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LIÇÃO 11
A VISÃO DO HOMEM VESTIDO DE LINHO
TEXTO ÁUREO:
“Fiquei, pois, eu só e vi esta grande visão, e não ficou força em mim; e
transmudou-se em mim a minha formosura em desmaio, e não retive força alguma” (Dn 10.8).
LEITURA BÍBLICA: DANIEL 10.1-9
INTRODUÇÃO
Os capítulos 10 a 12 do livro de Daniel relatam uma última e complexa visão, onde são
revelados vários detalhes sobre acontecimentos a se realizarem no fim dos tempos.
Na lição de hoje
vamos nos limitar ao estudo do capítulo 10, onde temos uma introdução a essas revelações e onde é
apresentado, com grande destaque, um ser celestial cuja atuação será decisiva na consumação desses
eventos escatológicos, e que é chamado de Miguel, príncipe do povo de Deus.
I – O JEJUM DE DANIEL (VV. 1-3)
Este capítulo começa de um modo semelhante ao anterior, descrevendo Daniel em uma atitude
de contrição e busca ao Senhor Deus, mas sem apontar o propósito que o levou a isto.
Aproximadamente quatro anos haviam se passado desde a revelação acerca das setenta semanas; Ciro,
o persa, já governava e os judeus já haviam recebido permissão para voltar a Jerusalém e reconstruir o
templo.
De fato, a reconstrução estava em andamento, sob a direção de Zorobabel e Josué (sumo
sacerdote), mas sob a importunação dos adversários do povo de Deus (cf. Esdras, capítulos 1 a 4).
Como
o próprio Senhor já havia dito, a restauração plena não seria imediata, e os tempos a frente seriam
trabalhosos para o Seu povo.
Consciente de que o pequeno alívio proporcionado pela volta dos judeus à
sua terra não era pretexto para folgar, mas incentivo para buscar ainda mais a Deus, o profeta persevera
em seu propósito de clamar pela salvação de Israel.
Portanto, era oportuno se aplicar ao jejum, tendo em vista as muitas dificuldades pelas quais o
povo de Deus ainda passaria, e as expectativas do profeta acerca “de uma guerra prolongada”.
Aqui
podemos observar que, conforme a prática do profeta (e dos judeus em geral naquele tempo), o ato de
jejuar é uma forma de externar uma disposição interior do coração – no caso, tristeza ou contrição –
através da abstinência de alimentos, particularmente aqueles que, além da subsistência do corpo, trazem
maior sensação prazer pela saciedade (como carne e vinho, naquele tempo); e mesmo de adornos e
cuidados com o corpo que tragam ao próprio indivíduo satisfação com a sua aparência (como ungir-se
com unguento).
Lembremos que jejuar continua sendo uma prática recomendada pela piedade cristã (cf.
Mt 4.1-2; Mc 2.19-20; 9.29; At 13.2-3), mas, por envolver uma atitude exterior, é preciso ter cuidado
com a hipocrisia e a vanglória (Mt 6.16-18; Lc 18.12).
II – A VISÃO DO HOMEM VESTIDO DE LINHO (VV. 4-9)
Daniel passa a descrever a visão que ele teve enquanto estava às margens do rio Hidequel (o
mesmo que Tigre); e a visão começa de um modo um tanto diferente das anteriores.
Ao invés de ter
uma visão (seja de olhos abertos ou fechados) dos acontecimentos futuros através de formas simbólicas,
o profeta aqui contempla alguém tão real e que estava tão presente que não somente ele, mas os próprios
que o acompanhavam, mesmo não podendo ver o que Daniel via, também foram dominados de espanto
e temor pela gravidade daquela presença.
Eis que ali estava um homem de traje e aparência majestosa e
divina, inigualável a qualquer outro ser já visto; alguém cuja contemplação trouxe ao profeta aquele
senso da grandeza divina e da pequenez humana que abate completamente a todos os que já tiveram a experiência de contemplar a glória de Deus: “não ficou força em mim; e transmudou-se em mim a minha
formosura em desmaio, e não retive força alguma” (Ez 1.28; Ap 1.17).
