23 novembro 2021

009 - Ética Cristã e a mordomia do corpo - Lição 09[Pr Afonso Chaves]23nov2021



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 LIÇÃO 9 

A ÉTICA CRISTÃ E A MORDOMIA DO CORPO 

TEXTO ÁUREO: “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus”. (1 Co 6.20) 

LEITURA BÍBLICA: RM 6.15-23 

INTRODUÇÃO Anteriormente abordamos os princípios de uma ética bíblica para o correto usufruto da vida terrena, que se dá principalmente através do corpo. Na presente lição, propomos analisar um tópico mais específico neste campo, mas não menos importante, a saber, sobre a mordomia cristã do corpo. Que o corpo é um instrumento que pode ser usado tanto para o bem como para o mal, todos sabemos. Mas em que isto implica? Se é um instrumento, que tipo de trato deveria ser dispensado ao corpo a fim de que se tornasse ainda mais eficaz e funcional para a tarefa para a qual foi designado? O que representaria um abuso, um excesso e, finalmente, um pecado nos cuidados dispensados ao corpo? 

I – A SANTIDADE DO CORPO 1) O corpo é a expressão visível do ser. O homem foi criado como um ser complexo, mas não composto, no qual o espírito, aquele fôlego divino, anima e concede todas as funcionalidades mentais, espirituais e físicas a um corpo formado do pó da terra. Deste modo, o corpo constitui a expressão visível e imediata desse ser. Tanto que, morto o homem, isto é, retirado o espírito do seu corpo, ele não é mais – todos os aspectos da sua personalidade morrem juntamente com o corpo, uma vez que já não têm mais nenhum meio de expressão (Ec 9.5-6, 10). Tudo o que resta dele são memórias fragmentárias, que jamais poderíamos reunir para formar sua personalidade integral. Somente Deus pode reconstituir esse ser, pois somente Ele conhece a inteireza da personalidade de cada indivíduo, inclusive nos seus aspectos mais íntimos e jamais expressos, mas sempre associados ao corpo. 2) O corpo cumpre um propósito divino. A despeito do que dizem certas religiões e até mesmo alguns segmentos dentro da Cristandade a respeito da sua natureza e função, o corpo é de origem divina. E, como tudo o que foi criado por Deus, o corpo é algo bom, apropriado para servir à sua função (Gn 2.7). É através do corpo que o homem trabalha e lavra a terra na qual foi colocado; é através do corpo que frutifica e enche a terra com os seus descendentes; é através do corpo que exerce o domínio sobre toda a criação; enfim, é através do corpo que se aperfeiçoa na sua busca a Deus, através de obras de santidade, justiça e verdade que o tornam mais conformado à imagem e semelhança do seu Criador. É bem verdade que a corrupção do pecado afetou o corpo da mesma forma que os demais aspectos da criação – graças à concupiscência, o corpo é escravizado pela prática do pecado, a ponto de o termo “carne”, que originalmente se refere ao corpo humano no seu mero aspecto material, ganhar a conotação de “natureza pecaminosa que se expressa pelo corpo” (Gl 5.19; Rm 8.13). 3) O corpo pertence a Deus e a Cristo. Mas, como parte da criação de Deus, o corpo está incluído no sábio e eterno propósito de redenção revelado no evangelho. Afinal, o Filho de Deus veio ao mundo para salvar o homem dos seus pecados – que é o mesmo que dizer que Ele veio libertar o corpo do homem da escravidão mental e espiritual ao pecado para que esse corpo pudesse ser instrumentalizado por uma consciência renovada e voluntária no serviço ao Deus vivo (Rm 6.11). Uma salvação do homem que não inclua a redenção do corpo é uma salvação incompleta, e por isso a promessa final do evangelho é a da ressurreição e glorificação do corpo – a prova mais incontestável do seu valor e importância para Deus (1 Co 15.42; Fp 3.21). Eis que o próprio Salvador, o Verbo divino, se fez carne para que isto fosse possível, de modo que agora o direito divino sobre nosso corpo é reafirmado contra o pecado e contra Satanás, enquanto o amor daqu’Ele que padeceu em Seu corpo aquilo que nós deveríamos ter padecido no nosso próprio corpo nos constrange a instrumentalizá-lo para a glória de Deus e de Cristo (Hb 2.14-15; Gl 2.20). 

