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LIÇÃO 4
OS SALMOS HISTÓRICOS
TEXTO ÁUREO: “Louvai ao Senhor ! Louvai ao Senhor , porque ele é bom, porque a sua benignidade é para sempre. Quem pode referir as obras poderosas do Senhor ? Quem anunciará os seus louvores?” (Salmo 106.1-2)
LEITURA BÍBLICA: SALMO 78.1-7
INTRODUÇÃO A história de Israel é um vivo e claro testemunho do poder, bondade e providência de Deus em favor do Seu povo. Ao recontar esses acontecimentos passados, o salmista tanto desejava inspirar nas gerações seguintes o louvor ao Senhor pelas grandes coisas que Ele havia feito para salvar Israel, como também exortá-los a confiarem no mesmo Deus que havia trabalhado pelos seus pais, e alertá-los quanto às conseqüências da desobediência e incredulidade, que seus pais também experimentarem em razão de seus repetidos fracassos. Nesta lição, procuraremos extrair alguns ensinamentos dessas memórias históricas de Israel, registradas em diversos salmos, especialmente no 78.
I – A ELEIÇÃO DE ISRAEL (SL 78.1-7) Além do seu caráter histórico, este é também um salmo sapiencial – o que se evidencia tanto pelo cabeçalho como pela palavra introdutória: “Escutai a minha lei, povo meu”. O propósito de Deus, ao recontar, através do salmista, a história das gerações passadas Seu povo, é que as gerações seguintes aprendam a amar a Sua lei e colham, em sua própria história, os frutos da obediência de que seus pais se privaram por tantos e longos anos de rebeldia. Por isso também o salmista fala das memórias do antigo Israel em termos de “parábolas” e “enigmas” – porquanto esses acontecimentos, registrados para nossa instrução, contêm preciosas lições sobre a importância de se obedecer a Deus, bem como ilustram o mistério da salvação que, a despeito de ser anunciada e proposta por Deus aos homens, muitas vezes não é correspondida e permanece oculta ao seu entendimento (cf. 1 Co 10.11-12; Mt 13.11-15, 34-35). Notemos que, embora muitas vezes as obras de Deus na história de Israel sejam manifestações da Sua ira contra a desobediência do Seu povo, na forma de terríveis castigos e repreensões, o salmista refere todos estes feitos como “louvores do Senhor”, a “força e as maravilhas que fez”. O Senhor foi louvado tanto na salvação e livramento daqueles que n’Ele confiaram como também no castigo e destruição dos desobedientes e ímpios, em ambos revelando as perfeições do Seu caráter santo, justo e bondoso (cf. Rm 9.22-24). Ao mesmo tempo, tais obras poderosas sendo realizadas em Israel de acordo com o seu andar diante do Senhor, é um claro testemunho de que este povo havia sido escolhido por Deus: “Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pôs uma lei em Israel”. De fato, em favor de Israel, o Senhor havia manifestado as Suas grandes obras na forma de juízos contra outros povos, como os egípcios e cananeus, repreendendo-os e protegendo os Seus eleitos enquanto peregrinavam entre eles, e finalmente entregando-os em suas mãos (cf. Sl 105.1, 5-7, 12-15, 17-22, 26-27, 42-45). Considerando as duras aflições que as gerações passadas haviam sofrido em razão da sua desobediência, o salmista considera a importância de recordar essa história, mas à luz do fato de que tudo isto poderia ter sido evitado se os pais tivessem obedecido à palavra de Deus; e que, sendo ordem do próprio Deus incutir nos filhos a importância da obediência, o salmista desejava também despertar na sua geração e nas seguintes a certeza de que poderiam receber abundantes e as mesmas bênçãos prometidas por Deus aos pais, desde que não seguissem os caminhos tortuosos destes últimos: “Para que pusessem em Deus a sua esperança, e não se esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos” (cf. Dt 11.18-21; Sl 106.1-5).
