LIÇÃO 13
AS ESCRITURAS SAGRADAS
TEXTO ÁUREO: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1.20-21)
LEITURA BÍBLICA: 2 TIMÓTEO 3.10-17
INTRODUÇÃO
Nesta última lição do trimestre, em que temos estudado as grandes doutrinas da Bíblia, propomos examinar algumas das verdades fundamentais que as Escrituras Sagradas revelam acerca de si mesmas – ou seja, aquilo que Deus nos diz a respeito da Sua palavra escrita. A partir da consideração de características como a autoridade, perfeição e clareza das Escrituras, não apenas ampliaremos nosso conhecimento sobre a natureza do Livro Sagrado, mas fortaleceremos nossa fé de que a Bíblia é, de fato, a palavra de Deus.
I – A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS
1. NA INSPIRAÇÃO DOS SEUS AUTORES. Em muitas ocasiões, os profetas e apóstolos foram inequivocamente ordenados a escrever aquilo que viam ou ouviam da parte de Deus (Ex 34.27; Dt 31.19; Jr 30.2; Hc 2.2; Ap 1.11, 19). Contudo, não apenas em relação a esses registros particulares, mas em relação a tudo aquilo que denominamos Escritura ou Escrituras, os homens santos aos quais se atribui a sua composição nada escreveram de si mesmos, nem por vontade própria, mas apenas enquanto movidos ou inspirados pelo Espírito Santo (2 Sm 23.2; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21). Ser a Escritura inspirada significa então que os profetas e apóstolos foram influenciados por Deus para escreverem literalmente aquilo que Ele queria que escrevessem, como se o próprio Deus por eles tivesse falado e escrito (1 Co 2.13; 2 Tm 3.15; Os 8.12). Eis por que a Escritura é também chamada de palavra de Deus, e o livro de Deus, pelo qual Ele fala aos que o leem assim como falou àqueles que, no passado, ouviram diretamente a Sua voz (Jo 10.34-35; Rm 3.1-2; Is 34.16).
2. NO CARÁTER DO SEU CONTEÚDO. Sendo a palavra de Deus, as Escrituras refletem o caráter do seu Autor, não podendo conter nada que seja indigno d’Ele, mas antes exaltando tudo o que é justo, santo, verdadeiro, bom; e condenando os vícios (Sl 12.6; Rm 7.12; Jo 17.17; cf. 1 Tm 1.9-11). Mesmo quando relatam coisas que foram feitas e ditas por homens sem o respaldo divino, ou mesmo por homens ímpios – quando não pelo próprio diabo – as Escrituras o fazem de modo que Deus seja sempre justificado e o homem condenado pelas suas ações e palavras (Jó 1.9-11; 42.7; cf. 1 Co 10.11; Rm 3.4, 9-10).
3. NAS PROVAS DA SUA ORIGEM DIVINA. Sendo as Escrituras a palavra de Deus, elas apresentam evidências claras e incontestáveis da sua origem divina. Consideremos, por exemplo, como elas revelam coisas que de outro modo seriam inconcebíveis pela mente humana – como o mistério da encarnação do Filho de Deus, ou da reconciliação dos homens com Deus através da cruz de Cristo, ou ainda da ressurreição dos mortos (1 Tm 3.16; Ef 3.4-6; 1 Co 15.51-52). Outra evidência notável encontramos no cumprimento das suas profecias, especialmente aquelas que dizem respeito à vinda de Cristo (Is 44.7; cf. Lc 24.25-27, 44). De modo semelhante, a harmonia dos diversos assuntos de que tratam em torno de um propósito principal – a salvação dos homens em Cristo – é evidência de uma Mente transcendente às limitações dos seus autores humanos (1 Pe 1.10-11; Rm 3.21-22). Poderíamos ainda citar outras evidências, mas o argumento decisivo, capaz de remover toda dúvida quanto à origem e autoridade divina da Bíblia, é aquele que somente o Espírito Santo pode produzir no coração do homem – o argumento da fé, sem a qual é impossível receber a palavra de Deus como tal (1 Co 2.1-5; 1 Ts 2.13; Hb 11.1-3; cf. Jo 8.47).
II – A PERFEIÇÃO DAS ESCRITURAS
1. NA SUFICIÊNCIA DAS PARTES E DO TODO. Embora as Escrituras não contenham um relato completo de tudo aquilo que Deus fez e disse ao longo dos tempos, nelas encontramos todas as coisas necessárias para a salvação (2 Tm 3.15-16; Jo 5.39-40; cf. Sl 40.5; Jo 21.25). Essa suficiência diz respeito não apenas à Bíblia como um todo, mas também às suas partes: a lei e os profetas comunicaram a verdade e a vontade de Deus ao povo da antiga aliança de modo tão suficiente para salvá-los como o fazem os evangelhos, por exemplo, ou a Bíblia completa (Lc 16.27-29; Jo 20.30-31). Houve, de fato, um progresso na revelação divina, mas não quanto à sua essência e propósito, e sim quanto à maior compreensão e poder com que esse propósito se realiza, e assim, se os antigos foram salvos pela esperança no Cristo que viria, quanto mais nós que, além do testemunho de Moisés e dos profetas, temos também a palavra daqueles que anunciaram o Cristo que já veio (Hb 1.1-2; 2.1-3; 11.1-2, 13, 39-40; Jo 1.16-17; cf. At 26.22-23).
