17 março 2020

012 - A Doutrina bíblica sobre os anjos [Pr Afonso Chaves]17mar2020

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LIÇÃO 12 
A DOUTRINA BÍBLICA SOBRE OS ANJOS 

TEXTO ÁUREO: 
“Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1.16). 

LEITURA BÍBLICA: HEBREUS 1.1-14 

INTRODUÇÃO 
Tendo finalizado o estudo das epístolas de Paulo aos Colossenses e a Filemom, faremos uso desta e da próxima lição deste trimestre para propor o aprofundamento de temas que ocorreram naquela primeira carta. E o primeiro deles geralmente é tratado com certa polêmica: a doutrina dos anjos. Não nos limitaremos, porém, às referências feitas a anjos apenas em Colossenses, mas aproveitaremos a oportunidade para abrir o tema à luz de todo o contexto bíblico – o que ao mesmo tempo nos permitirá entender essas passagens em harmonia com a revelação divina. 

I – A ORIGEM, NATUREZA E ATRIBUTOS DOS ANJOS 
Que existem seres que foram criados por Deus em uma natureza completamente diferente do homem e do restante das criaturas que povoam os céus, as águas e a terra desta criação, as Escrituras dão amplo e inegável testemunho, ao mencionar dezenas de manifestações, desde os eventos do passado mais remoto registradas em Gênesis até a futura consumação dos tempos revelada em Apocalipse. Esses seres são chamados, na maioria das vezes, de anjos – palavra que significa, tanto no hebraico como no grego, “enviado, mensageiro”, e chega a ser usada para se referir a alguns homens incumbidos por Deus com uma determinada missão (como João Batista e o próprio Jesus, cf. Ml 3.1). Mas, na maioria das vezes, ela se refere a seres de uma ordem diferente, cujas origens no tempo não sabemos precisar, mas que já existiam quando Deus ainda estabelecia a criação deste mundo (cf. Jó 38.4-7); seres que foram criados em incontável multidão (cf. Dn 7.9-10 e Ap 5.11-12), não necessitando de perpetuar sua espécie por meio da procriação (cf. Lc 20.34-36); mas também são seres viventes, cuja vida e existência depende de Deus (cf. Ez 1.4-5; Ap 4.9-11) e, assim, como muitos dentre os homens, alcançaram a imortalidade somente por serem aprovados diante do seu Criador (cf. 1 Tm 5.21; 6.16). Ao contrário do homem, que foi criado do pó da terra e possui um corpo físico, carnal, os anjos são seres de corpo espiritual e glorioso – o que os aproxima de Deus, que é Espírito (Jo 4.24). Isto significa que não podem ser limitados pelas restrições do mundo terreno, e isto permite que Deus os use com grande alcance, poder, velocidade e liberdade (Sl 104.4). Devido à sua natureza superior, são invisíveis ao olho carnal, mas ao mesmo tempo podem se revelar, e na aparência ou forma necessária, conforme a determinação de Deus (Cl 1.16; Dn 10.5-7; Lc 1.11; 2.13). Podem até mesmo participar das atividades humanas, como aceitar demonstrações de hospitalidade, embora não por necessidade, e sim como sinal de solidariedade ou comunhão para com os seus conservos humanos (Gn 18.1-8; 19.1-3; Hb 13.2).
 Finalmente, os anjos de Deus são seres de caráter perfeitamente santo (Mt 25.31), portanto, zelosos pela justiça e glória de Deus. De fato, o grande interesse dos anjos é manifestar e enaltecer o poder, a grandeza, a glória, o domínio e a justiça de Deus; e isto fazem cumprindo prestamente Suas ordens (Sl 103.20); juntando-se a toda a criação com os seus louvores em uníssono e em alta voz nos céus (Is 6.1-3; Ap 5.11-14); e aplicando grande interesse e anseio pela realização dos desígnios divinos, inclusive no que diz respeito aos homens (cf. 1 Pe 1.12; Lc 15.7). 