II – O CUIDADO DAS NECESSIDADES DO CORPO 1) Cuidados relacionados à alimentação. O Senhor Deus se importa com aquilo que comemos, pois o alimento é indispensável à manutenção do corpo. Todos sabemos que uma alimentação desequilibrada afeta o desempenho do indivíduo em seus afazeres. Deus não criou apenas um tipo de alimento, mas uma variedade a partir da qual o homem pudesse obter todos os elementos necessários ao seu sustento e nutrição, além do prazer de experimentar sabores diferenciados e únicos, e reconhecer aí mais um aspecto da generosidade e bondade divinas (Gn 2.9, 16; At 14.17). 2) Cuidados relacionados à higiene. O cuidado com o asseio é igualmente tão importante quanto com a alimentação, a fim de evitar exposição a resíduos nocivos à saúde. Desde a antiga dispensação, a palavra “santidade” designava tanto a separação em relação às coisas comuns quanto a pureza e asseio das coisas de Deus, em contraste com o pecado, imundo e contaminante (Dt 23.10-14; Lv 22.8). É natural que aquele que procura se santificar em relação ao pecado, em consonância com o seu amor pela pureza, seja cuidadoso quanto ao asseio do corpo e do ambiente em torno. 3) Cuidados relacionados à saúde. O pressuposto básico é que, assim como Deus não abandonou o homem quanto ao necessário para o seu sustento, não seria diferente em relação à sua saúde. Aqui não há espaço para examinarmos as causas da doença, mas podemos afirmar que Deus tanto faz adoecer como sarar, e neste último caso Ele pode fazê-lo tanto através da medicina como apesar da medicina (Sl 103.3; Is 38.21; Mc 5.25-26; 1 Tm 5.23). Que existe o cuidado de Deus pela saúde dos Seus não resta dúvida, pelo fato de que as Escrituras condenam a glutonaria e a bebedeira – que são excessos em coisas lícitas que anulam o bom senso. O mesmo ocorre hoje com as bebidas alcoólicas e os entorpecentes (Gl 5.21; 1 Co 6.10). 

III – CASOS DIVERSOS 1) Doação de sangue e de órgãos. Num tempo em que não havia esta possibilidade médica, as Escrituras não consideram a licitude ou ilicitude da doação. Alguns, apegando-se à proibição do sangue para alimentação, e à inviolabilidade do corpo a ser preservado para a ressurreição, se proíbem tanto doar como receber uma doação por parte de outros. No entanto, à luz do princípio de que dar a vida pelo próximo é lícito, doar parte dessa vida em seu favor deveria se-lo também, pois é um ato de menor impacto para a vida do doador (Jo 15.12-13). 2) Vestuário. O uso de roupas pelo homem surge em consequência da Queda, significando o senso de vergonha em relação à sua própria condição, tanto diante do próximo como diante de Deus (Gn 2.25; 3.7-10). Daí surge também a correlação entre pudor e honra e vestuário, de modo que a falta da cobertura do corpo não apenas torna-se vergonhosa e aviltante para o indivíduo, mas ofensiva e escandalosa para os que o virem nessa condição, equiparando-se a um ato lascivo (Ex 20.26; Lv 18.7- 9). Deste modo, permanece a orientação divina para que os cristãos se vistam de acordo com os princípios da honestidade, pureza, simplicidade e honra (1 Tm 2.9). 

CONCLUSÃO O corpo não é uma carcaça de pouco valor, mas é um instrumento frágil e ao mesmo tempo poderoso em Deus para realizarmos o Seu grandioso propósito para nossa vida. Não negligenciemos os cuidados com o corpo, pois de outro modo condições indesejadas prejudicariam não apenas nosso desempenho em afazeres pessoais, mas em nosso serviço e devoção a Deus.

PARA USO DO PROFESSOR

AUTORIA 
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.
APOIO 
Rede Grata Nova de Evangelização
Rádio Net Grata Nova
Fundada em 29 março de 2009 por Moisés Moreira

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