LIÇÃO 1
APOCALIPSE – O LIVRO DAS REVELAÇÕES
TEXTO ÁUREO: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e
guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.” (Ap 1.3)
LEITURA BÍBLICA: APOCALIPSE 1.1-9
INTRODUÇÃO
O estudo do livro de Apocalipse é de extrema importância para a Igreja em todos os
tempos, pois sua mensagem, uma vez desvendada a linguagem figurada em que nos é
apresentada, proporciona grande consolação e esperança pela compreensão de como o Todopoderoso tem cumprido os Seus propósitos sábios e justos ao longo da história. Voltemo-nos
então para este último livro da Bíblia, certos de que seremos grandemente abençoados e
edificados pela compreensão dos mistérios de Deus que o Senhor Jesus nos quis revelar nele.
I – PREFÁCIO E APRESENTAÇÃO (1.1-8)
Apocalipse significa “revelação”, e por isso o livro também se chama “revelação de Jesus
Cristo” (Ap 1.1). Foi escrito por João, apóstolo e testemunha de Cristo (Ap 1.2), e enviado às
sete igrejas da província romana da Ásia (Ap 1.4, 11) – aqui tomadas em representação de
todas as igrejas, ou ainda, da Igreja em todos os tempos (Ap 22.16). O objetivo do livro é mostrar
aos cristãos tudo o que diz respeito aos desígnios de Deus, conclamando-os à fidelidade e
perseverança, até a volta do Senhor Jesus. Por isso, sua mensagem é sempre atual para o povo
de Deus. É um livro que a Igreja tem a obrigação de ler – ao contrário do que alegam alguns,
que Apocalipse não é para a Igreja (Ap 1.3).
Apocalipse difere dos outros livros do Novo Testamento por ser um livro de profecias,
mostradas através de visões simbólicas; mas a familiaridade com certos livros do Antigo
Testamento, especialmente Ezequiel e Daniel, ajudará no entendimento da mensagem desses
símbolos. Além disso, o livro caracteriza-se pela abundante citação de números, em particular
do número 7 (sete), que simboliza plenitude ou totalidade.
À semelhança de uma epístola, o livro contém uma saudação, não apenas da parte do
seu escritor, João, mas também do verdadeiro autor da revelação nele contida: JESUS (“e da
parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha...” e “aquele que é, e que era, e que há de vir”). A menção
aos sete Espíritos refere-se à onisciência de Deus, que sabe tudo o que acontece no mundo (Ap
5.6). O Senhor Jesus aqui é especialmente apresentado em diversos aspectos da Sua obra: Sua
morte pelos nossos pecados (“em seu sangue nos lavou dos nossos pecados”, Seu amor por nós
(“aquele que nos ama”), Sua ressurreição (“o primogênito dos mortos”), Sua vinda (“eis que vem com
as nuvens”) e Seu poder e autoridade supremos (“eu sou o Alfa e o Ômega”).
II – O ARREBATAMENTO DE JOÃO (1.9-16)
Passando à narrativa do seu arrebatamento e das visões que teve, João primeiramente
se identifica com os seus irmãos – não apenas como participante das suas aflições e paciência,
mas também do reino de Deus (Ap 1.9), pois nele os fiéis já foram introduzidos por Cristo (Ap
1.6; Cl 1.12, 13). A seguir, o apóstolo descreve o local e a ocasião das visões: ele se encontrava numa ilha
do Mar Egeu chamada Patmos – não em exílio, mas “por causa da palavra de Deus, e pelo
testemunho de Jesus Cristo”. O dia do Senhor a que se refere certamente é o Sábado, pois João
era de origem judaica (Ap 1.10). Aí João foi arrebatado em espírito, de modo que tudo o que
viu foi fora de seu corpo – e por isso, veremos o cenário frequentemente mudar da terra para o
céu e daí para a terra, na medida em que o apóstolo será transportado, em visão, de um lugar
para o outro (Ap 1.10; 4.1).
A visão inicial de João apresenta o Senhor Jesus glorificado e o Seu cuidado com a
Igreja. Usando de comparações em linguagem humana (note as expressões “semelhante”,
“como”), o apóstolo ressalta, dentre outras coisas, que Cristo, na Sua glória, sendo o Todopoderoso (Ap 1.8), ainda é semelhante ao Filho do homem (Ap 1.13; 1 Tm 2.5). E Ele se
apresenta como estando no meio dos sete castiçais porque o Senhor Jesus conhece as Suas
igrejas e está presente nelas (Ap 1.12, 13; Mt 28.20).
III – O SENHOR JESUS FALA A JOÃO (1.17-20)
Cristo se identifica a João através daquilo que padeceu (“o que foi morto”), e da Sua
vitória sobre a morte na ressurreição (“eis aqui estou vivo para todo o sempre”) como prova do Seu
poder de livrar da morte e do inferno (isto é, da sepultura, o lugar dos mortos) a quem Ele
quiser (“tenho as chaves da morte e do inferno”, Ap 1.18; cf. Jo 17.2).
O verso 19 é importante para entendermos que Apocalipse não trata apenas de coisas
futuras, pois a João seriam mostradas coisas passadas (“as que tens visto”), presentes (“as que são”)
e, finalmente, futuras (“as que depois destas hão de acontecer”); e muito do que seria futuro para
João já aconteceu nesses quase dois mil anos transcorridos, tornando-se passado ou presente
para nós.
Esta seção se encerra com a explicação de Cristo sobre o mistério dos sete castiçais e das
sete estrelas: as igrejas são como castiçais diante do Senhor porque Ele, que é a luz do mundo,
anda no meio das igrejas; e aqueles que Ele constitui como mensageiros (isto é, anjos), são
como estrelas na Sua destra, estando no Seu total controle (Ap 1.20; Mt 5.14; At 20.28).
CONCLUSÃO
Apesar de o modo simbólico e visionário de Apocalipse criar uma ambiguidade de
sentido para muitos, este livro de fato mostra uma descrição da realidade nunca vista antes. É
um livro que revela claramente o senhorio e a soberania de Jesus Cristo, e mediante esse fato
contém tanto avisos de julgamento para os rebeldes como promessas de bênçãos para os fiéis.