II – SATANÁS E SEUS ANJOS 
Assim como é certa a existência dos anjos, também podemos deduzir facilmente, a partir das Escrituras Sagradas, que nem todos são do mesmo caráter nem se encontram na mesma condição descrita no tópico anterior. A palavra de Deus não revela exatamente quando isto se deu, mas é certo que houve um momento após a criação dos anjos em que um grande número deles pecou contra o seu Criador, rebelando-se e deixando-se levar pela soberba e cobiça (2 Pe 2.4; Jd 4-6; Is 14.13-15).
Tal afronta, porém, não ficou impune; quanto maior foi a glória e grandeza da sua condição, tanto maior foi o seu castigo – por isso a Escritura afirma que eles jamais serão perdoados, tendo sido precipitados do céu até o abismo e ficando reservados para a eterna destruição no lago de fogo (Lc 8.28-31; Mt 25.41).
À frente dessa rebelião está um desses anjos caídos, que é chamado nas Escrituras principalmente de Satanás (“adversário”), por se opor e afrontar a Deus (Zc 3.1), e Diabo (“caluniador”), por lançar dúvidas sobre o caráter dos fiéis e até mesmo sobre Deus (Ap 12.10; Jó 1.9-11; Gn 3.5).
Avesso ao bom propósito de Deus para com a Sua criação, desde o princípio esse inimigo se manifesta e atua de forma astuta e sutil para tentar os homens a se juntarem a ele na sua rebelião, tornando-se assim seus filhos (Ef 2.1; Jo 8.44). Por isso é comparado à serpente (Gn 3.1; 2 Co 11.3) e nem mesmo o Filho de Deus, quando esteve entre nós, escapou de ser continuamente assaltado pelas suas insinuações (Mt 4.1-11; Jo 14.30). 

III – O LUGAR DOS ANJOS NOS DESÍGNIOS DE DEUS
Como obra das mãos de Deus, os anjos também têm um lugar definido no propósito divino, e esse propósito podemos resumir na glorificação do Criador por meio do benefício que prestam aos Seus escolhidos na terra. Já consideramos o interesse que os anjos têm na realização do plano da salvação, na medida em que este plano se desenvolve e se manifesta na revelação do evangelho.
Mas eles também participam ativamente, servindo a Deus em favor daqueles que a Sua graça favorece, protegendo, livrando, confortando e auxiliando de todas as formas necessárias (cf. Hb 1.14; Sl 34.7; Lc 22.43; At 5.17-20).
Os anjos atuam tanto em favor da igreja, como um corpo, inclusive aprendendo com a sabedoria manifesta através da operação divina nela (Ef 3.10); como também em favor dos crentes em particular, estando mais presentes nos acontecimentos e circunstâncias de suas vidas do que poderiam imaginar.
O poder com que fazem tudo isto é glorioso e maravilhoso, sim; mas, na sua própria consideração, são humildes, dependentes e obedientes servos de Deus, e por isso nos veem como seus iguais, recusando qualquer forma de reconhecimento por parte dos seus semelhantes, de culto ou adoração (Ap 22.8-9).
Estando já congregados com eles em Cristo Jesus, no manifestar da eternidade seremos revestidos da glória de um corpo espiritual, como o deles, e assim ambos estaremos plenamente integrados uns aos outros e com o reino de Deus (Cl 1.19-20; 1 Co 15.49-53).
Quanto a Satanás e seus anjos, tendo sido mantidos em prisão por todo este tempo, subjugados pelo poder do reino dos céus manifestado em Cristo Jesus e na igreja (Mt 12.28; Cl 2.15; Lc 10.17-20), serão liberados para seguirem a sua própria vontade perversa, encontrando sua destruição final perante Deus e o Seu povo (Ap 20.7-10; cf. Ez 38.22-23). 

CONCLUSÃO 
Sejamos gratos a Deus por ter criado seres tão poderosos para servirem em nosso favor; quantas provisões em nossas vidas já temos recebido da parte de Deus, e sem dúvida Seus anjos foram designados para dispensá-las a nós. Que isto nos traga consolação e alegria, como sinal de que pertencemos a uma família que abrange não apenas nossos conservos na terra, mas também aqueles que servem a Deus no céu.

PARA USO DO PROFESSOR

AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.

APOIO
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