LIÇÃO 1
A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA CRISTÃ
TEXTO ÁUREO: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem”. (Ec 12.13)
LEITURA BÍBLICA: MATEUS 5.17-20
INTRODUÇÃO
Neste trimestre nos voltaremos para um tema polêmico quando levantado para discussão, mas com o qual nos defrontamos o tempo todo em nossas vidas: Ética. Além disso, vivemos numa época cujo interesse pela ética se percebe na medida em que os debates nos meios de comunicação, as políticas implementadas pelas autoridades e até mesmo o comportamento em grupo e individual são delineados com vistas a se conformar a algum padrão do que seria o “certo”, o “bom”, e a se evitar o “errado”, o “mau”. Nesta lição, vamos definir a ética – ou, mais propriamente, a ética cristã, não apenas como uma área dos estudos bíblicos e teológicos, mas como uma ferramenta, um método para aprofundarmos nossa compreensão dos valores bíblicos – divinos e imutáveis – pelos quais devemos nos orientar nas coisas em que os homens alheios ao Deus vivo o fazem conforme as conveniências do momento.
I – A ÉTICA DOS HOMENS E A ÉTICA CRISTÃ
1) Uma definição. Podemos definir ética como o estudo dos princípios e razões que devem nortear o comportamento humano em todos os níveis, permitindo identificar as ações como “certas” e “erradas”, “boas” e “más”. O ser humano é naturalmente inclinado a analisar seus próprios atos e os dos outros à luz da possibilidade de aprovação ou reprovação – seja da parte de Deus, de si mesmo, ou de outros. Há uma razão maior por trás de cada ato, que o ato e suas consequências não explicam por si mesmas. A ética procura elucidar essa questão – por que o homem se comporta desta ou daquela maneira, ou antes por que ele julga certo ou errado comportar-se desta ou daquela maneira. 2) A ética dos homens. Mesmo separado da vida divina em razão do pecado, o homem ainda traz dentro de si um senso comum do que é certo e errado e de que de alguma forma deverá prestar contas por agir contra ou ter se portado abaixo do que considerava ideal. Esse senso é chamado de “consciência” e, na verdade, é o mais forte testemunho que o homem natural possui de que é a Deus que ele terá de responder um dia por todos os seus atos (cf. Rm 2.12-16; Ec 12.13). Contudo, o pecado dominou-o de tal forma que muitas vezes prevalece e o leva a violar os ditames da sua própria consciência, até que, eventualmente, o que resta desse senso moral implantado por Deus é minado ou cauterizado, e o certo e errado passa a ser aquilo que convém à sua própria conveniência, ou a de outros (cf. Pv 14.12). Ou, pior ainda, depois de violar muitas vezes suas próprias consciências, e pressionados pelo peso da culpa, tudo o que alguns conseguem é hipocritamente imputar aos outros os seus próprios pecados, na esperança de que, corroborando com palavras a ética que não praticam, poderão escapar à condenação (cf. Rm 2.1-6). 3) A ética cristã. O testemunho de Deus na consciência pode não ser mais suficiente, em razão do pecado, de trazer ao homem plena consciência do seu dever para com o Criador, muito menos disposição e força para agir de acordo com esse dever. Mas resta a verdade de que a nossa conduta neste mundo interessa a Deus, pois Ele nos faz lembrar, pela natureza das coisas criadas, que somos obra de Suas mãos e, pela consciência, que podemos agradá-l’O ou aborrecê-l’O de acordo com a nossa conformidade ou desacordo com o propósito para o qual Ele nos criou (cf. Rm 1.20-21; At 17.24-27). Para o cristão, as Escrituras Sagradas são o testemunho mais evidente e inequívoco de que existem valores pelos quais devemos regrar nossa conduta, se desejarmos agradar a Deus e assim apaziguar nossas consciências (cf. Ex 19.5; 2 Co 5.5). E por isso é do interesse de todo crente não apenas indagar e definir quais são esses valores, mas sinceramente aplica-los primeiro em sua vida, para então – e somente então – ensinar a outros (cf. Ed 7.10).
II – CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA CRISTÃ
1) A ética cristã é bíblica. O fundamento de uma investigação sobre os valores que integram a ética cristã é única e exclusivamente a Bíblia – as Escrituras Sagradas. Por “bíblica”, queremos dizer, em primeiro lugar, que a ética cristã é divina, porque Deus é bom, santo, justo e reto, e n’Ele não há nada de contrário a tudo isto (cf. 1 Jo 1.5; Hc 1.13). Logo, somente Deus pode definir o que é “certo” e “errado”, “bom” e “mau”, etc. Segundo, por “bíblica” queremos dizer que, como as Escrituras Sagradas são a revelação objetiva de Deus aos homens, é nelas que encontraremos os princípios e razões que definem a ética cristã (2 Tm 3.16; Tt 2.11-12). E, terceiro, por serem as Escrituras completas no que diz respeito à salvação, todos os princípios e valores necessários para estabelecer uma sólida e abrangente ética cristã podem ser deduzidos exclusivamente a partir da palavra de Deus. 2) A ética cristã é imutável. Deus não muda. Sua palavra aos homens também não muda, porque nossas necessidades mais profundas e vitais não mudam (cf. Mt 24.35). Costumes e cuidados da vida vêm e vão, mas as grandes questões morais permanecem as mesmas. Uma ética relativista, conciliatória, pragmática ou maleável como é a ética dos homens, na verdade apenas tranquiliza seu coração quanto às suas violações da lei divina e o impede de encarar as verdadeiras questões da vida. A ética cristã põe o homem diante da realidade suprema do Deus vivo, cujo poder é revelado na grandeza da criação, e cuja justiça e juízo verdadeiro são continuamente lembrados pela voz da consciência.
III – O COMPROMISSO CRISTÃO COM A ÉTICA
1) O compromisso cristão com a ética dos homens. Enquanto um reflexo pálido da lei divina estampada nos corações e deduzida a partir do senso comum e natural acessível a todos os homens, a “ética comum”, por assim dizer, é louvável (cf. At 10.1-4). Por ela Deus, na Sua providência e benignidade, tem preservado e prosperado sociedades, famílias, governos, mesmo sem o conhecimento salvífico do Evangelho. O cristão não está menos comprometido com essa ética natural do que com a ética propriamente bíblica; antes, é aqui que ele tem um ponto de contato para dar testemunho dos seus valores morais, onde os infiéis poderão reconhecer as suas boas obras e, glorificando a Deus, receber a revelação ética mais completa do Evangelho (cf. Mt 5.13-14; 1 Co 10.31-32). 2) O compromisso cristão com a ética de Deus. Por outro lado, a obrigação do cristão para com a ética esposada pelo homem natural termina onde esta se afasta dos valores, das razões e dos propósitos divinos – ou, pior ainda, quando é distorcida para se opor à ética bíblica. Desde as razões mais sutis e enganosas até o uso da força e da coação já foram usados em nome da ética. O cristão deve estar consciente de que os mesmos homens que podem ser impressionados pelo nosso testemunho também podem nos aborrecer precisamente por causa desse testemunho, pois, ao mesmo tempo que a ética cristã é tão consistente com o testemunho da consciência, merecendo o louvor até dos mais impenitentes; ela também expõe a negligência, mesmo a rebeldia, do coração incrédulo à lei de Deus, lembrando-o da terrível verdade de que terá de prestar contas dos seus atos, e provavelmente será achado em falta (cf. At 5.27-29; Jo 15.18-21; Mt 10.28; Tg 4.4).
CONCLUSÃO
Enquanto a ética dos homens pode ser apenas um objeto de estudo por pessoas desinteressadas em comprometer-se com os princípios mais elementares do senso comum; a ética cristã se impõe ao fiel como um forte senso de dever para com o Criador, e conhecê-la através da sua fonte infalível – as Escrituras – é a melhor forma de se assegurar de que ele saberá o que tem de fazer, mesmo quando estiver diante das incertezas do relativismo moral dos homens; ou de que o fará ainda que pressionado a agir de modo contrário ao que sua consciência para com Deus afirma seguramente que deve fazer.
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