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LIÇÃO 9
CONTENDA NAS ÁGUAS DE MERIBÁ
TEXTO ÁUREO: “E o SENHOR disse a Moisés e a Arão: Porquanto não me crestes a mim, para me santificar diante dos filhos de Israel, por isso não metereis esta congregação na terra que lhes tenho dado” (Números 20.12)
LEITURA BÍBLICA: NÚMEROS 20.1-13
INTRODUÇÃO O escritor sagrado pouco fala a respeito do que sucedeu nos quarenta anos de peregrinação do povo no deserto, pois a partir do capítulo 20 nos encontramos já no final desse período, e os eventos narrados em continuidade dizem respeito a uma nova geração de israelitas que tem um breve caminho para seguir até Canaã. Contudo, o livro de Números nada tem de monótono ou previsível para nos contar ainda, na medida em que o descanso ainda não foi alcançado, e o povo caminha em meio ao deserto e uma terra estranha, com não poucos obstáculos e inimigos, sendo que os mais perigosos se encontram entre eles mesmos, em seus próprios corações – mesmo dos homens mais insuspeitos.
I – LEIS SOBRE O SACERDÓCIO E A PURIFICAÇÃO Após o sinal miraculoso confirmando aqueles que realmente haviam sido escolhidos para exercer o sacerdócio, e o terrível juízo infligido contra os que ousaram se aproximar do santuário para oferecer incenso sob a pretensão de não precisarem ser especialmente chamados por Deus para isto; o Senhor declara, no capítulo 18, que Arão e seus filhos, uma vez confirmados na sua responsabilidade em relação ao sacerdócio, responderiam por qualquer violação ao seu ministério, bem como ao santuário, devendo, portanto, zelar pela exclusividade do seu chamado: “levareis sobre vós a iniquidade do santuário” e “a iniquidade do vosso sacerdócio”. Do mesmo modo, a função dos levitas é delimitada e confirmada quanto ao dever de guardarem o santuário e o sacerdócio contra a aproximação de qualquer estranho: “eles farão a tua guarda, a guarda de toda a tenda”. O capítulo prossegue descrevendo as provisões feitas por Deus em favor tanto dos sacerdotes como dos levitas, uma vez que ambos haviam sido chamados para um ministério voltado não para o seu interesse particular, mas para o interesse de todo o Israel; logo, ao designar o sustento dos sacerdotes através das ofertas, e dos levitas através dos dízimos, ambos trazidos pelo povo ao tabernáculo, o Senhor indica a honra inerente a estas funções e estabelece o princípio que será sempre válido em relação a todo aquele que ministra nas coisas de Deus: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1 Co 9.11-14; 1 Tm 5.17- 18; Lc 10.7). Em vista da exclamação de terror do povo: “Todo aquele que se aproximar do tabernáculo do Senhor, morrerá; seremos, pois, todos consumidos?” (Nm 17.13) e da matança que havia resultado da contradição de Coré, Datã e Abirão; no capítulo 19, o Senhor os instrui sobre como deveriam se lembrar da santidade do santuário, que estava no meio deles, e como deveriam cuidar para que não fossem achados impuros e assim o profanassem, especialmente pelo contato com os mortos (Nm 19.11, 14-16). Notemos que esse tipo de impureza era mais grave que aquela contraída pelo contato com a carcaça de um animal, pois não apenas durava sete dias, como também todos os envolvidos no processo de preparação da água com as cinzas da bezerra oferecida em expiação ficavam contaminados (Nm 19.2-7, 17-19). Portanto, visto sua natureza altamente contagiosa, e sua imprevisibilidade – podendo a qualquer momento, e inadvertidamente, um israelita entrar em contato com um morto – a água da purificação representava a necessidade de purificação, mais do que de pecados particulares, da própria condição ou natureza decaída do homem, para que este possa comparecer e ser aceito diante de Deus (Hb 9.11-14; 10.19-23).
