LIÇÃO 11
A HISTÓRIA DE ABRAÃO
TEXTO ÁUREO: “Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia. Pela fé, habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus.” (Hb 11.8-10)
LEITURA BÍBLICA: GÊNESIS 12.1-3, 13.14-17, 15.4-7, 17.3-8, 22.15-18
INTRODUÇÃO Tendo completado o estudo da primeira parte de Gênesis, propomos encerrar o trimestre apresentando um resumo da segunda parte deste livro, chamando a atenção para a revelação particular de Deus à família eleita de Abraão, Isaque e Jacó, bem como para a Sua grandiosa promessa de estabelecer um concerto ímpar de benção e salvação com essa linhagem – concerto este que a seu tempo se estenderia ao mundo todo através da pregação do evangelho de Cristo Jesus. E na presente lição começamos por analisar os principais termos da promessa feita a Abraão, declarada em diversos momentos da vida do patriarca.
I – A CHAMADA DE ABRAÃO Mesmo que Abraão, a princípio chamado Abrão, tenha sido um descendente da linhagem abençoada de Sem, e mesmo que pudesse já conhecer a história dos seus antepassados piedosos, sua experiência espiritual mais profunda tem início com a chamada divina registrada no capítulo 12. Estando ainda em Ur dos caldeus, onde habitava com seu pai e familiares, aquele que se tornaria o pai da fé e pai dos crentes recebeu uma revelação pessoal do Deus Todo-poderoso: foi-lhe revelado que, através dele, o Senhor cumpriria um propósito de implicações para toda a humanidade, de modo que este homem seria grandemente exaltado como aquele por quem a benção de Deus alcançaria todas as famílias da terra. Em contrapartida, esta chamada envolvia uma renúncia, que incluía abandonar tanto a segurança da convivência com seus familiares como da terra do seu nascimento, e sair, sob a palavra daqu’Ele que o havia chamado, em direção a uma terra que ainda haveria de lhe ser indicada. Abraão pode ter contemplado este chamado com a mesma perspectiva do seu antepassado Noé, quando este foi avisado do dilúvio e ordenado a construir a arca para salvar a si mesmo e ao remanescente do mundo antigo. Mais uma vez, o Todo-poderoso começaria algo novo e Abraão fora escolhido tanto para ser o instrumento da realização dos propósitos divinos como para tornar-se, através da sua experiência pessoal com Deus, o pai de todos aqueles que desejam andar nas mesmas pisadas de fé e assim alcançar igual testemunho de que agradam a Deus (cf. Hb 11.2). Portanto, existem dois aspectos a se considerar na chamada de Abrão: um deles é o das promessas concernentes à redenção da humanidade através primeiramente do povo que seria formado a partir do patriarca, e cujo representante perfeito é Cristo Jesus, o verdadeiro descendente que faria a benção de Abraão chegar a todos os que crêem, judeus e gentios (cf. Gl 3.13-14, 16, 26-29). O outro aspecto é o do testemunho de fé do patriarca, que pela graça de Deus foi capaz de compreender realidades transcendentes acerca do Criador e do Seu sublime propósito de salvação e vida eterna para o homem, e assim foi capaz de confiar em todas as promessas de Deus, mesmo diante das maiores adversidades e aparentes contradições (cf. Rm 4.16-22).
