LIÇÃO 12
JESUS E O TRIBUTO, A RESSURREIÇÃO E A DIVINDADE DO MESSIAS
TEXTO ÁUREO: “E ninguém podia responder-lhe uma palavra, nem, desde aquele dia, ousou mais alguém interrogá-lo.” (Mt 22.46)
LEITURA BÍBLICA: MATEUS 22.15-22
INTRODUÇÃO Na lição de hoje prosseguiremos com o estudo de diferentes temas abordados por Cristo nas discussões provocadas por diferentes grupos dentre os judeus. Embora divididos entre si, esses grupos eram capazes de deixar de lado as diferenças quando o propósito era se opor a Cristo e tentar infamar Seu ministério. Veremos, porém, que nenhuma astúcia ou sutileza forjada por esses homens prevaleceu contra o Mestre, mas antes todos foram calados de forma tal nenhum outro argumento lhes restava, senão aquele pelo qual revelariam o quanto eram inimigos de Deus, e da verdade.
I – A QUESTÃO DO TRIBUTO (MT 22.15-22) As palavras iniciais destes versos poderiam ser objeto de um estudo mais profundo, pois ilustram a malícia dos fariseus ao se dirigirem ao Senhor como se fossem não apenas simpatizantes dos Seus ensinos, mas como se estivessem de acordo e dispostos a cumprir tudo o que Ele lhes ensinasse. Mas, devido à brevidade de espaço, voltemo-nos para a questão proposta, cuja resposta Jesus sabia muito bem que, independente de qual fosse, seria distorcida por aquelas serpentes em Seu desfavor. Se afirmasse ser lícito pagar tributo a César, poderiam entender uma negação da própria esperança dos israelitas, de que o Messias viria para libertá-los do jugo dos seus opressores – jugo esse representado pelo tributo; se negasse tal licitude, poderiam acusa-lo de sedição perante as autoridades romanas – por isso haviam levado consigo os herodianos, como testemunhas de qualquer palavra de rebelião contra César que esperassem ouvir do Mestre. O fato é que, segundo a Lei, somente Deus tinha o direito de receber tributos de Israel (cf. Ex 30.13); mas, nas atuais circunstâncias, o imperador romano reivindicava para si esse tributo, o que para os judeus era tanto uma usurpação do direito divino como a imposição tirânica de um jugo sobre um povo que devia ser livre para servir, como filhos, ao seu único e legítimo Rei, o Deus Altíssimo. Por isso também, em outra ocasião, quando interrogado sobre o mesmo tributo, o Senhor responde que os reis da terra não cobram tributos de seus filhos, mas dos estranhos, e assim só paga as didracmas em submissão voluntária à condição do Seu próprio povo, o qual veio salvar, e para não escandalizar os cobradores, que ignoravam a realidade do reino de Deus (cf. Mt 17.24-27; Gl 4.4-5). Mas a resposta de Jesus inclui muito mais do que os fariseus “desejavam” saber: ao apresentar uma moeda romana como moeda com que pagavam o tributo a César, eles mesmos admitiam ter se submetido ao jugo romano e estarem conformados com isso, de modo que pagar o tributo a César apenas simbolizava a sujeição deles a Roma em tudo o mais (cf. Jo 19.12-15). Em outras palavras, esse imposto era devido a Roma, pois os judeus haviam assumido a dívida com o império (mesmo que a contragosto, cf. Rm 13.6-7). Por outro lado, na resposta de Jesus encontramos também o ensino de que o fato de estarmos debaixo de jugo humano não implica em violação da nossa liberdade em Cristo Jesus, desde que essa liberdade, pela qual não estamos mais sujeitos à servidão do pecado, não seja negociada ou entregue aos homens (cf. 1 Co 7.20-23; Ef 6.5-9; At 5.29).
