31 julho 2019

005-A Autoridade do Filho - Evangelho do Apóstolo João - Lição 05[Pr Afonso Chaves]30jul2019



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LIÇÃO 5
A AUTORIDADE DO FILHO


TEXTO ÁUREO:
“Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis” (Jo 5.20).

LEITURA BÍBLICA: JOÃO 5.1-15

INTRODUÇÃO
Na lição de hoje estudaremos o episódio da cura do paralítico que jazia junto ao tanque de Betesda e o discurso de Jesus que se seguiu a esse milagre. Mais uma vez, o propósito desta narrativa não é simplesmente o de mostrar o poder de Cristo em devolver a saúde física a um homem enfermo. 
A ocasião do milagre e o conteúdo do discurso revelam que Jesus havia realizado esta obra em estrita
obediência e consonância com a vontade do Pai, tal como somente o Filho poderia ter realizado.

I – JESUS E O PARALÍTICO (VV. 1-9)
Jesus está mais uma vez presente em Jerusalém, por ocasião de uma festa não identificada pelo evangelista que, desta vez, chama nossa atenção para um evento que se deu junto ao tanque de Betesda.
Ali, de tempos em tempos as águas eram movidas por um anjo e aquele que primeiro descesse até elas seria curado de suas enfermidades. Isto atraía grande multidão de “enfermos, cegos, mancos e ressicados, esperando o movimento da água”. 
Desnecessário dizer que, dessa grande multidão, apenas um seria curado, enquanto todos os demais permaneceriam doentes até que o evento miraculoso acontecesse novamente.
Este quadro nos mostra a terrível necessidade espiritual do povo judeu, refletida na proliferação de enfermidades físicas; ao mesmo tempo em que os recursos de que dispunham para encontrar alguma forma de alívio para suas aflições eram muito escassos.
Mas é a um dos menos afortunados naquelas condições que nosso Salvador volta Sua atenção.
Aquele homem que há trinta e oito anos se encontrava enfermo e acamado jamais poderia se beneficiar de um milagre tão esporádico e que exigia tanto esforço para ser alcançado. Por isso notemos também que, diferente da maioria das narrativas de milagres dos outros evangelhos, a iniciativa do milagre aqui pertence a Cristo, e não ao que é beneficiado pelo milagre, ou à fé pessoal deste no Salvador (compare Mt 9.20-22). Aquele homem enfermo parecia desesperado da própria cura, ao considerar suas limitações para alcançar as águas do tanque, e também ignorava o poder daqu’Ele que estava falando com ele.
Tudo o que Jesus lhe pergunta é se ele realmente queria ser curado: “Queres ficar são?” e, com uma  palavra, o enfermo é completamente restaurado à saúde: “Levanta-te, toma o teu leito, e anda”.
O fato de Jesus ter praticamente restaurado à vida um homem acamado, levantando-o da sua enfermidade crônica, em si já representa um grande sinal, como veremos no tópico III. 
Mas, no momento, o que chama a atenção dos judeus é a suposta violação do sábado, seja no homem levando a sua cama, seja no próprio Jesus tendo realizado o milagre.

II – JESUS E O SÁBADO (VV. 10-17)
Sob a autoridade daqu’Ele que o havia curado, o homem toma o seu leito e segue o seu caminho, ao que é lembrado pelos judeus de que aquele dia era sábado e, de acordo com sua excêntrica interpretação da lei, não podiam realizar nenhuma atividade que se assemelhasse a trabalho servil (compare Mt 12.1-2). 
Informados de que a ordem para levar o leito fora dada pelo mesmo que havia curado o homem, eles caem na hipocrisia de afirmar que nem o milagre se justificava no dia de sábado negando a própria finalidade para a qual esse dia havia sido consagrado por Deus, para o benefício do homem (Mc 2.27; Lc 13.11-16).
A resposta de Jesus aos seus contestadores: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”, aponta para duas coisas: primeiro, que Deus não precisa descansar e jamais interrompe a Sua obra no
mundo, inclusive no sábado (Is 40.28). 
De fato, Ele é o único que pode “violar” o sábado, por assim dizer, pois Ele está acima do sábado. Logo, tudo o que é feito em Seu nome ou sob Sua autoridade nesse dia não constitui transgressão da lei do sábado; e curar um homem enfermo certamente é uma obra de Deus, realizada sob Sua autoridade e pelo Seu poder (Mt 12.5; Jo 7.23). 
Em segundo lugar, Jesus se identifica como o Filho Unigênito de Deus e, portanto, como aqu’Ele que tem autoridade para fazer a Sua vontade no dia de sábado, à semelhança de Seu Pai (Mt 12.6-8).