II – A TERRA PROMETIDA A ABRAÃO Mais de uma vez após sua chegada a Canaã, o patriarca é informado por Deus de que aquela terra ser-lhe-ia dada – para ser preciso, não a Abraão, mas aos seus descendentes, quando fosse chegado o tempo de desapossar os povos que até então a habitavam e o direito à sua fosse entregue aos descendentes de Abraão (cf. 12.7, 13.14-17, 15.18-21, 17.8). Embora seja inegável o caráter literal desta promessa, e a sua realização fosse indispensável para que o povo israelita pudesse cumprir sua missão de ser o depositário das promessas e oráculos divinos até que a verdadeira posteridade chegasse, notemos que o usufruto desse direito divino sempre esteve condicionado à obediência e conformação ao caráter dos israelitas como povo santo – isto é, enquanto fizessem jus à designação de “filhos de Abraão”, não apenas na carne, mas no espírito (cf. Dt 28.58, 63; Rm 9.6-8). Por esta causa eles foram diversas vezes privados da sua herança, como no terrível castigo do cativeiro assírio e depois na deportação para Babilônia, e por fim no cerco e destruição de Jerusalém durante o ano 70 d.C., que resultou numa dispersão do povo judeu que durou quase dois mil anos (cf. Lc 21.24). A recente restauração do povo judeu à sua terra representa um memorial da fidelidade de Deus a Abraão, sem dúvida, mas ao mesmo tempo constitui um pálido reflexo de uma realidade mais sublime e que em nada se relaciona com o atual Estado de Israel. Em Cristo Jesus, o verdadeiro descendente de Abraão, todos herdam igualmente o mesmo direito à promessa, não de um lugar de habitação neste mundo – que o próprio patriarca não recebeu, tendo peregrinado durante todos os dias da sua vida – mas de uma herança celestial, a saber, a redenção do nosso corpo para a vida eterna em novos céus e nova terra – redenção essa cujo penhor é o Espírito de Deus (cf. Ef 1.13-14; 3.4-6).
III – A DESCENDÊNCIA DE ABRAÃO Além de lhe prometer uma herança, o Senhor Deus repetidas vezes assegurou a Seu servo que lhe daria uma semente, isto é, um descendente que herdaria a sua benção e que, conforme a progressão da revelação divina, seria não apenas filho seu, mas de Sara, sua esposa até então estéril; e que deste filho se levantaria uma grande nação, em extremo numerosa, com a qual o Senhor estabeleceria o Seu concerto. A esterilidade de sua mulher, bem como o avanço da sua idade até que a promessa se cumprisse, de modo algum afetaram a fé do patriarca nesta promessa, mas, pelo contrário, foi justamente neste particular da sua chamada que ele mais se destacou no seu testemunho de ter agradado a Deus. Lembremos que foi quando assegurado pelo Todo-poderoso de que de seus lombos nasceria o seu herdeiro, e que sua semente seria feita como as estrelas do céu, que ele alcançou aquela fé pela qual foi justificado e tornou-se pai dos crentes (cf. 15.5-6). Depois, no findar da sua jornada de fé, estando já com seu filho Isaque a seu lado, o Senhor ainda o provou, requisitando que o menino fosse oferecido em holocausto. Ao invés de considerar isto um duro golpe contra tudo o que ele esperava, o patriarca vislumbrou o caráter probatório da ordem divina e considerou que o menino poderia depois ser trazido de volta à vida por Deus. Com isto, o patriarca selou sua aprovação diante de Deus (Hb 11.17-19; Tg 2.21-23). Finalizando, é necessário observar que a existência da nação israelita, como descendentes de Abraão e povo eleito de Deus, assim como no caso da herança da terra de Canaã, cumpriu sua finalidade dentro do propósito divino de redenção da humanidade com o nascimento do Salvador Jesus Cristo, nascido de mulher, nascido sob a lei (Gl 4.5). Sendo Ele o verdadeiro descendente de Abraão, conforme já observado, aqueles que se unem a Cristo pela fé tornam-se os únicos participantes da benção e da promessa, quer sejam judeus ou gentios. Não que a promessa tenha mudado de escopo; mas através da inclusão dos gentios, ela se cumpre na sua plenitude, e Abrão (pai da altura) torna-se de fato Abraão (pai da multidão) – todas as famílias da terra tornando-se participantes da bênção e da identidade como filhos de Abraão, como israelitas, de fato; e assim, como diz o apóstolo, todo o Israel será salvo (cf. Rm 11.4-7, 25-27).
CONCLUSÃO Abraão foi chamado por Deus não apenas para ser o pai de uma grande nação e exemplo da graça que opera pela fé; nele temos a figura paterna representada pelo próprio Deus, o Altíssimo e Todo poderoso que se fez pai e benfeitor da humanidade caída ao depositar a redenção e salvação dos homens nas mãos do Seu Unigênito, Cristo Jesus.
PARA USO DO PROFESSOR
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