. Rm 10.1-4); e repreende os crentes gentios que desejavam se submeter ao concerto das obras, quando os próprios judeus haviam sido, pela fé, libertados dele (Gl 4.3- 9); enfim, aderir a essa heresia era cair da graça, separar-se de Cristo (Gl 5.1-4).
II – A PERMISSIVIDADE DOS QUE ABUSAVAM DA LIBERDADE EM CRISTO Enquanto os judaizantes insistiam que a salvação dependia de uma estrita adesão à lei mosaica, no extremo oposto dessa posição estavam aqueles que abusavam da liberdade em Cristo, afirmando que, não estar mais debaixo da lei, mas debaixo da graça, significava uma permissividade para cometer qualquer pecado, pois onde a lei antes condenava, a misericórdia de Deus seria agora mais abundante. Paulo prevê esse erro quando propõe aos Romanos a seguinte questão: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante?” (Rm 6.1). Tendo demonstrado, no capítulo anterior da epístola, quão abundantemente a graça havia prevalecido sobre o pecado, ao imputar a justiça de um único homem – o Filho de Deus – a todos os pecadores que n’Ele cressem, o apóstolo explica, na seqüência, que ter parte na justiça de Cristo significa estar morto para o pecado, assim como o próprio Jesus morreu por causa e para o pecado. Deste modo, aquele que crê no Filho de Deus não peca mais, não porque se pecar não será culpado, mas porque o pecado não tem mais poder sobre ele, e o seu coração, antes dominado pela paixão carnal, agora o inclina a se apresentar a Deus, para a santificação, para mortificar as obras do corpo e viver segundo o Espírito (Rm 6.5-9, 11-14; 7.4-6; 8.1-4, 9-13). Mas é nas epístolas de Pedro e Judas que esse erro desponta como uma heresia extremamente prejudicial às igrejas, pois estava contaminando as santas reuniões do povo de Deus com o pecado e a concupiscência. Alertando os irmãos quanto à sutileza dos falsos mestres, o apóstolo os descreve como homens que se entregam ao pecado, pois negam “o Senhor que os resgatou” (compare com Hb 10.26-29); que seriam seguidos por muitos em suas dissoluções, “que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia e desprezam as autoridades”, “têm prazer nos deleites cotidianos”, “tendo os olhos cheios de adultério e não cessando de pecar”, e cujos seguidores, incautos, serão engodados pelas mesmas concupiscências, tornando a se fazerem escravos do pecado (2 Pe 2; cf. Jd 4, 10-19). Notemos também como o Senhor repreende os anjos das igrejas de Pérgamo e Tiatira, por admitirem ou tolerarem seguidores de uma falsa doutrina que, pelos termos usados para descrevê-la, parece consistir exatamente na incitação dos crentes à permissividade moral: “para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria” (Ap 2.14-15, 20-24).
III – A NEGAÇÃO DE VERDADES ELEMENTARES DO EVANGELHO Além das heresias que suscitaram maior disputa na igreja nascente, encontramos nos escritos apostólicos refutações a erros ou distorções da sã doutrina que, embora recebessem tratamento mais breve, também implicavam em sérias conseqüências à vida cristã, ou comprometiam o conjunto da fé uma vez entregue aos santos. João, por exemplo, alerta os irmãos contra falsos mestres que ensinavam que Jesus não era o Cristo, ou que Ele não havia vindo em carne – negando, assim, que o Verbo habitou entre nós e que n’Ele a vida nos foi dada (cf. 1 Jo 4.1-3; 1.1-3). Paulo demonstrou aos coríntios o absurdo de se negar a ressurreição de mortos – pois isto era o mesmo que negar a ressurreição do próprio Jesus, negar a esperança dos vivos e se fazer o mais miserável dos homens (cf. 1 Co 15). O mesmo apóstolo também faz menção a alguns que haviam negado o caráter escatológico da ressurreição (2 Tm 2.18). E Pedro expõe a insensatez daqueles que duvidavam da vinda do Senhor baseando-se no fator tempo, quando o mundo já havia sido destruído uma vez pelas águas do dilúvio, e se ainda não o fora novamente, era em razão da longanimidade de Deus para com os incrédulos (2 Pe 3.1-10).
CONCLUSÃO Por mais nocivas que essas primeiras heresias tenham sido para a igreja – como o são todas as heresias em qualquer tempo – lembremos que, no esforço bem sucedido de refutá-las, os apóstolos explanaram aspectos da doutrina de Cristo que hoje nos permitem não apenas definir melhor o evangelho, mas nos precaver contra as formas sempre mutáveis das sutis distorções da heresia, como um verdadeiro antídoto contra o erro.
PARA USO DO PROFESSOR
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