III – JESUS E A OBRA DO PAI (VV. 18-29)
A partir da declaração da autoridade de Cristo sobre o sábado, passamos a uma explicação ainda mais profunda sobre a Sua relação com o Pai. Parece que os judeus entenderam essas palavras como uma declaração de autoridade independente e igual à de Deus, como se Jesus estivesse se fazendo um segundo deus – o que seria uma blasfêmia. 
Contudo, o Senhor esclarece que, por ser Filho, a Sua autoridade não vinha de Si mesmo, mas do Pai, a quem Ele se subordinava para cumprir toda a Sua vontade, e não a Sua própria (v. 30). Em outras palavras, tudo o que Cristo fazia era a obra que o próprio Pai havia determinado na eternidade. 
Como Ele mesmo já havia dito, esta era a razão da Sua vinda a este mundo: “fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra” (Jo 4.34).
O milagre operado no sábado era apenas uma demonstração de coisas ainda maiores que Jesus, como o Filho Unigênito, haveria de realizar. Cristo havia levantado um homem do leito de enfermidade
– de certa forma, vivificado esse homem. 
O sinal contido neste milagre é explicado nas palavras de que o Filho recebeu o poder de “vivificar aqueles que quer” e de exercer todo o juízo. Isto quer dizer que aprouve ao Pai confiar ao Filho toda a Sua obra neste mundo, a ponto de colocar nas mãos de Cristo Jesus o destino eterno de todos os homens e assim cumprir o Seu propósito superior de glorificar a Seu próprio Filho (Jo 17.4-5; Fp 2.9-11).
Jesus prossegue explicando que esse poder de vivificar e exercer o juízo dizia respeito a um tempo que já havia chegado, onde não todos, mas muitos dos que se encontravam espiritualmente mortos seriam vivificados pela palavra de Cristo, ou por ouvirem a Sua voz – assim como havia curado, à Sua discrição, um dentre a multidão de enfermos que jaziam junto ao tanque de Betesda. 
Mas, se isto os impressionava, o Senhor também se refere a um tempo futuro em que todos, não mais alguns, ouvirão a Sua voz, e literalmente sairão dos seus sepulcros para receberem a recompensa de suas obras, seja para a vida ou para a condenação. 
Esta é a ressurreição do último dia, aguardada pelos próprios judeus (At 24.15) e agora confiada ao Filho. 
Ele exercerá o Seu poder de julgar e condenar conforme à rejeição que os homens tiverem feito à Sua graça e verdade (Jo 3.18-19, 36; 12.47-50).

CONCLUSÃO
O milagre narrado neste capítulo aponta para a autoridade de Jesus como o Filho de Deus e, tendo sido realizado no sábado, para a Sua total dependência do Pai. 
Deus confiou a Cristo todas as coisas, todas as Suas obras, e a Ele um dia todos hão de se voltar, atendendo ao Seu chamado, seja para entrarem no pleno desfrutar da vida eterna, ou para serem entregues ao desprezo e esquecimento eterno.

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25 julho 2019

004-O Dom de Deus - Evangelho do Apóstolo João - Lição 04[Pr Afonso Chaves]23jul2019



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LIÇÃO 4 
O DOM DE DEUS 

TEXTO ÁUREO
“Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber; tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” (Jo 4.10). 

LEITURA BÍBLICA: JOÃO 4.1-15 

INTRODUÇÃO 
O texto proposto para esta lição é o segundo grande discurso de Jesus registrado no quarto evangelho, que começa com um diálogo envolvendo uma mulher samaritana e depois inclui os discípulos e outros samaritanos. 
Estudaremos três assuntos importantes desta passagem, onde a revelação acerca do novo nascimento e da obra do Espírito, apresentada no capítulo anterior, ganha novos contornos e implicações para a compreensão da grandeza do dom que Deus deu ao mundo na pessoa de Seu Filho Unigênito. 

