LIÇÃO 11
JESUS, O SÁBADO E O CASAMENTO
TEXTO ÁUREO: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem, por causa do sábado” (Mc 2.27)
LEITURA BÍBLICA: MATEUS 12.1-13
INTRODUÇÃO Muitos ensinos de Jesus registrados nos evangelhos foram ocasionados por questões levantadas pelos fariseus e saduceus, ora em um zelo sincero de averiguar a consistência da doutrina de Cristo, ora com uma intenção maliciosa de encontrar em Suas palavras algo de que pudessem acusa-lo. Alguns desses ensinos já foram examinados em lições anteriores, a partir das diferentes passagens relacionadas nos evangelhos. Na lição de hoje e na próxima, estudaremos assuntos avulsos, igualmente importantes, mas cujos ensinos de Jesus a respeito foram registrados de forma mais sucinta ou pontual.
I – JESUS É MAIOR QUE O SÁBADO (MT 12.1-8) Da leitura bíblica, que inclui dois episódios sobre o sábado, examinaremos apenas o primeiro, onde os discípulos caminhavam com Jesus num dia de sábado pelas plantações e, estando eles com fome, começaram a colher espigas para comer, ao que os fariseus os acusam de fazer o que não era lícito no dia de sábado. Ora, o que a lei proibia o povo nos sábados era de trabalhar – isto é, de se ocuparem com os seus afazeres ordinários, a fim de que pudessem se voltar, sem inquietação ou cuidado, para o culto e as coisas de Deus, assim aprendendo a ser santos através da santificação de parte do seu tempo (cf. Ex 20.8-11; Is 58.13-14). A acusação dos fariseus, portanto, era exagerada e baseada numa superstição, além de ignorar o princípio que Jesus explica através da argumentação que se segue. Para responder aos caluniadores, o Senhor primeiro cita o exemplo de Davi que, fugindo da fúria de Saul, veio ao tabernáculo, que se encontrava em Nobe, e, estando ele e seus homens com fome, pediram pão, mas, não havendo outro, o sacerdote lhes deu dos pães da proposição sem que isto constituísse em transgressão, seja de Davi e seus homens, seja do sacerdote. O argumento é de que, mesmo havendo uma lei expressa proibindo estranhos de comer o pão sagrado, o sacerdote considerou que a necessidade de Davi e seus homens – isto é, a mesma fome dos discípulos que acompanhavam a Cristo e só tinham à mão as espigas para serem colhidas – justificava a exceção, em ação de misericórdia (cf. Ex 29.33; 1 Sm 21.1-6). O segundo argumento é de que os sacerdotes no templo imolavam animais e realizavam outros atos que, embora auxiliares ao culto divino, constituíam-se em trabalho. Ao dizer: “Pois eu vos digo que está aqui quem é maior que o templo”, Jesus não apenas afirma que segui-l’O era uma causa tão santa quanto servir no templo, e, se a santidade do templo isentava os sacerdotes de culpa, quanto mais aqueles que seguem a Cristo, que é o Filho de Deus e, por conseguinte, maior que o templo – tanto maior que a casa é o Filho daqu’Ele que a edificou (cf. Jo 2.16; Hb 3.4-6). E, mais adiante, ao acrescentar que “o Filho do homem até do sábado é Senhor”, Ele quer dizer que não os fariseus não podiam acusar os discípulos de transgressão, quando estes estavam a serviço do mesmo Senhor que havia instituído o Sábado – afinal, o verdadeiro propósito do sábado jamais foi o de impedir que o homem se aproximasse de Deus, mas sim propiciar-lhe a ocasião para isto. E o que seria mais de acordo com o este propósito do que seguir ao Filho do homem: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem, por causa do sábado” (Mc 2.27), ou receber Seus benefícios precisamente no sábado, como o episódio de cura que se segue ilustra perfeitamente (cf. Lc 13.10-16).
