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LIÇÃO 6
MURMURAÇÃO E CASTIGO NO DESERTO
TEXTO ÁUREO: “Porém o Senhor disse a Moisés: Seria, pois, encurtada a mão do Senhor? Agora verás se a minha palavra te acontecerá ou não” (Números 11.23)
LEITURA BÍBLICA: NÚMEROS 11.1-10, 31-35
INTRODUÇÃO Seria muito agradável se Números prosseguisse na descrição dos preparativos para a viagem com uma história igualmente ordeira e pacífica de obediência e perseverança do povo de Israel em seguir ao Senhor até a entrada final na terra prometida. Ocorre que, como veremos a partir desta lição, este é um livro que narra os muitos reveses pelos quais os israelitas passaram no deserto em razão da sua incredulidade, e como Deus lidou com o pecado deste povo para que estes episódios nos sirvam hoje de instrução e alerta e assim não caiamos nos mesmos exemplos de desobediência.
I – O POVO VOLTA A MURMURAR CONTRA DEUS Mal teve início a caminhada de Israel pelo deserto e já nos deparamos com um primeiro episódio de manifesta rebeldia do povo contra Deus. Até aqui, tudo parecia estar correndo bem; as tribos haviam sido numeradas e organizadas em torno do tabernáculo, os preceitos para santificação e comemoração do nome do Senhor haviam sido instituídos para observância do povo, e a nuvem de dia e a coluna de fogo à noite era o sinal de que os israelitas precisavam para seguir sua jornada pelo deserto, certos de que o Senhor era com eles em todo o tempo e os guardaria dos perigos do caminho. E, depois de todas as garantias que haviam recebido de Deus, ao invés de confiarem na Sua provisão, os israelitas preferem manifestar sua incredulidade, murmurando, ou mostrando-se descontentes com a sua condição no deserto. O castigo, porém, não tardou, e foi tão severo que o povo precisou clamar a Moisés para que este intercedesse ao Senhor, e só então o fogo que os consumia se apagou (Nm 11.1-3). O texto prossegue mencionando o que poderia ser um episódio diferente, ou maiores detalhes sobre o ocorrido narrado nos primeiros versos do capítulo. O fato é que esta não era a primeira, nem seria a última vez, que os israelitas murmurariam da sua sorte, manifestando sua preferência de ter suas veleidades atendidas no Egito do que ter a provisão de Deus no deserto. Lembremos que, pouco depois de deixarem a terra da servidão, o povo já havia murmurado por não terem carne – e, naquela ocasião, o Senhor não apenas lhes deu carne, mas também fez chover o maná, que os sustentaria até o fim da sua jornada, quando entrassem em Canaã (Ex 16.1-4, 11-15, 35). Mas a lição não havia sido aprendida; o povo fora dominado novamente por um grande desejo de coisas de que não precisava para sobreviver no deserto, e não entendia que estava ali para aprender a depender do Senhor (Dt 8.2-3). Ao invés disso, eles maldisseram o maná e tentaram a Deus, como se estivessem dispostos a trocá-lo pela mesa da servidão, ou como se Ele não pudesse lhes preparar um banquete no deserto (Nm 11.5-6; Sl 78.19-20). A murmuração foi ganhando proporção até tornar-se um clamor geral do povo, dirigido primeiramente a Moisés, como se este fosse culpado pela “aflição” das famílias israelitas e tivesse o dever de encontrar uma solução. E, mesmo tendo já enfrentado situações semelhantes, e sendo um homem manso e paciente como era, e ainda podendo alertar o povo do perigo de estarem murmurando contra Deus, nesta ocasião Moisés sentiu-se desanimado, como se não desejasse que aquilo estivesse acontecendo, ou pudesse estar acontecendo de novo, sob a sua liderança: “pareceu mal aos olhos de Moisés” (Nm 11.10). E, de fato, sua queixa perante o Senhor é de que não se sentia à altura da responsabilidade tão grande de liderar o povo de Israel. Não era falta de fé naquele que o havia chamado e prometido capacitá-lo para esta obra; era mais um sentimento da sua própria limitação enquanto homem, mas que ele, sabiamente, expressou, não diante dos seus conterrâneos, mas perante Deus – o único que poderia ajudá-lo (Nm 11.11-15; Ex 3.10).
