11 setembro 2020

011-Tito e as Igrejas de Creta - Cartas Pastorais Lição 11[Pr Afonso Chaves]08set2020

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LIÇÃO 11 

TITO E AS IGREJAS DE CRETA 

TEXTO ÁUREO: “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam” (Tt 1.5). 

LEITURA BÍBLICA: TITO 1.5-16 

INTRODUÇÃO A partir desta lição, iniciaremos o estudo da Epístola de Paulo a Tito. É a terceira das epístolas pastorais e, à semelhança das duas a Timóteo, é particularmente importante pelos conselhos e orientações dirigidas aos obreiros sobre o fiel exercício do ministério e o cuidado com a igreja de Deus. Alguns tópicos podem já ter sido considerados nas epístolas anteriores, mas, por outro lado, aqui encontraremos também reflexões singulares sobre aspectos da doutrina e da prática cristã que fazem essa breve carta merecer o lugar que ocupa no cânon sagrado. 

I – TITO, UM FILHO NA FÉ (VV. 1-4) Assim como Timóteo, Tito era um dos muitos filhos na fé que o apóstolo Paulo havia gerado. Encontramos algumas referências à sua pessoa fora da epístola, mas parece que ele já acompanhava o apóstolo antes da segunda viagem missionária, durante a qual o jovem Timóteo seria notado e admitido ao grupo missionário; de fato, nós o encontramos na companhia de Paulo e Barnabé em uma viagem a Jerusalém, talvez por ocasião do concílio realizado nessa cidade (Gl 2.1-3; At 15). Notamos ainda que, ao contrário de Timóteo, Tito era gentio e o apóstolo não permitiu que fosse circuncidado, a fim de manter firme a verdade do evangelho, de que os gentios são admitidos à herança do povo de Deus juntamente com os judeus exclusivamente pela fé em Cristo Jesus. Paulo tem grande afeto por Tito, tanto por ser seu verdadeiro filho na fé, como também pela sua fiel cooperação na obra de Deus, e em mais de uma ocasião expressa a grande falta que este obreiro fez ao seu ministério (cf. 2 Tm 4.10; 2 Co 2.12-13). Em outras passagens também encontramos testemunho acerca do seu zelo e interesse sincero pela igreja de Deus (2 Co 7.5-6, 13-14; 8.2, 16, 23), assim como do seu cuidado em andar nas mesmas pisadas do apóstolo (2 Co 12.18). O cabeçalho desta epístola contém vários elementos doutrinários importantes, sobre os quais não podemos nos estender, mas que gostariamos de destacar em breves palavras. Notemos como o apóstolo aqui resume o mistério da piedade referindo-se, primeiramente, à soberania divina na salvação: “a fé dos eleitos de Deus”; depois, à natureza transformadora do caráter inerente ao conhecimento do evangelho: “o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade”; ao fundamento inabalável da salvação na certeza da vida eterna: “em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos”; e ao desvendamento desse grandioso propósito através da pregação, da qual o próprio Paulo havia sido constituído seu principal arauto: “a seu tempo, manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus”. 

