28 junho 2022

001- Jesus e a Salvação - Ensinos de Jesus Lição 01 [Pr Nilson Vital]28jun2022

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LIÇÃO 1 

JESUS E A SALVAÇÃO 

TEXTO ÁUREO: “Porque o Filho do Homem veio salvar o que se tinha perdido” (Mt 18.11) 

LEITURA BÍBLICA: LUCAS 19.1-10 

INTRODUÇÃO Durante este trimestre, vamos nos voltar para os evangelhos e aprender diretamente com nosso Mestre Jesus. Seu ministério de ensino foi tão notório e abrangente quanto foram os Seus milagres, por isso há muito mais para aprendermos sobre o reino de Deus e seus mistérios, além do que já estudamos, em outras oportunidades, no Sermão do Monte e nas Parábolas. E, nesta primeira lição, propomos examinar particularmente três passagens onde o Senhor elucida importantes verdades acerca da salvação. 

I – A CONVERSÃO DE ZAQUEU (LC 19.1-10) Zaqueu era um chefe dos publicanos, isto é, daqueles que coletavam impostos dos seus concidadãos para Roma. Também era rico. Mas a passagem narra como este homem de baixa estatura, desejando tão avidamente ver a Jesus, mas impedido pela multidão, fez algo inusitado – ao menos para alguém do seu status. E o que conseguiu foi não apenas ver a Jesus, mas ser notado por Ele, chamado pelo nome e instado a preparar pousada para o Mestre em sua casa. Ao obedecer prontamente à voz de Cristo, e recebê-l’O com grande alegria, Zaqueu estava não apenas oferecendo hospedagem para Jesus, mas atendendo ao chamado para a salvação. Assim, podemos dizer que esse encontro ilustra o chamado eficaz do evangelho, pois todo aquele que vem a Cristo não será lançado fora, e aquele que ouve a Sua e é dos Seus, prontamente a reconhece e o Segue (cf. Mt 9.11; Jo 6.37; 10.27-28). Não compreendendo a graça de Deus manifestada para com aquele homem, os judeus murmuravam porque Zaqueu, sendo publicano, era considerado um grande pecador, indigno da salvação. Se era prática comum dos publicanos cobrar além do que era devido aos seus compatriotas (cf. Lc 3.12-13), as palavras deste homem revelam que ele havia se convertido de uma vida de avareza, e agora se propunha voluntariamente a reparar o dano causado a outros, restituindo aqueles que tivessem sido defraudados por ele com a devida compensação; bem como dar aos pobres metade do que de fato era seu. Não há verdadeira salvação sem arrependimento, isto é, sem que haja admissão de culpa por parte do pecador, e disposição em abandonar o mal e praticar o bem, produzindo frutos dignos de arrependimento (cf. Mt 3.8-10). O testemunho de Jesus confirma a veracidade da conversão e das intenções de Zaqueu, mas ao mesmo tempo indica que toda essa demonstração de arrependimento havia sido produzida por obra da graça de Deus, da salvação que havia alcançado o coração daquele homem. Do mesmo modo que Abraão, Zaqueu primeiro fora perdoado e justificado pela fé naquele que o havia chamado, e essa fé agora se manifestação no seu testemunho e firme propósito de praticar boas obras (cf. Ef 2.8-10; Tg 2.14, 17, 21-24). Consideremos ainda a contradição dos judeus, inflados em sua justiça própria, ao desprezar a salvação em Cristo Jesus e ao mesmo tempo murmurar contra aqueles que a aceitavam, por serem estes injustos. Mas para isto o Filho de Deus veio ao mundo, pois o desejo de Deus é antes salvar, e não destruir os pecadores (Mt 18.11-12; Jo 3.17; Ez 18.23). 

II – O JOVEM RICO (MT 19.16-26) Passamos agora para o episódio onde Jesus é abordado por um jovem de posição social destacada (cf. Lc 18.18) e também rico, assim como Zaqueu. Reverentemente e disposto a aprender com Cristo como um mestre vindo de Deus, o jovem pergunta: “Que bem farei para herdar a vida eterna”, manifestando o entendimento equivocado de que a salvação deveria ser alcançada através de boas obras. E, de fato, o Senhor responde no mesmo sentido: “Guarda os mandamentos”, pois Ele não veio acrescentar nem tirar nada à Lei, na qual Deus já havia prometido a vida eterna ao homem que guardasse todos os mandamentos (Lv 18.5). Contudo, assim como a maioria dos judeus, este jovem media a justiça divina apenas pelo aspecto exterior dos mandamentos; bem como nutria um falso conceito acerca da sua própria impecabilidade: “Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?” O fato que ele parecia ignorar é que o mandamento é amplíssimo, e espiritual, condenando o pecado ainda nos recessos do coração, e a própria Lei testifica que ninguém é capaz de alcançar a justiça pelas obras, todos sendo considerados transgressores (Tg 2.10-11; Gl 3.10-11; Rm 7.7-8). A fim de corrigir o jovem e fazê-lo entender que sua obediência à lei estava longe de ser perfeita, o Senhor traz à luz o seu amor pelas riquezas. Embora a Lei não proíba a posse de riquezas, somos ensinados por Cristo que qualquer que ponha seu coração nelas viola o primeiro mandamento, que diz: “Não terás outros deuses diante de mim” (cf. Mt 7.19-21, 24; Cl 3.5). O jovem percebe, com tristeza, sua transgressão, ao se ver incapaz de abrir mão das riquezas pela vida eterna que tanto almejava, e assim de seguir a Cristo, em testemunho do Seu amor a Deus. Este episódio ilustra, como Jesus explica na sequência aos Seus discípulos, que não apenas aos ricos, mas aos homens em geral, é muito difícil – ou melhor, impossível – serem salvos, posto que a confiança nas riquezas, ou o amor aos vícios, impede-os de amar a Deus de todo o seu coração. A salvação é um milagre de Deus – um milagre de graça e misericórdia (Ef 2.4-7). 

III – SÃO POUCOS OS QUE SE SALVAM? (LC 13.23-27) Nesta passagem, o Senhor Jesus responde a alguém que desejava saber se são poucos os que se salvam; não podemos determinar a intenção desta pergunta, mas, a partir da pregação e do ensino de Cristo – basta apenas considerar os dois casos já estudados – é possível afirmar que o reino dos céus não é de todos. Ao invés de satisfazer a curiosidade por trás da pergunta, o Senhor usa a figura da porta estreita para ressaltar que a salvação é individual, e não depende da escolha, por assim dizer, de outros; mas cada um deve se aplicar a entender, encontrar e trilhar esse caminho, e entrar por essa porta, por si mesmo. A figura também alude ao aspecto, já estudado, de que é difícil aos homens entrar no reino dos céus, porque a salvação requer renúncia. Na ilustração seguinte, do pai de família começando a fechar a porta, e muitos ficando do lado de fora, temos a verdade de que muitos se enganam quanto ao seu nível de comprometimento e renúncia pelo evangelho de Cristo, folgando com sutilezas do pecado que, naquele dia, descobrirão que não são aceitas pelo pai de família. A palavra “porfiar”, nesse caso, implica em perseverança na santificação, em vigilância e oração (cf. Mt 26.41; Lc 21.34). 

CONCLUSÃO Jesus ensinou que a salvação é obra da graça de Deus, que se manifesta livremente no coração dos homens, não por merecimento nem dignidade pessoal, mas apesar e mesmo contra toda expectativa dos pecadores. Nenhuma piedade, nenhum esforço ou feito humano se iguala a essa graça. Aqueles que confiam em si mesmos serão frustrados pelo próprio fracasso em cumprir às demandas da justiça divina, mas os que renunciam a si mesmos e confiam naqu’Ele que os chamou serão surpreendidos pela poderosa e eficaz salvação de Deus.

