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LIÇÃO 9
A VISÃO DO SACRIFÍCIO CONTÍNUO
TEXTO ÁUREO:
“E a visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira. Tu, porém, cerra a
visão, porque só daqui a muitos dias se cumprirá” (Dn 8.26).
LEITURA BÍBLICA: DANIEL 8.1-14
INTRODUÇÃO
A visão de Daniel que estudaremos hoje pode ser referida por diversos nomes nos estudos
escatológicos: “visão do carneiro e do bode”, “visão da abominação desoladora”, etc.
Aqui usamos apenas um
título pelo qual possamos distingui-la das demais na sequência das próximas lições, mas isto não quer
dizer que essa visão trate apenas do sacrifício contínuo, ou que não inclua vários outros elementos
importantes, inclusive pontos de ligação com as visões do capítulo 7 e seguintes.
I – A VISÃO DO CARNEIRO, DO BODE E DO CHIFRE PEQUENO (VV. 1-14)
Assim como no capítulo anterior, Daniel aqui também indica o tempo em que recebeu esta sua
segunda visão: “no ano terceiro do rei Belsazar”, ou seja, enquanto o império babilônico ainda subsistia na
figura do seu último rei e antes dos eventos narrados no capítulo 5.
Ele acrescenta ainda o detalhe de
que não se encontrava em Babilônia, mas “na cidadela de Susã, na província de Elão”, que ficava ao oriente
da Mesopotâmia, mais próxima da Média e da Pérsia.
A visão, contudo, se dá às margens do Ulai, que
era um afluente do rio Eufrates (sobre o qual Babilônia estava fundada), pois é nesta parte do mundo
que se cumpririam a maioria dos eventos figurados na presente revelação.
De um modo semelhante à primeira visão, a mensagem de Deus se apresenta mais uma vez de
forma simbólica, na figura de dois animais que, conforme ainda explanaremos, representam grandes
poderes que se levantariam na terra: o primeiro, semelhante a um carneiro com dois chifres que “dava
marradas” para o ocidente, o norte e o sul.
Estando diante do rio, este animal prevalece sobre todos os
outros.
O segundo, semelhante a um bode com um chifre entre os olhos, vem do ocidente a toda velocidade
e com grande força contra o carneiro e, ao confrontá-lo, derrota-o completamente.
Mas a grandeza deste
segundo animal dura pouco tempo, pois o chifre grande se quebra e, no seu lugar, surgem outros quatro
chifres, cada um voltado para uma direção (ou “para os quatro ventos do céu”).
Notemos que, assim como
na primeira visão, chifres aqui também representam reis ou reinos, e, neste caso, do começo ao fim, a
visão trata de reinos que entrarão em conflito ou que se sucederão, passando de um povo para outro.
Num momento seguinte da visão ocorre que, dentre os quatro chifres nascidos do bode, surge
um chifre muito pequeno, o qual se engrandece não somente contra as direções para as quais haviam se
voltado os primeiros chifres, mas “até contra o exército do céu” – que é uma referência ao governo soberano
de Deus, seja no céu ou na terra.
E a visão prossegue descrevendo os feitos profanos e abomináveis do
poder representado por esse chifre pequeno contra o reino de Deus: “a alguns do exército, e das estrelas,
lançou por terra, e os pisou”, “se engrandeceu até contra o príncipe do exército”, “por ele foi tirado o sacrifício
contínuo” e “o lugar do seu santuário foi lançado por terra”.
Por último, Daniel ouve o tempo em que
durariam essas aviltações contra o santuário e o exército do céu: “duas mil e trezentas tardes e manhãs”.
Mas a visão não se encerra com a parte simbólica e, na sequência, o profeta, perplexo, recebe de um
anjo, chamado Gabriel, a interpretação de tudo o que havia visto (este Gabriel aparecerá novamente nos
próximos capítulos e, sem dúvida, é o mesmo anjo enviado à Judéia, cerca de 400 anos depois de
Daniel, para anunciar o princípio do evangelho a Zacarias e a Maria).