I – JESUS E A ÁGUA VIVA (VV. 1-15) 
Deixando a Judeia, o evangelista nos põe a caminho da Galileia, chamando a atenção para um momento importante da vida de Cristo que ocorreu no meio do trajeto, na região de Samaria. 
João não escolhe este episódio por acaso, sabendo que os judeus nutriam grande aversão pelos samaritanos: “os judeus não se comunicam com os samaritanos”. 
Sem dúvida, aqui temos uma demonstração clara do que fora revelado no discurso anterior: Deus amou o mundo e por isso concede o dom da vida eterna a todos os que creem, sem acepção de pessoas. 
Mas este ainda era apenas um primeiro sinal daquela manifestação de Cristo a todos os gentios, que se seguiria à Sua exaltação (Jo 12.20-23; At 1.8). 
As circunstâncias do encontro aqui narrado são sabiamente usadas pelo Senhor para Se revelar progressivamente àquela mulher. Ao ser questionado por ter pedido a ela água do poço, Jesus se apresenta como aqu’Ele a quem ela deveria pedir água viva. 
Mesmo surpresa com o que ouve e sem entender bem o que Ele queria dizer, a samaritana mostra algum senso de que aqu’Ele homem estava falando de coisas divinas, pois ela questiona a Sua autoridade: “És tu maior do que o nosso pai Jacó?” 
Em resposta, Jesus revela a superioridade do Seu dom sobre o do patriarca com as palavras: “Qualquer que beber desta água tornará a ter sede; mas, aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede”. Mesmo entendendo isto em termos literais, aquela mulher crê e já não é mais Cristo, mas sim ela pedindo água. 
 O sentido deste primeiro momento do diálogo não é difícil de compreender. Em João, o uso da água para se referir ao dom de Deus em Cristo remonta à promessa do Espírito, o qual seria derramado abundantemente sobre os homens para saciar sua sede de Deus, de vida eterna e purificação do pecado (cf. Is 44.2-4; Ez 36.25). 
Esta promessa foi confirmada por João ao proclamar que, em contraste com o seu batismo em água, o Messias batizaria com o Espírito Santo (Jo 1.33), e o seu cumprimento se dá na regeneração e santificação pela palavra de Cristo (Jo 3.5; 15.3), particularmente após a Sua glorificação (Jo 7.37-39). 

II – JESUS E A VERDADEIRA ADORAÇÃO (VV. 16-26) 
Graças a um particular censurável na vida da mulher samaritana mencionado por Cristo, o diálogo não se encerra aqui, mas agora se volta para uma questão cuja solução seria o sinal evidente para ela de que aquele homem era o Cristo, pois, como ela diz: “Eu sei que o Messias vem; quando ele vier, nos anunciará tudo”. 
Ora, naquele tempo, samaritanos e judeus estavam divididos na adoração ao mesmo Deus; enquanto os judeus cultuavam em Jerusalém, no templo, os samaritanos haviam definido, não sabemos exatamente quando nem como, o seu próprio lugar de adoração próximo à cidade de Sicar – mais exatamente, no monte Gerizim. 
Esse era um ponto gravíssimo de discordância entre os dois povos e parece que os samaritanos esperavam que o Messias colocaria um fim nesse problema. 
Em primeiro lugar, o Senhor ensina que os judeus estavam em vantagem, pois sabiam o que adoravam, enquanto os samaritanos estavam como que às apalpadelas, sem plena revelação divina. Mas, por outro lado, a verdade que Jesus agora traz à luz é muito mais ampla e põe os judeus praticamente na mesma situação dos samaritanos, pois até mesmo o templo em Jerusalém e todo o culto judaico empalidece diante da glória da verdadeira adoração. 
Em consonância com o propósito de todos os sinais apresentados neste Evangelho, Jesus aqui anuncia a chegada de um novo tempo, uma nova ordem de coisas, em que as figuras e sombras terrenas baseadas na lei de Moisés se tornam obsoletas e não servem mais ao propósito de Deus, e “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade”. 
A adoração pela qual o Pai agora se interessa é aquela que Ele sempre teve em vista, porque “Deus é espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”. 
Essa verdade já havia sido deslumbrada por alguns, como Davi (Sl 51.15-17); mas é somente em Cristo Jesus que a verdadeira adoração se torna possível aos homens – primeiro, porque o sacrifício do Filho é um culto perfeito e totalmente satisfatório a Deus (Hb 10.5-10); segundo, porque sendo aqueles por quem Cristo morreu, nós mesmos somos aceitos juntamente com Ele como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1-2). 
Assim, só podem adorar o Pai em espírito e em verdade aqueles por quem Cristo morreu e que, em consequência, foram gerados para uma vida espiritual. 

III – JESUS E A VONTADE DO PAI (VV.27-42) 
Com a chegada dos discípulos, surge nova oportunidade para o Mestre tratar acerca de coisas espirituais a partir das circunstâncias naturais daquele momento. 
Surpresos com a cena que presenciavam do Mestre conversando com uma mulher – e uma mulher samaritana! – os discípulos parecem esperar uma explicação e recebem-na de forma enigmática, mas que revela como tudo aquilo com que eles se preocupavam era apenas circunstancial, secundário, em relação ao verdadeiro interesse do Senhor Jesus. “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra”. 
Não foi para descansar e se abastecer de comida que eles haviam parado naquele lugar; era para que Jesus se revelasse antecipadamente aos samaritanos como o Cristo e eles se alegrassem na Sua luz. Notemos que o próprio Jesus proibiu que os discípulos pregassem aos samaritanos, como também aos gentios, durante o tempo do Seu ministério terreno (Mt 10.5). 
Mas, nesta ocasião, Ele os adverte que ainda seriam enviados a colher onde outros haviam semeado e, poucos anos depois, os discípulos voltariam ali para realizar uma abundante colheita (At 8.5-8). 

