05 setembro 2025

010- A Igreja de Cristo - Doutrinas Bíblicas - Lição 10[Pr Afonso Chaves]05set2025

 LIÇÃO 10 

A IGREJA DE CRISTO

TEXTO ÁUREO: “À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1 Coríntios 1.2) 

LEITURA BÍBLICA: 1 CORÍNTIOS 12.12-20, 27 

INTRODUÇÃO Conforme estudamos em lições anteriores, a salvação é uma obra da graça divina pela qual Deus escolheu aqueles que quis, desde a fundação do mundo, para serem resgatados da condenação do pecado por meio do sacrifício de seu Filho Jesus Cristo, e para serem eficazmente chamados, santificados e glorificados pelo Espírito Santo. Como consequência necessária desta obra inefável, a igreja manifesta o propósito último de Deus de chamar o homem a se tornar participante da glória de ser um com Ele. 

I – A ORIGEM DA IGREJA 

1. NO PRINCÍPIO. Ao criar para o homem uma companheira, a qual deveria lhe auxiliar e lhe completar, formando com ele um só corpo, e desta união resultando uma descendência piedosa que dominaria a terra, Deus já estava prefigurando o mistério da igreja (Gn 1.28; 2.18; Ml 2.15; cf. Ef 5.31-32). Mesmo com a Queda e a multiplicação da iniquidade entre os filhos de Adão, vemos Deus preservando uma linhagem cujas gerações invocavam o nome do Senhor e aguardavam o cumprimento das promessas de salvação (Gn 4.25-26; 5.22-24, 28-29; 6.8-9). Mais tarde, quando muitos até mesmo dessa linhagem também haviam se corrompido à semelhança das demais, Deus chamou um homem, Abraão, e prometeu fazer dele uma grande nação com a qual estabeleceria o seu concerto de salvação (Gn 12.1-3; 17.3-8). 

2. EM ISRAEL, NO DESERTO. Após descerem ao Egito e ali se multiplicarem, os descendentes de Abraão são visitados por Deus, libertos da escravidão e trazidos ao deserto, onde são consagrados como uma nação santa (Ex 4.21-23; 19.3-6). Ali, Deus entrou em concerto com a congregação do seu povo, instituiu um sacerdócio para representá-los diante de si e interceder por eles e os reuniu em torno do tabernáculo, símbolo da Sua presença e morada no meio do acampamento (Ex 24.3, 7-8; 25.8; 28.29; 29.43-46). Assim, Israel era de fato a igreja de Deus em tempos passados – um povo especial, resgatado dentre as nações para pertencer exclusivamente ao Senhor e santificar o Seu nome perante as nações (Rm 3.1-2; 9.4-5; cf. Is 43.1-4, 21). 

3. EM CRISTO, NA CRUZ. Com a vinda do Filho de Deus ao mundo, revelou-se o mistério da igreja, pois Cristo veio para salvar o povo de Deus dos seus pecados, e reunir aqueles que n’Ele cressem, não apenas dentre os judeus, mas também dentre os gentios, em um só corpo (Mt 1.21; Jo 10.14-16; 11.49-52; Ef 2.11-16). Ao derramar o Seu sangue na cruz, o Salvador provou o Seu amor por essa igreja – os eleitos de Deus – resgatando-a e unindo-a a Si tal como a esposa está unida ao seu marido, tal como os membros do corpo estão interligados entre si e unidos à cabeça (At 20.28; Ef 5.23, 25-27, 29-30). A partir daquele dia de Pentecostes em que se cumpriu a promessa do Espírito Santo, essa união espiritual foi como que selada e confirmada por Deus, tornando-se patente tanto nos dons extraordinários, na fé, no amor e em toda virtude que Cristo manifesta através da Sua igreja; como também no fruto fecundo dos incontáveis filhos gerados dessa união (Jo 12.31-32; At 2.42-47; cf. Gl 4.26-28). 

II – A NATUREZA DA IGREJA 

1. SUA ESPIRITUALIDADE.  Existem várias concepções errôneas acerca da igreja de Cristo, a maioria delas confundindo a sua natureza divina, celestial e espiritual com as hierarquias, denominações, convenções e outras organizações humanas que adotam o nome de “igreja”. A igreja consiste naqueles que foram chamados eficazmente pelo Espírito Santo através do Evangelho, e que, tendo sido gerados de novo, participam do reino de Deus – que não é uma realidade visível, deste mundo, embora esteja entre nós (Lc 17.20-21; Jo 18.36; Cl 1.12-13; Ap 1.9; Mt 21.43). Notemos que é o próprio Cristo quem edifica a Sua igreja, no sentido de que é através da revelação que Deus faz acerca de seu Filho ao homem que este se torna membro da verdadeira igreja de Cristo (Mt 16.15-19; Ef 2.20-22; 1 Pe 2.4-8, 9-10; cf. Hb 3.4-6). 

