LIÇÃO 13
JESUS E A SUA PAIXÃO
TEXTO ÁUREO: “Desde então, começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia.” (Mt 16.21)
LEITURA BÍBLICA: MATEUS 20.17-28
INTRODUÇÃO Nesta última lição do trimestre propomos estudar algumas passagens onde Jesus fala aos Seus discípulos acerca da Sua paixão – isto é, dos Seus sofrimentos que começaram ao ser Ele entregue nas mãos dos líderes dos judeus e que culminaram na Sua morte na cruz do Calvário. E, ao avisar Seus discípulos de antemão, o Mestre queria tanto prepara-los para que não fossem escandalizados quando estas coisas acontecessem, como também ensiná-los sobre como em tudo isto se cumpriria o propósito inefável de Deus, pelo qual a salvação do Seu povo seria eternamente assegurada.
I – JESUS ANUNCIA SUA PAIXÃO (MT 20.17-19) Esta é uma das três ocasiões onde o Senhor Jesus faz menção aos Seus sofrimentos e à Sua morte, seguida pela Sua ressurreição – sendo esta a última e mais próxima do tempo em que estas coisas aconteceram. O relato de Marcos acrescenta que os discípulos estavam atemorizados na medida em que se aproximavam de Jerusalém, e isto sem dúvida reflete o receio deles de que os líderes dos judeus pudessem fazer algum mal contra o Mestre (cf. Mc 10.32; Jo 11.7-8). É verdade que o próprio Senhor, por algum tempo, evitou subir à Judéia devido a esta mesma animosidade dos Seus opositores, que desejavam matá-l’O. Porém, enquanto os discípulos desejavam proteger e impedir que o Mestre caísse nas mãos de Seus inimigos porque pensavam que a Sua morte representaria o fim de todas as esperanças deles; o próprio Jesus sabia que havia vindo a este mundo para morrer, e, embora isto somente devesse acontecer quando chegasse a Sua hora, não se expunha desnecessariamente ao perigo – como que tentando a Deus (cf. Jo 7.1-6; Mt 4.6-7). Mas, a fim de preparar os Seus discípulos para aquela hora terrível, o Senhor mostra, ao avisálos de antemão, que não somente estava ciente das coisas que estavam para acontecer, mas que tais coisas não despertavam n’Ele o mesmo temor que nos discípulos, pois Ele estava disposto a enfrenta-las, e que isto não havia sido revelado para interromper a jornada deles até Jerusalém (cf. Lc 12.50; 13.32- 33). Além disso, a revelação da paixão de Cristo aos discípulos não tinha o propósito de incitá-los a tentarem impedi-la, pois tudo fazia parte do propósito divino, conforme anteriormente anunciado pelos profetas (cf. Lc 18.31, 34) – embora somente depois da ressurreição eles tenham compreendido a inevitabilidade e o bem maior alcançado pela morte de Cristo (cf. Lc 22.49-50; 24.25-27, 44-47).
II – JESUS ANUNCIA A PAIXÃO DOS SEUS SEGUIDORES (MT 20.20-28) Na continuação da mesma passagem, vem à tona o desajuste dos discípulos – ou pelo menos de alguns deles – com o sentido do discurso anterior. Enquanto o Mestre apontava para os sofrimentos que Ele deveria padecer inevitavelmente e em breve para se conformar à vontade de Deus, dois discípulos se aproximam expressando tanto seu interesse exclusivo em sua exaltação pessoal no reino de Deus – como se já tivessem esquecido que o caminho para a exaltação no reino dos céus passa pela renúncia e pelo levar da cruz (cf. Mt 16.21-26); como também a presunção de que poderiam se equiparar ao Mestre, assentando-se à Sua direita e esquerda. Se para assentar-se em Sua própria glória, o Senhor deveria trilhar o caminho do sofrimento e da cruz, porque deveria ser diferente para os discípulos? Daí a resposta: “Não sabeis o que pedis”. Mas, mesmo apresentando a Sua própria cruz – aqui comparada a um cálice e um batismo (cf. Jo 18.11; Rm 6.6) – os discípulos se mostram inabaláveis em sua presunção, incapazes de imaginar as implicações de sua resposta: “Podemos”. Mas, assim como se beneficiariam da morte de Cristo, mesmo não compreendendo sua importância a princípio, do mesmo modo era necessário que fossem feitos semelhantes ao Mestre, trilhando o mesmo caminho da cruz, mesmo não compreendendo isto por ora – e acrescentamos que, nas pessoas destes dois discípulos, o Senhor deixa uma lição para todos nós (cf. Jo 12.23-26; Rm 8.36-37). Por outro lado, Jesus também corrige estes discípulos, condenando o sentimento carnal que os levou a considerar que o reino de Deus seria de tal natureza que poderiam se sobrepor aos seus semelhantes, preferindo-se em honra a si mesmos. E, a partir da instrução sobre humildade e amor ao próximo contida nas palavras desta correção – assunto que já consideramos em lição anterior – chamamos a atenção para a explicação do propósito divino na morte de Cristo, pela qual não apenas o próprio Senhor entraria na Sua glória, mas muitos outros seriam eternamente beneficiados com a salvação (cf. Jo 3.16; Hb 5.8-9).
