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LIÇÃO 3
A QUEDA DO HOMEM
TEXTO ÁUREO: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.” (Rm 5.12)
LEITURA BÍBLICA: GÊNESIS 3.1-11
INTRODUÇÃO Após relatar de forma concisa como Deus criou todas as coisas, e com maiores detalhes como formou o homem e o estabeleceu no Éden sob condições paradisíacas para desfrutar do melhor da terra e, junto de sua mulher, exercer a mordomia divina sobre toda a criação; rapidamente esse quadro maravilhoso de bênção e comunhão com Deus é deixado para trás. A narrativa logo nos apresenta como o pecado sutilmente se insinuou no coração de nossos primeiros pais e como um só ato de desobediência desencadeou consequências dolorosas para toda a criação, especialmente a raça humana.
I – A SUTILEZA DA SERPENTE (VV. 1-5) Tão logo aponta a simplicidade do primeiro casal, que sequer sentia vergonha de estarem nus; a Escritura declara – praticamente fazendo uma contraposição – que a serpente era a mais astuta de todas as criaturas. Embora muitos se percam em discussões sobre a natureza dessa serpente, o fato é que estamos diante da primeira menção a um ser criado por Deus excepcionalmente inteligente e sábio, mas que resolveu fazer-se enganador, caluniador e adversário do Criador. “Antiga serpente” é o primeiro epíteto desse que depois será chamado de Satanás, o Diabo (Ap 12.9), pois neste primeiro momento, tal como uma serpente, sua abordagem é sutil e maliciosa, procurando enredar a vítima que, na sua simplicidade, é incapaz de perceber a armadilha em que vai se envolvendo. O diálogo é travado entre a serpente e a mulher. O homem “entra” na narrativa apenas para cometer o ato de desobediência junto com sua companheira, e o apóstolo chega a frisar mais de uma vez esse ponto, não para culpar mais a mulher do que o homem, mas para frisar o quanto cada um deve ser humilde e não procurar saber mais do que convém, servindo conforme a sua vocação e sujeitando-se ao seu cabeça – no caso, a mulher ao marido, assim como o homem a Cristo (1 Tm 2.13-15; Rm 12.1-3). A serpente fala de modo sinuoso demais para os simples e incautos perceberem a sua malícia: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?”, e a resposta da mulher revela tanto uma falta de preocupação em reproduzir exatamente o que Deus havia dito: “do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais”, como também uma falta de entendimento em relação à natureza da proibição. Deus não havia proibido comer da árvore da ciência do bem e do mal porque comer do seu fruto fosse algo intrinsecamente ruim – ora, foi Deus quem a plantou no jardim, assim como a árvore da vida e as demais árvores. Tratava-se de uma prova pela qual o homem aprenderia, não por ter comido do fruto propriamente, mas pela obediência ou desobediência, a diferença entre o bem de obedecer e viver; ou o mal de desobedecer e morrer.
II – A PRIMEIRA TRANSGRESSÃO (VV. 6-11) A serpente se aproveita da falta de entendimento da mulher quanto à natureza da proibição divina para sugerir uma razão: “Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”. Semeando dúvida quanto ao caráter de Deus, o adversário induz a mulher ao mesmo caminho que ele já havia trilhado de soberba e presunção, fazendo-a considerar-se mais do que realmente é e desejar ser igual a Deus (cf. Is 14.13-14; 1 Jo 2.15-16). O homem, por sua vez, ainda que não enganado pelo arrazoamento da serpente, de algum modo é convencido pela mulher e ambos comem juntos do fruto, consumando então, como um só corpo, a transgressão. Notemos que, até aqui, o primeiro casal era simples e puro de coração; não havia neles concupiscência, desejo e nem maldade para atraí-los ao pecado. A primeira tentação veio na forma de uma insinuação exterior, que se aproveitou da falta de entendimento de nossos primeiros pais. Foram tentados quanto ao seu conhecimento de Deus, e do que esse conhecimento implicava; conhecimento esse sem o qual o homem não difere de qualquer outra criatura (cf. Sl 49.20; Pv 1.7, 22-23; 2.6-9; 3.5-7). Por outro lado, tão logo consuma a transgressão, a consciência do homem imediatamente é despertada pelo senso de culpa e desonra consequentes daquele ato, bem como pelo senso de um mal agora latente no coração, incitando a fazer aquilo que sua consciência condena, e que o separa da santidade e pureza de Deus (Rm 7.14-18). Isto é evidenciado pela vergonha que o casal sente em relação à sua nudez, pela tentativa de ocultá-la uns dos outros e depois por perceberem que não têm segurança nenhuma para permanecer frente a frente com Deus.