II – A ASCENSÃO DOS IMPÉRIOS PERSA E GREGO (VV. 17-22)
De acordo com a interpretação de Gabriel, não restam dificuldades para entender que o carneiro
representa o império medo-persa, os chifres menor e maior caracterizando, respectivamente, a Média e a
Pérsia.
Bem sabemos que os reis persas ampliaram o território anteriormente conquistado por
Nabucodonosor, chegando até a Grécia, no ocidente. O bode, por sua vez, representa os próprios gregos
que, afrontados e ameaçados pelos persas, revidaram e, comandados por Alexandre (o rei primeiro,
simbolizado pelo chifre grande) avançaram até o coração do império persa e o subjugaram.
A forma brusca como terminou o reinado de Alexandre (que morreu ainda jovem) também está
retratada na visão, assim como a sua sucessão pelos seus quatro grandes generais, os quais dividiram
todo o território conquistado em quatro reinos e fundaram dinastias que por vezes até entraram em
conflito umas com as outras (como os seleucidas, no norte, e os ptolomeus, no sul) e que duraram até a
ascensão dos romanos.
Assim temos aqui maiores informações sobre a ascensão dos impérios medopersa e grego, que nos ajudam a entender melhor alguns detalhes já caracterizados na visão do capítulo
anterior (Dn 7.5-6 em particular).
III – O FIM DO SANTUÁRIO E DO SACRIFÍCIO CONTÍNUO (VV. 23-27)
Quanto ao chifre pequeno e suas assolações contra o exército do céu, a princípio poderíamos
também destacar semelhanças com o mesmo chifre pequeno que, na primeira visão, sobe dentre os dez
chifres do quarto animal; este, apesar de pequeno por natureza, ostenta de forma feroz e audaciosa o
poder que conquistou, a ponto de se ensoberbecer e combater contra o próprio Deus e o Seu povo, sem
que ninguém consiga impedi-lo, até que se cumpra o seu tempo, quando então “sem mão, será quebrado”.
Por outro lado, notamos também que a ascensão desse rei ou reino parece se dar num momento
muito anterior ao daquele representado pelo chifre pequeno da primeira visão (Dn 7).
Enquanto aquele
se levanta diante dos dez chifres, que representam o governo das nações; este se levanta no fim dos
reinos gregos fundados pelos generais de Alexandre. Muitos associam esse chifre a Antíoco Epifâneo,
um rei seleucida que, de acordo com a história, oprimiu terrivelmente o povo judeu em razão do seu
concerto com Deus, chegando até a profanar o templo em Jerusalém; mas ele reinou enquanto os gregos
ainda estavam no poder; e é importante notar que o chifre pequeno da visão se engrandeceu “até contra o
príncipe do exército”, ou seja, contra o próprio Messias, que é Jesus, e, em conexão com isto, “por ele foi
tirado o sacrifício contínuo, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra”.
Aqui temos uma descrição bastante
clara do que ocorreu nos dias em que os romanos dominavam o mundo, quando então nosso Salvador
foi rejeitado e crucificado sob o poder do império, bem como teve início de grande tribulação para os
fiéis, onde o Estado rapidamente se tornaria o maior patrocinador das perseguições e opressões contra
os cristãos.
Consideremos também que, pouco tempo depois da crucificação do próprio Jesus, foi o
mesmo império romano que cercou Jerusalém e a destruiu juntamente com o templo, profanando-o e
fazendo cessar os sacrifícios (cf. Mt 24.15).
Assim, esta visão lança luz sobre um dos muitos períodos de
assolação que o povo de Deus já sofreu, preparando-nos também para maiores detalhes que serão
revelados tanto sobre esse período como sobre o último tempo do fim.
CONCLUSÃO
A visão deste capítulo apresenta maiores detalhes sobre os tempos sombrios pelos quais o povo
de Deus muitas vezes precisa passar enquanto peregrina neste mundo.
Sejamos pacientes e entendamos
que todas estas coisas contribuem para o bom propósito de Deus para conosco, e que por fim Ele será
glorificado e a nossa parte no seu reino jamais será tirada.
PARA USO DO PROFESSOR
AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.
APOIO
Rede Grata Nova de Evangelização
Rádio Net Grata Nova
Fundada em 29 março de 2009 por Moisés Moreira
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