LIÇÃO 13
A REPARTIÇÃO E OS LIMITES DA NOVA TERRA
TEXTO ÁUREO: “Quando, pois, repartirdes a terra por sortes em herança, oferecereis uma oferta ao Senhor, um lugar santo da terra; o comprimento será de vinte e cinco mil canas, e a largura, de dez mil; este será santo em todo o seu contorno ao redor.” (Ez 45.1)
LEITURA BÍBLICA: EZEQUIEL 47.1-12
INTRODUÇÃO Os capítulos finais de Ezequiel, que estudaremos nesta última lição do trimestre, completam a visão escatológica da restauração do povo eleito. Sob o simbolismo da nova cidade-templo foram representados diversos mistérios da comunhão e das bênçãos divinas desfrutadas sob o Novo Concerto. Agora veremos o impacto dessa restauração no seu aspecto mais amplo e final, quando toda a estrutura da criação, gradualmente aperfeiçoada pela realização dos propósitos divinos, cederá lugar aos novos céus e nova terra aguardados pelos fiéis, onde estes poderão desfrutar de plena glória e justiça eterna.
I – A DEFINIÇÃO DA NOVA TERRA (CAPÍTULOS 45 E 46) O capítulo 45 começa descrevendo os limites da habitação do povo de Deus para além do santuário – uma nova terra onde não haveria mais injustiça, e nem sacerdotes e levitas, nem príncipes, nem o resto do povo, seriam de qualquer forma prejudicados ou receberiam menos do que o justo. Como aqui também se trata de coisas espirituais, consideremos que, em primeiro lugar, a palavra sugere que a restauração do povo eleito implica na criação de novos céus e nova terra, onde somente eles habitariam seguramente e nunca mais temeriam as vicissitudes da velha criação – verdade essa desvendada já em outros profetas, mas declarada abertamente no Novo Testamento (cf. Ap 21.1; Is 65.17). Sob um aspecto figurado, a repartição da terra pelos sacerdotes e levitas, pelo príncipe e pelo resto do povo de tal modo que não houvesse mais lugar para injustiças sugere exatamente isso. Todos teriam a sua sorte designada por Deus de tal modo que seria condizente com suas funções e sua posição na nova ordem das coisas. Lembremos que os príncipes nunca receberam uma parte especial da terra em função de sua responsabilidade sobre o povo, e muitos deles foram levados pela ganância a cometer grandes injustiças contra os seus súditos nesse particular (cf. 1 Rs 21.1-4). Do mesmo modo, os levitas e sacerdotes originalmente foram espalhados entre as tribos de Israel, uma vez que o santuário, na ocasião da conquista e distribuição da terra, não tinha lugar permanente (cf. Js 21.1-8). Jerusalém como local escolhido para a casa de Deus de certo modo representava um obstáculo para os filhos de Levi que moravam entre as tribos mais distantes, o que certamente se agravou com a divisão das tribos. Contudo, os fiéis habitariam numa nova terra, onde ninguém seria prejudicado pelo próximo, pois todos teriam a porção devida. Para que o culto divino não fosse afetado pelo afastamento dos seus ministros, todos eles – levitas e sacerdotes – teriam uma porção junto ao próprio santuário (vv. 4-5). O príncipe, recebendo também uma porção justa, não teria razão para cobiçar, muito menos lançar mão de meios escusos para obter as terras do povo. Ao invés de oprimi-los para aumentar suas próprias riquezas, ele haveria de ofertar da sua abundância ao Senhor Deus, e o povo concorreria de bom grado para tornar essa oferta grandiosa (v. 16). Notemos ainda um detalhe interessante: o príncipe assumiria um aspecto característico da função sacerdotal, que era o de assumir o lugar de todo o povo na apresentação de constantes ofertas ao Senhor: “E estarão a cargo do príncipe os holocaustos, e as ofertas de manjares, e as libações, nas festas, e nas luas novas, e nos sábados, e em todas as solenidades da casa de Israel” (v. 17). Esta é uma função que condiz com a obra de Cristo Jesus que, sendo o verdadeiro descendente de Davi, que se assenta no seu trono e reina eternamente, também é o legítimo sacerdote na ordem de Melquisedeque constituído por Deus para interceder pelo Seu povo (cf. Lc 1.31-33; Hb 5.1-6). As Escrituras se voltam novamente para o santuário para retrarar que o culto divino nunca mais será abandonado. O padrão ainda é o mesmo instituído sob o Antigo Concerto, pois é nos termos dessa revelação que o povo no cativeiro compreenderia a mensagem divina. Por isso se fala nos dias de trabalho e no sábado como o dia próprio de culto; contudo, a idéia é de que o culto será seguido em sua ordem devida, de acordo com os sábados, e as solenidades e luas novas. É importante notar também um aspecto da revelação divina nesta passagem que é retomado em outros profetas e depois na revelação joanina: todos os habitantes da terra adorarão, de tal modo que mesmo os povos mais distantes virão até o santuário para se prostrar perante o Senhor (cf. Is 66.22-23; Zc 14.16; Ap 21.24-26).
