02 novembro 2021

006- - Ética Cristã do Trabalho - Ética Cristã Lição 06[Pr Afonso Chaves]02nov2021


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 LIÇÃO 6 

A ÉTICA CRISTÃ DO TRABALHO 

TEXTO ÁUREO: “e procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado; para que andeis honestamente para com os que estão de fora e não necessiteis de coisa alguma.” (1 Ts 4.11-12) 

LEITURA BÍBLICA: 2 TESSALONICENSES 3.6-12 

INTRODUÇÃO Tendo estudado na lição anterior as implicações éticas do fato de a vida de que desfrutamos ser um dom de Deus, falaremos agora sobre um aspecto que consideramos essencial à compreensão do significado e propósito desta vida, com o qual muitos travam diferentes tipos de conflitos: o trabalho. Por que existe o trabalho, e o que Deus realmente tinha em vista ao instituir esse aspecto da vida humana? Todos devem trabalhar? Existem trabalhos ilícitos, impróprios? E o quanto alguém deveria se aplicar ao seu trabalho, e que finalidade deveria estimular seus esforços nesse sentido? 

I – O TRABALHO É UMA INSTITUIÇÃO DIVINA 1) Deus criou o homem para o trabalho. Se nos voltarmos para o princípio de tudo, veremos que o trabalho foi instituído pelo Senhor Deus como o meio pelo qual o homem deveria obter o seu próprio sustento. Não somente isto, mas ele deveria trabalhar consciente também de que, como um ser criado à imagem e semelhança de Deus, o homem era um mordomo da criação, devendo zelar pelos bens que lhe foram confiados, e tendo de responder por ultrapassar os limites dessa mordomia (cf. Gn 2.5, 8, 15, 16- 17, 19). A Queda tornou o trabalho uma atividade cheia de inquietação e sofrimento (Gn 3.17-19), mas permanece verdadeiro que para o homem é honra trabalhar, mesmo com muito suor, para obter o seu pão. Por outro lado, as Escrituras sempre condenam aquele que evita as dores do trabalho, seja pela preguiça ou indolência que os leva a ignorar a escassez e incerteza inerente aos recursos necessários ao sustento da vida; seja pela cobiça e ganância que leva outros a lançar mão dos bens alheios (cf. Pv 6.6- 11; Ec 5.12; 1 Ts 4.11-12; 2 Ts 3.10-12; Ex 20.15). 2) A relação entre senhor e servo. Com a multiplicação da raça humana, aumentaram suas necessidades e as formas de trabalho se diversificaram. Embora nem todos estejam diretamente subordinados a um superior que lhe determine seu salário, em alguma medida todos dependem de outros para obter o seu sustento. Seja entre o patrão e o empregado, entre o vendedor e o cliente, há uma relação onde, como em todas as demais formas de relação de uns com os outros, deve prevalecer a justiça (cf. Pv 11.1; 20.23; Lv 19.13; Jr 22.13). Notemos como Paulo reforça o aspecto de que, independente da posição que ocupamos ou o que fazemos em nosso trabalho, Deus se agrada do fato de que trabalhemos e ofereçamos o nosso trabalho como demonstração de nossa submissão ao próprio Senhor Jesus (cf. Cl 3.22-25; Ef 6.5-9). 3) O caráter sagrado do descanso. Apesar de trabalhar para prover suas próprias necessidades, enquanto engajado em seu negócio, o homem de certo modo imita o próprio Deus, que, mesmo sendo o Todo-poderoso, executa a Sua vontade em termos de trabalho (cf. Jo 5.17). E, muito embora o homem jamais alcance a plena satisfação de suas necessidades a ponto de não precisar mais trabalhar, o Senhor já apontou o caráter transitório do trabalho, pelo fato de que o próprio Deus cessou a Sua obra da criação e descansou (Gn 2.1-3). E isto o Senhor fez com o propósito expresso de que o homem também alcançasse descanso dos seus trabalhos – o que foi representado de diversas maneiras sob a antiga dispensação, particularmente na forma do repouso do sétimo dia (Mc 2.27; Ex 20.8-11). E, embora continue sendo uma forma de repouso necessária tanto para a manutenção do corpo como para impedir a ocupação exclusiva nos nossos próprios negócios, sabemos que o verdadeiro repouso está preparado e reservado para aqueles que permanecerem na fé de Cristo Jesus (cf. Mq 2.10; Hb 4.9-11). 