2. SUA UNIVERSALIDADE De modo semelhante, a igreja de Cristo não está limitada a território ou tempo, mas é uma realidade universal e eterna, embora só se manifestará no último dia como tal, quando todos os eleitos, desde a fundação do mundo, pela ressurreição, serão reunidos dos quatro cantos da terra para estarem juntos com o Senhor Jesus (Hb 12.22-23; 1 Ts 4.16-17; Mt 24.30-31; 2 Ts 2.1). De fato, existe um aspecto visível da igreja de Cristo que se reflete nas congregações locais dos fiéis que, ao longo da história, assumiram diferentes formas de organização, e que também são chamadas de igrejas (cf. At 9.31; 2 Co 8.1-2; 2 Ts 1.4-7). A estas, muitos até poderiam aderir por meio de uma falsa confissão, mas isto não significa que estejam unidos à igreja de Cristo (2 Tm 2.19; cf. 1 Tm 3.15). Pelo contrário, apenas confirma o que as Escrituras dizem acerca de muitos poderem estar próximos do reino dos céus, e da salvação, sem se fazerem participantes dela; e acerca das apostasias, divisões e heresias que deveriam proliferar entre os cristãos nos últimos dias (Lc 13.25-27; 1 Co 11.17-19; 2 Tm 3.1-7; 1 Jo 2.18-19). 

III – A OBRA DA IGREJA 

1. SUA ORGANIZAÇÃO. Voltando à figura do corpo, assim como cada membro possui uma função particular e necessária para o bom funcionamento do corpo, todos os fiéis são integrados à igreja de Cristo de tal modo a serem úteis uns aos outros, em uma variedade de dons concedidos pelo Espírito Santo, segundo a sua vontade (1 Co 12.7-12). Deste modo, somos estimulados tanto a estimar a graça de Deus que opera em todos os membros do corpo como a buscar e preferir aqueles dons que mais edificam a igreja – a saber, os dons relacionados ao ministério da palavra de Deus (1 Co 12.28-31; Ef 4.7, 11-16). Eis por que as igrejas sempre se organizaram em torno de um ministério – a princípio, constituído pelos apóstolos em Jerusalém; depois, por anciãos (também chamados presbíteros ou bispos) estabelecidos em cada igreja, dentre os fiéis que se distinguiam pelo dom de pregar ou ensinar a sã doutrina (At 6.2-4; 14.23; 2 Tm 2.2; Tt 1.5-9). 

2. SEU MANDATOA principal obra da igreja consiste em anunciar Cristo ao mundo, conclamando os homens ao arrependimento e a receberem o perdão dos seus pecados mediante a fé no nome de Jesus – o que ela faz primeiramente mediante o ministério da palavra, mas também através do seu testemunho de amor fraternal e santidade (Lc 24.46-49; Mt 5.13-16; Jo 13.34-35). Aos que recebem a palavra de bom grado, a igreja recebe em comunhão com os demais membros do corpo, mediante o batismo em águas, que é uma ordenança de Cristo para todo aquele que crê (Mt 28.18-20; Mc 16.15-16; At 2.40-43). Contudo, o dever da igreja de discipular as nações não se limita à evangelização e admissão de novos membros; através dos seus dons e ministérios, a igreja edifica e exorta os crentes à perseverança, fortalece os fracos e, se necessário, repreende e disciplina os faltosos (Mt 18.15-20). 

3. SUA COMUNHÃOA consciência ou certeza de pertencimento ao corpo de Cristo impõe aos seus membros a necessidade de estarem juntos, ou de se reunirem para vivenciar esta comunhão (At 2.42-44; 4.32). Assim os crentes se reúnem, ou se congregam para a edificação uns dos outros, para o convencimento dos incrédulos entre eles e socorro dos seus necessitados (1 Co 14.23-25, 26; 2 Co 9.10-12); bem como para comemorar solenemente a morte do Salvador no ato da ceia, ou partir do pão (1 Co 11.23-26). Daí a gravidade com que as Escrituras nos alertam a não abandonarmos nossa congregação, “como é costume de alguns” (Hb 10.24-25). 

CONCLUSÃO 

Devemos nos considerar bem-aventurados por pertencer à igreja de Cristo, e amá-la, perseverar na sua comunhão e servirmos uns aos outros conforme a medida da graça que Deus nos concedeu.


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