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LIÇÃO 3
OS SALMOS PENITENCIAIS
TEXTO ÁUREO: “Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado.” (Salmo 32.5)
LEITURA BÍBLICA: SALMO 51.1-13
INTRODUÇÃO Tradicionalmente, sete salmos são considerados penitenciais, a saber: 6, 32, 38, 51, 102, 130 e 143, mas, de todos estes, sem dúvida o mais representativo é o salmo 51, tanto devido ao seu contexto histórico como à forma exemplar em que descreve a experiência do pecador penitente – desde o seu senso de pecado e sua contrição e arrependimento pela ofensa causada a Deus, passando pela humilde e sincera confiança na misericórdia e bondade divinas, que o inspiram a confessar seu pecado e buscar o perdão; até finalmente a celebração da paz e felicidade encontradas na certeza de que o Senhor sem falta estenderá a Sua graça a todos os que sinceramente confessarem o seu pecado.
I – A CONFISSÃO DO PECADO (SL 51.1-6) A epígrafe do salmo 51 fornece duas importantes informações sobre o contexto desta composição: é um salmo de Davi e está relacionado à ocasião em que o rei, depois de ter pecado no caso de Bate-Seba e Urias, recebeu o profeta Natã em sua corte, o qual, usando de uma parábola, fez o rei cair em si quanto à gravidade do seu pecado e confessá-lo, a fim de que não perecesse, mas antes alcançasse o perdão de Deus (cf. 2 Sm 11.1-7, 13). Não obstante a gravidade do pecado cometido pelo rei, e as terríveis conseqüências que se seguiram sobre a casa de Davi e sobre o seu reino, não podemos ignorar que o seu pecado foi perdoado, uma vez que Davi se humilhou e se arrependeu de imediato, tão logo despertado do seu torpor pelo Espírito de Deus; e o salmo em estudo compreende toda essa experiência da graça divina. Dito isto, a primeira coisa a considerarmos no salmo é que o pedido de perdão, com que o texto se inicia, deriva-se de um profundo senso da gravidade do pecado cometido pelo salmista, que ele confessa aqui, e que o abatia e amargurava continuamente, nada, senão o perdão divino, podendo apaziguar o seu coração (v. 3). Em outras palavras, Davi não folgou em momento algum com o pecado, mas, como expressa em outros salmos, o pecado lhe pesava na consciência como uma enfermidade que acometia todo o corpo, e que somente Deus poderia curar (Sl 38.3-8; cf. Sl 32.3-4, 10); do contrário, morreria em razão dela (cf. Sl 102.2-7, 9-10; 143.7). E o maior agravante do pecado não é o abatimento da consciência do próprio pecador, ou ao dano causado ao próximo – como o foi no pecado em questão – mas sim a ofensa que representa ao próprio Deus: “Contra ti, contra si somente pequei, e fiz o que a teus olhos é mau” (v. 4). Mas, por outro lado, Davi reconhece que o pecado, longe de afetar a Deus, apenas exalta ainda mais a Sua santidade e justiça, revelando a verdadeira condição do homem perante o Juiz de toda a terra, sua total culpabilidade pelos seus atos e sua dependência absoluta da misericórdia e graça divina para ser salvo (cf. Sl 6.1; 130.1-4; 143.1-2). Consideremos que, ao invés de justificar o seu pecado, ou culpar a Deus pela sua transgressão, o salmista admite que o pecado em questão é apenas uma prova de sua natureza intrinsecamente pecaminosa, nada de bom podendo produzir por conta própria: “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe” (v. 5); por sua vez, Deus não falta ao homem mesmo estando este em tal condição, mas antes o faz conhecer as maravilhas da Sua lei, e o que requer deste para que seja aceito perante o Senhor (v. 6).
II – A SÚPLICA PELO PERDÃO E RESTAURAÇÃO (SL 51.7-12) Sendo então lançado o fundamento da confissão e reconhecimento do pecado, o salmista retoma a súplica, apresentada brevemente no início do texto, para ampliar ainda mais a importância do perdão e fazer sua súplica ainda mais fervorosa perante o Senhor. Consideremos primeiramente que, não podendo contar com mérito próprio, entre Deus e o salmista havendo somente a culpa e o merecido castigo do seu pecado, este apela para a misericórdia divina, pois confia na benignidade e está certo de que, a partir desta natureza maravilhosa de Deus, fluirá abundante misericórdia (v. 1; cf. Sl 6.4; 130.7-8). A misericórdia produzirá para o salmista tanto o perdão – isto é, a liberação da dívida e da punição devida ao seu pecado (v. 9); como também a purificação – ou seja, a imputação da justiça que é segundo a graça, da santidade divina que, simbolicamente e ritualmente era obtida pela aspersão do sangue do sacrifício, pela qual o pecador tornava-se apto a ter comunhão com Deus (vv. 2, 7; cf. Hb 9.18-22; 1 Jo 1.6-9). A tristeza que o abateu até o mais profundo do seu ser enquanto guardava o pecado consigo, o salmista pede agora que Deus a substitua pela verdadeira alegria, aquela que se obtém apenas pelo perdão do pecado – na figura já considerada antes, pela cura da enfermidade dos ossos (v. 8) – que, em outro salmo, é chamada de bem-aventurança daquele que tem o seu pecado perdoado (cf. Sl 32.1-7). Consideremos também o senso de privação da graça que acometeu o salmista, e a urgência com que pede a Deus que tornasse a criar nele, após perdoá-lo, para que não caísse novamente (vv. 10-12). Visto que todo pecado vem de dentro, nascendo no coração ou espírito que se inclina para a carne, isto é, para a natureza do homem caído, somente um coração puro ou espírito reto, uma consciência renovada pela graça de Deus será capaz de obedecer a Deus – em outras palavras, somente o homem em quem há o Espírito de Deus se inclina para as coisas de Deus (Sl 143.10; cf. Rm 8.5).
III – TESTEMUNHO, LOUVOR E GRATIDÃO (SL 51.13-19) Em testemunho ao seu real arrependimento e conversão, bem como em gratidão e louvor a Deus pelo perdão recebido, o salmista declara que se empenharia em converter a outros através do seu próprio testemunho. Ao mesmo tempo, Davi não deseja mais em momento algum ser abandonado ou privado da graça de Deus, e pede que, mesmo estando restaurado, o Senhor o livre, pois sabe quão grande batalha deverá continuar travando contra o pecado e contra os pecadores (v. 14; Sl 6.8; 38.18-22); assim, poderá sempre louvar ao Senhor (v. 15). Certo de que o perdão de Deus não pode ser alcançado por boas obras ou por merecimento, o salmista reconhece ainda sua incapacidade de oferecer a Deus, em gratidão, outro sacrifício além do fruto do seu próprio coração sincero e quebrantado – não porque considerasse o rito dispensável, mas porque sabia que os sacrifícios que se ofereciam segundo a lei deviam corresponder à realidade de um coração sincero e piedoso por parte do ofertante, do contrário, Deus os desprezaria (v. 16-19; cf. Is 1.11-18).
CONCLUSÃO Como um salmo penitencial, o salmo 51 ilustra que o caminho do pecador em direção à graça do perdão e da restauração passa por um reconhecimento e confissão do seu pecado, pelo desejo sincero e anelo pela graça de Deus e seus benefícios, e por uma gratidão que se expressa pela gratidão e testemunho da misericórdia divina aos seus semelhantes, a fim de confirmá-los na obediência ou leválos ao arrependimento e perdão de Deus.
PARA USO DO PROFESSOR
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