12 março 2024

011-Lamentações - Um livro de pesar e esperança - Jeremias Lição 11[Pr Afonso Chaves]12mar2024

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LIÇÃO 11 

LAMENTAÇÕES – UM LIVRO DE PESAR E ESPERANÇA 

TEXTO ÁUREO: “Converte-nos, Senhor, a ti, e nós nos converteremos; renova os nossos dias como antes” (Lamentações 5.21) 

LEITURA BÍBLICA: LAMENTAÇÕES 3.18-33 

INTRODUÇÃO Nenhum estudo sobre as profecias de Jeremias seria completo se, ao primeiro livro, no qual são anunciados os juízos de Deus contra Judá e Jerusalém, bem como o seu cumprimento na ruína e assolação do reino, da cidade, do templo e do povo; não se acrescentasse uma reflexão sobre as lamentações com as quais o profeta exprime o profundo pesar, não apenas seu, mas de todo o seu povo, e com as quais ele os ensina a se voltarem para Deus a fim de receberem consolação em meio à tristeza presente e fortalecerem sua esperança em uma futura restauração. 

I – LAMENTO SOBRE AS ASSOLAÇÕES DE JERUSALÉM (CAPÍTULOS 1 E 2) Além da sua utilidade em nos instruir a buscar ao Senhor no tempo da aflição e mesmo do castigo, pois somente n’Ele podemos ter esperança de consolação e restauração; o livro de Lamentações é um testemunho do talento poético do profeta Jeremias. Os versos de cada capítulo deste livro seguem uma composição em acróstico semelhante à de alguns salmos, a qual se perde nas traduções, mas servia à memorização do texto sagrado, e ainda é perceptível pelo fato de cada verso se encerrar com o nome de uma letra do alfabeto hebraico (álefe, bete, guímel, etc.). Essa referência significa que a letra citada é a primeira letra da palavra que inicia esse verso, com exceção do capítulo 3, onde é a primeira letra da palavra que inicia um grupo de três versos consecutivos (a primeira letra da palavra que inicia os versos 1 a 3 é álefe, e assim por diante); e do capítulo 5, que não segue essa composição em acróstico. No primeiro capítulo desta obra profética e poética, Jeremias começa se expressando suas próprias percepções e sentimentos sobre a humilhação que se abateu sobre o seu povo, sobre Judá e Jerusalém; a assolação que esvaziou a cidade dos seus habitantes, o desprezo e a opressão de todos os seus adversários, e a dispersão dos seus líderes. Mas também lembra que tudo isto veio do Senhor, como castigo pelas prevaricações (1.1-8). Em seguida, como que personificando a própria cidade, ou falando em nome de toda a nação, o profeta expressa sua tristeza pelo fato de ninguém mais perceber a gravidade das suas dores, nem servir-lhe de consolador (1.12-17). Abandonado e perseguido pelos seus inimigos, o profeta então se volta para o próprio Deus, como aquele que havia ferido o povo, e reconhece a Sua justiça, na esperança de atrair a atenção divina e obter alívio para suas aflições (1.18-22). A lamentação segue os mesmos temas no capítulo seguinte, desta vez a assolação de Judá e Jerusalém sendo descritas como resultado da ira do Senhor, que não apenas desamparou o Seu povo, cortando toda a força de Israel, retirando para trás deles a Sua destra protetora diante do inimigo; mas também se fez ativamente seu inimigo, armando o Seu arco, firmando Sua destra contra eles e devorando toda a terra como que a fogo (2.1-7). Jeremias então fala novamente da tristeza geral do povo, do abatimento incomparável de Jerusalém e da aflição indescritível sofrida nos dias do cerco da cidade, quando as mães viram seus filhos definharem de fome; mas novamente remete a culpa de tamanha desolação aos falsos profetas, que se omitiram ante a maldade do povo e anunciaram mentiras, e por esta causa o Senhor fez o que havia dito que faria desde a antiguidade (2.11-14, 17). O capítulo se encerra com o clamor de misericórdia que se ouviu do profeta naqueles dias: “Vê, ó Senhor, a quem fizeste assim!” (2.20). 