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21 junho 2022

013- A Excelência do amor conjugal - Cantares Lição 01 [Pr Nilson Vital]21jun2022

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LIÇÃO 13 

A EXCELÊNCIA DO AMOR CONJUGAL 

TEXTO ÁUREO: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu” (Ct 6.3) 

LEITURA BÍBLICA: CANTARES 1.1-11 

INTRODUÇÃO Cantares de Salomão é considerado um dos livros mais controversos da Bíblia, em razão do modo como retrata o amor conjugal, e das dificuldades para se entender a mensagem de Deus neste livro, que o faz pertencer ao cânon sagrado. Como reservaremos apenas uma lição para o estudo deste livro, nosso objetivo será explicar o sentido geral do livro, estabelecendo pontos importantes para compreendermos esta belíssima poesia e o seu propósito singular como parte das Escrituras Sagradas. 

I – CANTARES, UM POEMA SOBRE O AMOR CONJUGAL Cantares é também chamado cântico dos cânticos, no sentido superlativo de “o mais excelente cântico”, o mais belo cântico de Salomão (cf. 1 Rs 4.32). Trata-se de um livro poético e, como tal, podemos esperar encontrar na sua linguagem muito do paralelismo característico da poesia hebraica (lembrando que o paralelismo bíblico consiste na repetição, não de sons, mas de ideias que “rimam” entre si). Há uma abundância de referências a costumes e aspectos da vida nos tempos bíblicos, em comparações inusitadas que mal seríamos capazes de apreciar hoje com a mesma mentalidade e sentimento de um hebreu daqueles tempos remotos; mas, estando familiarizados com muitos desses aspectos graças ao contexto mais amplo fornecido pelas Escrituras, podemos ler Cantares e ainda apreciar muito da beleza poética e dos sentimentos expressos no texto. Cantares é uma poesia que conta a história de amor entre Salomão e sua mulher, identificada no texto como sulamita (Ct 6.13). Se é verdade que este rei teve muitas mulheres e concubinas, não resta dúvida de que ele também teve um primeiro amor, do qual resultou o seu primeiro casamento – aquele que deveria ter sido o único, uma vez que os demais são fruto de alianças políticas com povos estrangeiros e, conforme Deus já havia alertado, mais tarde se revelariam prejudiciais para o próprio rei (cf. Dt 17.17; 1 Rs 11.1-3). Pois bem, Cantares é um poema celebrando esse primeiro e genuíno amor, cujo ápice se encontra na união íntima do casal. O texto começa com uma espécie de antecipação, onde ambos expressam suas alegrias, impressões e desejo de um pelo outro (Ct 1.2-2.7); um possível encontro de ambos, talvez lembrado por ela, a partir do que ela percebe que ainda não o tem consigo (Ct 2.8-3.5); segue-se o casamento, onde um passa a pertencer ao outro, e consuma-se a união – este é considerado o coração do livro (Ct 3.6-5.1); na última sessão, após negar-lhe um pedido, ela tem de buscá-lo e o encontra novamente, e o amor e compromisso de ambos são reafirmados (5.2-8.14). Não há nada de estranho em ser este o tema de um livro inteiro da Bíblia. Embora ao longo da história tanto judeus como cristãos tenham procurado entender Cantares num sentido estritamente alegórico ou tipológico, o fato é que o amor conjugal é um tema do interesse divino. Há pouco aprendemos com o mesmo Salomão, em Eclesiastes, que o casamento é uma das coisas boas, ou dons, que Deus concedeu aos homens para serem desfrutados nesta vida debaixo do sol (Ec 9.9). A própria união física e íntima entre o homem e a mulher no casamento é celebrada neste livro, porque somente assim o amor conjugal é consumado e ambos se tornam uma só carne (Gn 2.23-25). O problema é que o pecado e a perversão moral da sociedade constituem um grande empecilho para a abordagem deste tema com serenidade e pureza, de modo que muitas vezes só conseguimos tratar de assuntos que constituem “tabus” usando termos mais didáticos e cuidadosos, como os de Paulo se dirigindo aos coríntios, os quais provinham de um contexto permissivo e precisavam aprender os rudimentos de questões como estas (1 Co 7.28). Acrescente-se que conceitos religiosos e de falsa piedade introduzidos no meio do povo de Deus ao longo da história não apenas incentivaram o celibato como uma forma de santificação, mas deram à intimidade física do casal um caráter secundário, ou uma função meramente reprodutiva, rejeitando qualquer outro aspecto dele derivado como pecaminoso – numa distorção demoníaca do ensinamento bíblico (cf. 1 Tm 4.3-5). 

II – A SANTIDADE DO AMOR CONJUGAL À luz do quanto foi dito sobre o tema e o propósito de Cantares, podemos afirmar que, antes de procurar algum sentido alegórico ou tipológico nas suas imagens, precisamos entender o que ele ensina literalmente sobre o amor conjugal. A relação íntima entre um homem e uma mulher é uma coisa santa e louvável, desde que fruto da união conjugal; ao passo que, fora desse vínculo, é considerada uma profanação (cf. 1 Ts 4.3-6; Hb 13.4). E o livro de Cantares de modo algum prejudica esta verdade, uma vez que ambos os protagonistas não se entregam a uma paixão desenfreada, mas acalentam o amor de um pelo outro até que possam realizá-lo legitimamente. Notemos que somente após o casamento Salomão é convidado a desfrutar de intimidade com a sulamita – intimidade esta representada pelas figuras do jardim ou manancial. Antes disso, ela é como um jardim fechado, ou um manancial selado (Ct 3.11; 4.8, 12, 16; 5.1; cf. Pv 5.15-18). Outro aspecto notável do amor conjugal evocado no poema (particularmente na última divisão, conforme propomos no tópico I) diz respeito ao perigo a que o casal se expõe quando um se recusa ao outro; assim como, no poema, a amada descobre que uma breve demora em atender à voz do amado resultou na sua ausência, lembremos que o apóstolo também admoesta os casais a não se defraudarem um ao outro (Ct 5.2-6; 1 Co 7.3-5). Apercebendo-se do risco de sofrer novamente pela sua ausência, a sulamita sai em busca desesperada pelo seu amado até encontrá-lo, quando reafirma seu amor e não se permite mais abandoná-lo (Ct 6.2-3; 7.10-13; 8.6-7). 

III – O AMOR CONJUGAL É FIGURA DO AMOR DE CRISTO PELA IGREJA Seremos mais breves neste tópico porque a tipologia do relacionamento entre Cristo e a igreja no casamento não é coisa inédita em nossos estudos, nem de difícil compreensão; mas nem por isso é de menor importância que o casamento enquanto tal. Como a intimidade conjugal é a expressão mais ilustre da união entre um homem e uma mulher, ela representa adequadamente, na linguagem humana, o mistério da comunhão espiritual, profunda e indissolúvel de Deus com o Seu povo (Ez 16.8; Jr 2.2-3; Is 54.5) – comunhão esta selada por Cristo Jesus, revelado como o Salvador da igreja, a qual é o Seu corpo e a Sua esposa (Ef 5.22-23, 25-27, 32; Ap 19.7-8). Assim, a exaltação do amor conjugal em Cantares também deveria ser interpretada figuradamente como uma exaltação do amor de Cristo pela Sua igreja e por seus membros em particular. A intimidade conjugal ilustrada em Cantares nos remete à entrega total que o Senhor Jesus fez da própria vida na cruz em nosso favor, isto é, dando Sua carne e Seu sangue por nós, em nosso lugar. Neste ato do mais puro e sublime amor, Ele se doou por nós diante de Deus, que O aceitou e nos aceitou n’Ele, como se no Calvário tivesse sido consumado um casamento, um pacto indissolúvel do qual fazemos parte por misericordiosa graça (2 Co 5.14-15; 1 Co 6.16; Ef 5.30), de modo que agora bem podemos dizer como a sulamita: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu”. 

CONCLUSÃO A intimidade conjugal reafirma o caráter perpétuo e indissolúvel do casamento, selando o amor de ambos os cônjuges no coração um do outro, fortalecendo-os para enfrentarem e vencerem juntos as adversidades da vida e exaltando ainda mais o casamento como um dom maravilhoso de Deus ao homem e uma sublime alegoria do nosso relacionamento com o glorioso Esposo da Igreja.