2. NO CUMPRIMENTO EFICAZ DO SEU PROPÓSITO.
No texto da leitura bíblica, o apóstolo afirma a suficiência das Escrituras para a salvação tanto no aspecto da fé (sábio para a salvação, 2 Tm 3.15) como da prática(perfeitamente instruído para toda boa obra, v. 17; cf. 1 Tm 4.16). O propósito das Escrituras é que o homem creia para que, mais do que conhecer, possa viver em função do que crê (Rm 12.1-2; 1 Tm 6.3-4; Tg 1.2-5). E, para isto, elas não são suficientes apenas porque comunicam ao nosso entendimento essa doutrina da piedade; mas também porque, através delas, Deus infunde em nosso coração a fé, esperança, amor, alegria, consolações e toda sorte de bênçãos que acompanham a salvação (Jo 15.3; Tg 1.18; Rm 10.17; 15.4; 1 Jo 1.3-4; 5.13; Hb 4.12; cf. Sl 19.7; Jr 15.16).
3. NA IMUTABILIDADE DAS SUAS PALAVRAS.
Assim como seu Autor, as Escrituras Sagradas são imutáveis, o que significa, primeiro, que elas não podem falhar, nem ser anuladas ou deixar de existir, mas até o fim falarão ao povo de Deus e se cumprirão em todos os sentidos e propósitos pelos quais foram escritas (Is 40.8; 55.11; 59.20-21; Hc 2.3; Sl 119.89; cf. Mt 5.18). E, segundo, que as Escrituras não podem ser alteradas, nem por diminuição nem por acréscimo, nem quanto ao teor e literalidade das suas palavras, sem com isto prejudicar a pureza e perfeição da palavra de Deus, e incorrer em erro e eterna perdição (Dt 4.2; 12.32; Pv 30.5-6; Ap 22.18-19). Violam esta proibição aqueles que procuram suplementar as Escrituras com tradições humanas, ou supostas revelações de espíritos, ou de anjos (Mc 7.10-13; 2 Co 11.4; Gl 1.8-9).
III – A CLAREZA DAS ESCRITURAS
1. NA SUA LINGUAGEM RACIONAL E OBJETIVA. Não por acaso Deus se dirige ao homem preferencialmente através da fala: Ele deseja que todos compreendam a verdade, conheçam a Cristo e assim sejam salvos (Jo 17.3; 1 Tm 2.3-4; cf. Dt 30.11-14), e a escrita é o meio ideal para expressar a palavra de forma ordenada, objetiva e inequívoca (cf. Lc 1.1-4). Não há nada nas Escrituras que seja irracional ou estranho à linguagem humana, que ninguém seja capaz de compreender com o devido uso das suas faculdades naturais de compreensão (Dt 17.19; 31.11-13; cf. Lc 10.25-28; Ef 3.4; Ap 1.3). Por isso, ao estabelecer ministros para pregarem e ensinarem publicamente as Escrituras, Deus o faz não tanto para que o povo entenda aquilo que de outro modo seria incompreensível, mas para que haja maior edificação dos fiéis (2 Pe 1.12; Ef 4.11-13).
2. NA SUA LINGUAGEM ESPIRITUAL. As Escrituras contêm, de fato, pontos difíceis de entender, mas não por um uso errôneo ou confuso da linguagem, e sim pela falta de um maior conhecimento da revelação bíblica como um todo, bem como de um comprometimento mais sério com a sua prática (2 Pe 3.15-18; cf. At 8.30-31; Mt 22.29; 1 Co 3.1-3; Hb 5.12-14). Além disso, por mais clara e racional que seja a linguagem das Escrituras, sua mensagem é espiritual, o que significa que ela sempre encontrará um obstáculo no coração do homem natural, que é incapaz de atinar com a glória de Deus na pregação, a menos que isto lhe seja concedido (1 Co 2.10-16; 2 Co 3.12-18; 4.3-4). Assim, Deus humilha os sábios e entendidos deste mundo por desprezarem a verdade, enquanto exalta aqueles que crêem, para os quais as Escrituras tornam-se uma palavra mui firme, e uma luz que cresce mais e mais, e um caminho seguro e reto do qual jamais extraviarão (Mt 11.25-27; 2 Pe 1.19; cf. Pv 6.23; Is 35.8).
CONCLUSÃO Louvemos a Deus por nos revelar através da Sua palavra coisas tão elevadas e gloriosas, que assombram e maravilham nossa mente ao tempo em que nos enchem de alegria, esperança e nos consolam pela certeza de que somos participantes delas não apenas no presente, mas na eternidade que ainda se desvendará.
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