II – A AFLIÇÃO DO POVO E A ESPERANÇA DO PROFETA (CAPÍTULO 3) À semelhança de outros profetas, que tomaram sobre si mesmos a culpa do seu povo, e se submeteram à punição divina a fim de, a partir da sua humilhação e quebrantamento, poderem alçar sua voz de intercessão junto a Deus; Jeremias também se expressa aqui como alguém pessoalmente abatido pelas agruras das assolações de Jerusalém. Ele reconhece, na sua permanência na cidade durante o cerco, nas necessidades materiais que também padeceu ali, no sofrimento da sua prisão e escárnio por parte do povo rebelde, a sorte que o próprio Senhor lhe havia repartido, mesmo que assegurando ao profeta sua alma por despojo (3.1-4, 15-18). Mas aqui ele passa a considerar a misericórdia de Deus, segundo a qual espera ser ouvido na sua aflição, e por isso não desfalece, nem perde a confiança no Senhor, pois sabe que Ele é bom para aqueles que O buscam. É importante notarmos também como Jeremias dá importância ao silêncio no tempo da aflição – isto é, quando não temos uma resposta da parte de Deus para nossa presente angústia, mas mesmo assim nos humilhamos e entendemos que isto vem d’Ele e, portanto, segundo as Suas misericórdias e a Sua fidelidade ao bom propósito que tem para com os Seus, o Senhor não rejeitará para sempre, mas finalmente enviará a Sua salvação (3.22-33). Com estas reflexões, o profeta desperta os seus conterrâneos a não se queixarem das suas tribulações, pois não há nelas injustiça, visto que vêm de Deus; mas antes olharem para os seus próprios pecados, que foram a causa delas, e a confessarem sua culpa perante o Senhor. Em outras palavras, Jeremias direciona o Seu povo ao arrependimento (3.34-40), do que dá ele mesmo testemunho ao relatar novamente sua própria aflição, e como o Senhor o consolou quando se achava como que na própria sepultura: “Tu te aproximaste no dia em que te invoquei; disseste: Não temas” (3.55-62). 

III – ORAÇÃO PELA RESTAURAÇÃO DO POVO (CAPÍTULOS 4 E 5) No capítulo 4, os temas principais dos capítulos 1 e 2 são retomados, e o profeta volta a lamentar sobre as assolações de Jerusalém, destacando como aquilo que antes era orgulho do seu povo havia sido abatido e arruinado a ponto de tornar-se irreconhecível; e encerra com um alerta a Edom, que havia se alegrado na destruição dos seus irmãos, mas logo também provaria do mesmo cálice (4.21-22). O desfecho do livro no capítulo 5 é uma súplica ao Senhor, na qual o profeta rememora diversos aspectos de toda a assolação já retratada nos capítulos anteriores, mas desta vez como um apelo para que Deus não tardasse em socorrer, e se comovesse com as injustiças cometidas pelos inimigos do Seu povo. Notemos como Jeremias apela para o fato de terem perdido suas herdades para estranhos, quando o próprio Deus lhes havia assegurado que aquela terra pertenceria à descendência de Abraão para sempre; como agora eles estendiam as mãos para os egípcios e assírios em busca de sustento; como aqueles que haviam pecado haviam sido castigados e já tinham perecido; como a dignidade das virgens, dos velhos, dos príncipes, jovens e mulheres era violada pelas condições em que o povo agora se encontrava, e toda a honra havia sido retirada do povo de Deus (5.1-6, 14-16). E, reafirmando sua esperança nas misericórdias do Senhor, o profeta suplica pela graça segundo a qual e somente pela qual eles poderiam ser verdadeiramente convertidos e assim ter seus dias renovados (5.19-22). 

CONCLUSÃO Lamentações não é apenas um livro de pesares e queixas, mas de reconhecimento das consequências terríveis do pecado, pois Deus é justo e não tem o pecador por inocente, embora não o castigue sem antes alertá-lo. Também é um livro que nos ensina, não obstante nossas infidelidades, o Senhor permanece fiel ao Seu propósito de nos salvar e, até mesmo sob a correção, podemos ser edificados e nos consolar na esperança da Sua salvação, que não tardará.  

PARA USO DO PROFESSOR


AUTORIA 
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.

APOIO 
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