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14 junho 2022

012- A brevidade desta vida - Eclesiastes Lição 12[Pr Nilson Vital]14jun2022

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LIÇÃO 12 

A BREVIDADE DESTA VIDA 

TEXTO ÁUREO: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias” (Ec 12.1) 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 12.1-8 

INTRODUÇÃO Chegamos à conclusão do livro de Eclesiastes, onde Salomão, o sábio pregador e rei de Israel, incita a se voltarem para Deus e elevarem seus pensamentos a Ele o quanto antes, pois a vida é muito breve, e por isso também o tempo de desfrutarmos das alegrias que o Criador nos reservou para esta existência passageira. E assim ele concluirá o seu argumento principal, de que tudo é vaidade e, no fim, a única coisa que realmente fará diferença, na eternidade, é o nosso temor e obediência a Deus. 

I – LEMBREMOS DE DEUS ANTES DA VELHICE (VV. 1-5) A partir do contexto imediato estabelecido pelos últimos versos do capítulo anterior, Salomão ainda está se dirigindo àqueles que, iludidos pela vaidade da juventude e adolescência preferem seguir os seus próprios impulsos, ignorando as adversidades desta vida, que os mais velhos, por já terem experimentado, tornaram-se mais cônscios da vaidade de todas as coisas que se faz debaixo do sol. Quanto mais nos deixamos enganar pela aparência deste mundo, negando para nós mesmos que tudo isto é passageiro e um dia acabará, e que nem tudo nesta vida são bens, mas há também males imprevisíveis e inevitáveis; maiores as turbações que teremos ao ser privados deles. Contudo, a lembrança de Deus, isto é, a reflexão e consideração de que somos obra das Suas mãos, e que Ele tem um interesse e um cuidado particular por nós, mesmo nas aflições desta existência, é um grande remédio e conforto na adversidade. Por isso, quando lembra do seu Criador na sua mocidade, o homem não apenas desfruta a vida na sua maior força e disposição, mas evita os excessos e os males consequentes, tanto espirituais como físicos e materiais, de decisões tomadas com temeridade e por impulso, além de manter uma boa consciência para com Deus, e estabelecer para si mesmo um firme fundamento de confiança e esperança na misericórdia divina para se apoiar quando vierem os dias maus. Já aquele que vive na vaidade dos seus sentidos quando é jovem, na velhice terá apenas do que se queixar, pois colocou sua esperança e razão de contentamento no vigor da juventude e adolescência, que são passageiros, e não é capaz de vislumbrar na velhice qualquer outra coisa senão canseira e enfado (Sl 90.10). Portanto, esses “dias maus” com que Salomão designa a velhice e as indisposições e dificuldades que a acompanham, bem como a brilhante alegoria que se segue, onde são descritos esses “males”, devem ser encarados sob o ponto de vista “debaixo do sol”, daquele que, se não tiver em Deus a causa do seu contentamento neste mundo, nenhuma outra causa terá para tanto quando chegar nesse estágio da vida. Pois, nessa fase, como ilustra o sábio pregador, a visão torna-se turva mesmo sob a maior claridade (“quando se escurecerem o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas”), os braços e mãos começam a tremer, e as pernas dificilmente sustentam o peso do corpo (“os guardas da casa”, “os homens fortes”), a mastigação é prejudicada pela falta de dentes (“e cessarem os moedores, por já serem poucos”), o que por sua vez afeta a audição (“as duas portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura”); as cãs começam a se multiplicar (“florescer a amendoeira”) e as alterações no humor e nos hábitos levam à redução no sono (“se levantar à voz das aves”), na fome (“perecer o apetite”) e no interesse pelos prazeres desta vida (“todas as vozes do canto se baixarem”). Como tudo o que há debaixo do sol, a velhice também é passageira, mas anuncia a proximidade de uma mudança que, diferente das vaidades desta vida, será eterna: “porque o homem se vai à sua eterna casa”. Por esta expressão, “eterna casa”, o pregador se refere primeiramente à sepultura, para onde vão todos os homens e de lá não mais retornarão enquanto durarem os céus e a terra que agora existem; mas, à luz da consideração de que Deus trará todas as coisas a juízo – entenda-se, pela ressurreição do último dia – a expressão também se refere ao destino final do homem, não mais debaixo do sol – quer esse destino seja a vida eterna, com Deus, ou o desprezo eterno, banido da presença do Criador (Dn 12.2; cf. Jó 14.10-15; 19.25-27). 

II – LEMBREMOS DE DEUS ANTES DA MORTE (VV. 6-7) Na verdade, lembrar-se do Criador antes que cheguem os “maus dias” da velhice é necessário não porque não seja possível voltar-se para Ele nesse tempo, afinal, como já vimos, enquanto há vida, há esperança (Ec 9.4). Mas o fato é que a velhice evoca a morte, que, se é certa e naturalmente está mais próxima daqueles que já contam muitos anos de vida, não é menos certa e menos possível para aqueles que ainda são jovens. Ou seja, a mensagem de Salomão neste trecho é que o tempo de se lembrar de Deus e voltar-se para Ele é hoje, pois na morte isto não é possível. Com efeito, a morte desfaz toda a estrutura humana com suas capacidades e possibilidades, como já estudamos em capítulo anterior – e isto é ilustrado nas figuras do cordão de prata, do copo de ouro, do cântaro junto à fonte e da roda junto ao poço: Os vínculos mais preciosos do homem (inclusive sua consciência para com Deus) são rompidos; por maior que seja seu mérito ou grandeza, eventualmente ele não poderá mais servir ao próximo, ainda que sempre haverá muito para ser feito (o copo, o cântaro e a roda se quebrarão, mas a fonte continuará no mesmo lugar, sempre cheia). Ou ainda, a vida continuará a ser renovada sobre a face da terra, pois Deus é espírito, infinito e abundante em vida, mas eventualmente todos nós somos limitados a desfrutar desse dom por um breve período de tempo. Em termos mais literais, o pó voltará à terra, como o era, e o espírito a Deus, que o deu – e assim todo homem retornará ao seu estado inicial, antes de ser trazido à existência em Adão (cf. Gn 2.7; 3.19; Is 55.6). 

III – CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS (VV. 8-14) Tendo demonstrado em diversos casos particulares e de um modo geral a vaidade de todas as coisas, o pregador chega ao final do seu discurso: debaixo do sol, nada é certo, e o melhor que podemos obter de alguma coisa ou circunstância é passageiro. Notemos que ele reafirma seu argumento inicial como uma verdade divina, que aprendeu não apenas pela experiência comum, mas pela sabedoria que alcançou como dom de Deus e que aperfeiçoou na perseverança em esquadrinhar e examinar todas as coisas; e que, como dever daquele que foi constituído “pregador”, ele procurou transmitir ao seu povo, e exarar em escrito, na forma de provérbios, de tal modo que as gerações futuras pudessem aprender as palavras de verdade. A sabedoria é preciosa, mas o homem esquadrinha e examina o mundo de tal modo que nunca chega a uma síntese do que realmente é necessário, antes tornando a vida mais complexa, multiplicando os questionamentos sem respostas e perdendo-se em cuidados sem fim; contudo, como disse Jesus, uma só coisa é necessária, e o sábio pregador pode resumi-la da seguinte forma: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos”. Este é o verdadeiro bem que devemos almejar em nossas vidas, pois nossa eternidade depende de como nos conduzimos neste respeito – na questão do cumprimento daquilo que o Criador realmente exige de nós, e não de assuntos disputáveis ou de cuidados quanto a necessidades que um dia hão de passar (cf. Rm 2.16; 1 Jo 2.17). 

CONCLUSÃO Encerrando o estudo deste livro, que possamos ter fortalecido nossa confiança e esperança em Deus, e tão somente n’Ele, pois tudo o que temos e somos nesta vida passará, e servem apenas a uma provisão e satisfação temporárias; mas Deus permanece para sempre, e não faltará em tempo algum, seja na abastança ou na carência, seja nesta vida ou no porvir.