II – A FONTE DAS ÁGUAS PURIFICADORAS (47.1-12) A cena seguinte mostra uma característica peculiar do novo templo e dos seus arredores: ao contrário do templo anterior edificado por Salomão, e de qualquer outro que seria erguido no futuro por mãos humanas, o templo da visão comporta uma nascente de águas que flui desde o seu interior em direção ao oriente e que o profeta é convidado a examinar de perto. Ao contrário de uma corrente de águas natural, sem ser alimentado por qualquer afluente, esse rio torna-se cada vez mais profundo e volumoso na medida em que suas águas se afastam do santuário. As águas têm um destino definido: “saem para a região oriental, e descem à campina, e entram no mar”, provavelmente o mesmo que conhecemos hoje como “Mar Morto”, pois as águas correntes, “sendo levadas ao mar, sararão as águas” que, pelo seu alto teor salino, eram impróprias para a vida. Assim o mar se tornará abundante de vida, de tal modo que se tornará um novo local de trabalho para os pescadores (v. 10). Tendo o cuidado de lembrar que se trata de uma mensagem espiritual, não é difícil entender que aqui temos uma referência à vida e graça abundantes que Deus propõe derramar sobre Seu povo mediante a sua restauração, após se arrependerem dos seus pecados e invocarem a salvação do Senhor (cf. Jl 2.28-32; At 2.38; Sl 46.4). É a água da vida eterna, que sacia a sede da alma não apenas do fiel, mas, na forma do testemunho do evangelho, jorra e flui até outros, como que vivificando a terra para produzir árvores frutíferas e purificando águas paradas e estéreis para que sejam cheias de vida (cf. Jo 4.14; 7.37-39; Ap 22.1-2, 17).
III – A HERANÇA DO NOVO ISRAEL (47.13 A 48.35) A visão termina tratando da repartição da terra entre todas as tribos de Israel, numa clara indicação de que, ao contrário das consequências físicas irreversíveis da destruição das tribos do norte, todo o Israel seria restaurado à sua terra, pois o concerto de Deus com o Seu povo permanece firme, e Ele conhece os que são Seus entre todas as tribos. Mas consideremos também que, desta vez, os gentios também entram na contagem do povo, recebendo herança assim como natural – e isto não poderia se cumprir de outro modo, senão na reconciliação selada em Cristo Jesus. É Ele quem estabeleceu a nossa paz, tanto com Deus como entre judeus e gentios, formando dos dois um só povo, uma só família de Deus e que, no âmbito do reino celestial, mantém sua perfeita identidade com as doze tribos de Israel (cf. Rm 11.1-7, 25-26; Ef 2.11-16; Ap 7.4; 21.12).
CONCLUSÃO A visão final registrada em Ezequiel se assemelha em muitos aspectos àquela registrada nos capítulos finais de Apocalipse, e serviu tanto aos nossos irmãos no cativeiro como serve a nós mesmos. Sem dúvida, o propósito do Espírito de Deus era e é o de fortalecer a esperança e paciência dos fiéis para que suportem suas provações por um pouco de tempo, até que os novos céus e a nova terra pelos quais ansiamos sejam trazidos à luz, suplantando esta presente era de injustiças, e possamos desfrutar de verdadeira e permanente justiça, paz e alegria na presença de nosso Deus e Senhor.
PARA USO DO PROFESSOR
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