II – O CASAMENTO É INDISSOLÚVEL (MT 19.1-9) O assunto tratado nesta passagem é ocasionado pela pergunta capciosa dos fariseus: “É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?” Como qualquer uma das respostas possíveis seria entendida e distorcida maliciosamente, e o que realmente estava em foco não era a questão da permissão para se divorciar, e sim a inviolabilidade do casamento; Jesus elucida, a partir do relato da criação dessa instituição, que, primeiro: o matrimônio é a união de um homem e uma mulher, não duas ou três; e, segundo, que essa união é perpétua, para toda a vida: “Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem”. E, diante desses princípios, o divórcio constituía uma visível violação do mandamento de Deus (cf. Ml 2.13-16), a ponto de os próprios fariseus demandarem de Cristo uma explicação para a concessão mosaica: “Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?” Ocorre que, assim como em relação ao sábado, os fariseus preferiam viver por uma concessão circunstancial que lhes agradava mais do que viver pelo mandamento, cuja prática não agradava às suas concupiscências. Mas Jesus aqui os desmascara, explicando que o divórcio havia sido permitido, não instituído, apenas para satisfazer à sua dureza de coração – a mesma dureza pela qual, como os fariseus bem deveriam se lembrar, Israel foi castigado por Deus no passado. Desejosos de manter a prática do divórcio, eles simplesmente confessavam ser iguais aos seus pais que foram rejeitados por Deus, condenando-se a si mesmos. Somente agora o Senhor pode responder adequadamente à pergunta, sem o risco de ser mal compreendido. O fato é que, a partir da doutrina estabelecida na criação, fica evidente que o divórcio não é uma opção dentro do casamento, pois a união conjugal não pode ser dissolvida pelos homens (entenda-se: somente Deus pode fazê-lo, pela morte); por isso, qualquer que repudiar sua mulher, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério (cf. Mc 10.11-12; Lc 16.16- 18; Rm 7.1-3). A exceção relativa à fornicação apenas ocorre na citação de Mateus com o fim de acrescentar que, neste caso, o divórcio ainda será um mal, mas de menor conseqüência, visto que a infidelidade conjugal já aconteceu, e não foi ocasionada pelo divórcio – como ocorreria em qualquer outro caso. De qualquer modo, o casamento permanece indissolúvel e o caminho de Deus para os cônjuges, se não desejam permanecer sozinhos, passa pela reconciliação (cf. 1 Co 7.10-11).
III – NEM TODOS SE CASAM (MT 19.10-12) Na sequência, os discípulos mostram sua compreensão limitada da importância e bênção representada pelo casamento, ao afirmar a inconveniência da condição de indissolubilidade dos laços conjugais, a ponto de considerarem melhor o estar solteiro do que casar-se. Jesus mostra a insensatez desta consideração, ao explicar que, pelo contrário, poucos são capazes de viver o “celibato” (que é como se denomina o estar solteiro); de fato, somente aqueles a quem isto foi concedido por Deus. O ser humano não deve rejeitar aquilo que Deus lhe concedeu para ser, não um fardo, mas uma fonte de felicidade e realização, na medida em que recebe este dom com ação de graças e fidelidade. Por outro lado, nem todos receberam este, mas sim outro dom, e em nada são inferiores aos demais; antes, sua condição como solteiros – se esta é, de fato, a vontade e o dom de Deus para com eles – deve ser recebida como um chamado para desfrutarem de igual realização e felicidade, na medida em que, se lhes foi concedido se absterem do matrimônio, usarem esta “liberdade” para melhor servir nas coisas de Deus (cf. 1 Co 7.7-9, 17, 25-35).
CONCLUSÃO Estudamos dois assuntos a princípio distintos, mas que implicam ambos em uma compreensão mais adequada do conselho de Deus do que aquelas que tanto os religiosos do tempo de Cristo como muitos de nossos dias interpretam de acordo com o seu desejo pecaminoso de agradar a Deus ao mesmo tempo em que agradam a si mesmos e atendem às suas concupiscências.
PARA USO DO PROFESSOR
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