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07 junho 2022

011-- O dever da liberalidade - Eclesiastes Lição 11[Pr Nilson Vital]07jun2022


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 LIÇÃO 11 

O DEVER DA LIBERALIDADE 

TEXTO ÁUREO: “Lança o teu pão sobre as águas, porque, depois de muitos dias, o acharás” (Ec 11.1) 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 11.1-6 

INTRODUÇÃO No capítulo que ora estudaremos, apesar de ser mais breve que os demais, encontramos uma lição muito bem inculcada sobre a liberalidade, isto é, a repartição generosa daquilo que possuímos em favor do próximo. Após esta última lição sobre como fazer bom uso das circunstâncias e oportunidades que a providência nos prepara, o pregador começa a desenvolver seu último tópico, orientando-nos sobre a preparação para o fim de nossos dias debaixo do sol, quer sejamos velhos ou jovens. 

I – RECOMENDAÇÃO À LIBERALIDADE (VV. 1-6) Nestes primeiros versos, Salomão faz um apelo à liberalidade para com o próximo, usando de sentenças proverbiais e linguagem figurada para ilustrar a verdade sobre o assunto. Do mesmo modo que temos aprendido que o fruto do nosso trabalho é dom de Deus do qual é lícito desfrutarmos, agora somos exortados a repartir desse dom com outros, e fazer isto de forma generosa e abundante. Lançar o pão sobre as águas alude ao ato de semear, porque parte dos mesmos grãos que serviam de alimento ao lavrador e à sua casa deviam ser reservados para a próxima semeadura, para que assim houvesse uma nova colheita; figuradamente, o pão é o fruto do nosso trabalho, aquilo que Deus faz o homem alcançar para seu contentamento e provisão. Quando reparte com o necessitado, conforme a medida e o poder que tem alcançado para tanto, aquele que usa de liberalidade aparentemente está se privando de parte do seu “pão”, mas, como o lavrador, colherá novamente em medida ainda maior do que semeou – tanto nesta vida, na forma de misericordiosas bênçãos, como no porvir, na forma de vida eterna (cf. Gl 6.7; 2 Co 9.6-11; 1 Tm 6.17-19; Pv 19.17). Notemos, porém, que o pregador enfatiza que o ato seja feito com liberalidade (“reparte com sete, e até com oito”), pois, como já ensinado em capítulo anterior, nosso futuro debaixo do sol é incerto, e nunca sabemos se amanhã poderemos fazer o bem que hoje temos oportunidade de fazer (“porque não sabes que mal haverá sobre a terra”). Além disso, vale acrescentar que a generosidade para com o próximo é de tal natureza que aqueles que hoje socorremos amanhã serão os que poderão nos socorrer em uma eventual adversidade; e que pela generosidade alcançamos uma boa consciência para com Deus no uso das coisas desta vida (cf. Lc 6.38; 16.9; 11.41). Contra a tendência natural do homem à mesquinharia, apoiada em diversos medos e justificativas de sua própria razão, o pregador rebate argumentando sob diversas alegorias. “Estando as nuvens cheias, derramam a chuva sobre a terra”, dentro desse contexto, ilustra que, quando alguém possui em abundância, não deve retê-la consigo mesmo, mas distribuí-la aos que não a possuem, assim como a chuva é distribuída pelas nuvens cheias à terra. Ou, o que também está de acordo com a ilustração, um coração liberal se revela em atos, e não apenas em palavras; neste caso, a expressão proverbial deste verso também seria uma repreensão à hipocrisia daqueles que apenas louvam a generosidade, mas não se dispõem a praticá-la (cf. Tg 2.15-16; 1 Jo 3.17-18). Já a verdade ilustrada pela árvore que fica onde cair é que um ato de liberalidade nunca é em vão, nem pode ser julgado pelas circunstâncias de quem ou com quanto alguém foi socorrido (cf. Mt 25.34-40; Lc 21.1-4); ou ainda que, à semelhança da árvore que fica onde caiu, assim o homem, depois de morto, nada mais poderá fazer para mudar o seu estado – o tempo de emendar seus caminhos e ser generoso é hoje (cf. Dn 4.27; Lc 16.20-21, 24-25). Salomão ainda repreende aqueles que não repartem alegando as incertezas do que sucede debaixo do sol, criando dificuldades a partir do que não sabem nem podem prever sobre o dia de amanhã (“observar o vento”, “olhar para as nuvens”); os que olham as coisas deste modo nunca farão o bem (“nunca semearão”) e, consequentemente, terão um futuro mesquinho nesta vida, sem abundância nem contentamento (“não colherão”). Jesus já nos orientou a não nos preocuparmos com o dia de amanhã, mas a buscarmos o reino de Deus e a sua justiça – que em grande parte consiste na liberalidade para com o próximo – porque as demais coisas, o que nos é necessário, Ele proverá (cf. Mt 6.31-34; Hb 13.5-6). E, finalmente, o pregador exorta a não desanimarmos na prática deste dever, pois no tempo de Deus colheremos; lembremos que tudo deve ser feito não visando o louvor dos homens ou uma recompensa imediata, mas sim o louvor e a recompensa que vêm de Deus (cf. Gl 6.9; Mt 6.1-4). 

II – A VAIDADE DAS COISAS BOAS DA VIDA (VV. 7-8) Na medida em que se aproxima da conclusão do seu discurso, Salomão nos faz refletir sobre o fim de nossos dias nesta terra, e sobre a preparação para a morte. E ele faz isto considerando que a vida, em si, é uma coisa boa: “suave é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol” – pois somente os vivos desfrutam do calor e da claridade do sol, de modo que luz aqui tem o sentido de vida. Porém, por mais que saibamos desfrutar desta vida e de todas as suas alegrias, não podemos nos esquecer da verdade insofismável de que tudo é vaidade, e que essas alegrias um dia também se acabarão – seja por uma mudança inesperada e indesejada das circunstâncias, como já aprendemos. Deste modo, os dias de trevas ainda serão muitos, seja porque nem todos os males desta existência são evitáveis; seja porque na sepultura, privados da oportunidade toda obra, só há trevas, e isto até que não haja mais céus e terra (cf. Jó 10.20-22). 

III – A VAIDADE DA ADOLESCÊNCIA E JUVENTUDE (VV. 9-10) Se a reflexão de que as alegrias desta vida um dia se acabam e a própria vida, a alegria mais fundamental de todo o ser, eventualmente também se acabará, são reconhecidas pelos mais velhos, que já experimentaram dias de trevas e têm, pela própria experiência, maior senso desta verdade; aos jovens, que geralmente desfrutam do bem em quase todos os aspectos de suas vidas, pouco sendo afetados pelas inquietações que sobrevêm aos adultos, é necessário um apelo particular, que Salomão começa a desenvolver nestes últimos versos, estendendo-se pelo capítulo seguinte. Embora incite os jovens a viverem segundo os impulsos e a leviandade típica de uma mente não impressionada pelos males que há debaixo do sol, o pregador faz isso em tom irônico, pois o que ele tem em mente por “alegrar-se” não é o mesmo que a alegria e o contentamento lícitos proporcionados pelo fruto do trabalho, repartidos segundo a bondade divina para conosco; mas o mesmo que Paulo tem em mente ao exortar o jovem Timóteo: “Foge dos desejos da mocidade” (2 Tm 2.22). Mas ao mesmo tempo ele põe essa liberdade sugerida em xeque, afirmando que Deus não deixará nenhum ato de leviandade e luxúria passar impune, mas tudo trará a juízo. Assim, encerramos esta lição considerando suas últimas palavras de que, como tudo o mais, esse período da vida é passageiro, e os impulsos que tendem a prevalecer na juventude e adolescência – a “ira” e o “mal”, que resumem a presunção e a autoconfiança que, na ausência do temor a Deus, tendem a prevalecer no coração do homem – devem ser contidos, freados e disciplinados pela sabedoria de Deus, que ensina ao jovem como andar com prudência e autocontrole, não se deixando lisonjear pela luxúria (cf. Pv 1.4; 7.1-5). 