CONCLUSÃO 
Mais uma vez nos surpreendemos com a simplicidade e profundidade da graça e verdade de Deus revelada em Seu Filho Jesus, em uma circunstância aparentemente tão casual, mas que havia sido planejada por Deus para aí manifestar a Sua vontade soberana – a Sua vontade de dar a vida eterna ao homem, no conhecimento de Cristo Jesus – e na qual vontade claramente o Filho teve grande satisfação e alegria por poder cumpri-la. 

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17 julho 2019

.003-O Novo Nascimento - Evangelho do Apóstolo João - Lição 03[Pr Afonso Chaves]16jul2019



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LIÇÃO 3 
O NOVO NASCIMENTO 

TEXTO ÁUREO:
 “Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3.7). 

LEITURA BÍBLICA: JOÃO 3.1-8 

INTRODUÇÃO 
Além de relatar com exclusividade alguns dos milagres operados por Jesus, o Evangelho de João também registra as memórias particulares deste apóstolo sobre alguns diálogos e discursos de nosso Senhor que estão completamente ausentes dos outros evangelhos. 
E, assim como os milagres, as palavras de Jesus aqui apresentadas demonstram que Ele é o Cristo, o Filho de Deus, pois nenhum outro poderia ter revelado as verdades celestiais de modo mais perfeito, sublime e impactante. 

I – JESUS E NICODEMOS (VV. 1-8) 
 O diálogo que temos registrado neste capítulo certamente se deu enquanto Jesus ainda estava em Jerusalém, por ocasião da páscoa. 
Lembremos que o capítulo anterior se encerrou com a intrigante colocação de que o Senhor não confiava em muitos dos judeus que “creram no seu nome” (2.23), porque Ele sabia o que realmente havia em seus corações. 
Assim, à luz desse pequeno contexto, o diálogo que se segue demonstra a total incapacidade humana de compreender e participar da obra que Cristo veio realizar neste mundo, a menos que isto seja concedido ao homem como um dom de Deus. 
Desta feita, Jesus é procurado por um fariseu chamado Nicodemos que era “príncipe dos judeus” – ou seja, um líder do seu povo. 
Este homem vem até Jesus como um judeu que havia recebido de bom grado os sinais que o Senhor operava: “Bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele”. 
Esta confissão representa o máximo que se podia esperar ouvir de homens religiosos, que ansiavam pela manifestação do Messias e do seu reino. 
Sem dúvida, eles desejavam saber o que precisavam fazer para entrar nesse reino. Jesus apresenta, sem rodeios, uma única condição: 
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”
E, em uma segunda resposta, Ele dá o verdadeiro sentido desta palavra: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”. 
Realmente, não é possível ao homem entrar no ventre de sua mãe e nascer de novo segundo a carne; aliás, ainda que fosse possível, seria inútil, pois carne só pode gerar carne – vida natural e terrena. Existe, porém, uma realidade completamente distinta e superior, que o homem não pode alcançar a menos que seja gerado para ela; é a realidade do espírito, de uma vida recebida do alto, de Deus, como luz que ilumina o entendimento e que leva a uma fé genuína em Cristo Jesus (1.12-13; 1 Jo 5.1). 
Esta é a verdadeira vida, a vida eterna (Jo 5.24; Ef 2.5-6). Mas talvez a maior surpresa de Nicodemos se deva ao fato de que, ao invés de propor um método para entrar no reino de Deus, o Senhor simplesmente diz que não há nada que o homem possa fazer para alcançar a vida eterna, mas isto depende de um ato alheio à sua vontade, um ato da soberana e livre graça de Deus (Ef 2.8-9; Tt 3.4-7). 
Por isso também Jesus compara esta obra à atuação do vento, que todos podem sentir e perceber, mas ninguém é capaz de controlá-lo ou predizer seus movimentos: “Assim é todo aquele que é nascido do Espírito”. 

II – JESUS TESTIFICA DAS COISAS CELESTIAIS (VV. 9-13) 
A partir do verso 11, o diálogo se torna num discurso em que o Senhor revelará aspectos ainda mais profundos acerca da salvação. 
Por mais que a doutrina do novo nascimento parecesse desconcertante para um sábio como Nicodemos, a linguagem que Jesus havia usado era tão simples e acomodada à compreensão humana que Ele afirma estar falando de coisas terrenas. 
Mas, mesmo assim, os judeus não conseguiam entender e, no fundo, não criam no testemunho de Cristo. Por outro lado, os discípulos, mesmo não entendendo muitas coisas, criam e confiavam na palavra de Cristo: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6.68). Naturalmente, isso não provinha de alguma capacidade especial destes homens, mas de Deus, que soberanamente lhes havia dado compreender os mistérios do reino dos céus (Jo 16.25, 29-30; cf. Mt 13.10-17). 
No verso 13 nos deparamos com uma expressão muito importante, que ressalta a grandeza de Jesus sobre todos os enviados da parte de Deus que O antecederam, inclusive João Batista. 
Deus falou a todos estes homens por meio de revelação, trazendo a palavra desde o céu até eles na terra. Cristo, porém, testifica daquilo que conhece de forma direta e perfeita – não por revelação, mas por eterna comunhão com o Pai (Jo 1.18). 
Por isso o Seu testemunho acerca das coisas celestiais é como o de alguém que as sabe e as viu, e, mesmo estando na terra, testifica com a propriedade daquele que ainda está no céu (Jo 3.30-35). 