III – AS CONSEQUÊNCIAS DA TRANSGRESSÃO (VV. 12-24) Questionado pelo Criador, Adão procura amenizar a gravidade do que havia feito, insinuando que a culpa seria do próprio Deus: “a mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi”. É como se ele dissesse que a mulher, que Deus criou para ser sua companheira e auxiliadora, não havia cumprido o seu propósito, logo teria sido um erro julgar que o homem precisava de uma companhia; ou, se ela estava ali para ser sua companheira, por que ele deveria ser questionado por ter aceitado o fruto da mão dela? Já a mulher alega a astúcia da serpente para justificar a atitude independente em relação ao marido. Quanto à serpente, que dos três era a única que realmente tinha plena consciência do que estava fazendo, sequer tem oportunidade de se explicar: “Porquanto fizeste isso, maldita serás”, mas antes é sentenciada pela atrocidade que havia cometido não apenas contra o primeiro casal, mas contra toda a criação (cf. Jo 8.44). Satanás haveria de testemunhar, contra o seu intento, que o homem não se tornaria um aliado, mas sim um inimigo ferrenho ao longo das gerações seguintes, até ser finalmente destruído pela semente, ou o descendente da mulher – que é Cristo, nascido de mulher, e que venceu Satanás através do Seu sacrifício na cruz do Calvário (Hb 2.14; Cl 2.13-15; Ap 12.10-11). O Senhor havia dito que o homem morreria no dia em que comesse da árvore. Isto não se refere apenas à morte que eventualmente se seguiria após anos de labuta sobre a terra, mas a todos os efeitos corruptores do pecado sobre ele e toda a criação. Dor, cansaço, preocupação seriam a definição de atividades que, antes da Queda, teriam sido desempenhadas de outro modo. Além disso, lembremos que o senso de culpa e aquela inclinação pecaminosa de que falamos no tópico anterior não morreriam com o casal, que havia cometido aquela primeira transgressão, mas acompanhariam seus descendentes, manifestando-se tanto na proliferação do pecado em questão de poucas gerações como no predomínio da morte sobre todos os homens – o que prova que em Adão todos morreram (Rm 3.23; 5.12-14; 1 Co 15.22). O capítulo finaliza então com o banimento de Adão e sua mulher, Eva, para fora do jardim, e o caminho para o jardim e a árvore da vida sendo vedados, pois que o homem em sua condição atual e no âmbito deste mundo, corrompido pela Queda, já não pode desfrutar de vida eterna – é necessário que ele esteja num novo céu e numa nova terra (Tg 1.12; 1 Jo 2.25; Ap 2.7; 22.2, 14).
CONCLUSÃO A narrativa da Queda fala tanto das desastrosas consequências do primeiro pecado como da importância da sabedoria e da prudência se desejamos não ser enganados pela sutileza do pecado. Ao mesmo tempo, ao invés de nos colocar diante de um cenário de desastre irremediável, as Escrituras nos mostram que os desígnios insondáveis de Deus continuam se realizando, de tal modo que a narrativa se encerra com uma esperança de redenção e livramento do mal.
PARA USO DO PROFESSOR
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