A descrição deste homem é muito semelhante à daquele que João também viu, séculos depois, na
ilha de Patmos, e por isso muitos afirmam que aqui Daniel teria visto o próprio Messias, o Senhor Jesus,
em uma manifestação anterior à Sua encarnação.
É verdade que as diversas manifestações angelicais do
passado, por revelarem aspectos da natureza e do caráter divino no Seu trato com os homens, eram
tipos de Cristo – a expressão mais plena e clara de Deus; e que todos os profetas – e, portanto, anjos –
enviados para falar ao povo atuaram sob a influência do Espírito de Deus, que também é o Espírito de
Cristo (1 Pe 1.11-12).
Mas não podemos deixar de notar que o Filho de Deus, embora profetizado,
nunca falou diretamente aos Seus servos na antiga dispensação, permanecendo oculto no seio do Pai até à
dispensação da plenitude dos tempos (1 Pe 1.20; Hb 1.1).
E, mesmo no caso de Apocalipse, sabemos
que Jesus enviou o Seu anjo para comunicar toda a revelação a João, e que o próprio apóstolo não
afirma com certeza que aquele ser glorioso que ele viu a princípio era o próprio Senhor, mas “um
semelhante ao Filho do homem” (Ap 1.13).
Fiquemos então com a idéia de que aqui Daniel está diante de
um anjo que, em função da sua glória e papel na história da salvação, é um tipo de Cristo.
III – DANIEL É CONFORTADO PELO ANJO (VV. 10-21)
Abatido e paralisado por essa manifestação divina, o profeta é reanimado e instruído por um
segundo homem (ou anjo) que aparece mais próximo dele (talvez o mesmo que aparece nas visões
anteriores?).
Esse anjo assumirá a narrativa descrevendo a revelação praticamente até o final do livro.
Ciente de que ambos estavam ali por causa dele, o profeta é tomado de temor – uma reação própria de
um coração que não confia em si mesmo e, confrontado com a santidade divina, só consegue se ver
digno de punição; mas logo é confortado: “Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o
teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das
tuas palavras”.
A presença gloriosa daquele primeiro anjo representava algo completamente diferente e
novo, cuja razão ele não compreenderia até que lhe fosse explicada.
O segundo anjo havia sido enviado a Daniel, como em outras vezes, em resposta às suas
orações, na atenção e cuidado de Deus com aqueles que se importam e anelam por compreender os Seus
desígnios.
Mas, desta vez, o mensageiro divino havia encontrado uma espécie de resistência ao
cumprimento da sua missão. “Mas o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim vinte e um dias”. A
referência deve ser entendida espiritualmente, pois se trata de alguém se opondo a um anjo.
Não foi,
portanto, o rei Ciro, mas sim principados ou potestades (aqui identificados com a Pérsia) que não queriam
que a resposta de Deus chegasse ao Seu servo. Notemos que essa oposição durou exatamente o mesmo
tempo do jejum de Daniel: “vinte e um dias” e só foi derrubada quando, conforme relata o anjo, “Miguel,
um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me”.
O primeiro anjo ali presente é então este Miguel, um ser celestial de grande poder e majestade,
capaz de confrontar e fazer calar todas as forças opositoras, inclusive Satanás (cf. Jd 9; Ap 12.7-9),
atuando com um poder e majestade que, de acordo com sua alta posição na hierarquia divina (ele é um
dos primeiros príncipes), manifestam ainda mais claramente aqu’Ele que o enviou (daí o seu nome: “Quem
é como Deus?”).
Havia, então, um conflito espiritual sendo travado entre as forças espirituais que estavam
acima dos acontecimentos terrenos; e a visão tornava isto patente a Daniel, além de mostrar que Deus é
todo-poderoso e ninguém pode resistir à Sua vontade, podendo dispor de todas as forças necessárias
para fazê-la cumprir.
CONCLUSÃO
Esta visão nos traz a segurança de que Deus está acima de todas as forças que se opõem ao Seu
povo e Ele não permitirá que nenhuma delas atue além do tempo e do que Ele mesmo tem determinado,
de modo que a Sua vontade sempre prevalecerá.
AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.
APOIO
Rede Grata Nova de Evangelização
Rádio Net Grata Nova
Fundada em 29 março de 2009 por Moisés Moreira
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