III – A MORTE DE JESUS TRAZ VIDA AO MUNDO (VV.14-21) 
A comparação que se segue com a serpente de bronze levantada no deserto tem o propósito de engrandecer ainda mais a obra de Cristo, como superior ao que Moisés fizera pelos israelitas (Nm 21.8- 9). 
Desta vez, o próprio Jesus seria levantado – referindo-se à Sua morte na cruz – para dar a vida eterna a todos os que cressem. Aqui o Senhor revela que a obra do novo nascimento, sendo um ato da soberana vontade de Deus, foi confiada ao Filho para que fosse assegurada, ou tivesse o seu fundamento estabelecido, pela Sua morte sacrificial – de modo que a Sua morte é a fonte da vida do mundo (Jo 6.51; 10.11). 
Mas a grandeza desta obra se mostra ainda mais pelo fato de que Deus agora faria uma provisão não apenas por Israel, mas pelo mundo. 
Esta é uma palavra que pode ter mais de um significado em João, mas aqui consideremos apenas que se trata de homens dentre todos os povos. 
São aqueles que de fato eram do mundo e amavam as trevas, mas o Pai os escolheu e os predestinou à vida eterna, entregando-os aos cuidados de Seu Filho (Jo 17.2, 6, 9, 16). 
Como prova de que fez isto movido pelo Seu amor, o Pai entregou aqu’Ele que é a expressão máxima desse amor – Seu próprio Filho Unigênito (1 Jo 4.9-10; Rm 5.8-10). Assim sendo, o Filho veio ao mundo para salvar os homens da condenação, e não o contrário. 
A condenação, portanto, está em não receber a luz que foi manifestada em Cristo Jesus, ou, em outras palavras, em permanecer nas trevas do pecado e ignorância que representam o estado natural de todo o homem que vem ao mundo – e esta já é a sua condenação (Jo 3.36). 
Aqueles que estão em trevas nunca compreenderão e virão para a luz (Jo 1.5; cf. 2 Co 4.3-4), a menos que suas obras sejam feitas em Deus; e, para fazer as obras de Deus é necessário nascer de novo. 

CONCLUSÃO 
O primeiro diálogo e discurso registrado neste Evangelho esclarece muitas verdades fundamentais sobre a natureza da salvação e a importância da obra de Cristo para torna-la uma aquisição segura para todos os que n’Ele creem. 
Também revela que tudo isto é um dom maravilhoso que Deus concede aos homens de modo livre e soberano, por Sua graça e amor, e não por mérito ou recompensa de nossas obras. 

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10 julho 2019

002-Os primeiros sinais - Evangelho do Apóstolo João - Lição 02[Pr Afonso Chaves]09jul2019


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LIÇÃO 2 
OS PRIMEIROS SINAIS 

TEXTO ÁUREO: “Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galileia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.” (Jo 2.11). 

LEITURA BÍBLICA: JOÃO 2.1-11 

INTRODUÇÃO
O Evangelho de João relata bem poucos milagres de Jesus, ainda que a maioria deles seja inédita nos outros evangelhos. Isto porque o propósito desse evangelista não é provar que Cristo operou muitos milagres – os quais ele mesmo admite serem tantos que não poderiam ser contados na sua totalidade. Os prodígios escolhidos para fazer parte desta obra possuem um profundo significado, que como “sinais” indicam claramente que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. 

