LIÇÃO 7
O MUNDO É DESTRUÍDO PELO DILÚVIO
TEXTO ÁUREO: “Assim, foi desfeita toda substância que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca.” (Gn 7.23)
LEITURA BÍBLICA: GÊNESIS 7.1-12
INTRODUÇÃO Conforme havia sido anunciado a Noé, e conforme fora testemunhado àquela geração durante os dias em que a arca foi construída, o fim do mundo antigo se aproximava e, chegado o tempo designado por Deus, as águas do dilúvio inundariam a terra e levariam a todos os que não estavam protegidos no interior da arca. Ao mesmo tempo em que esse evento representa o juízo divino contra aquela geração perversa, também indica a misericórdia de Deus para com a Sua criação, e Sua sabedoria e poder em preservar o justo da destruição, para que este não pereça com o ímpio.
I – PREPARATIVOS FINAIS PARA O DILÚVIO (7.1-9) Se considerarmos que Noé tinha cerca de quinhentos anos quando recebeu a revelação acerca do dilúvio e foi incumbido de construir a arca (cf. Gn 5.32), podemos entender porque o apóstolo Pedro afirma que a “longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca”. O mundo não seria destruído em questão de dias, semanas, meses ou anos; mas ao cabo de aproximadamente cem anos, durante os quais aquela geração recebeu suficiente testemunho acerca da destruição que se aproximava, seja através da fiel pregação de Noé como também através do testemunho visível das obras deste homem e da sua perseverança em construir a arca. Não havia desculpas para aquela geração; a incredulidade e rejeição que fizeram ao testemunho de Deus não seriam perdoados e, no tempo da aflição, eles não encontrariam nenhum socorro em Deus (1 Pe 3.20; 2 Pe 2.5). Concluída a construção da arca, restava apenas que entrassem Noé e sua família, bem como os animais que o Senhor já havia dito que viriam até ele para fossem conservados com vida. Ou seja, Noé não precisaria sair à caça de nenhum animal – o que poderia ser uma tarefa tão difícil, se não ainda mais, do que a de construir a arca. Sua missão seria apenas de acolher e abrigar dentro da “embarcação” os casais que o Senhor traria até ele durante o período final de sete dias definidos para o fim daquele mundo corrompido (cf. v. 9; Gn 6.20). Aqui encontramos os detalhes adicionais de que, das espécies de animais a serem abrigadas no interior da arca, seriam sete casais de animais limpos e um casal de animais impuros. Esta distinção indica que a invocação do nome do Senhor entre as gerações dos filhos de Deus se perpetuou através de um culto baseado em sacrifícios e holocaustos; assim como também indica a prática da santificação dos costumes, pela qual os patriarcas e suas famílias se mantinham puros para Deus e não se contaminavam com os costumes dos descendentes de Caim.
II – O FIM É CHEGADO (7.10-16) Terminado o período final de sete dias designado por Deus, tem início uma grande inundação sobre a terra, quando “se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram”. Nos primeiros dias da criação, quando a matéria ainda era um abismo de águas, o Todo-poderoso fez uma primeira separação entre águas e águas, criando os céus, e depois como que represou as águas debaixo a fim de que aparecesse a terra seca; como disse Pedro, “pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste” (2 Pe 3.5). Agora, o que Deus estava fazendo era remover essas contenções, essas barreiras, de modo que as águas pudessem voltar livremente ao seu lugar de origem, em uma impressionante inundação que rapidamente afogou todas as criaturas que respiravam e habitavam em terra seca. Além disso, diz o texto que “houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites”, o que por si só é algo impressionante para os padrões climáticos modernos. É importante salientar que, havendo Noé e seus três filhos, sua mulher, as três mulheres de seus filhos, e todos os animais conforme sua espécie entrado na arca, o Senhor fechou a arca por fora, de modo que eles não pudessem mais sair enquanto o juízo não se consumasse sobre aquele mundo, nem ninguém do lado de fora entrar, caso desejasse, ou ante a visão do dilúvio de águas. Isto sem dúvida representa um padrão na providência e misericórdia de Deus ao livrar os Seus da destruição e da ira no último momento (1 Ts 5.9), tornando o mundo ainda mais indesculpável ante o juízo de Deus, pois até o fim se ouvirá o testemunho da verdade pela boca dos fiéis e haverá tempo para o arrependimento; mas, chegado o juízo, será tarde demais (Mt 24.14, 37-39, 42-44).
III – A EXTENSÃO DA DESTRUIÇÃO CAUSADA PELO DILÚVIO (7.17-24) Pode-se perceber a magnitude do dilúvio em comparação com qualquer inundação já noticiada na história pelo fato de que o volume das águas aumentou continuamente ao longo dos quarenta dias e quarenta noites de chuva, a ponto de prevalecerem excessivamente sobre a terra, cobrindo até os mais altos montes. Mesmo não fazendo ideia da topografia exata do mundo antediluviano, o texto permite afirmar que a terra já tinha as suas planícies, vales e montes. Sabemos que esses diferentes tipos de terreno criam desníveis para a água, que tende a se acumular nos lugares mais profundos. Mas aqui temos a descrição de uma inundação tão colossal que não apenas preencheu todas essas depressões, criando grandes lagos, mas as excedeu até os montes, e os mais altos montes da terra. Isto indica a universalidade do juízo de Deus – não foi uma inundação local, como querem alguns estudiosos; nem houve possibilidade de se escapar à destruição. De fato, como a terra se configurava numa única massa, e não em continentes e ilhas como conhecemos hoje, o mais razoável e natural é entender que, se as águas cobriram os mais altos montes, inevitavelmente cobriram toda a terra, dando ao planeta um aspecto semelhante ao que teve no princípio: sem forma, vazia e tudo o que se via era a face do abismo. Além disso, o propósito de Deus era destruir tudo o que havia no seco, de animais até o homem, de modo que Noé e sua família, e os animais que ele levou consigo na arca, se tornassem os únicos herdeiros de um novo mundo que seria povoado pelos seus descendentes. Consideremos ainda que, passados os quarenta dias e quarenta noites de chuvas torrenciais, o dilúvio não havia terminado. A inundação havia chegado ao seu ápice, e toda a terra se encontrava submersa sob as águas; contudo, levaria um tempo ainda maior para que as águas escoassem e voltassem ao seu lugar de origem e para que a face da terra seca pudesse novamente ser avistada e, finalmente, habitada. O texto deste capítulo se encerra afirmando que as águas prevaleceram sobre a terra durante mais cento e cinquenta dias – período durante o qual a arca permaneceu à deriva, por assim dizer, ora levada pela força dos ventos, ora flutuando sobre as águas na calmaria após a tormenta.
CONCLUSÃO O dilúvio foi uma das primeiras prefigurações de um juízo da parte de Deus contra os ímpios e, como tal, apresenta elementos que apontam para o caráter do juízo a se realizar no último dia, como o livramento e preservação dos santos e fiéis, a implicação universal sobre todos os seres viventes e a impossibilidade de se recorrer à sentença final, uma vez que todas as oportunidades de arrependimento terão sido oferecidas aos julgados, de modo que ninguém poderá se escusar perante o Justo Juiz de toda a terra.
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