II – A CONTENDA EM MERIBÁ O capítulo 20 se inicia registrando brevemente a ocasião da morte de Miriam, com o que podemos observar que Israel já se encontrava no final daqueles quarenta anos a que fora sentenciado a peregrinar no deserto – dos quais a maior parte eles haviam passado acampados em Cades, no deserto de Zim (cf. Dt 1.46; 2.1-3). E, antes de partirem, neste local ainda se dá um novo episódio de contenda do povo, no qual o próprio Moisés, em razão de um ato precipitado, será repreendido por Deus. Lembremos que, quando saíram do Egito, antes de chegarem ao monte Sinai, os israelitas já haviam murmurado pela falta de água, e ali o Senhor havia feito água brotar da rocha para matar a sede do povo. Embora também tenha recebido o nome de Meribá (que significa “contenda”), aqui estamos diante de um local diferente e de uma segunda vez em que o povo reclama da falta de água, como se o Senhor não pudesse suprir suas necessidades (cf. Nm 20.2-6; cf. Ex 17.1-7). Ao que o Senhor aparece a Moisés e Arão, desta vez não para castigar os murmuradores, pois já não se tratava, ao menos em grande parte, da mesma geração que havia saído do Egito; embora fosse tão perversa e inclinada à incredulidade e murmuração quanto a anterior. Desta vez, o Senhor manda Moisés falar à rocha, e não feri-la, como havia feito na primeira ocasião aos olhos dos anciãos de Israel; e isto para que o milagre fosse ainda mais evidente aos olhos daquele povo. Mas, ao invés de fazer como Deus havia ordenado, Moisés falou ao povo e feriu a rocha, e isto, como o próprio Deus o diz, foi motivado por incredulidade – o que provocou tamanha indignação contra ele e seu irmão Arão que ambos foram privados da honra de entrar e fazer o povo herdar a terra de Canaã. Mesmo o fato de que essa atitude precipitada foi impulsionada pela rebeldia do povo e mesmo a súplica posterior deste profeta tão chegado a Deus não mudariam o seu veredito (Nm 20.12; Dt 1.37; 3.26; cf. Sl 106.32-33). A grande lição deste capítulo sem dúvida é a da importância de conservar a fé no Senhor Jesus até o fim, e não permitir que a incredulidade de outros arrefeça o nosso espírito, ou nos induza a tomar atitudes motivadas por sentimentos carnais (Hb 3.12-14; Tg 1.19-20).
III – EDOM NEGA PASSAGEM A ISRAEL O capítulo se encerra com dois episódios distintos. O primeiro relata como os israelitas, já a caminho de Canaã, tiveram negada sua passagem pelas terras de Edom. De fato, estes saíram ao encontro de Israel, como havia feito antes seu patriarca em relação a Jacó, quando este voltava de PadãHarã com sua família, prontos a resistir-lhes com violência (Nm 20.20-21). Este seria apenas um dos episódios de vingança e ressentimento que este povo guardaria contra seus irmãos até o dia em que pudessem exercê-la friamente; quando então o Senhor os visitaria e exerceria seu juízo (cf. Ez 25.12-14). O segundo episódio diz respeito à morte de Arão, onde destacamos como o Senhor havia usado de misericórdia para com este homem, perdoando-o no caso do bezerro de ouro, bem como na murmuração contra Moisés; mas, assim como seu irmão, não poderia entrar em Canaã em razão da contenda de Meribá, onde deveria ter perseverado na palavra do Senhor (Nm 20.24). Notemos também que, por outro lado, Arão era muito querido pelo povo, sendo lamentado e certamente lembrado pelas tantas ocasiões em que havia intercedido por Israel e perseverado fielmente em seu ministério sacerdotal. Assim, nos aproximamos do fim daquela geração que havia saído do Egito, restando apenas Moisés, Josué e Calebe – dos quais apenas estes últimos, eventualmente, entrariam em Canaã.
CONCLUSÃO Nenhum momento da jornada serve ao desânimo; seja no começo, no meio ou próximo ao fim, o dever de perseverar é o mesmo, perigos e tentações sempre haverá, mas aquele que guardar sua confiança e esperança verá muitas coisas se cumprindo nesta vida, e alcançará, na eternidade, entrada no descanso de Deus.
PARA USO DO PROFESSOR
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