CONCLUSÃO Embora trate de dois assuntos a princípio distintos, podemos considerar que a prática da liberalidade ou generosidade para com o próximo nos dá uma perspectiva quanto ao futuro que se estende além da vaidade desta vida; mais que o bem da própria vida e das coisas que Deus nos dá para desfrutarmos debaixo do sol, a caridade, como expressão do amor de Deus, é o único bem que podemos realizar hoje e esperar colher plenamente seus frutos na eternidade, se tão somente não desfalecermos, mas perseverarmos até o fim.

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31 maio 2022

010-Os males da tolice - Eclesiastes Lição 10[Pr Nilson Vital]31mai2022


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 LIÇÃO 10 

OS MALES DA TOLICE 

TEXTO ÁUREO: “E, até quando o tolo vai pelo caminho, lhe falta entendimento, e diz a todos que é tolo.” (Ec 10.3) 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 10.1-15 

INTRODUÇÃO O capítulo que estudaremos nesta lição apresenta um conteúdo em estilo proverbial, reunindo diversos conselhos e ensinamentos sobre a sabedoria em áreas da vida onde, pelas suas atitudes, os homens geralmente demonstram ser guiados pela loucura e presunção. Ainda neste capítulo, o propósito do pregador é recomendar a sabedoria como a nossa melhor salvaguarda contra muitos males que há debaixo do sol. 

I – O SÁBIO REJEITA A TOLICE EM TODAS AS COISAS (VV. 1-7) Consideremos a reflexão sobre a diferença e valor incomparáveis da sabedoria em relação à loucura, tolice ou estultícia, expressa nestes primeiros versos: a sabedoria torna o que a possui honrado aos olhos de outros homens, como já consideramos na lição anterior, e aqui o escritor compara essa fama honrosa a um perfume. Por outro lado, o tolo é desprezado e desonrado pelos que o conhecem. Mas o sábio deve ter cuidado até com as menores atitudes e palavras, pois a natureza da tolice ou estultícia é tal que, como uma mosca minúscula que inutilizaria todo um frasco de ungüento ou perfume, assim também um pequeno ato leviano pode por a perder toda a sabedoria pela qual ele é conhecido (cf. 1 Ts 5.22). Além disso, enquanto o sábio pondera e pensa muito bem antes de agir, para que possa agir com força e poder, e da melhor forma (este é o sentido de ter o coração à sua direita), o tolo age sem pensar e pelo impulso do momento, por isso sua obra é instável e fraca – mas nem por isso é menos conhecido por sua tolice do que o sábio pela sabedoria. De fato, ao contrário do que ocorre com o sábio, nenhuma demonstração pontual de sabedoria mudará a fama do tolo, cujo coração e a boca estão sempre prontos para agir de acordo com a sua natureza incorrigível. Em seguida, Salomão faz uma recomendação geral à submissão às autoridades, mesmo quando estas agem de acordo com seus instintos e paixões, ou, sem causa justificada, se levantam contra nós; o caminho não é o súdito agir com igual insensatez e se revoltar, abandonando seus deveres, mas sim demonstrar a disposição em se submeter ao superior, possibilitando o diálogo e o acordo pelo qual o governante fique satisfeito e assim haja paz para o súdito (cf. Pv 15.1; 25.15). Estar em posição de autoridade não significa ser sábio, mas pelo contrário, dentre os males que há debaixo do sol, um deles é a inversão de mérito e valor muitas vezes praticada pelos governantes, dando honra aos que não a merecem. 

II – O SÁBIO ESCAPA DE MUITOS MALES (VV. 8-11) Segue-se uma série de provérbios aplicando, de forma figurada, a lição principal firmada nos versos anteriores, de que o sábio age com prudência e não por impulso ou malícia, que poderão resultar em prejuízo para si mesmo: cavar uma cova faz referência a perigos ou males que alguém procura causar contra o próximo, de tal forma que ele seja apanhado de surpresa, ou desprevenido; romper um muro é ultrapassar os próprios limites e imiscuir-se ou mesmo apropriar-se dos negócios alheios; acarretar pedras alude a remover de lugar aquilo que já está estabelecido, alterar a ordem, os acordos e as leis. Rachar lenha é perigoso tendo em vista o que o pregador diz no verso seguinte, que, se o ferro do machado estiver embotado e não afiado, o lenhador terá de aplicar mais forças, podendo se acidentar com a ferramenta. Isto vale para qualquer atividade, e aqui se percebe que o tolo é aquele que não se prepara para o que deseja fazer (não afia suas ferramentas), por isso está sujeito ao fracasso e às conseqüências de uma obra realizada precipitadamente e sem perícia nenhuma. O último provérbio desta nossa divisão do texto é muito interessante, pois, assim como os anteriores, faz uma alusão figurada a alguém que pode nos causar algum mal (como o governante cujo espírito se desperta contra o súdito), mas que ainda pode ser encantado; o sábio procurará fazer isso a tempo para que tenha como amenizar os efeitos da “picada” ou até mesmo não sofrer tudo o que o seu adversário estava disposto a fazer contra ele. 

III – A TOLICE E OS SEUS MALES (VV. 12-20) O assunto destes últimos versos passa a ser os males representados pela tolice, a começar pelas palavras do tolo. Enquanto as palavras do sábio, mesmo sendo poucas, beneficiam os ouvintes com favor e graça, as do tolo são prejudiciais e destrutivas, e denunciam que ele é tolo do começo ao fim, pois “o princípio das palavras da sua boca é estultícia, e o fim ... um desvario péssimo”. Apesar de todo o barulho e superabundância de palavras, o tolo é imprevisível em seus propósitos e planos, e toda a sua obra parece desgastante e infrutífera para si mesmo, pois não faz nada usando de prudência e planejamento. Até as coisas mais fáceis e óbvias, como ir à cidade, o tolo torna em tarefas difíceis, se não impossíveis. Nos versos 16 e 17, a mesma aplicação é feita em relação aos que estão em posição de autoridade, pois, segundo a natureza do seu modo de governar, assim os seus súditos padecerão as conseqüências da sua tolice, tendo que arcar com os gastos desnecessários ou inúteis; ou serão felizes e se beneficiarão de um governo sábio, prudente, que trabalha pelos seus súditos. O pregador ainda expõe os males provocados pelo comportamento do tolo, cuja preguiça e negligência são evidenciadas pela decadência dos bens depositados aos seus cuidados (cf. Pv 24.3). O verso 19, por sua vez, parece um provérbio mais ou menos isolado em relação ao contexto imediato, mas ainda refletindo a percepção do homem comum, que vive para as vaidades que há debaixo do sol, e para o qual tudo se resume às reuniões sociais, à alegria passageira produzida por coisas tais como o vinho, e ao aparente poder de aquisição e resolução de todos os problemas do dinheiro. Sem dúvida, percebendo as coisas assim, o tolo tende a amaldiçoar o rei e os ricos por serem os únicos que desfrutariam plenamente dos bens desta vida. Mas aqui o pregador aconselha a não nutrirmos qualquer desejo de traição ou infidelidade contra tais pessoas, pois de formas imprevisíveis e surpreendentes, assim como de forma muito mais fácil do que possamos imaginar, um sentimento contra o próximo pode se tornar manifesto, e isto seria para nossa própria infelicidade. 

CONCLUSÃO Embora as conseqüências das atitudes do tolo sejam muito bem evidenciadas pelo sábio pregador, a verdade é que somos facilmente tentados a agir com estultícia e precipitação nas mesmas situações, levados pela aparência do mundo debaixo do sol. Lembremos sempre que a sabedoria recompensa aqueles que a nutrem em seu coração e andam nos seus caminhos, livrando-os de muitos males e sofrimentos e permitindo-lhes desfrutar dos bens desta vida com verdadeiro contentamento e alegria.