II – O MINISTÉRIO E A ORDENAÇÃO DAS IGREJAS (VV. 5-9) Como o escritor nos diz expressamente, Tito havia sido deixado na ilha de Creta para que pusesse em boa ordem as coisas que ainda restam, em uma missão semelhante à de Timóteo. Parece, contudo, que as igrejas de Creta eram relativamente mais novas que as da Ásia Menor, a ponto de carecerem inclusive de um ministério constituído. Creta é a maior ilha do mar Egeu e, à semelhança de Chipre, grande o suficiente para comportar algumas cidades, como Salamina, Pafos e Fenice (cf. At 13.4-6; 27.12). Contudo, não a encontramos em nenhum itinerário do apóstolo durante suas viagens missionárias, exceto quando, já como um preso, foi encaminhado a Roma – ocasião em que o navio em que navegava passou rapidamente por alguns lugares costeiros da ilha (cf. At 27.12, 13). Não sabemos quando Tito teria sido deixado ali, mas sua missão seria rápida, pois, segundo consta, Paulo encaminharia alguém para substituí-lo a fim de que esse obreiro pudesse ir ter com ele em Nicópolis (Tt 3.12). Pois bem, a preocupação do apóstolo com as igrejas em Creta era que, como igrejas recentemente estabelecidas, essas comunidades precisavam se organizar em torno do evangelho que ele já lhes havia pregado. Tito estava ali para ajudá-las nesse sentido, mas isto só seria possível com o estabelecimento de presbíteros – homens que zelassem pelo ensino e a aplicação da doutrina evangélica na comunidade (cf. 2 Tm 2.2). Com efeito, nenhuma igreja jamais poderá subsistir sem um ministério sinceramente comprometido em servir às necessidades espirituais dos fiéis (Ef 4.11-14). Por esta razão, dentre os requisitos ou critérios aqui alistados para a admissão ao ministério pastoral, destacamos a firmeza em reter a palavra de Deus, pois assim o obreiro poderá admoestar com a sã doutrina e convencer os contradizentes – ou seja, lidar com os dois tipos espirituais básicos de almas que fazem parte da comunidade, e com suas respectivas necessidades. 

III – LIDANDO COM OS DESORDENADOS NAS IGREJAS (VV. 10-16) O fato de que o ministro do evangelho tem de lidar não apenas com crentes sinceros e fiéis, mas também com os insinceros e desordenados enseja uma explicação mais extensa de Paulo sobre a importância de se estar preparado para usar a sã doutrina nestes casos. Assim como na Ásia Menor, em Creta também havia falsos mestres, oriundos do judaísmo, que o apóstolo qualifica como “faladores, vãos e enganadores”, e que poderiam causar muito dano à igreja se não fossem confrontados, desmascarados em suas intenções e calados. Aqui vale o mesmo alerta feito a Timóteo, para que exortasse os fiéis a não darem ouvidos às fábulas judaicas, que só alimentavam contendas e a glória desses falsos mestres entre o rebanho de Deus. Nesse ponto, o apóstolo considera o argumento do que poderia ser um dos mandamentos dos mestres judaizantes: a proibição de ingerir certos alimentos sob a alegação de que, de acordo com a lei de Moisés, eram impuros. Ele já havia lidado com o mesmo problema na primeira carta a Timóteo, desqualificando esse tipo de prática como doutrina de demônios, quando imposta sobre os cristãos a pretexto de maior demonstração de santidade ou piedade. Ou seja, o propósito da lei mosaica não era impor uma abstinência de alimentos que, em si mesmos, não eram impuros, porquanto Deus criou todas as coisas para benefício dos fiéis (1 Tm 4.1-5). O evangelho deveria nos trazer maior consciência do propósito da criação e nos levar à compreensão de que a verdadeira pureza é interior, pela fé, e não exterior; e que aquele que é puro interiormente fará todas as coisas exteriores com pureza e santificação, sendo aprovado por Deus (Mt 15.10-11, 16-20; Rm 14.14); ao passo que aquele que está impuro por uma consciência contaminada jamais alcançará contentamento em realizar qualquer coisa, nem as mais isentas e legalmente consideradas “puras”, sendo condenado pela dúvida, ou pela malícia do coração, ou ainda pelo entendimento incorreto (Rm 14.22, 23). 

CONCLUSÃO Ainda aprenderemos várias coisas novas sobre a importância do ministério para o desenvolvimento da igreja e a grande responsabilidade que pesa sobre os ombros de cada obreiro. E que a repetição nesta breve carta daquilo que já sabemos desperte em nós o desejo de não apenas conhecer tais coisas, mas viver de acordo com elas.

PARA USO DO PROFESSOR 


AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.

APOIO
Rede Grata Nova de Evangelização
Rádio Net Grata Nova
Fundada em 29 março de 2009 por Moisés Moreira



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