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LIÇÃO 6
A RESPONSABILIDADE DE CADA ISRAELITA
TEXTO ÁUREO: “Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá.” (Ez 18.4)
LEITURA BÍBLICA: EZEQUIEL 18.1-9
INTRODUÇÃO A essa altura da profecia de Ezequiel, podemos considerar que os israelitas no cativeiro já estavam bastante convencidos das transgressões cometidas pelo seu povo, e da justiça de Deus em castigá-los. Mas no capítulo que estudaremos nesta lição, veremos que muitos ainda eram capazes de questionar, não a justiça de Deus no trato com o pecado, mas a Sua imparcialidade, pois aos olhos deles, aquela geração estava sendo punida por pecados que haviam sido cometidos pelos seus antepassados. Com muita paciência, o Senhor explicará como Ele julga o homem com justiça, sempre tratando cada um segundo as suas próprias obras, e jamais negando ao transgressor a possibilidade de perdão – pois o que Ele mais deseja é a salvação de todos.
I – DEUS TRATA CADA UM SEGUNDO AS SUAS OBRAS (VV. 1-20) Os conterrâneos de Ezequiel já estavam passando pela vicissitude do cativeiro, e agora eram constantemente lembrados de que a ira de Deus não havia se esgotado aí, mas o restante que havia ficado em Judá e Jerusalém sofreria um terrível juízo. Por esta razão, corria entre o povo um provérbio que, se não negava a justiça de Deus em castigar o pecado, ao mesmo tempo insinuava a inocência do povo, pois o castigo devido a pecados cometidos pelas gerações anteriores havia sido reservado para ser derramado sobre aquela geração: “Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram”. O Senhor não se agrada de que o Seu povo pense tais coisas sobre o Seu caráter e responde diretamente a essa idéia enganosa: “Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá”. Ele é o juiz de todos e ninguém escapa de responder pelos seus atos perante Ele. Se os pais pecaram, certamente eles tiveram de pagar o preço da rebeldia; se aquela geração também estava pagando esse preço, era porque eles também haviam pecado. Lembrando aos israelitas um princípio já estabelecido na Lei, o Senhor declara que não mudou: se o homem obrasse a justiça, não quebrando voluntariamente os mandamentos, certamente viveria. Abrindo um parêntese para fins de esclarecimento, sabemos que, a rigor, viver a justiça perfeita da Lei é impossível, porque tropeçamos em muitas coisas; mas aqui se trata da justiça no seu aspecto exterior, tal como exemplificado nos versos 6-8: “não comendo sobre os montes, nem levantando os olhos para os ídolos, nem contaminando a mulher do seu próximo...”. Somente no Novo Testamento será revelado que é impossível alcançar a justiça perfeita através da prática da Lei, daí a necessidade da justiça imputada pela fé (cf. Gl 3.11-12; Rm 3.28). Portanto, o justo de que o Senhor aqui fala é aquele cujo coração é sincero e disposto em obedecer à Lei, que teme a Deus e desvia-se do mal. É, de fato, aquilo que Ele requer do Seu povo em todo o tempo: que guardemos os Seus mandamentos em uma consciência sincera e temente ao Senhor (cf. Mq 6.8; 1 Jo 2.3-4). Mas ainda outro exemplo é apresentado, agora contrário ao anterior, embora tomando como perverso o filho do homem justo. Mas, tão certo como o justo viveria pela sua justiça, não era por ser filho deste que o perverso viveria também: “Não viverá! Todas estas abominações ele fez, certamente morrerá; o seu sangue será sobre ele” (v. 13). E, como se este caso não bastasse, o Senhor apresenta ainda um terceiro exemplo: o filho do perverso que, ao invés de seguir o mau exemplo do pai, decide não cometer coisas semelhantes, mas praticar a justiça. Do mesmo modo, este não morreria pelos pecados de seu pai, tampouco viveria pela justiça do pai de seu pai; mas viveria pela sua própria justiça. A pergunta do povo: “Por que não levará o filho a maldade do pai?” expressa uma surpresa cuja explicação não parece tão clara, mas é bem possível que os israelitas fizessem (assim como muitos fazem ainda hoje) uma aplicação errônea do que o próprio Deus havia dito no Sinai: “Eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos” (Ex 20.5-6). Não por acaso, o exemplo é de uma linhagem em que pai e filho seguem caminhos opostos, justamente para esclarecer que, se numa geração perversa os filhos acrescentam os seus próprios pecados aos de seus pais, tornando-se ainda mais merecedores do castigo, nem por isso o Senhor deixa de tratar cada um segundo os seus próprios pecados; e – o que deveria ser um sinal de esperança para os israelitas – nem por isso deixará de tratar o justo segundo a sua própria justiça só porque este habita no meio de uma geração perversa.