II – DEUS DIVIDE A CARGA DE MOISÉS Primeiramente, Deus ouve o clamor de Moisés, e ordena que ele escolha pessoalmente setenta anciãos, dentre aqueles que ele reconhecesse como líderes do povo, anteriormente indicados para a resolução de disputas e causas menores entre os filhos de Israel (cf. Ex 18.19-23). Mas é o Senhor quem os capacitaria a lidar com situações de maior responsabilidade; e, para isto, Deus não dá aos setenta anciãos um espírito diferente do que estava sobre Seu servo, mas diz a Escritura: “tirarei do Espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles” (Nm 11.17). Ou seja, Moisés era plenamente capaz da obra para a qual havia sido chamado, e ninguém poderia auxiliá-lo sem receber uma porção dessa mesma capacidade. Os anciãos receberam o Espírito em um nível profético, talvez para exercer a mesma função que Arão havia exercido em relação a seu irmão até ser incumbido do sacerdócio. De qualquer forma, nenhum desses anciãos, ou mesmo depois deles qualquer outro, jamais se igualaria à capacidade profética de Moisés – exceto o próprio Cristo (Dt 34.10-12; cf. Ex 7.1).
III – OS MURMURADORES SÃO CASTIGADOS Quanto ao povo que havia chorado por carne, o Senhor também lhes responde, mas de forma alguma condolente com o seu descontentamento. De fato, a ira de Deus havia se acendido contra os murmuradores, pois estes não apenas haviam desejado, como das outras vezes, ter seus apetites saciados, mas rejeitaram o maná, que simbolizava a providência infalível de Deus no deserto, que preferiram trocar pelo pão da servidão no Egito. O povo teria a carne que tanto desejara, não em porção medida, como o maná, de maneira que nada precisasse ser guardado, nem sobrasse, para o dia seguinte; mas sem medida e restrições de coleta, para que eles tropeçassem em sua própria cobiça e, depois de castigados, continuassem comendo por um mês inteiro, até se enfastiarem pelo nojo do objeto da sua cobiça, que havia sido causa de tantas mortes no meio do povo (Nm 11.18-20; cf. Sl 106.15; 1Co 10.6). Na sequência segue-se o relato de outro episódio de murmuração, desta vez dos próprios parentes de Moisés, a saber, seus irmãos Arão e Miriam. Considerando que Moisés encontrava-se em uma situação de grande angústia por causa da queixa do povo; e considerando também a ausência de Jetro, que havia partido de volta para o seu povo; os dois irmãos vêem com maus olhos o fato de a mulher de Moisés ser uma cuxita, ou etíope, e a partir daí julgam-se tão dignos e capazes de liderar o povo quanto Moisés (Nm 12.1-2). De fato, os três haviam sido honrados com a responsabilidade de compartilhar da liderança do povo de Israel, mas pareciam se esquecer de tudo o que o Senhor havia feito exclusivamente pela mão de Moisés, de maneira que o próprio Deus teve de descer até eles, na coluna de nuvem, para lembrá-los de como Ele mantinha uma comunhão única e inigualável com o Seu servo (Nm 12.6-8; cf. Mq 6.4). A rebelião sempre se vale de momentos de aparente fraqueza dos líderes, e muitas vezes manifesta o que há nos corações daqueles de quem menos se suspeita; mas, repreendidos Arão e Miriam, estes caíram em si quanto à sua loucura, e até mesmo depois de haverem se insurgido contra Moisés, este ainda mostrou sua vocação como líder, intercedendo por ambos, para que o Senhor não os consumisse na Sua fúria (Nm 12.10-15).
CONCLUSÃO Como escreveu o apóstolo, estas coisas foram-nos feitas em figura, para que vigiemos contra a incredulidade, que se manifesta quando murmuramos, e não nos esqueçamos de que é Cristo Jesus quem nos chamou para servi-lo, e de que tudo podemos n’Ele pois Ele nos fortalece para vencermos este mundo e suas paixões, e perseverarmos n’Ele até o fim.
PARA USO DO PROFESSOR
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