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24 maio 2022

009-A vantagem de ser sábio nesta vida - Eclesiastes Lição 09[Pr Nilson Vital]24mai2022


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 LIÇÃO 9 

A VANTAGEM DE SER SÁBIO NESTA VIDA 

TEXTO ÁUREO: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma.” (Ec 9.10) 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 9.1-10 

INTRODUÇÃO O autor de Eclesiastes continua argumentando sobre a vaidade deste mundo e, no capítulo que estudaremos nesta lição, ele faz diversas observações a respeito da sorte comum de todos os homens, independente do seu caráter e obras, e que as expectativas e certezas que geralmente são deduzidas a partir da experiência comum muitas vezes são contrariadas por reviravoltas que não podem ser explicadas de outra forma senão pela providência soberana de Deus. Por fim, veremos que, mesmo quando desprezado, o sábio ainda prospera e por sua causa outros são beneficiados. 

I – A MORTE ATINGE OS BONS E OS MAUS (VV. 1-10) Após refletir e muito buscar compreender a obra de Deus, conforme relata no final do capítulo anterior, Salomão, embora não chegue a uma solução satisfatória para sua indagação, ainda assim alcança o entendimento de coisas que ele expressa agora. E uma delas é que a bondade e a maldade, ou a justiça e a injustiça não são fatores determinantes da sorte do homem neste mundo, isto é, debaixo do sol, mas ambos estão igualmente sujeitos aos desígnios do Deus Todo-poderoso, e esses desígnios não apenas são insondáveis, mas também não podem ser julgados à luz da ordem e das relações terrenas. O fato é que o homem não conhece nem o amor nem o ódio – isto é, ele não é capaz de avaliar a natureza de tudo o que lhe sucede, nem estabelecer as verdadeiras razões para cada evento de sua vida, pois sua compreensão é parcial e limitada, e nenhuma experiência debaixo do sol é duradoura: “tudo passa perante a sua face”. Assim, aos nossos olhos, tudo sucede igualmente a justos e injustos, sem que possamos explicar ou entender as razões do que sucede a cada um; mas, por outro lado, entendendo que tudo provém de Deus, o sábio é amparado pela certeza de que tudo o que o Criador faz é bom e serve a um propósito sábio e, perante o eventual infortúnio do justo e a prosperidade do ímpio, se resigna com paciência e confiança na justiça e controle de Deus sobre todas as coisas (cf. Jó 1.20-22). Embora a diferença entre o justo e o ímpio no campo moral e espiritual seja abismal, não podendo ser negada pelo sábio, são poucas ou quase nenhuma a diferença entre ambos nas condições em que se encontram neste mundo, e isto leva o pregador a expressar sua perplexidade: “Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol”, e que sem dúvida é a perplexidade de muitos. E que, mesmo quando o homem vive na maldade e no desvario de suas obras durante toda sua existência, finalmente ele apenas se irá aos mortos, isto é, morrerá como morrem todos os homens. Assim, do ponto de vista terreno, que importaria ser justo ou ímpio? Importa mais estar vivo, mesmo que ímpio (o cão vivo) e não morto, apesar de justo (o leão morto). Notemos que, antes, Salomão havia dito que o dia da morte é melhor que o do nascimento, tendo em conta as tristezas e aflições que os vivos têm de enfrentar, e das quais os mortos já se livraram; mas, por outro lado, os vivos sabem que hão de morrer, ao passo que os mortos nada sabem (sequer que estão mortos). Mesmo tudo sendo vaidade, ainda há alegrias e prazeres nesta vida que os vivos podem desfrutar, e, como o próprio escritor sagrado disse, para estes há esperança: esperança de mudança, esperança de justiça, enfim, esperança em Deus (cf. Is 38.19). Assim, o pregador reforça o conselho já registrado neste livro, de que devemos fazer o melhor uso dos bens que Deus nos distribui na Sua bondade e misericórdia, sem nos inquietarmos com o fato de que tanto justos como ímpios descerão igualmente à sepultura. Se tememos a Deus e andamos nos Seus caminhos, já Ele se agrada de nossas obras, e os Seus dons podem ser desfrutados com alegria e contentamento – simbolizadas nas vestes alvas e na cabeça ungida (cf. Mt 6.17). Notemos ainda como o sábio louva o amor conjugal como um dos grandes dons que Deus repartiu aos homens para alegria em meio às aflições e frustrações da vida debaixo do sol (cf. Pv 5.18). E, por fim, ele faz uma recomendação confirmada até pela sabedoria terrena, ao nos incitar à atividade e tomada de iniciativa diante das oportunidades que se oferecem a cada instante, não relegando para um futuro incerto. 

II – CONTRADIÇÕES E INCERTEZAS DESTE MUNDO (VV. 11-12) Nestes versos, Salomão considera outro aspecto de como todas as coisas estão nas mãos de Deus, e não cabe a nós inquirir ou tentar entender o nexo entre cada uma delas, pois mesmo as relações de causa e efeito que aprendemos pelo senso comum e pela sabedoria terrena muitas vezes são contraditadas por fatos. Como já havia demonstrado em capítulos anteriores, o pregador repete aqui que há coisas que sobrevêm aos filhos dos homens independentemente e sem relação com as suas ações, e que ninguém pode prever sua sorte e contar apenas com o bem, ou apenas com o mal. Não existem pessoas “sortudas” e “azaradas”, por assim dizer, mas cada um tem a sua porção de ambas as coisas debaixo do sol – porção esta que não é repartida irracionalmente, como quer a crença popular, mas conforme a sabedoria inescrutável de Deus. Esta consideração não deve nos fazer acuar antes as oportunidades que surgem em nossa vida, das quais ele acabou de falar; mas antes nos levar à consideração de que, depois de havermos feito tudo, o sucesso ou fracasso dependem do propósito de Deus para toda e qualquer obra. 

III – A SABEDORIA É BOA, MAS PODE SER DESPREZADA (VV. 13-18) Apesar das reflexões anteriores, o objetivo do rei Salomão não é ofuscar a importância e valor da sabedoria, mas realçar que, muito embora a sorte do sábio neste mundo possa ser a mesma do tolo, senão pior, a sabedoria nunca deixará de ser intrinsecamente boa e proveitosa para aquele que a possui, e mesmo aqueles que a reconhecem no que a possui. E ele prova seu argumento contando uma história, envolvendo um sábio que, apesar de suas condições precárias (era pobre), e de seu desprezo posterior pelos próprios concidadãos, com a sua sabedoria conseguiu livrar a cidade em que habitava de uma destruição que de nenhum outro modo teria sido possível. Notemos que ele destaca, inclusive, que a cidade havia sido cercada por um grande rei, sutilmente sugerindo que o sábio encontra-se em posição de vantagem e poder inclusive em relação àqueles que desfrutam de grande privilégio e autoridade neste mundo. E assim, Salomão conclui que é para a sabedoria que devemos atentar ao ouvir outras pessoas, mais do que qualquer posição de destaque ou privilégio, que podem ocultar a tolice daquele que os possui; e que, por outro lado, ainda pior do que não ser sábio é ser um tolo (ou pecador), cujas obras são causa de grande destruição e prejuízo tanto para o tal como para aqueles que dele dependem. 

CONCLUSÃO Embora aos olhos humanos a sabedoria em nada nos diferencie no que diz respeito à sorte geral de todos os homens – sucessos e fracassos, vida e morte – é através dela que aprendemos a fazer melhor uso de tudo o que nos sobrevém enquanto vivemos debaixo do sol, de modo a não termos de nos lamentar, no final, de termos perdido oportunidades únicas ou de ter vivido de forma inútil ou sem propósito.