I – A TRANSFORMAÇÃO DA ÁGUA EM VINHO (VV. 1-11) 
 O primeiro milagre relatado neste evangelho aconteceu logo no início do ministério de Cristo, alguns dias depois de ter reunido Seus primeiros discípulos na Judeia, onde João batizava. Em Caná, uma cidadezinha da Galileia próxima a Nazaré, ocorria uma festa de casamento – umas bodas – da qual participava a mãe de Jesus e para a qual Ele também foi convidado, juntamente com os discípulos. Ocorre que, durante o banquete, acaba o vinho. Na sequência, as palavras trocadas entre Jesus e Sua mãe indicam que ela esperava que Ele manifestasse a Sua glória nesta ocasião, revelando a todos quem realmente era. Mas a expressão: “Mulher, que há entre mim e ti?”, embora não seja desrespeitosa, denota que Maria não podia se valer de sua relação maternal com Jesus para alcançar o milagre. E, ainda que Cristo não tenha negado atender ao pedido, não seria para que Ele se tornasse manifesto ao mundo, pois, como disse também: “Ainda não é chegada a minha hora”. Tanto aqui como em outras ocasiões neste evangelho, por esta palavra o Senhor se refere ao momento crucial da Sua morte, quando seria glorificado pelo Pai, tornando-se a causa da salvação de todos os que creem (Jo 12.23-24, 32-33). À primeira vista, a ocasião do milagre parece inusitada: uma festa de casamento. Enquanto João “não comia nem bebia”, Cristo não só participou de um banquete, mas assinalou-o com um milagre, tornando-se para os discípulos a figura principal daquelas bodas. O impacto desse prodígio sobre a fé deles pode ser explicado, em primeiro lugar, pela abundância do que foi produzido: Jesus mandou encher de água seis talhas – que, pelos cálculos modernos, totalizariam entre 480 e 720 litros! Dessas talhas os servidores poderiam tirar vinho da melhor qualidade para os convidados até à saciedade. Sem dúvida, a impressão causada foi a mesma que no milagre da multiplicação dos pães e peixes (Jo 6.14) e na pesca abundante (Jo 21.5-7a). Mas o significado deste milagre ganha contornos ainda maiores quando analisado à luz do contexto histórico e da profecia. Depois de muitas gerações de desobediência a Deus, que resultaram em secas, doenças, miséria e fome sobre a sua terra, os israelitas nutriam a expectativa de que o reino do Messias seria um reino de fartura, alegria e glória – de fato, uma grande festa de casamento onde o Senhor seria o esposo e Israel, a esposa. Ora, para que os seus discípulos entendessem que este tempo havia chegado foi que João usou a figura do “amigo do esposo”, referindo-se a ele mesmo, e do “esposo”, “aquele que tem a esposa”, referindo-se a Cristo. E notemos que Jesus confirma este testemunho, ao responder à dúvida desses mesmos discípulos: “Podem porventura os filhos das bodas jejuar enquanto está com eles o esposo?” (Mc 2.19), referindose ao tempo em que estava presente entre eles. É pelo mesmo motivo que o reino de Deus no presente é comparado a uma festa de casamento, ou a um banquete (Lc 14.15-24). É evidente que esse reino, sendo espiritual, não consiste em comida nem bebida (Rm 14.17), mas, através de milagres que matavam a fome e saciavam a sede, trazendo alegria e satisfação aos homens, Jesus demonstrou ser aqu’Ele que podia fartar suas almas com o verdadeiro alimento e a verdadeira bebida, para a vida eterna. 

II – A PURIFICAÇÃO DO TEMPLO (VV. 12-22) 
De volta à Judeia, desta vez encontramos o Senhor Jesus presente em Jerusalém por ocasião da páscoa. Esta é a primeira de três páscoas de que Ele participará (sendo que somente a última é relatada nos evangelhos sinóticos). Podemos já conhecer o episódio narrado nestes versos através dos outros evangelhos, mas aqui existem diferenças significativas. A pretexto de atender às necessidades materiais daqueles que chegavam a Jerusalém para adorar a Deus, muitos vendilhões e cambistas haviam se instalado no pátio do templo, contaminando aquele santo lugar com a sua vil ganância (Mc 11.15-17). Cristo adentra o recinto e, num ato que impressiona a todos, expulsa de lá os comerciantes e suas mercadorias, como que purificando e devolvendo a dignidade devida à casa de Deus. Essa demonstração de zelo não só é lembrada pelos discípulos como cumprimento da palavra profética: “O zelo da tua casa me devorou” (Sl 69.8-9); os próprios judeus parecem ter entendido a importância do ato de Jesus, pois pedem d’Ele uma demonstração de autoridade – um sinal, pois somente o Messias poderia purificar a casa de Deus e restaurá-la à sua glória (Ag 2.6-9; Ml 3.1-3). Mas, ao invés de dar o que eles pediam, o Senhor os desafia: “Derribai este templo, e em três dias o edificarei”. Ainda que tais palavras tenham escandalizado os judeus (e mais tarde usadas para acusar falsamente a Cristo), João explica que somente após a ressurreição é que os discípulos entenderam que Jesus se referia ao Seu próprio corpo como templo de Deus. Entendemos, então, que o sinal aqui relatado por João está na própria purificação do templo. Se Cristo pode purificar um templo de pedras contaminado pelos homens, Ele também pode edificar um novo templo, não mais corruptível como o de Jerusalém, mas incorruptível, em Seu próprio corpo ressuscitado, para congregar em torno de Si todos os verdadeiros adoradores e filhos de Deus (Jo 11.51-52). 