II – TRABALHANDO PARA ESTA VIDA 1) Deus abençoa aquele que trabalha. Tudo aquilo que decorre como fruto do trabalho – não apenas o necessário para o sustento, mas inclusive o que excede o necessário – é benção e dom de Deus, para desfrute do homem (cf. Ec 2.24; 5.18-19; 9.9-10). Não há mal em adquirir bens deste mundo, desde que não o façamos movidos por algum sentimento mundano, nem abusemos de tais bens, esquecendo-nos de que a alegria que proporcionam é passageira e, portanto, não pode diminuir nossa vigilância para com a vinda do Senhor (cf. Tg 4.1-4; Lc 21.34; 1 Co 7.29-31). Por outro lado, se mesmo trabalhando não conseguimos tudo o que desejamos, tenhamos cuidado com a cobiça e murmuração; Deus fez tanto o pobre como o rico, mas ama e sustenta a ambos (1 Tm 6.6-9). 2) O perigo da preocupação ou da cobiça. Não há nada de errado economizar para o futuro, tendo em vista a precariedade dos bens materiais e a dificuldade de obtê-los (cf. Pv 21.20). Mas, por outro lado, a Escritura condena a atitude daquele que, movido pela falta de confiança na boa providência de Deus, ou mesmo pela cobiça, anseia por acumular riquezas ou ter aquilo que Deus não lhe deu, e tal atitude é caracterizada como amor ao dinheiro, sendo a fonte de diversos males (cf. Mt 6.19-21, 25-34; 1 Tm 6.9-10, 17). Relacionado com este tópico, a dependência da caridade alheia frente a uma adversidade, seja na forma de uma doação ou empréstimo – ambas sendo gestos louváveis (Mt 5.42) – mas passa a ser uma temeridade contar com um socorro de longo prazo ou que represente um risco significativo para as próprias economias do que se põe por fiador (cf. Pv 6.1-5; 11.15; 22.26-27). 

III – TRABALHANDO PARA A VIDA FUTURA 1) Usando os bens desta vida para fins espirituais. Além da dignidade geral que o trabalho concede ao homem, dando-lhe tanto os meios de obter seu sustento como um senso de mordomia sobre a criação, em Cristo Jesus não apenas o trabalho propriamente, mas todo o fruto de nossas mãos adquire novo propósito à luz do fato de que, pertencendo ao nosso Salvador, tudo o que temos também é d’Ele e deve ser usado com vistas a cumprir a Sua vontade. Ele mandou que amássemos uns aos outros, e o nosso trabalho é o meio pelo qual ele nos provê o necessário para cumprirmos este mandamento, na medida em que nos dispomos a abrir mão do que Ele nos concede para favorecer o próximo em suas necessidades (cf. Ef 4.28; 1 Jo 3.17-18). Não é necessário ser rico para isto, pois todos são, pelo trabalho, aptos a contribuir de acordo com suas limitações (2 Co 8.1-4); mas aqueles que são particularmente favorecidos neste aspecto devem ver sua abundância como oportunidade para se destacarem neste dever cristão (cf. 1 Tm 6.17-19; Lc 12.33; 16.9). 

CONCLUSÃO O trabalho foi instituído por Deus para nos dar um senso de propósito quanto a esta vida e utilidade quanto ao nosso próximo. Apesar das diferenças e mesmo injustiças associadas às relações de trabalho, em Cristo somos ensinados a trabalhar não em função do ganho, mas sim desse propósito e utilidade. Devemos glorificar a Deus pelos frutos colhidos em nosso trabalho, ao mesmo tempo em que, agradecidos pela Sua benevolência, atentar para as necessidades daqueles que, atingidos pela adversidade, dependem da abundância do que temos colhido.

PARA USO DO PROFESSOR

AUTORIA Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.
APOIO 
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