LIÇÃO 10
AS GERAÇÕES DOS FILHOS DE NOÉ E A DISPERSÃO DOS POVOS EM BABEL
TEXTO ÁUREO: “Estas são as famílias dos filhos de Noé, segundo as suas gerações, em suas nações; e destes foram divididas as nações na terra, depois do dilúvio.” (Gn 10.32)
LEITURA BÍBLICA: GÊNESIS 11.1-9
INTRODUÇÃO Finalmente chegamos aos capítulos 10 e 11 de Gênesis, concluindo o que os estudiosos consideram a primeira parte deste livro. Na verdade, não há nenhuma interrupção brusca na narrativa, mas é perceptível que, a partir do final do capítulo 11, a atenção do escritor sagrado se volta para a linhagem de Sem – mais propriamente, para Abrão (ou Abraão) e seus descendentes. Portanto, na lição de hoje estudaremos os dois últimos acontecimentos envolvendo as nações de um modo geral – acontecimentos estes que vão, ao mesmo tempo, estabelecer o cenário adequado para a formação de um povo especial para ser o depositário de bênçãos que, eventualmente, alcançariam todas as nações.
I – AS LINHAGENS DE SEM, CAM E JAFÉ (CAPÍTULO 10) Ao contrário do capítulo 5, que apresenta a genealogia de Sete, o capítulo 10 relaciona de forma mais abrangente, e sem informações cronológicas, os descendentes dos três filhos de Noé através de algumas gerações. O objetivo desta genealogia é esclarecer a origem dos diferentes povos que habitaram o mundo antigo, destacando aqueles que deram nome tanto a essas nações como às terras que ocuparam após a dispersão em Babel. É por isto que a relação de cada uma das três grandes linhagens se encerra dizendo que por esses povos foram repartidas as terras segundo suas línguas (vv. 5, 20, 31) – adiantando-se aqui o evento narrado no capítulo seguinte. De um ponto de vista histórico, geográfico e etimológico, podemos fazer as seguintes considerações sobre os nomes citados na genealogia: os descendentes dos filhos de Jafé foram mais numerosos e se espalharam por um território mais amplo que os demais (note-se o detalhe no verso 5, de que por estes se dividiram as ilhas das nações) – território esse que incluía desde o centro da Ásia até o sudeste, leste e centro da Europa. Em termos de história antiga, são os indianos, medos e persas, hititas (ou heteus), gregos e romanos – povos que os estudiosos denominam indo-europeus. Em relação aos filhos de Cam, seus descendentes identificam-se majoritariamente com povos que até hoje habitam o norte da África, a saber: egípcios, líbios e etíopes. A exceção são os cananeus, que ocuparam a mesma região que recebeu o seu nome; e Ninrode, fundador de um reino tanto no sul como no norte da Mesopotâmia (Sinar e Assíria, respectivamente). O texto não fornece detalhes suficientes para julgarmos o mérito deste Ninrode, mas podemos acrescentar que seu nome significa “revoltemo-nos”, e atentar para o fato de que o princípio do seu reinado foi justamente na cidade onde se deu a revolta cuja punição foi eternizada no próprio nome – Babel, isto é, “confusão”. Quanto aos filhos de Sem, seus nomes podem ser facilmente identificados com os povos que habitaram o Oriente Próximo, como os caldeus e assírios na Mesopotâmia, os elamitas ao oriente do rio Tigre, e os arameus na Síria. Sobre a localização de Arfaxade e seus descendentes, o texto é expresso: “E foi a sua habitação desde Messa, indo para Sefar, montanha do Oriente” (v. 30) – provavelmente a região desértica que separa a Mesopotâmia da terra de Canaã e que se estende até a Península Arábica. Alguns destes poderiam ter dado origem aos povos beduínos que até hoje habitam essas terras. Mas um detalhe importante a ser notado aqui é a menção a Pelegue, filho de Éber, em conexão com a repartição da terra, que se deu em seus dias – uma referência clara ao que será narrado a seguir.