II – DEUS ESTÁ PRONTO A PERDOAR E SALVAR (VV. 21-28) A situação seguinte descrita por Deus talvez parecesse ainda mais intrigante do que o caso do filho que não pratica iniquidade como o pai, porque, neste caso, o filho considera os pecados de seu pai – isto é, reflete sobre eles à luz dos mandamentos e, ao atingir a maturidade, resolve não seguir o mesmo caminho. E os israelitas tinham prova de que isto era possível, embora raro, entre os próprios reis de Judá. Já no caso de um homem ímpio, o que o levaria a se converter, mudar de direção, para passar a guardar os mandamentos? E o que levaria Deus a atentar para essa atitude “tardia”, como que ignorando os pecados passados e levando em conta apenas a justiça de tal homem? Ou, pior, num segundo caso possível, o que levaria um justo a cometer iniquidade de tal forma que suas justiças não fossem mais lembradas por Deus? Os israelitas sabiam, mas não conseguiam compreender como Deus podia ser justo para castigar todo pecado e ao mesmo tempo misericordioso para perdoar o pecador arrependido e lhe dar uma nova oportunidade de fazer o que é reto. Mas este é um caminho que o Senhor abriu no princípio da história da raça humana e jamais fechou, havendo portanto muitos testemunhos deixados a Israel – inclusive Manassés, um exemplo notório e muito próximo àquela geração (cf. Gn 4.7; 2 Cr 7.14; 33.10-13).
III – DEUS NÃO TEM PRAZER EM CASTIGAR (VV. 29-32) O Senhor já havia dito que não tem prazer na morte do ímpio – isto quer dizer que Ele não é indiferente à sorte do homem que criou, mas se agrada de que este pratique a justiça sob qualquer circunstância: seja desde a infância, seja em qualquer outro momento de sua vida. Há de fato, ainda maior alegria pelo ímpio que, ao invés de se consumir no seu caminho de injustiça, se arrepende, pois aí finalmente ele entra para o caminho da vida para a qual foi criado (cf. Lc 15.7; Dt 30.19-20). Por outro lado, a iniquidade não pode ser ignorada e a permanência no pecado implicará no devido castigo até mesmo para aquele que se entregou ao erro depois de ter praticado a justiça. E assim, mais uma vez, o Senhor põe diante de Israel dois caminhos, e com a mesma compaixão apela para a única escolha sábia: “Pois por que razão morreríeis, ó casa de Israel?”. Se não podiam mais começar literalmente a sua existência como o filho justo da comparação, ainda podiam, como o ímpio que se arrependeu, converterem-se dos seus maus caminhos e viver. Se não o fizessem, aí sim contariam com a terrível visitação de Deus sobre os filhos perversos de um povo que havia pecado não apenas por três ou quatro, mas muitas gerações.
CONCLUSÃO Apesar da circunstância assombrosa de castigo e destruição determinada por Deus, é surpreendente encontrar a palavra deste capítulo, que, em meio à certeza do juízo sobre o pecado, mantém aberta uma porta de escape através de um genuíno arrependimento. O povo de Israel poderia ter evitado muitas angústias, mas só aprenderia o valor da justiça ao padecer terrivelmente por tê-la desprezado
PARA USO DO PROFESSOR
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