II – A DESOBEDIÊNCIA DE ISRAEL (SL 78.8-16, 33-41, 56-61) Mas, lamentavelmente, a primeira lição a que chegamos ao relembrar a história dos pais, é a do alto preço que pagaram pela sua desobediência. O salmista não diminui a gravidade dos pecados cometidos pelo seu povo, apontando a insensatez daquela geração: “geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo espírito não foi fiel para com Deus”; a voluntariedade com que seu coração se desviou do Senhor: “recusaram andar na sua lei”; e a ingratidão diante dos sinais realizados em seu favor: “esqueceram-se das suas obras e das maravilhas que lhes fizera ver”. E assim vai ficando visível, a ponto de se tornar vergonhoso para as gerações seguintes, como, a cada episódio da sua trajetória, desde a saída do Egito até a chegada em Canaã, cada demonstração de misericórdia para com os pecados passados e de bondade e disposição em aceitá-los novamente, Deus é correspondido com renovada incredulidade, afronta e apostasia: “E ainda prosseguiram em pecar contra ele”, “com tudo isto ainda pecaram”, “contudo, tentaram e provocaram o Deus Altíssimo, e não guardaram os seus testemunhos” (Sl 78.17, 32, 56). É importante notar também que toda esta denúncia da perversidade de Israel é feita com o propósito de louvar a misericórdia e paciência de Deus; de fato, as repreensões e castigos enviados contra o povo toda vez que este pecava tinham o propósito de reconduzi-los ao Senhor, de modo que, mesmo sob a opressão dos seus inimigos, Deus não permitia que fossem totalmente destruídos: “Pondo-os ele à morte, então, o procuravam; e voltavam, e de madrugada buscavam a Deus” (Sl 78.34). E isto sabendo Deus que agiam de má fé, apenas desejosos de se livrarem do mal que os afligia, mas seus corações prontos a se afastar d’Ele novamente na primeira oportunidade: “Todavia, lisonjeavam-no com a boca e com a língua lhe mentiam. Porque o seu coração não era reto para com ele, nem foram fiéis ao seu concerto.” Que eram merecedores de sofrerem as consequências últimas dos seus pecados, isto o salmista não nega, e por isso atribui a preservação do povo, não aos seus surtos de desespero que os levavam a buscar a Deus, mas à misericórdia divina (Sl 78.38-39; cf. Sl 106.23, 43-46).
III – O PROPÓSITO DE DEUS PARA COM ISRAEL (SL 78.67-72) Depois de desenvolver extensamente o tema da desobediência de Israel e misericórdia de Deus, o salmista de certo modo retorna ao tema inicial da eleição, chegando a uma conclusão – todas as coisas, tanto a longa caminhada de tropeços do Seu povo como as inúmeras intervenções divinas em sua história têm um propósito claramente visível na forma como a história de Israel se desenvolveu. Em consonância com a Sua justiça, o Senhor julgou as gerações passadas que pecaram, até que, eventualmente, rejeitou aqueles que, segundo a carne, pertenciam a Israel: “Além disto, rejeitou a tenda de José e não elegeu a tribo de Efraim”. Isto abriu caminho para que se manifestasse o propósito oculto, prenunciado no chamado dos patriarcas, mas especialmente ilustrado na vocação de Davi para apascentar Israel, de que somente os eleitos seriam salvos (cf. Sl 105.5-6, 8-11), sendo a eleição divina do povo de Deus algo tão certo, e motivo de tanto louvor e júbilo perante o Senhor, quanto as obras de Deus manifestas na criação (cf. Sl 135.4-13).
CONCLUSÃO Os salmos históricos resumem a história de Israel destacando a salvação poderosa de Deus nas obras e maravilhas realizadas em favor do Seu povo, e testemunhando que nem mesmo a fraqueza humana diminui ou encobre a glória de Deus, mas antes enseja que o Seu propósito, até então oculto, se manifeste, na forma de misericórdia para com aqueles que, segundo a eleição da graça, se arrependem e não seguem os caminhos tortuosos dos pecadores.
PARA USO DO PROFESSOR
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