II – A QUESTÃO DA RESSURREIÇÃO (MT 22.23-33) O próximo ardil é lançado pelos saduceus, uma facção que afirmava não haver ressurreição, nem espírito, nem anjo (cf. At 23.8). A questão parece ter sido proposta ou para que Jesus apoiasse o erro dessa seita, ou para expor a suposta contradição na crença da maioria dos judeus, através do que poderiam considerar um argumento irrefutável, já que se baseava na determinação de Moisés – entendase, o legislador inspirado por Deus. O “caso” proposto parecia não ter solução moral, se a ressurreição tivesse realmente de acontecer. Na primeira parte da resposta, Jesus expõe a ignorância dos saduceus quanto às Escrituras Sagradas – as quais os fariseus, por outro lado, bem faziam de examinar – pois eles só erravam de forma tão crassa quanto àquela que era a esperança do povo judeu porque desprezavam as Escrituras (cf. Jo 5.39; At 24.15); bem como também aponta a incredulidade destes homens, ao rejeitarem o testemunho das mesmas Escrituras quanto ao poder de Deus – razão pela qual inevitavelmente se tornaram verdadeiros escarnecedores das promessas de Deus, o qual pode subjugar todas as coisas à Sua vontade e propósito, inclusive nossos corpos mortais (cf. 2 Pe 3.1-6; Fp 3.21). Em seguida, o Senhor passa à questão propriamente, solucionando a suposta “contradição” da lei do levirato com a esperança na ressurreição ao explicar qual será a natureza daqueles que hão de ressuscitar naquele dia: “serão como os anjos no céu”, ou seja, através da ressurreição, os fiéis serão revestidos da imortalidade e já não terão a necessidade de perpetuar a espécie, pois não podem mais morrer (cf. Lc 20.35-36; 1 Co 15.51-54). E, depois de refutar o argumento saduceu, o Mestre desmascara a insensatez da seita em sua rejeição à esperança da vida eterna, citando uma das expressões mais queridas dos hebreus para designar o Deus verdadeiro: “Eu sou o Deus de Abraão, e Isaque, e Jacó”, numa citação específica a Êxodo (Ex 3.6), quando o Senhor diz a Moisés que havia descido para libertar Seu povo em atenção à promessa feita aos patriarcas, já falecidos na ocasião. E o argumento aqui não é que estes homens, tendo andado com Deus neste mundo, agora estavam conscientes num paraíso – o que, ao invés de favorecer, militaria contra a necessidade de ressurreição – mas porque, estando mortos, no pó da terra, contudo restava a esperança, confessada por eles mesmos, e confirmada por certo pelo próprio Deus, de que eles haveriam de voltar à vida (cf. Hb 11.13-16; At 2.29).
III – A QUESTÃO DA DIVINDADE DO MESSIAS (MT 22.41-46) A próxima questão, na verdade, é proposta pelo próprio Jesus, mas tendo em vista a crença errônea e limitante dos fariseus e saduceus de que o Messias haveria de ser o Filho de Davi num sentido estritamente humano, e nada mais que humano (cf. Mc 12.35; Lc 20.41). Certamente por causa desta falsa concepção é que muitos deles rejeitavam a Jesus, julgando-O pela aparência e até mesmo por ignorarem Suas origens como legítimo filho de Davi (cf. Mt 13.54-56; Jo 7.41-42). Ao citar o salmo onde Davi chama o Cristo de Senhor, fica evidente que Ele não apenas é superior a Davi, mas de uma excelência ainda superior à do rei de Israel – logo, é um rei ainda maior que Davi, tendo existido antes do filho de Jessé, embora viesse a se manifestar depois dele, e ao qual se sujeitariam todos os reinos da terra (cf. Sl 2; Is 45.23; Lc 1.32-33).
CONCLUSÃO Em conclusão a esta série de disputas, os fariseus e saduceus foram calados em suas insinuações maliciosas e interpretações inconsistentes das Escrituras. A doutrina de Deus é clara e coerente, contudo, isto não significa que seja necessariamente compreendida pela maioria. De qualquer modo, o erro está naqueles que pretendem alcançar a verdade, sem se dispor ao exame cuidadoso das Escrituras, e alheios à realidade do Deus vivo, que é todo-poderoso e faz tudo conforme o Seu propósito.
PARA USO DO PROFESSOR
Nenhum comentário:
Postar um comentário