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17 maio 2022

OO8-A Esperança daquele que teme a Deus - Eclesiastes Lição 08[Pr Nilson Vital]17mai2022

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LIÇÃO 8 

A ESPERANÇA DAQUELE QUE TEME A DEUS 

TEXTO ÁUREO: “Ainda que o pecador faça mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus, aos que temerem diante dele.” (Ec 8.12) 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 8.1-17 

INTRODUÇÃO No presente capítulo de Eclesiastes, veremos como Salomão mais uma vez louva a Sabedoria, recomendando-a àquele que é tentado a seguir o caminho dos ímpios e a se iludir com a aparente prosperidade destes e os infortúnios que muitas vezes sobrevêm indiscriminada e imerecidamente aos justos na vida debaixo do sol. Ser sábio é considerar a vaidade de toda esta ordem de coisas, e esperar com fé e paciência em Deus, que não deixará escapar nenhuma injustiça, mas a seu tempo punirá os ímpios e recompensará os que O temem. 

I – SUBMISSÃO À AUTORIDADE (VV. 1-7) Renovando o louvor à sabedoria já registrado no capítulo anterior, o pregador resume em poucas palavras a sua preciosidade e raridade entre os homens (“quem é como o sábio”), ao mesmo tempo em que ela representa o bem mais precioso que se pode obter debaixo do sol. O homem sábio é capaz de discernir e entender os tempos e o modo das coisas, e isto o torna mais agradável, útil e desejável por aqueles que o cercam; assim como, apesar de estar sujeito às mesmas privações, frustrações e vicissitudes que o tolo, somente o sábio é capaz de manter-se de tal modo que a dureza da vida terrena não faça o seu rosto (isto é, o seu modo de agir) igualmente duro e rude. Segue-se então uma recomendação à sujeição à autoridade humana, aqui representada pelo rei, como uma demonstração de sabedoria por parte daqueles sobre os quais a Providência Divina o constituiu. As leis estabelecidas pelos governos humanos devem ser obedecidas não apenas porque aqueles que estão no poder têm de fato meios de fazê-las serem cumpridas, mas também porque, se visam à ordem e à promoção do bem, da justiça e da paz entre os homens, e punem o mal e a injustiça, elas agem de acordo com a vontade de Deus, e nossa consciência para com Ele deveria nos constranger a cooperar com os Seus ministros (cf. Rm 13.1-5, 6-7). Por sua vez, o sábio não apenas se submete às autoridades como também sabe quando e como reivindicar algum direito Seu ou se posicionar pelos ditames da sua consciência – enfim, como cumprir seus deveres para com os homens – de tal modo que não enfrentará os males consequentes da desobediência ou oposição à autoridade (cf. Mt 17.24-27). E, como já vimos em lição anterior, saber o tempo e o modo de todas as coisas é uma das chaves para viver com contentamento e paz nesta terra, pois, do contrário, o homem será sempre surpreendido pelo futuro imprevisível debaixo do sol, que em grande medida traz males e angústias sobre si. 

II – A INJUSTIÇA DESTE MUNDO É PASSAGEIRA (VV. 8-14) Salomão não ignora que mesmo entre aqueles que estão em posição de autoridade ocorrem injustiças e abuso de poder, para prejuízo daqueles que nada fizeram de mal. Contudo, como também já havia considerado em capítulos anteriores, a natureza do poder é a mesma de tudo o mais que se faz debaixo do sol: ele é passageiro. Ainda que governantes possam controlar e oprimir a vida de seus súditos, eventualmente esse poder será limitado pela morte, que não pode ser resistida, e que leva tanto súditos como reis e príncipes, mesmo os mais cruéis e tirânicos (cf. Sl 89.48; 146.3-4). Sob esta consideração, o pregador passa a alistar os males relacionados ao governo dos homens, a começar com o fato de que um governante pode ocupar sua posição de autoridade e, ao invés de ser ministro de Deus para o bem dos seus súditos, servir de desgraça para os mesmos. Ocorre também que muitas vezes o ímpio não apenas é acobertado em suas injustiças e assim a justiça é sufocada, mas seus feitos também são exaltados e, depois de morto, ele ainda é lembrado; enquanto as obras do justo e daquele que teme a Deus – “os que fizeram bem e saíam do lugar santo” (isto é, do templo) – são desprezadas e, depois de morto, ele é esquecido pela sociedade. Salomão volta a refletir que a demora em se fazer justiça por parte dos governos humanos, o que aparentemente leva o ímpio a desfrutar de impunidade, quando não a escapar completamente do castigo dos seus crimes nesta vida, representa uma tentação para os homens, inclinando-os mais facilmente ao mal. Contudo, o pregador retoma o tema do seu escrito, que é apontar a vaidade de todas estas coisas, e que a aparente prosperidade dos ímpios não é exceção; e então afirma sua convicção de que não somente o ímpio terá um fim assim como o justo, mas seu fim será mau, ao passo que o do justo será bom, porquanto Deus contempla a ambos e considera aqueles que O temem. Aqui Salomão já adianta a mensagem conclusiva do livro, de que, no fim de tudo, o que realmente contará é se o homem andou em temor diante de Deus. Quanto às contrariedades do mundo em relação à justiça, e até mesmo à inversão de valores, onde o justo é tratado como ímpio e o ímpio, como justo, podemos descansar sobre a verdade firmemente estabelecida nesta Escritura de que isso também é vaidade e um dia passará, e a diferença entre o justo e o ímpio, e se tornará patente o incomparável ganho daquele que temeu ao Senhor em comparação àquele que por sua impiedade perderá até o que parecia ter (cf. Is 3.10-11; Ml 3.14-18; Sl 37.1-2, 9-11). 

III – CONTENTAMENTO E CONFIANÇA NA FIDELIDADE DE DEUS (VV. 15-17) A conclusão a que o sábio pregador chega nestes últimos versos em relação às suas últimas reflexões não parece ser diferente do que havia expressado em outras passagens já estudadas; mas aqui as razões para desfrutar do bem, da alegria proporcionada pelo fruto do seu trabalho, segundo a dispensação divina, recebem o argumento adicional de que “isso o acompanhará nos dias da sua vida”. Não importa se, como justo, ele foi tratado injustamente; nenhuma adversidade privará aquele que for sábio de sua porção de alegria debaixo do sol. Consciente de que tudo isto foi dado por Deus, a alegria a que Salomão se refere aqui certamente inclui gratidão pela bondade e contentamento pela certeza do cuidado de Deus, que não se esquece dos Seus quando estes são esquecidos ou rejeitados pela sociedade. Como em outra ocasião, aqui ele repete ter investigado as razões por trás da aparente prosperidade do ímpio, na tentativa de tranqüilizar sua mente ao descobrir a justiça de Deus na presente situação debaixo do sol. Contudo, ele não obteve as respostas que desejava, e tampouco aquele que depois dele se lançasse a esse empreendimento deveria esperar obtê-las nesta vida. Sim, Deus é justo e não admite a impiedade, nem deixará de puni-la; mas nossa confiança na Sua fidelidade deve nos fortalecer para aguardarmos esse dia, e, nas palavras do apóstolo, a presente era, ainda que breve em vista da eternidade, é o tempo que Deus propôs para exercer Sua longanimidade, a fim de alguns sejam salvos (cf. 2 Pe 3.9). 

CONCLUSÃO No capítulo que ora estudamos, vimos como o sábio rei de Israel estabelece o temor a Deus como o fator decisivo em lidar com a grande vaidade que é esta vida e tudo o que nela há. Sem o senso da justiça e bondade perfeitas do Criador, é impossível não chegar à mesma conclusão que muitos, frustrados e decepcionados com a vida, chegam, de que nada faz sentido. Mas a vida debaixo do sol faz sentido, quando contemplada à luz do governo soberano de Deus, e de um juízo, e de um desígnio sábio elaborado por aqu’Ele que tem pensamentos de paz a respeito dos que O temem.