III – REAÇÕES AOS SINAIS DE JESUS (V. 23-25) 
Pudemos perceber um contraste entre as reações ao primeiro e ao segundo sinal aqui relatados. Os discípulos viram a glória de Cristo no milagre e foram confirmados na sua fé, enquanto os judeus se escandalizaram e não creram. Mas agora João apresenta uma terceira situação, que para alguns pode parecer intrigante: “Muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles”. É preciso ter cuidado com o sentido aparente da expressão “crer no seu nome”, nesta e em outras passagens deste evangelho. Muitos dos judeus não se escandalizavam nem rejeitavam abertamente a Jesus, estando convencidos de que Ele devia ser um profeta de Deus, ou até mesmo o Cristo (Jo 7.31, 40-43). Mas somente o Senhor podia discernir neles uma fé contaminada pela malícia, interesse próprio e dúvidas, que facilmente cederia ante as pressões ou paixões do mundo (Jo 12.42-43). A razão da verdadeira fé, pela qual o homem vê no milagre exterior o sinal que revela a glória divina de Cristo Jesus, será então o próximo assunto do evangelista, que estudaremos na próxima lição. 

CONCLUSÃO
João escreveu um evangelho de sinais, revelando uma profunda mensagem por trás da aparência visível dos milagres operados de Cristo. Ao contrário de muitos que se deleitavam apenas no benefício físico ou material que esses prodígios proporcionavam, que o nosso interesse maior seja por conhecer e entender realmente quem é Jesus Cristo e qual é a verdadeira natureza da obra que Ele veio realizar por nós. 

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03 julho 2019

001-O Verbo se fez carne - Evangelho de João - Lição 01[Pr Afonso Chaves]02jul2019



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LIÇÃO 1 
O VERBO SE FEZ CARNE 

TEXTO ÁUREO: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1.14). 

LEITURA BÍBLICA: JOÃO 1.1-14 

INTRODUÇÃO 
Na lição de hoje iniciamos o estudo do Evangelho segundo João. Vamos nos voltar para os ricos ensinamentos desse evangelho a respeito da pessoa divina e gloriosa do Filho de Deus e da abundante graça e verdade que Ele trouxe ao mundo. Vamos começar analisando o prólogo (ou introdução) do quarto evangelho, onde encontramos ensinamentos básicos para compreendermos o propósito geral desta escritura e a linguagem peculiar do apóstolo que a redigiu. 

I – A DIVINDADE DO VERBO (VV. 1-5) 
A diferença entre o quarto evangelho e os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) não está apenas no relato exclusivo de certos episódios da vida de Cristo, ou no seu conteúdo mais explicativo. O apóstolo e evangelista João procura o tempo todo apresentar a pessoa do Salvador de um ponto de vista único, enfatizando a Sua divindade. Por isso ele começa o seu relato, não nos primeiros dias do ministério de Cristo na terra, nem no anúncio da Sua concepção no ventre de Maria; ele começa na eternidade passada, antes da criação do mundo. É aí que vamos encontrar pela primeira vez a Cristo, existindo e estando com Deus “no princípio”. 
Quando criou os céus e a terra, Deus não estava “só”, por assim dizer. Ele desfrutava da companhia exclusiva, suficiente e aprazível de Seu Filho, em perfeita e gloriosa comunhão (Jo 17.5; Pv 8.22-31). Neste prólogo, João identifica o Filho como o Verbo (a Palavra), para que entendamos que Deus não pode ser concebido sem o Filho, pois é através da Palavra que a Mente divina Se revela e realiza a Sua vontade; por isso também é dito que o Verbo era Deus. Esta é uma das afirmações mais categóricas das Escrituras sobre a divindade de Jesus Cristo. E aqui encontramos também o verdadeiro princípio do Evangelho: aqu’Ele que veio para salvar o mundo é, antes de tudo, o próprio Criador e legítimo Senhor de todas as coisas (Cl 1.14-20). 
Como Criador de todas as coisas, o Verbo é aqu’Ele que comunica a vida de Deus. Sem Ele, nada pode subsistir. Ele é “a Palavra da Vida” que estava junto do Pai. Mas aos homens Ele comunica essa vida num grau superior ao da mera existência natural – a vida é para eles como luz. Esta é uma palavra muito importante em João, pois dá uma conotação espiritual à vida que Jesus veio trazer ao mundo – Ele veio trazer a verdadeira vida, a vida eterna (1 Jo 1.1-2). Essa vida é comparada à luz porque consiste no entendimento da verdade, comunicado pelo Espírito ao coração, em oposição à ignorância do pecado presente no homem natural – cujas obras são comparadas às trevas (Jo 3.19-21; 17.3). 