II – A CONFUSÃO DAS LÍNGUAS E A DISPERSÃO DOS POVOS (11.1-9) O texto começa sugerindo que, ainda enquanto estavam na região do Ararate (aqui chamado de Oriente), as famílias dos três filhos de Noé se multiplicaram consideravelmente, tornando-se um povo unido, não apenas por falarem o mesmo idioma, mas por falarem uma mesma coisa. Mas, ao chegarem à região mais baixa de Sinar, no sul da Mesopotâmia, resolveram construir uma cidade e uma torre, com o propósito de fazer para si mesmos um nome e não serem espalhados sobre a face de toda a terra. Esse desejo de se tornarem poderosos certamente está relacionado ao reino de Ninrode, o qual ficou conhecido como poderoso. Depois, a expressão do verso 4 parece catalisar o temor geral do povo em relação ao dilúvio, e o receio de que Deus pudesse destruí-los novamente da mesma forma. Assim, ao invés de confiarem no Criador, que havia prometido não mais destruir a humanidade com as águas do dilúvio, e saírem pela terra a fim de cumprir o mandato de povoá-la e dominá-la, aquela geração preferiu rejeitar os termos do concerto divino e formar um propósito contrário à vontade de Deus, forjando uma falsa paz que não tardaria em ser desmantelada pelo juízo dos céus (cf. 1 Ts 5.3). Deus tudo sabe e tudo vê, não precisando ser informado para realizar a Sua vontade com justiça e sabedoria, portanto, a expressão de Ele desceu para ver o que os filhos dos homens faziam é mais uma mensagem para nós mesmos, denotando a longanimidade divina e a fidelidade à palavra pactuada, não executando o juízo de forma sumária sobre a humanidade, mas apenas de modo a lidar com o pecado, deixando um testemunho à posteridade (vv. 8-9). Aquela geração desejava obter um senso de segurança, mas ao invés de se aproximarem de Deus, se afastaram d’Ele, e assim criaram apenas um pretexto para logo cometerem os mesmos pecados que a geração antediluviana havia cometido na sua indiferença para com o Criador: “e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer” (v. 6). A fim de por fim àquele propósito perverso, o Senhor Deus resolve confundir a língua daquele povo, ou seja, desfazer o vínculo que os mantinha unidos para a rebelião e desobediência. Como conseqüência natural ao desentendimento e à dificuldade na comunicação de uns com os outros, as famílias se dispersaram, e o nome dado à cidade, Babel, passou a significar “confusão”.
III – AS GERAÇÕES DE SEM ATÉ ABRÃO (11.10-32) A partir deste ponto, o escritor sagrado passa a focar os desdobramentos da linhagem de Sem a partir de seu filho Arfaxade. Isto não significa um abandono das nações, como ocorreu com a descendência de Caim antes do dilúvio; o Senhor estava apenas deixando que cada povo seguisse seu próprio rumo, guiado pelo testemunho da consciência e da criação, até que eventualmente o povo eleito serviria de instrumento para a bênção e salvação de todas as famílias da terra (cf. At 14.15-17; Gn 12.1- 2; Gl 3.8). Assim, temos aqui uma genealogia nos moldes daquela apresentada no capítulo 5, onde é citado apenas o primogênito de cada geração, bem como as datas associadas ao seu nascimento e à sua morte. Isto permite situar o nascimento de Abrão por volta de 292 anos depois do dilúvio, apenas cinqüenta e oito anos antes da morte de Noé. O capítulo se encerra com maiores detalhes sobre as origens de Abrão, antes de apresentar o seu chamado divino. Alguns se incomodam com a aparente liderança de Tera na jornada em direção a Canaã, sendo que Abrão é quem foi chamado. Isto poderia estar relacionado à liderança natural de Tera sobre os filhos, mas o fato é que ele só pode acompanhar Abrão até Harã, e este, sabendo por quem havia sido chamado, não se impediu pelo incidente da morte do pai, mas antes prosseguiu sua viagem para a terra que o Senhor lhe mostraria (cf. At 7.2-4; Hb 11.8).
CONCLUSÃO Chegamos ao final de mais uma etapa na história da salvação, onde a partir de agora o Senhor Deus começaria a executar o Seu grande e sábio plano para a redenção de toda a humanidade, revelando Sua graça e salvação primeiramente a um povo eleito para que depois as boas novas pudessem ser levadas a todas as nações da terra.
PARA USO DO PROFESSOR
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