III – JESUS INSTITUI O MEMORIAL DA SUA MORTE (MT 26.26-29) Enquanto celebravam a Páscoa seguindo o rito instituído através de Moisés (cf. Ex 12.3-11; Mt 26.17-20), Jesus aproveita esta oportunidade simbólica do que estava para acontecer e se cumprir quanto à Sua morte para instituir um ato mais simples, mas igualmente simbólico, e mais apropriado ao fim dos tempos, onde as coisas anteriormente prefiguradas em sombras agora são manifestas na sua imagem exata, uma vez que se cumpriram, e que agora serviria como um memorial, uma recordação ou lembrança daqu’Ele que é o Cordeiro de Deus, que morreu por nós, e que é, portanto, a nossa verdadeira páscoa (cf. Jo 1.29; 1 Co 5.7; 1 Pe 1.18-20). Procurando ser breves sobre um assunto que poderia se estender em diferentes direções, visamos apenas o propósito do memorial da morte de Jesus. Ao instituir este ato como uma prática constante na vida dos Seus discípulos (cf. 1 Co 11.23-35), o Senhor manifestou Seu desejo de que Sua morte fosse comemorada, isto é, lembrada solenemente na assembleia ou congregação dos fiéis, primeiramente, como uma morte sacrificial: daí o uso distinto de dois elementos, o pão e o cálice (ou o fruto da vide), que fazem alusão direta à forma da morte de Cristo, onde não apenas Seu corpo, embora não tivesse nenhum osso quebrado, foi moído, ferido e aviltado; mas também Seu sangue foi vertido profusamente (cf. Is 53.5; Jo 18.33-34). Depois, esta comemoração inclui o aspecto de que todos nós fomos feitos participantes desses elementos: tomando do pão e bebendo do cálice, confessamos e corroboramos nossa fé de que estamos entre aqueles pelos quais a apresentação do corpo e do sangue de Cristo, em oferta sacrificial a Deus, alcançou e assegurou o supremo e glorioso dom da vida eterna. Daí também a tremenda profanação daqueles que participam do ato levianamente, como se desprezassem a igreja de Deus, adquirida através deste sacrifício, ou como se pudessem dispor do benefício da vida eterna como bem entendessem (cf. Jo 6.53-57; 1 Co 11.27-29; Hb 10.26-29).
CONCLUSÃO Encerramos assim mais um trimestre de estudos, onde nosso propósito foi o de abordar passagens dos evangelhos contendo ensinamentos de Jesus, mas que fugiam ao escopo dos assuntos propostos em trimestres anteriores, onde contemplamos o Sermão do Monte, a Vida de Jesus, as Parábolas e os ensinos registrados no Evangelho segundo João. Assim, nossa compreensão dos Evangelhos certamente tem se beneficiado e enriquecido grandemente com mais esta oportunidade de estuda-los de modo particular, embora a fonte e o tesouro contido nesta porção da Biblia – como em todas as outras Escrituras – seja inesgotável e sempre será possível voltar a ela com novas propostas de estudo.
PARA USO DO PROFESSOR
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