II – O TESTEMUNHO ACERCA DO VERBO (VV. 6-13) 
Oportuna é a consideração que o apóstolo faz sobre o seu homônimo – João Batista. Como as trevas em que os homens se encontram os impedem de compreender e apreciar a luz que resplandece em Cristo, aprouve a Deus enviar um dentre eles mesmos, para que pelo seu testemunho os homens pudessem crer. A palavra testemunho também é de grande valor neste evangelho, pois denota a convicção que muitos alcançaram de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. E o propósito de João é apresentar alguns desses testemunhos e o seu próprio – o do “discípulo a quem Jesus amava” – a fim de corroborar os seus leitores na fé em Jesus e assim torná-los inteiramente seguros de que n’Ele possuem a vida eterna (Jo 20.30-31).
Voltando para João Batista, consideremos que tão poderoso foi o seu testemunho que o apóstolo precisou distingui-lo de Cristo com as palavras: “não era ele a luz”; e logo depois volta a menciona-lo, procurando destacar como o próprio Batista reconhecia a sua inferioridade em relação àqu’Ele a quem anunciava (vv. 15, 19-23). Seus ouvintes pareciam não ter entendido bem o seu papel, não concebendo uma obra maior do que aquela que este santo homem de Deus realizava entre eles. Mas, pelo testemunho do Espírito, João anunciou alguém que era “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (v. 29), “o que batiza com o Espírito Santo” (v. 33), enfim, o próprio “Filho de Deus” (v. 34). 
Contudo, apesar desse e de outros testemunhos, o evangelista lembra seus leitores qual foi a recepção que a luz encontrou entre os homens: “o mundo não o conheceu”. Mesmo os judeus, que dentre todos os povos eram uma propriedade peculiar do Senhor, não creram no testemunho e por isso “não o receberam”. E então introduz um dos pontos críticos do quarto evangelho, onde substitui o ser judeu segundo a carne pelo ser filho de Deus por obra do Espírito, e este privilégio pertence a “tantos quantos creram” no nome de Cristo. Aqui João vislumbra os gentios, que em outros passos deste evangelho também são referidos como objeto do amor de Deus, “outras ovelhas” e “filhos que andavam dispersos”. 

III – A ENCARNAÇÃO DO VERBO (V. 14) 
Finalizando essa introdução ao seu evangelho, o apóstolo passa ao fato não menos importante da encarnação de Cristo. E, tendo considerado a preexistência e divindade do Verbo, agora ele pode afirmar categoricamente que foi o mesmo Verbo, que estava com Deus no princípio, que se fez carne e habitou entre nós. Cristo Jesus assumiu verdadeiramente nossa forma, em tudo se fazendo semelhante a nós; e, em outra ocasião, o mesmo apóstolo expressa grande zelo por esta verdade (1 Jo 4.1-3). Mas não quer que esqueçamos que Ele jamais deixou de ser o glorioso e eterno Filho unigênito de Deus, em nada se privando do Seu caráter santo e da Sua comunhão perfeita com o Pai (Cl 2.9). Ao longo deste evangelho vamos constatar essa harmonia perfeita entre Pai e Filho, que as limitações impostas pela encarnação de modo algum diminuíram ou obscureceram. 
Se muitos não podiam ver beleza exterior para deseja-l’O, outros tantos – entre eles o próprio apóstolo – viram a Sua glória na expressão do Seu caráter em obras e palavras. Tudo o que Cristo disse e fez manifestava graça e verdade divinas tão abundantes e perfeitas que Ele não podia ser outro, senão o próprio Filho de Deus, tocado, visto e ouvido pelos homens. Por isso também, comparado a Moisés, a vinda de Cristo a este mundo representou algo muito mais excelente e impactante. A Lei é boa e santa, mas nela encontramos uma revelação parcial do caráter de Deus – necessária, mas insuficiente para comunicar aos homens a plenitude da verdadeira vida, que consiste em graça e verdade. Cristo vem ao mundo trazer essa plenitude, na revelação do que antes estava oculto – Deus, o Pai tal como o conhece o Filho (Mt 11.27). 

CONCLUSÃO 
Este evangelho revela as grandezas e glórias da pessoa de Cristo Jesus, em um grau incomparável ao dos outros evangelhos, não por falta de inspiração, mas por serem diferentes os seus propósitos. Em João encontramos sólida e profunda doutrina para corroborar a fé tanto dos mais experientes quanto dos que estão no começo do seu discipulado cristão. Mas também serve à evangelização daqueles que estão de fora que talvez careçam de uma apresentação própria do evangelho que os leve a ver Jesus Cristo além dos limites terrenos descritos nos sinóticos.

PARA USO DO PROFESSOR




AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.


APOIO
Rede Grata Nova de Evangelização
Rádio Net Grata Nova



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