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10 maio 2022

OO7-Lidando com a adversidade e o pecado - Eclesiastes Lição 07[Pr Nilson Vital]10mai2022

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LIÇÃO 7 

LIDANDO COM A ADVERSIDADE E O PECADO 

TEXTO ÁUREO: “Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro; mas a excelência da sabedoria é que ela dá vida ao seu possuidor.” (Ec 7.12) 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 7.1-15 

INTRODUÇÃO Salomão prossegue seu discurso num estilo mais proverbial e categórico, que pudemos perceber que ele iniciou no capítulo 6, embora não perca de vista o tema principal nem abandone a questão que vem desenvolvendo a respeito de como lidar com os problemas e males que há debaixo do sol. Ao mesmo tempo, ele se mantém firme no propósito de orientar os seus leitores a buscarem em Deus a verdadeira felicidade, que a maioria dos homens busca inutilmente nas vaidades desta vida. 

I – APRENDIZADO E PACIÊNCIA NA ADVERSIDADE (VV. 1-15) A essa altura do seu discurso, depois de muito argumentar sobre a vaidade de se acumular riquezas e não poder desfrutar do bem, e que é melhor o contentamento com pouco do que a inquietação com muito; o pregador dá um passo além e sentencia que nenhum prazer ou agrado debaixo do sol é melhor e mais valioso do que a virtude pela qual um homem vem a ser conhecido por outros: “Melhor é a boa fama do que o melhor unguento”. E, visto que na morte a integridade dessa fama é posta à prova, na medida em que a memória do homem de virtude permanece entre os vivos, a Escritura arremata que “o dia da morte” é melhor “do que o dia do nascimento de alguém”. Em comparação com as incertezas e sofrimentos que aguardam aquele que vem ao mundo, o que deixa esta existência, por outro lado, pode fazê-lo com a certeza do que fez e de quem foi, e um senso de segurança quanto ao que o aguarda na eternidade. Mas a consideração da morte não é útil apenas para aquele que está para partir, mas também para os que “assistem” à partida de outrem: como diz o sábio, na casa do luto – isto é, na contemplação e consideração da morte, vemos “o fim de todos os homens; e os vivos o aplicam ao seu coração”. Muitos entretenimentos e contentamentos de que desfrutamos nesta vida podem não ser pecaminosos, mas, numa atitude tola, podemos facilmente esquecer de que é tudo vaidade, e quanto mais permanecemos na casa onde há banquete, na casa da alegria, mais nos iludimos e imaginamos que essas coisas permanecerão, e maior é a surpresa quando a adversidade bate à nossa porta (cf. Jó 21.7, 12-14). E qualquer que de algum modo nos incite a não nos acomodarmos ao nosso gosto natural por tais prazeres, seja nos repreendendo ou exortando, deveria ser apreciado pelo favor e benefício que nos está fazendo (cf. Pv 27.6; Lc 6.21, 25). Contudo, o pregador também sabe quão terrível é a tentação que aquele que deseja ser sábio sofre ao constatar o mal que prevalece neste mundo. A perspectiva da injustiça que nunca é vencida e o poder corruptor de presentes e favores oferecidos em troca da injustiça, são capazes de desviar até o sábio. Mas o caminho que este deve seguir é o da paciência, ou melhor, da longanimidade, perante os homens, fugindo à tentação de irar-se e querer fazer justiça com as próprias mãos, pois tudo um dia vai acabar – a injustiça também é vaidade (cf. Ef 4.26, 27; Rm 12.19). É necessário também ser humilde diante de Deus, reconhecendo que Ele fará justiça no Seu tempo, e que não se deve lutar contra a natureza das coisas que Deus dispôs desta ou daquela forma, por mais que não agrade nosso senso de justiça. Notemos como Salomão valoriza aqui a sabedoria como o bem mais importante daquele que deseja vencer todas as coisas debaixo do sol – não aquela que nos primeiros capítulos ele havia apresentado como uma inquirição acerca de do fundamento e da razão de todas as coisas; mas a sabedoria que, a partir de uma constatação de que tudo é vaidade, o homem trilha seus caminhos debaixo do sol no temor de Deus. É com esta sabedoria que ele nos recomenda desfrutar da prosperidade e ao mesmo tempo considerar a adversidade – isto é, considerar o lugar desta na providência divina e, portanto, que ela nos sobrevém não como um mal, mas como um bem, para lembrarmos quem somos, onde estamos e o que deve realmente importar para nós. 

II – MODERAÇÃO NUM MUNDO INJUSTO (VV. 16-22) Salomão ainda considera o caso da injustiça prevalecendo ou sendo confundida com a justiça, e aqui lembra o que ele mesmo chegou a ver em seus dias. É uma constatação comum, de fato, mas isto não deveria nos levar a conclusões precipitadas, porque, como já demonstrado, Deus trará tudo a juízo, e endireitará todas as coisas. O que ocorre é que “não há homem justo sobre a terra, que faça bem e nunca peque”. Debaixo do sol, não há justiça perfeita, e ainda que houvesse, tampouco seria devidamente reconhecida pelos homens; mas, ao mesmo tempo, como ainda existe entre os homens um senso comum do que é certo e errado, o pregador recomenda aqui aos seus leitores a moderação entre uma e outra. Não ser demasiadamente justo certamente não pode significar admitir alguma medida de injustiça em si mesmo, mas sim em relação ao comportamento de outros. Aquele que deseja ser juiz do próximo e se imiscuir em questões alheias, ou mesmo gabar-se de sua própria justiça perante outros, não estará seguro contra impiedade de outros: “por que te destruirias a ti mesmo?” Já não ser demasiadamente ímpio é um freio à tendência de o tolo considerar que a impunidade de uma injustiça ou pecado seu significa que ele pode dar um passo além e agravar o seu erro. Há crimes e pecados tão graves que mesmo os homens mais indiferentes à moral e às coisas de Deus reagiriam com indignação e clamariam por punição. Aquele, porém, que pauta seus caminhos segundo o temor a Deus estará seguro contra esses dois extremos (cf. Sl 37.23-24). 

III – O HOMEM É O ÚNICO CULPADO DE SUA AFLIÇÃO (VV. 23-29) O sábio que foi rei em Jerusalém recorre agora à sua própria experiência para expressar uma grande decepção com as limitações da capacidade humana. De certo modo repetindo o que já havia dito no primeiro capítulo, Salomão fala sobre suas inquirições acerca da sabedoria, em seu desejo sincero de compreender e distinguir a razão e os desvarios, a fim de servir a Deus e ao próximo como convinha; mas aqui não apenas diz quão pequenos foram seus avanços em direção a uma solução para os problemas filosóficos que propôs a si mesmo, mas acrescenta que obteve uma resposta pela experiência – uma triste e amarga resposta, ao constatar o terrível prejuízo que uma mulher “cujo coração são redes e laços e cujas mãos são ataduras” pode causar a um homem que cair em seus engodos. Esta pode ser considerada uma reflexão bastante pessoal, mas que, no contexto do capítulo, é citada para exemplificar como o homem pode ser sutilmente desviado da retidão e perder-se por completo, a menos que Deus seja misericordioso para livrá-lo (cf. 1 Rs 11.1). Naturalmente, o pregador não se refere às mulheres de modo geral, mas sim àquelas com quem conviveu quando começou a desposar as filhas das nações vizinhas e estas o fizeram erguer altares aos falsos deuses. Sem dúvida recuperado pela graça de Deus dessa terrível experiência, o sábio expressa quão verdadeira é a constatação de que os males existem por culpa nossa, por não darmos ouvidos à voz da sabedoria – e dar ouvidos à mulher perversa é apenas um desses erros. Daí a sua conclusão: “Deus fez ao homem reto, mas ele buscou muitas invenções” (cf. Pv 5.7-9). 

CONCLUSÃO Na lição de hoje consideramos diversas aplicações da sabedoria divina, e que o caminho de Deus para nós em meio às injustiças e desvarios dos homens é o da paciência e humildade, bem como da moderação, pois sabemos que todas as coisas debaixo do sol vão passar, e que somente Deus pode implantar uma justiça perfeita, e é na esperança desse fim que se estenderá por toda a eternidade que aguardamos o dia em que seremos redimidos de todas as nossas debilidades e imperfeições que ainda de alguma afligem nossa existência.

PARA USO DO PROFESSOR
AUTORIA 
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.
APOIO 
Rede Grata Nova de Evangelização
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